sábado, 31 de dezembro de 2011

2011 - 2012

2011 foi um ano marcante.

Terminei em Março deste um ciclo kármico de 7 anos. Um ciclo no meu caminho espiritual. Que se iniciou em 2004 com o primeiro curso que frequentei da Alexandra. Embora tivesse despertado para espiritualidade alguns anos antes, foi nesse curso que vi e senti a energia de Jesus pela primeira vez. Essa foi a grande diferença. Tão grande que mudou a minha vida. Tudo o que sabia até aí, todo o conhecimento, não me tinha servido de nada. De nada. Só senti-Lo, só conhecê-Lo, só abrir o meu coração para a Sua energia é que mudou a minha vida.

Mudei de trabalho.
Mudei de casa.
Mudei de Rebordosa para Carcavelos.
Mudei de Carcavelos para o Porto.
Mudei outra vez de casa, no Porto.
Mudei para o IPO. Com o meu filho. Vivi lá um ano com o coração nas mãos.
E nunca mais deixei de viver com o coração nas mãos. E vou viver sempre assim.
Mudei para Oeiras.

Mudança atrás de mudança, ao longo de sete anos.
Perdi muito. Ganhei muito mais do que perdi. Cresci.

Sinto-me abençoada. Pelo meu filho. Pelo meu trabalho. Pelos meus amigos. Pela minha família. E pelo que mais me marcou: a presença cada vez mais forte de Jesus na minha vida. Não sou capaz, não sei, descrever o que isso representa para mim e o efeito que tem na minha vida. Transcende-me.

Este blog foi também do que mais marcante me aconteceu neste ano. Comprometi-me com Jesus a escrever. Como não acreditava que alguem me fosse ler, prometi-Lhe que escreveria para Ele. Comecei por emails para meia dúzia de amigos. Depois o blog. Onde quase não escrevia. Mas onde tinha que escrever mais. Já tinha passado quase mais de um ano e eu passava meses sem escrever no blog. Que tinha que escrever mais e divulgar. Porquê, perguntei-Lhe. Então se era para Ele que tinha que escrever porque é que tinha de divulgar. Pedi a Jesus que me enviasse então um sinal claro, como por exemplo o comentário de um anónimo ou de alguém que tivesse conhecido o blog sem ser através de mim.

Na semana seguinte tinha um comentário anónimo. De alguém que soube do blog sem ser através de mim. Aliás soube do blog sem saber que era meu. Afinal foi uma descoberta. Descobri que a anónima era a Lurdes e a Lurdes descobriu que quem escrevia era eu. Não sabiamos, mas já nos conhecíamos. E com este sinal, mais do que claro, comecei a divulgar o blog no Facebook. E estou encantada e surpreendida com todos os visitantes.

O meu compromisso é de escrever para Ele e escrever com a minha alma.
Agora percebo que se Ele me propunha que escrevesse era porque sabia que muitos se iam identificar com as minhas experiências. Muitos se iam identificar com o meu percurso.

Obrigada por me acompanharem.

2012. Começa daqui a poucos minutos.

Amor. Muito amor. Que esse amor transforme ainda mais as nossas vidas. Tudo o que está a acontecer na vida de cada um, no país, no mundo, é para que descubramos o amor. O amor por nós próprios. O amor pelos outros. O amor pela Terra. E para que descubramos que há mais do que a Terra. Há o Céu. Não estamos sozinhos.

Abram o coração e deixem a Luz entrar.

Bom 2012.


ESTOU NA TUA TERRA

Ao texto anterior faltava acrescentar que este tema, viver entre dois mundos, viver entre duas terras, me deixou uma dúvida: qual era a minha terra. Ou se não era nehuma. Ou se eram as duas.

Andava eu às voltas com este dilema e telefona-me o meu grande amigo Pedro, e primo por afinidade, e diz-me:
- Cris, estou na tua terra, queres boleia?
- Estás aqui em Rebordosa?
- NÃO!! Estou em Lisboa!

Este telefonema parece que foi a resposta que eu procurava.

Mas ainda hoje Rebordosa me brindou com o melhor que tem: Fui ao supermercado e encontrei uma amiga, que é a mais nova de três irmãos que cresceram comigo porque viviam na casa em frente à da minha Avó Bertina, e frequentavam a casa da minha Avó tanto ou mais do que eu. referi-me a eles no último texto. Nas férias eles passavam em minha casa a maior parte do tempo, e brincavamos muito aos cowboys e aos indios e lembro-me especialmente de um dia que acho que foi o dia da minha juventude em que mais me ri.

No mesmo supermercado encontrei a mãe de outro grande amigo, também de Santa Luzia, e a quem também me referi no último texto.

