domingo, 28 de julho de 2013

PIETÁ NO MEU REGRESSO

Ontem, era quase meia noite quando cheguei de Lisboa a Rebordosa e quando entrei no quarto encontrei esta imagem em cima da comoda.


A Pietá de Miguel Angelo tem um significado muito maior para mim desde que li a experiência da Alexandra na basílica de São Pedro, em Roma, contada no livro Voo Sensitivo. E como se pode ver nesta fotografia, o livro está mesmo atrás da imagem. Acredito que a minha Mãe quando a colocou aqui para mim, não fazia a mais pequena ideia da relação com o livro, porque tenho quase a certeza de que ela nunca o leu.

E mais curioso é ainda como esta imagem me veio parar às mãos. Pertencia à casa dos meus avós,e foi há poucos dias que a minha mãe dividiu com os irmãos o seu recheio. Eu acompanhei-a. Era uma situação adiada há muitos anos e não parecia que se fosse realizar tão cedo.

Como a casa estava fechada e se situa perto da casa da minha mãe eu limpava a sua energia como muita regularidade. O facto de vir para Rebordosa com muita frequência fazia com que antes de vir, eu limpasse sempre a energia desta terra, com maior insistência nas casas que fazem parte da minha família.

Desde o sismo com epicentro aqui que Jesus me disse que a energia deste lugar estava a ser profundamente transformada e que eu ia notar muito o reflexo disso. O que aconteceu em casa dos meus avós foi um desses reflexos. Uma energia que estava estagnada, bloqueada, de repente desbloqueou. Fomos todos lá a casa em ambiente de perfeita harmonia. Antes de ir Jesus tinha-me dito que estava comigo e que eu ia sentir a Sua presença. Não comentei como ninguém a emoção que senti quando entrei num dos quartos e vi este quadro pendurado na parede.


Entrei nesta casa todas as semanas, no mínimo, durante pelo menos trinta e oito anos. E nunca tinha reparado neste quadro. Teria sido capaz de jurar que este quadro nunca tinha lá estado. Ter sido praticamente a primeira coisa que vi quando lá cheguei foi bastante impressionante.

De seguida reparei na Pietá. Também nunca a tinha visto lá em casa. Disse que era a única coisa com que gostava de ficar. Podia ser que calhasse à minha mãe, em sorte. Eu já não estava presente quando a minha mãe soube que a podia trazer. Comentaram com ela que a peça não tinha valor material. "Sim, mas para a Cristina esse valor não conta." Saber que disse isso de mim encheu-me os olhos de lágrimas de emoção.

Foram sinais das mudanças em Rebordosa. Das mudanças na família. Tudo a harmonizar e tudo a aproximar-me.

"Esta é a verdadeira liberdade. E já não precisares de estar longe. É poderes voltar ao que te doía e já não doer. É seres livre para voltar."

Um regresso que hoje se mostrou não tão pacífico assim. Os desafios continuam. Porque para estar perto de umas pessoas tenho que estar longe de outras. As distâncias sempre presentes.

Quando estava a ouvir o novo tema do Moby, Jesus disse-me:

"Lembra-te do que aconteceu com o Moby. Aconteceu para que tomasses consciência de que tudo pode acontecer. Mesmo o que te parece inalcancável. Estar com ele no Porto, a sós, e ser abraçada por ele aconteceu sem que tu tivesses pensado nessa possibilidade nem sequer por um segundo. A Vida surpreendeu-te como já te surpreendeu tantas outras vezes. Confia em Nós."

É o que mais me tem dito. Confia.

"Tu és aquela que fez a prova mais dura do mundo. Tu és aquela que foi ao Espaço."

Virtualmente, sim. O que contou foi que aceitei desafios sem saber em que consistiam. A haver mérito, é esse. O verdadeiro salto no desconhecido. No escuro.

Ontem senti medo que outro desafio desse calibre me estivesse a ser proposto. Ainda, o medo. Ainda tão presente e tão forte. Vi muita movimentação de seres de luz à minha volta. Parecia a mesma movimentação de quando me estavam a vestir o fato espacial. Entretanto a presença de energia de Jesus destacou-se e tornou-se tão intensa que parecia que se ia materializar. Nunca tinha sentido a esse ponto. Ainda estava em Algés. Depois percebi que me vinham apoiar e acompanhar na despedida. Quando eu estava agradecer por tudo o que lá vivi, por ter sido Ele a levar-me, a proporcionar-me tudo o que lá vivi, Ele disse que estava ali para me agradecer. Por ter aceitado viver a experiência. Porque também Ele viveu tudo comigo. Acho que ouvir/sentir isto foi das emoções maiores da minha vida.

