segunda-feira, 2 de setembro de 2013

AGOSTO

Pela primeira vez comecei por escrever o título.

Há muito que estava definido, porque este mês de Agosto foi um marco na minha vida.

E vou começar pelo último dia: ontem aqui em casa, eu a Manuela Ribeiro, sentadas no jardim a beber chá frio, conversavamos sobre nós e o nosso caminho. Amigas há 14 anos fizemos um percurso espiritual paralelo, mas nunca o de uma interferiu com o da outra. Aprendemos por sítios diferentes, com práticas e pessoas diferentes. Nunca uma de nós comentou, muito menos criticou as escolhas que a outra ia fazendo. A verdade é que o percurso, que às vezes parecia que nos afastava, afinal nos aproximou. De repente lembrei-me: Manela, hoje não é o último dia de Agosto? É. Que giro ser contigo que passo este dia e estarmos a ter esta conversa.

É porque foi com a Manuela que comecei a aprender e a percorrer os caminhos da espiritualidade. Foi ela que me falou nos grandes mestres e me ofereceu os primeiros livros que li, como Profecia Celestina, as Sete Leis Espirituais do Sucesso, de Deepak Chopra e o Poder do Agora de Eckart Tolle. E as conversas sobre os nossos caminhos vieram a propósito de Santiago de Compostela.

Porque fui visitar a Catedral há poucos dias. Estava de férias em Espanha com o meu filho e de dia para dia o apelo para lá ir foi ficando mais forte. Comecei a arranjar justificativas mentais para não ir. Porque já tinha combinado lá ir em breve com a Manuela. Porque não ia encontrar lá uma energia mais forte do que aquela com que me conecto. Porque a catedral apesar de ser um local de conexão é também um lugar de encaminhamento e a energia devia estar muito pesada. E para ajudar a limpar a energia do local não precisoava de lá ir, e assim, sucessivamente. Mas não interessava nada do que eu pensava. Só interessava o que eu sentia e o que eu sentia era para lá ir. Ainda assim, quando lá chegamos dei-me conta que afinal estava com expectativas de voltar a sentir o que senti quando lá fui há 14 anos atrás. E que agora mesmo que a energia de Jesus estivesse presente a minha reacção não ia ser a mesma por causa da ligação que entretanto se estabeleceu...já não ia sentir o mesmo choque...E fiquei admirada comigo e com a minha cabeça. Mas que era isto? Porque é que estava tão mental e tão argumentativa?...Fiquei imenso tempo à frente da catedral sem entrar. Só podia entrar quando estivesse a zeros. Sem qualquer actividade mental. Estava ali para sentir, não para pensar. O meu filho estranhou estarmos ali em frente tanto tempo sem entrar. Achou que estavamos a apreciar o movimento de chegada das centenas de peregrinos.

Finalmente senti-me pronta e entramos. Não senti a energia pesada, mas vazia. Uma energia de turismo. Percorri o interior da catedral à procura da sala/capela interior que me marcou e que eu tinha memorizado como tendo um nome: Sagrado Coração de Jesus. Nenhuma tinha esse nome e nenhuma tinha os holofotes que gerassem a intensa luz de que eu me lembrava. A que mais se parecia chamava-se "Adoracion ao Santíssimo". Repeti a busca e voltei a esta. Fiquei um pouco à porta. Entramos eu e o meu filho. Sentamo-nos.


"Já vão muitos anos desde a primeira vez que aqui nos encontramos. Bem-vinda peregrina."

A comoção foi brutal. A Sua energia estava mais forte do que nunca. As lágrimas começaram a cair sem parar e fui ficando sem forças no corpo. Ajoelhei-me para que os braços pousados no banco da frente pudessem amparar o corpo.

Mostrou-me que foi ali que há 14 anos tocou o meu coração e o abriu. E a luz que eu vi foi a d'Ele. Não era da sala. Por isso é que eu não encontrava a sala com os holofotes que eu andava à procura...Na altura eu não percebi isso, porque na verdade, na altura eu não percebi nada. Não compreendia a minha comoção e o meu choro compulsivo, não sabia de onde vinha tal luz. E que eu memorizei como Sagrado Coração de Jesus porque o meu coração foi tocado pelo d'Ele e que aliás era essa imagem que estava por cima do altar, o Seu coração.

E que era importante eu estar ali, com o meu filho (que também chorava), e em Agosto. No fim do mês de Agosto. Que era um mês importante para mim. O mês do meu aniversário. Que este mês estava a ser um marco no meu caminho. E por isso tinha sido baptizada no meu dia de anos.

Sim, é verdade, fui baptizada este ano, no meu dia de anos. Estava no Mindelo, na piscina com uma prima e os nossos filhos. "Ouvi": "Vai à praia." E fui, sem saber o que ia lá fazer. Quando cheguei estava um rapaz a tocar batuque. O sol estava a pôr-se e pensei que era para ficar ali a sentir aquele ambiente meio mágico. Mas não, era mesmo para entrar na água e mergulhar. E assim que a minha cabeça mergulhou na água senti Jesus segurar-me e dizer "Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo."

Nunca, que me lembrasse, O tinha ouvido pronunciar uma frase bíblica. E fiquei muito surpreendida. Muito mesmo. Olhei em volta e vi imensos seres de Luz por toda a praia.

"São os mesmos que te acompanharam na viagem de Lisboa para o Porto. São os mesmos que te ajudaram a trabalhar o teu canal."