E de tarde, uma das melhores surpresas dos últimos tempos: A Teresa liga-me e diz que está a passar em Santa Luzia. Poder recebe-la foi uma grande prenda no último dia do ano.

Ao fim do dia encontro uma das senhoras que contei que foi vítima de violência doméstica, irmã da que foi morta pelo marido, e quase nem a reconheci, de cabelo curto...ter deixado o puxo (como nós aqui dizemos) pareceu-me sinal de grandes progressos.

E logo a seguir passei na casa da senhora que foi ama do meu filho. Em conversa com o marido (que o meu filho adora, aliás tanto ele como eu adoramos toda a familia) descubro que ele é tetraneto do tal senhor italiano que introduziu aqui a marcenaria. E conta-me que agora com a reforma se está a dedicar a fazer guitarras, portuguesa e clássica. Já há uns anos tinha oferecido ao meu filho um cavaquinho feito por ele. Mostrou-me as que já estáo finalizado e fiquei deslumbrada. Com a perfeição. Com os pormenores. Infelizmente não tinha a máquina fotográfica comigo porque adorava mostrar aqui o magnífico trabalho. Até os estojos são feitos por ele. E disse-me: finalmente posso fazer aquilo de que mais gosto, desde pequenino...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ENTRE DOIS MUNDOS

Vivo entre dois mundos. Literalmente.

Assim como Oeiras e Rebordosa também são dois mundos diferentes.

Quando chego a Rebordosa sinto o impacto da energia. Densa. Pesada. É uma terra muito feia. Das mais feias que conheço. É "Berço do Móvel" porque iniciou a indústria de mobiliário em finais do Séc XIX, e hoje representa 60% da produção nacional (a marcenaria foi introduzida por senhor italiano - mais precisamente siciliano - que casou com uma senhora de Santa Luzia, onde nasci, e vivia a minha Avó Bertina).

As casas (feias) misturam-se com as fábricas (tenebrosas). Aliás, em muitos casos até se misturam no mesmo edifício: por baixo a fábrica, e no andar de cima a casa.

Costumo dizer ao meus amigos de Oeiras que não imaginam como Rebordosa é, e tenho até a intenção de fazer uma espécie de documentário sobre esta minha terra natal.

E para principío tirei umas fotos, só da minha rua, que já é bastante elucidativa.



(esta é a paisagem que se vê mal se abre o portão da minha casa)





(a casa cinzenta é das minhas vizinhas "Cucas", duas irmãs solteiras com 70 e poucos anos, analfabeta uma, e a outra foi hà poucos anos para escola pela primeira vez)





(paisagens desde a varanda de minha casa)


(a última casinha, com telhado em bico é a casa onde nasci, em Santa Luzia, e onde vivi até aos 2 anos)


(depois os meus pais construiram esta onde nos podemos, práticamente, isolar)

Estou aqui, de férias, há 10 dias e em determinados momentos sinto-me a afundar nesta energia. Estou constantemente a tentar tratar a energia deste local, a tratar a minha própria energia e a pedir ajuda a Jesus.

Ele tem-me vindo a mostrar como foi fundamental para o meu percurso ter nascido aqui. Como as minhas opções contrastam com o que os valores que aqui predominam. O que tornou especialmente dificil assumir as minhas opções. Tive que ter a coragem de assumir apesar de me sentir criticada e julgada por toda a gente.

E se cheguei ao ponto de ter coragem para assumir, foi porque cheguei a um limite. O limite do confronto energético. Nada daquilo em que acreditava, tinha a haver com Rebordosa.

É claro que há excepções. Muitas vezes vezes me sinto surpreendida com o percurso de amigos que nasceram a poucos metros de mim. Em Santa Luzia. Um lugar muito pequeno. E de onde são naturais alguns bons amigos que fizeram um percurso extraordinário, com repercussão a nível nacional.

E tenho aqui grandes amigos que são dos mais vanguardistas que conheço. Que foram estudar e viver para o Porto e resolveram voltar e inovar. De uma forma que nem nas grandes cidades é comum. Há aqui muitas pessoas muito empreendedoras, que progrediram incrívelmente e hoje são empresários que exportam para todo o mundo. Também é aqui que vejo as mais pessoas mais bem vestidas. E muitas, muito bonitas. Tanto homens como mulheres. Muitos parecem italianos nas forma de vestir. Por outro lado, há pessoas que vão ao café e ao banco, de chinelos de quarto. É um lugar de contrastes. E talvez seja dos sítios com mais carros topo de gama por metro quadrado. Há muitas pessoas de quem gosto muito, mas com a maioria sinto um embate. Que começa logo com a forma de falar.