No comboio a meio da viagem vi que a carruagem em que eu seguia, quase vazia, se encheu de seres de luz que ocuparam todos os lugares. O meu registo de medo foi mais forte. Temi que estivessem ali para proteger de algo que ia acontecer. Nestes momentos é que percebo como somos viciados nos registos densos de medo. É aquela tendência para desconfiar que algo de mau vai acontecer porque não podemos estar muito tempo bem. É um vício. E estou a tentar libertar-me dessa crença, que pensava que estava mais resolvida do que está. Que é uma coisa que me acontece frequentemente. Constatar que não estou tão resolvida quanto penso. Embora às vezes o inverso também aconteça.

Hoje, quando estava ouvir a música do Moby voltou a acontecer.



Imensos seres de luz. Voltei a ficar tensa. Tão tensa que não me permiti subir como eles. Demorei imenso tempo a descontrair, ficar a zeros e deixar-me ir. Levaram-me à dimensão com a energia desta música. Uma energia aquosa. Onde os seres não têm forma, onde não podemos abraçar porque não há forma. Nem contornos. É como se tentassemos abraçar água. Que nos foge. Só o facto de não podermos abraçar faz-nos sentir que não podemos reter. Não podemos reter porque não podemos possuir. Nada é nosso. Mas a comunicação nem por isso é menos intensa. Pelo contrário. Quanto mais subtil é a energia, mais intensa é a comunicação.

"Vais comunicar desta forma lá em baixo. Quem não está próximo de ti físicamente, é como se não tivesse forma. É como se tivesse esta energia daqui. E vais comunicar com eles como comunicaste aqui."

O que não deixa de ser um desafio difícil. Principalmente quando as pessoas são importantes para nós.



sábado, 27 de julho de 2013

UM TEMPO QUE CHEGA AO FIM

Tudo tem um tempo.
E hoje chegou o fim do tempo de viver em Algés. Dentro de duas horas volto para o Porto, e lá ficarei a viver.
Tudo foi acontecendo.Gradualmente fui sendo preparada para mais esta mudança. Que é a única, tudo o resto se mantém igual, apenas mudo o local onde moro, porque passarei a trabalhar só no Porto.
Nos dois últimos meses tornou-se nítido que que a vida me estava a propôr que regressasse. Contra tudo o que eu previa. Tantas foram os desafios para voar, que acreditei que os voos iam ser cada vez mais longos, cada vez para mais longe de casa.
Não esperava era sentir esta paz e esta tranquilidade por voltar para Rebordosa e para o Porto. Estou aqui sentada ainda frente a esta paisagem maravilhosa de rio e mar e não sinto tristeza alguma pela mudança. Só achei difícil o dia em que embalei tudo para despachar para o Porto. Até isso aconteceu sem eu planear. Tinha previsto fazer as mudanças durante o mês de Agosto, mas afinal esta semana tudo se proporcionou para me levarem as coisas para o Porto e em dois dias tinha as mudanças feitas.
Mais uma vez fiz quase tudo sozinha. Quase porque houve um dia em que a ajuda da Lena foi mais do que preciosa. Carregamos sacos e caixas do quarto andar para o carro. Quais guerreiras como a Lena disse.
A separação da Lena está a ser a pior parte. Está a ser difícil para as duas, embora como ontem conversamos no nosso jantar formal de despedida, tenhamos ambas a sensação que a nossa ligação nos mantém muito unidas para além de qualquer tempo e distância.
Esta partilha de casa durante quase um ano e meio foi das experiências mais ricas e importantes que tive na vida.
Mas como Jesus me disse, chegou ao fim. Porque chegou a hora de viver em familia. Tranquila, sem partidas e sem despedidas. Porque muita coisa mudou em mim. Mudou tanto que a minha terra mudou também. Para mim.

Nos dois últimos meses tenho-me sentido pegada ao colo. E vou parar o texto por aqui porque acabou de chegar Alguem que me vai levar hoje da casa para onde me trouxe.

E porque tudo acontece desta forma, estou feliz. Muito feliz.