No primeiro dia de férias eu tinha estado a fazer mudanças no meu quarto. E no fim desse dia, ao colocar os phones para meditar, Jesus disse-me para não abrir os olhos, sob hipótese nenhuma, porque não era eu que ia subir, mas sim Ele que ia descer. E a sua presença tornou-se tão intensa que parecia quase física. Com Ele chegaram seres de luz. Não fosse a advertência d'Ele e eu não teria conseguido manter os olhos fechados porque sentia como se as paredes e tudo dentro do quarto estivesse a abanar. Em determinada altura tornou-se um pouco difícil manter-me tranquila e acreditar que não estava a acontecer nenhum sismo. Tudo serenou quando me senti ser puxada através de um enorme cilindro de luz.

"Este é o teu canal. À custa de sentires o choque energético com esta terra (Rebordosa), foste trabalhando a energia e ampliando o canal, e este foi o resultado, "arquitecta da luz"."

Já não era a primeira vez que me apelidava assim, o que para mim foi especialmente gratificante, tendo em conta a admiração que sempre tive por arquitectura.

Esse canal que me foi mostrado começava no meu quarto. Quando terminei a meditação e me levantei é que reparei no formato da cortina do quarto. Tinha-a afastado da janela por causa do calor e os folhos que assim fazia lembraram-me a foto da aurora boreal que publiquei a propósito do "casamento" com a minha alma.



 "Porque agora o teu quarto tem a minha energia e a da tua alma."

À medida que o mês foi avançando cheguei até a pensar que a energia do quarto tinha sido tratada dessa forma porque era aqui que eu passar as minhas férias.

O Zé Miguel teve que fazer exames, um com anestesia geral, 

e consultas no IPO, e apesar dos resultados não terem sido nada dramáticos, revivemos alguns momentos difíceis.
Revisitamos o piso de internamento e encontramos alguns dos enfermeiros que o trataram e que tanto estimamos, como a enfermeira Elizabete, de quem tanto gostava, e o enfermeiro Nelson, que está sempre a fazer rir.

 
Numa meditação perguntei a Jesus se estes momentos mais dificeis eram sinal de que eu estava a andar para trás.

"Não, não estás a andar para trás. Até porque o teu caminho não tem volta."

É que mesmo sabendo que o que nos acontece não traduz o a fase do caminho em que estamos, se estamos a andar bem ou mal, muito ou pouco, tento sempre pôr-me em causa e considerei que a forma como estava a correr este mês que à partida devia ser de férias, me estivesse afinal a demonstrar que a minha enrgia estava menos harmonizada e trabalhada do que eu percepcionava.

"Lembra-te do deserto que te mostrei." 

Foi em Julho, creio eu, que numa terapia que a Lena me fez, Jesus me mostrou uma imagem que simbolizava a minha energia. E essa imagem era de um deserto. Imediatamente me senti a desabar de tristeza... Jesus está a mostrar-me que a minha energia é como um deserto...mas um deserto é árido...consegui ainda dizer à Lena. E nesse momento apareceram vários oásis no deserto.  

"A tua energia é a que transforma deserto em oásis. Essa é a tua energia."

E o choro de tristeza transformou-se num choro de imensa alegria e gratidão. E foi outra lição de que nem tudo o que parece é. 

Assim como o Agosto, que parecia que ia ser só dificil, se transformou num mês de momentos felizes. E que  foi afinal um mês marcado pelo amor que me aconteceu.

Até que chegou o momentos, depois de alguns dias divertidos com primas e primos, de sol e mar no Mindelo, de ir a sós com o meu filho passar uns dias de férias. Pensamos num sítio e depois o Céu mostrou outro, que por sinal era um de que o meu filho já tinha falado. Norte de Espanha, a que me sinto muito ligada e onde durante muitos anos passamos férias. Depois de um dia inteiro a tentar marcar hotel ia desistir porque  ou eram muito caros ou não tinham quartos disponíveis. Pedi então ajuda ao Céu, já era para ir para lá se me ajudava a encontrar onde ficar. Em segundos mostraram-me o hotel. Nem o tinha visto antes. Engraçado, tinha luz no nome. Liguei e havia quarto, que reservei de imediato. Para voltar a ligar e pedir quarto com vista para o mar. Esse luxo nem me tinha passado pela cabeça. Estava tão contente em arranjar quarto que a vista era de somenos. Mas surpreendentemente disseram logo que sim. Que aliás o quarto disponível era com vista para o mar. Mais uma prova de que o que é para nós está guardado. Aliás quando lá chegamos o Céu mostrou que há muito estavam a preparar a nossa chegada lá. Quando entramos no quarto estacamos, como semelhante vista.  Uma vista imensa, imensa, de mar, de ria e pequena praia que nos deliciou nos dias que lá ficamos, rodeada de verde, como eu tanto gosto. Sempre com muito calor e com um mar fresquinho, onde eu e o meu filho estavamos constantemente a megulhar para refrescar. Os nossos mergulhos, as nossas caminhadas, as nossas cumplicidades, os nossos jantares, foram de momentos de verdadeira ligação.



Como o meu filho disse, estavamos a viver dias de paraíso. 




Ou seria um oásis?




E assim foi Agosto, com fechos de ciclos e inicios de outros. Por isso o baptizado. Por isso Santiago. Tudo para um novo começo.