Porque o mais chocante aqui é mesmo a mentalidade. Ultra conservadora. Ultra católica. Onde sempre se cultivou o pecado, a vergonha e o sacrifício. Agora estão mais abertas. A minha geração e os mais novos são muito mais abertos. Na minha infância e juventude as mulheres não iam ao café. A uns 50m de minha casa tenho 3 cafés. Porque Rebordosa também é a terra dos cafés. Há quase um por cada dez pessoas, passe o exagero. Porque os homens vão todos para o café, beber e jogar. Não fui mais de meia dúzia de vezes a cada um deles em toda a minha vida. E fui só a acompanhar amigos que precisavam de comprar tabaco. Porque entrava e ficam os homens todos a olhar. No sábado passado fui a um deles apenas pela segunda vez. Três mesas só com homens. Entrei e calaram-se. Ficaram a olhar. Para meu espanto, estava um casal ao balcão com duas garrafas de cerveja à frente. Fiquei à espera de ver que se a mulher estava a beber a cerveja para acreditar. Quando cheguei a casa perguntei à minha mãe se agora as mulheres bebiam cerveja no café. Que sim. E muito. Principalmente à hora do lanche. Ena, que grande progresso.

Há dias na padaria estava um homem a beber cerveja com um bebé ao colo. O meu avó nunca pegou em nenhum filho ao colo, porque parecia mal. Embora na minha família, quer da parte do meu pai, quer da parte da minha mãe, nunca tenha havido violência doméstica, o mesmo não se pode dizer da grande parte das famílias daqui. A minha mâe conta que quando era nova era rara a mulher que não sofria maus trataos por parte do marido. O tal café onde fui no Sábado está instalado na casa de uma senhora que tinha que fugir para casa dos vizinhos durante a madrugada para escapar às brutais tareias do marido. Várias irmãs delas foram e são vítimas de violência por parte dos maridos. A mais nova, minha amiga, e da minha idade, foi morta pelo marido a tiros de caçadeira, na preseça dos dois filhos, há uns cinco anos atrás. Ela estava a lavar a louça e marido alvejou-a nas costas. Supremacia da covardia.

Até no trânsito sinto a diferença. Os condutores são mais agressivos, temos que esperar que venha um carro que respeite a passadeira.

Em Oeiras isso não acontece. Podemos atravessar a passadeira em segurança, porque os condutores param sempre, sempre. Reparo nisso. Reparo em tudo. Porque a diferença é gigantesca.

Fui levada de um dos sítios mais feios para um dos mais bonitos. Onde a energia é tão leve como é a agua do mar que vejo todos os dias.

E quando pergunto a Jesus porque é que me custa tanto estar em Rebordosa, apesar de ter tanta gente de quem gosto, ele responde-me qjue tenho que aprender a manter o meu nível de energia no meio da densidade. Esse é que é o desafio. Não me deixar contaminar, afundar, mas manter a frequência energética.

Em Oeiras tudo te é favorável. Tudo é fácil. A paisagem, as pessoas, o trabalho. Tudo confere contigo. Rebordosa é um desafio.

E quando há dias mostrou que podemos viver na Terra como se vivessemos no Céu, mostrou-me que tenho que aprender a viver em Rebordosa como se vivesse em Oeiras. Vibrar pelo amor. Incondicional.

Ante de Jesus me ter dito isso eu já tinha percebido, mas mantinha (e mantenho) uma grande dificuldade em pôr em prática. E constei isso na véspera de Natal. Estacionei e fui a uma loja. Quando voltei tinha um carro colado ao meu, que me impedia completament de entrar, apesar ter espaço para estacionar um camião. Esperei um pouco e acabei por pedir ao menino que estava lá dentro que fosse chamar a mãe para tirar o carro porque eu estava com pressa. (Pode até parecer que estou a exagerar mas esta terra é o paraíso dos condutores mal educados, que param no meio da rua a falar com amigos com quem se cruzam e quem estiver atrás que espere o tempo que for preciso. Não há regras.) O menino foi chamar a mãe. Nunca mais voltavam, nem ele nem a mãe. Fiz uma ronda pelas lojas, á procura, mas nada. Passado 15 minutos já estava a desesperar. Achava uma falta de respeito incrível. E comecei a ferver. Mas mantinha-me atenta à minha reacção. "Olha, olha, como já ferves por uma coisa de nada" (embora para mim não seja bem assim desde que tive a notícia do acidente do meu filho e tive uns 20 minutos sem conseguir sair do estacionamento porque uma senhora tinha parado o carro a impedir a passagem, para ir às compras). Decidi que tinha que lidar de outra maneira com a minha frustração. Estava a descambar, era evidente. Ok. Vou perguntar à minha alma como é que ela reagiria e vou respeitar isso.

Escreve um bilhete à senhora e vai-te embora. Entra pela porta do passageiro, com um bocado de esforço consegues.

Vou à loja dos chineses pedir um papel para escrever. E dão-me um pedaço de papel de embrulho com anjos....Tive vontade de rir...era mesmo um recado do Céu. E escrevi: " Se quer ser respeitada a senhora tem que aprender a respeitar os outros. Bom Natal."

Lá entrei com muito custo no carro, e quando estava a arrancar estava a senhora a chegar a ler o papel que lhe tinha deixado preso ao limpa pára-brisas e riu-se para mim em jeito de desculpas.

Eu não consegui sorrir. E fiquei mal por isso. Num assunto de nada, eu não consegui sorrir. Seria incapaz de sorrir sem ter vontade. E óbviamente eu não tinha conseguido ultrapassar isso. Ainda estava zangada.

E é por isso que ainda preciso tanto de Rebordosa. Que faz saltar em mim o que ainda não está trabalhado.

Quando estava a fazer a meditação para escrever este texto, a energia de Jesus estava fortíssima, tão forte que abri os olhos por duas vezes para ver se havia algo mais que estivessse a provocar um calor tão invulgarmente forte no peito. Que queimava. Mas já tinha arrastado a manta que me cobria para trás. O calor era mesmo todo da Luz dele. Que sinto que está sempre comigo, Rebordosa ou Oeiras.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

VIDA DE OURO

"Jesus, não sei onde estou...não sei se estou numa vida passada, se noutra dimensão...se na minha vida em luz..."

Sente.

Até que percebi que estava numa vida terrena. Uma vida passada. O que me confundiu é que estava num cenário natural com muita luz dourada...um pôr-do sol dourado...parecia ser no Oriente...muita luz...e muito dourada. Uma imagem belíssima.

Eu estava a dançar. Dançava para alguém que estava sentado no chão a olhar para mim.

Não tive dúvidas que amava a pessoa para quem dançava e que era amada por ela. E que era um amor profundo.

É a tua vida de ouro. Mostrar-te esta tua vida passada é uma prenda minha. Estás na tua vida de ouro.

Percebo porque tudo parecia dourado...e a sensação era de plenitude. Amor absoluto e incondicional. Amor correspondido. Felicidade total.

Gradualmente fui saindo dessa vida. Foi-se desvanecendo. Senti-me a pairar. O tempo passava...Como se eu estivesse por cima do tempo...E continuava a pairar. Num lugar indefenido. E nada acontecia. Fiquei ali.

"Vou ficar aqui a pairar?" estava intrigada.

E então Ele lembrou-me uma frase de há umas semanas, ouvida através de uma paciente que estava a fazer terapia e a receber informação: "Quando vibras pelo verdadeiro Amor, estar no Céu ou estar na Terra é igual."

Repara como não sabias se estavas na Terra ou na Luz. Estavas a vibrar pelo verdadeiro Amor.

Realmente, eu não sabia. Inicialmente não consegui distinguir. Era tão bom, tão pleno, que não parecia terreno...

Jesus disse-me ainda: Por causa desta vida é que o olhar é de tudo, o mais importante para ti...E por causa desta vida é que tu gostas tanto de dançar...e dançar é tão importante para ti.

De facto, Jesus já me disse duas vezes, através da Alexandra, que preciso muito de dançar. Que dançar me faz muito bem porque estimula o melhor que há em mim. E dessa duas vezes, a última foi há muito pouco tempo. E disse ainda: Dança até não poderes mais...

Ando há dias com muitos textos para escrever, mas quando me sento ao computador diz-me: Não. Não escrevas já.

Era para ter escrito sobre a minha terra Natal---sobre tantos acontecimentos...e eu aguardava. Cheguei a pensar que tivesse a ver com o facto de eu não conseguir escrever tudo o que Ele me diz. De tudo o que eu ecrevo ser pouco mais de uma sombra de tudo o que Ele me diz. Só escrevo o que não tenho dúvidas que é para escrever. O resto guardo para mim.

Afinal não era eu que aguardava, era uma prenda que me aguardava a mim. Uma prenda que me encheu de felicidade. E que me vai permitir escrever os textos que era para ter escrito, porque me fez entender tudo melhor.

Obrigada, Jesus!

domingo, 18 de dezembro de 2011

DE ONDE VENS

Deitada, preparava-me para dormir. Liguei a música para adormecer mais fácilmente e peguei no Livro da Luz. Assim que lhe toquei comecei a chorar. Apercebi-me que tinha estado a repimir o choro desde que tinha entrado em casa e ouvia o barulho dos netos e filhas da minha senhoria, no andar de cima. Chegaram para passar cá o Natal (uma delas vive em Paredes) e isso fez-me sentir ainda mais saudades do meu filho e ter a sensação que estava a perder a oportunidade de passar com ele estes dias que antecedem as festas. Tudo parecia que me fazia sentir ainda mais sozinha. Percebi que estava a reprimir a minha tristeza porque tenho a tendência a dizer a mim própria: "Ele está bem, está vivo e isso foi o que mais pediste. Por isso não te queixes."

E enquanto chorava Jesus começou a falar comigo. A dizer-me que eu estava frágil e que manter-me frágil era o que eu mais precisava. Disse-me: "O teu ego está esmagado. Precisamente por quase nada ser como tu querias, por não teres tido quase nada do que querias. E se a tua vida foi assim, foi porque à força de não teres nada aí em baixo a que te agarrares, tiveste que olhar para cima."

É verdade. Não tinha dinheiro, não tinha relacionamentos saudáveis (nunca tive) e era gordinha. Mesmo nos muitos anos em que me mantive magra torturava-me para emagrecer mais. Aliás, tudo na minha vida era uma tortura para mim. O trabalho, então...Sempre fui complexada e sempre me senti uma fracassada. Não tinha sucesso em área de vida nenhuma. Achava eu. Era assim que me sentia. Agora sei que tudo aconteceu para esmagar o ego e poder olhar para a minha alma.

"Hoje és realizada espiritualmente. (Quando Jesus diz isso eu tenho sempre noção do trabalho que ainda há por fazer mas percebo o que Ele quer dizer) Quantas pessoas conheces tu realizadas a esse nível?(sabia que Ele estava a exceptuar as pessoas com quem trabalho, que aliás foram elas que me ensinaram tudo). Quantas pessoas, de onde vens, fizeram o teu percurso? Sei que vai ser difícil para ti escrever isso, mas é importante que escrevas: Nenhuma."

"É hoje que te vou dizer porque nasceste na terra em que nasceste. Tinhas forçosamente que te sentir fracassada no lugar e meio onde o sucesso foi apenas e só material e onde isso é mais evidente e valorizado. Agora pergunto: Quantas pessoas conheces bem sucedidas profisssional e económicamente? Muitas, não é? Aonde é que o progresso económico conduziu a Humanidade e o Planeta Terra? E quantas conheces bem sucedidas espiritualmente?"


Mantive-me em silêncio.

"E não estou a falar de monges nem pessoas religiosas. Porque isso não quer em nada dizer que são espirituais. Dizer mantras da boca para fora é fácil. Dizer orações, da boca para fora, é fácil."

"Difícil é fazer o que tu fazes. Difícil é ir ao mais fundo de ti. Onde estão guardadas dores e emoções desconhecidas. Onde está guardado um passado desconhecido e muitas vezes assustador. Mais difícil do que regredir a vidas passadas sem saberes o que ias encontrar, foi regredir àquelas em que sabias exactamente o que ias encontrar."

"Conheceres isso, voltares a sentir isso e escolheres mudar. Escolher pedir perdão. Escolher perdoar. Escolher perdoares-te. Escolher não julgar. Escolher enfrentar o medo. Escolher responsabilizares-te. Escolher priorizares-te. Escolher amar. Escolher amar incondicionalmente. Escolher conhecer o céu. Escolher deixares-te guiar pelo céu. Escolher cumprir o propósito para o qual nasceste. Quem fez? A não ser as pessoas com quem trabalhas, quem conheces que tenha ido tão longe?"


Continuei em silêncio.

"Por isso, o sucesso não é o que tu pensavas que era. A coragem, não é o que tu pensavas que era."

"De onde tu vens, mais alguem veio contigo?"


Silêncio. Ele sabe que não. Ele sabe que nenhum familiar, nenhum amigo, acredita no que eu acredito. Ele sabe que nenhum me acompanhou, nem sequer apoiou. Sempre senti que para muitos deles, senão a maioria, sou maluca. Foi das grandes dores que enfrentei neste percurso. Embora a amizade, nem minha, nem deles, nunca tenha sido posta em causa.

"Dizem que não acreditam. Têm medo ou têm vergonha. Na verdade, nenhum deles tem coragem. Nenhum deles sabe quem é. Nenhum deles sabe porque nasceu. Nenhum deles sabe o que anda cá a fazer. Sejam bem sucedidos económica, profissional, familiar, socialmente, tenham todos os conhecimentos que julgam importantes, na verdade não sabem a única coisa que interessa: quem são."

"A maior parte continua a fazer escolhas por medo. Não mudam. Não evoluem. Não sabem porque é que as suas vidas é como é. Porque é que as coisas acontecem. Não sabem o porquê das dificuldades, nem o porquê das facilidades. Menos ainda o que fazer com elas."

"Percebes agora o caminho que percorreste? Percebes que tiveste a coragem de fazer o mais difícil?"


Quando parei de chorar, pousei o Livro da Luz, ao qual me tinha mantido agarrada o tempo todo, voltei à sala e liguei o computador para escrever tudo isto. Sentia-me cansada e sem coragem para contar tudo.

"Vai-te deitar. Vai dormir. Estás cansada. Depois escreves. Eu sei que és comprometida." E fui.

Só hoje me senti capaz de escrever.

Pedi-Lhe uma mensagem do Livro da Luz, que servisse como uma espécie de comprovação de tudo o que tinha ouvido. Tirei duas peças: mensagem nº 220.

"DEVAGAR

Eu estou aqui.
Na realidade, eu estou sempre aqui.
Tu só tens de te preparar para me receber. Só tens de te preparar para receber a minha energia.
Devagar.
E para receberes a minha energia devagar, tu próprio tens de estar assim...devagar.
Para que as tuas células se abram para me receber. Para que elas, ao se abrirem, soltem todo o peso que possuem. Toda a negatividade.
E eu irei absorver essa negatividade, e trocar os pólos.
Onde estava o escuro, agora está a luz.
Onde estava o som, agora está o nada.
O vazio.
E é nesse vazio que a alma se vai manifestar. E nessa manifestação estarei eu, em toda a minha magnitude. Em toda a minha plenitude.
Porque é em cada célula que eu mais existo pleno, e é o somatório das células que faz de mim o que sou hoje.
Plena energia.
E é nesse lugar da terra, ao vibrar tão alto, que te aproximas do céu e vens dar a mim.

JESUS"


(Foto que tirei em Santo Amaro de Oeiras, 19.12.2012)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PERDI TUDO PARA ME GANHAR A MIM

"E um livro faz-se com palavras que para quem te conhece sabe que nem são precisas palavras... para quê o verbo???"

Estas foram as palavras da Lurdes Jóia há dois dias num diálogo que mantinhamos por escrito, a propósito de um vídeo sobre escrita que a Cláudia me tinha dedicado.

Eu não respondi. Até hoje. Porque essa era a questão que me estava a fazer não ter voltado a escrever aqui. Nem ela imaginava. E só vai saber agora, ao ler isto.

Estive doente nesta última semana. Parada. Que também é para isso que ficamos doentes. E encantada por estar parada. Por nem poder pensar em sair de casa. Por não poder, nem querer fazer outra coisa que não fosse estar comigo. A interiorizar. A meditar.

E no feriado, quinta-feira, estava a pensar no meu filho, em não poder estar com ele nestes dias, e estava triste. E de repente, sem esperar, senti a energia de Jesus como se Ele se sentasse ao meu lado no sofá. Normalmente sinto a sua presença mais forte quando elevo a minha energia, em meditação. Não assim. E lembrei-me de quando o senti a caminhar ao meu lado nos corredores do Hospital de S.João, quando tinha acabado de receber a notícia da doença do meu filho. E voltei a chorar com enorme emoção. E a comunicação muitas vezes dá-se na dimensão do não verbo. Não há palavras, percepcionamos, sentimos, sem palavras. Como neste feriado.

Por isso muitas vezes, quando acontece dessa forma, lhe peço uma mensagem através de uma música, para receber algumas palavras. Já no final da conexão, liguei o computador (sempre sistema aleatório- pasta das músicas preferidas) e pedi uma música. "By your side", da Sade.

É sempre impressionante a precisão das músicas. Sempre.

No Sábado nova meditação. A conexão foi muito forte. Mas com tanta informação que dava por mim a quebrar a conexão com pensamentos, porque estava com receio de não conseguir lembrar-me de tudo o que se estava a passar. Comecei por Lhe pedir ajuda para me conectar melhor porque estava a sentir que uma parte de mim ainda estava no sofá. É completamente diferente se sentir que já não estou ali.

E a seguir perguntei se podia não escrever sobre o que estava a acontecer. Porque a minha preocupação em fixar tudo o que se estava a passar para depois escrever estava a impedir-me de viver a experiência com toda a entrega. Ainda por cima que tudo se estava a passar no domínio do não verbo. Como é que eu ia traduzir por palavras tudo aquilo?

Jesus assentiu.

E estou desde esse dia com uma sensação estranha. Porque quando a meditação acabou pensei: que bom, afinal lembro-me de quase tudo. Mas cada vez que me sento ao computador para escrever bloqueio. E não lembro de nada.

Hoje percebi. Tenho que escrever sobre este bloqueio. Mostra como temos que ter muito cuidado com o que pedimos. Na altura achei a informação tão importante para mim, era sobre a perda, sobre todas as perdas que vivi ao longo da vida. E era tão importante que hoje acho impossível não me lembrar de nada.

Ah...era sobre a perda de mim. Estou-me a lembrar de alguma coisa...mostrou-me que tive de perder tudo porque me tinha perdido a mim. E mostrou-me quando (muito novinha) e porque é que eu comecei a perder-me a mim. E foi preciso perder tudo para me ganhar a mim.

Ganhar a mim e não só. Enquanto perdia umas coisas ganhava outras. Como fé. Como confiança. Como capacidade de entrega.

Ao mesmo tempo ia percebendo que afinal nada do que perdia era meu.

Meu, é quem eu sou. Só.

De resto, nada nem ninguém foi meu.

Ninguém possui outra pessoa, ninguém é dono de ninguém, nem os maridos das mulheres, nem as mulheres dos maridos, nem os pais dos filhos. Ninguém é dono de terra. Ninguém é dono de céu. Acreditar no contrário é viver em ilusão. E por isso as guerras. Quando todos perceberem isso, quando todos tiverem perdido tudo, ao limite, e perceberem que afinal não precisam de possuir coisa nenhuma, que podem ter tudo sem depender, sem se acharem donos, e compreenderem que tudo existe em abundãncia para desfrutar, partilhar, e não para possuir, aí haverá paz no mundo. E fartura. Porque na natureza, há que chegue para todos. E ainda sobre. Não fossem uns acharem-se os donos do mundo.

Na verdade o problema está em não sabermos ter. Em depender do que temos. Até podemos ter tudo. O Universo é abundância. Mas não podemos confundir quem somos com o que temos.

Hoje praticamente não tenho nada. Nunca tive tão pouco. E também nunca tive tanta paz. Tanto amor. Tanta confiança. Tanta realização. Tanta boa-disposição. Tanta conexão. E afinal, tanto conforto. E afinal, tanta abundância.

Tive que perder tudo para encontrar a única coisa que restava: eu.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PORTUGAL

Conhecer o lugar onde nascemos, saber porque aqui nascemos, faz parte de descobrir quem nós somos. Descobertas no país das descobertas.

Orgulhosamente, portuguesa.





PS: Agora ao rever o vídeo reparo que aparece uma esplanada (ao minuto 1:55), na margem do Tejo, onde estive sentada a beber uma Coca-Cola, quando fui recentemente a Belém, no dia que relato no texto Alma Portuguesa, Património Imaterial da Humanidade.

A propósito de Coca-Cola que sempre foi a minha bebida preferida, descobri há pouco tempo, que foi Fernando Pessoa que, em 1928, escreveu o primeiro slogan para a divulgação em Portugal - "Primeiro estranha-se. Depois entranha-se". Se este slogan contribuiu para um disparo nas vendas, ao mesmo tempo influenciou na proibição da venda da bebida em Portugal, com a alegação de que a toxicidade do produto era reconhecida pelo próprio slogan...se se estranhava e depois entranhava, então era porque provocava o mesmo efeito que os estupefacientes...

Curioso. Frases do poeta pintadas no chão...tumulo nos Jerónimos...e até a Coca-Cola fizeram a ligação com Fernando Pessoa em Belém. Quando a estava a beber não me lembrei disto. Só agora.

domingo, 4 de dezembro de 2011

OS MEUS PRIMEIROS AMIGOS QUE MARCARAM TODA A MINHA VIDA.

À medida que me aproximava reparei que lá dentro já estava muita gente. Via-se a lareira acesa.

A João estava cá fora à minha espera. Enquanto a abraçava veio de lá de dentro alguém na minha direcção. E pôs-se à minha frente a olhar para mim. Fiquei uns segundos a olhar. Paralizada, porque era óbviamente alguém que me conhecia bem e eu não estava a reconhecer. De repente, fez-se luz! Era a Bi! Apesar de saber que a ia reencontrar neste jantar não contava sentir aquele choque. Foi uma emoção enorme. Enorme.

Não via a Bi há quase 30 anos. Parece impossível como alguem que já foi tão importante para mim pode ter estado afastada tantos anos...

Foi outra amiga comum que organizou este jantar para que o grupo de amigos que se formou há uns 35 anos se voltasse a juntar. Muitos deles já não via há alguns anos. A Cina e a João por exemplo, são próximas até hoje. Encontramo-nos frequentemente. Desde os seis anos. Da Cina até sou comadre. Mas a Bi foi a única que não voltei a ver.

Eu tinha 11 anos quando conheci a Bi. Acompanhei as minhas amigas Cina e João a casa dela, num Domingo à tarde. Era lá que se encontravam com os amigos. Eu era muito mais nova, pelo menos seis anos mais nova do que eles e nunca tinha ido. Foi nesse dia que conheci o que se veio a tornar meu marido. A partir daí tornei-me parte do grupo. Foram muitos os encontros e festas que lá se organizaram. Durante anos.

As festas eram memoráveis. A casa da Bi é uma casa que ainda hoje é especial. Ela tinha uma salão só para receber os amigos e fazer as festas. Foi lá que conheci a música que ainda hoje me fascina, dos Pink Floyd, dos Moody Blues, dos Rolling Stones, etc...Quando neste jantar reparei que estava a dar Angie e disse à João, que estava ao meu lado: Já reparaste que está a dar Angie? Ela respondeu: Já. Nem me digas nada... Já todos voltamos a ouvir essa música centenas de vezes ao longo da vida, mas estar a ouvi-la de novo na companhia dos amigos dessa altura foi absolutamente mágico...

Outra alegria enorme foi voltar a estar com um casal de irmãos que foram meus grandes amigos ao longo de todos estes anos, e com quem os meus pais me deixavam sair à noite, apesar de ser novinha, porque confiavam plenamente neles. Lembro-me tão bem que quando me vinham buscar a casa e eu entrava no carro já não conseguia falar porque a música era tão alta que ninguem se ouvia. A adrenalina começava logo ali. E não adiantava pedir para pôr mais baixo para falarmos. Rules. Relembramos os muitos anos em que saimos juntos e as festas, também elas absolutamente memoráveis, em casa deles, onde ouvi a melhor musica dos anos 80 antes dela ser comercializada em Portugal. Tinham cabine de som e tudo. Comme il faut.

Foi também muito por influência destes amigos, todos mais velhos, que comecei a ouvir e a comprar música tão cedo. Perguntamo-nos uns aos outros se ainda guardavamos os vinis.

Mas o grande acontecimento desta noite foi mesmo voltar a ver a Bi. Senti uma empatia tão grande que quase me surpreendeu. Uma vontade de ficar horas e horas a falar...uma vontade de retomar uma amizade que esperamos não volte a ser interrompida. Ainda por cima desde há poucos meses a Bi voltou a viver perto da casa da minha mãe. O que vai facilitar tudo.

Mas o passado voltou com mais surpresas: o reecontro com a Teresa, do tempo do colégio de Baltar. Uma surpresa realmente marcante, como se tivesse agora a oportunidade de conhecer uma pessoa tão especial.

Quando há tempos falei aqui em reviver o passado não imaginava regressar a um passado tão longínquo e que afinal foi tão fabuloso. Revivê-lo agora é transformá-lo numa experiência ainda mais gratificante do que foi na altura.

Encantada. Como gosto das pessoas que fizeram parte da minha vida! E que bom ter tantas de volta!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

FADO DO AMOR MAIOR

Que eu saiba amar
No amor maior
Já sem enredos

Imune à dor
à dor de amor
além dos medos

medos que habitam
o coração
dentro de nós
e nos limitam
na ilusão
de estarmos sós

Maria Flávia de Monsaraz

ATRAVESSAR O DESERTO

Abri os olhos e via a areia...
Ao fundo, por entre as árvores da marginal, uma palmeira...
Lembrei-me do deserto e do oásis.
Deitada na areia da "minha" praia chorava há, talvez, umas duas horas.
De vez em quando sou assolada pelas minhas dores. Como hoje.
Lembrei-me do que disse a Maria Flávia de Monsaraz, há dois dias, numa aula a que fui assistir.
Decidi ir de repente, na própria hora. Durante anos tentei ter uma consulta de astrologia com ela, desde que a vi na televisão, há cerca de 20 anos. Nunca foi possível. A lista de espera era de 2 anos e não fazia mais marcações. Agora me lembro que eu atendia no Porto uma grande amiga dela que se ofereceu para me tentar marcar uma consulta mas na altura eu não tinha disponibilidade. Porque é que agora de repente decidi ir assitir a uma aula? Soube por amigos que naquele dia, aquela hora, dava aulas. Fui. Aliás não fui com o intuito de assistir à aula. Fui para tentar falar com ela. E falei, quer antes quer depois da aula. Foi ela que me convidou para ficar e assistir à aula.
Quando a aula começou e percebi que seria uma das primeiras aulas de um módulo do primeiro ano (o curso é de sete anos) estranhei mais ainda. Como tenho formação em astrologia achei que aquela não seria certamente, a aula que mais me interessaria.
Profundo engano. A aula parecia ser-me dirigida. À medida que a Maria Flávia ia falando era como se fosse respondendo a várias questões que eu tinha colocado a Jesus nos últimos dias. Como se fosse uma confirmação de tanta coisa que Ele me foi dizendo. Sentia como se estivesse a falar de mim, como se estivesse a explicar o meu mapa, do princípio ao fim. E chorei, do princípio ao fim.
Falou na travessia do deserto. Usou essa metáfora várias vezes. Insistia nela. E que está muito presente em mim desde que li o livro do MST de que aqui falei há dias.
Quantas pessoas se dispõem a atravessar o deserto?
E hoje quando abri os olhos inchados e vi a areia lembrei-me disso.

O MARE E TU - ANDREA BOCELLI & DULCE PONTES