quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ALMA PORTUGUESA, PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE

Tinha acabado de saber que o Fado tinha sido classificado pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade e fui fazer uma meditação. Afinal, Jesus tinha-me falado do Fado e de Portugal.

E voltou a falar. Na alma. Na fidelidade à alma. E que o povo português no passado descobriu mundo e foi a maior potência mundial porque foi fiel à sua alma. Porque a alma é aventureira. A alma parte à descoberta.

E como se eu tivesse asas, levou-me por cima do rio Tejo. Exactamente a um ponto de onde se via os Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém e o Bugio de Oeiras. Como se fosse um triângulo visto lá de cima. Simbolizando a partida das caravelas e das naus para a grande aventura. E a grande conquista.

E perguntou-me: Já reparaste que vives exactamente à frente do Bugio? O monumento que assinala a fusão do rio com o oceano? Que fica na linha de separação entre o conhecido e o desconhecido? E que esse tem sido o teu percurso? Largar o conhecido, e aventurares-te rumo ao desconhecido? Já pensaste em quantas vezes te deixaste levar para trás no tempo, em regressão a vidas passadas, sem sabereres onde ias ter? Quantas vezes já te deixaste levar para cima, no espaço, em meditação, sem saberes onde ias parar? Quantas vezes já te deixaste levar pela vida, sem saber o que ela te ia trazer?

Fiquei em silêncio e a chorar. Nunca tinha visto assim. Nunca tinha visto por esta perspectiva. Nunca tinha pensado nessa coragem. Foi uma emoção quase demasiado grande...E o Bugio...de facto, é verdade: Saindo de minha casa, e indo para a praia, o percurso é em linha recta, e chegando à praia fico exactamente em frente ao Bugio. Exactamente. E também nunca tinha pensado nisso.

As coisas vistas lá de cima têm uma perpectiva completamente diferente. E podem ter um sentido em que nunca pensamos. Nunca.

E lembrei-me que ainda há dias, quando eu Lhe estava a dizer pela enésima vez, que O escolhia, para onde quer que isso me levasse, Ele respondeu, só: Solta as amarras...

E no Domingo, na meditação, disse-me para fotografar o Bugio, o Mosteiros dos Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Para fotografar tudo no memso dia. Que havia uma energia comum. E é curioso que tanto os Jerónimos como a Torre de Belém já foram classificados pela Unesco Património da Humanidade, há muitos anos. Tal como agora foi o Fado.

Nesse dia fui pesquisar na Wikipédia e "Portugal é um dos países com maior número de monumentos no mundo classificados como Património Mundial, o que demonstra a amplitude da sua atuação mundial. Os monumentos portugueses podem ser encontrados por todo o mundo, o que mostra bem a dimensão e influência da presença portuguesa a uma escala global. Do Brasil à Tanzânia, do Paraguai ao Sri Lanka, os portugueses deixaram marcas culturais e de enorme valor, classificadas oficialmente pela UNESCO em três continentes diferentes."

E no dia seguinte lá fui eu fotografar o Bugio e os monumentos de Belém. Nem me apetecia muito sair de casa, mas a incumbência tinha sido bem explícita.

Belém...não foi onde Ele nasceu?!...

Apesar de já ter tirado muitas fotografia ao Bugio, tive que tirar outra. Porque teria que fotografar todos os monumentos no mesmo dia. O Bugio foi o primeiro, logo ao sair de casa. E foi quando pensei: Basta sair de casa para ver o Bugio...realmente...nunca tinha pensado nisso...



Reparei que tinha pouca bateria na máquina fotográfica. Seria melhor voltar a casa e pôr a carregar? Que não. Ele disse-me: Tens a necessária. É para não te perderes a fotografar tudo e mais alguma coisa...

Apre...uma espécie de reprimenda...

Ao sair do comboio, o primeiro monumento era os Jerónimos. Só tirei duas fotos, com medo de gastar a bateria.



Ao passar no CCB ia entrar para ver a exposição do Vic Muniz mas desisti com medo de me perder a fotografar e ficar sem a bendita bateria.

Passei em frente ao Padrão dos Descobrimentos e decidi que ia fotografar só na volta, só depois de fotografar a Torre de Belém, com a bateria que restasse, porque já tinha intuído que o mais importante era fotografar a Torre.

No caminho entre o Padrão e a Torre (nunca tinha feito este percurso) li esta frase pintada no chão: "Ninguém nunca pensou no que há para além do rio da minha aldeia."



Não fazia ideia que estava lá este excerto d'O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa. Aliás estavam lá pintadas várias outras frases da mesma obra.

Fiquei quase em choque. Como é que estava ali concentrado, naquele lugar, quase tudo de que Jesus me tem vindo a falar? Quase não conseguia andar...só me apetecia sentar no chão e ficar ali...ia caminhando em direcção à Torre, e chorava de emoção...e ao chegar lá, no iPod ligado desde que saí de casa, começou a dar o fado "Chuva" da Mariza. O único fado que tenho no meu iPod! (desde que fiz aquele vídeo da minha Avó Bertina)...como era possível começar a dar precisamente quando eu estava lá a chegar?

E só mais tarde me dei conta que a versão do "Chuva" que eu tenho é do concerto que a Mariza deu Belém...

Sinto Jesus à minha espera...a comoção é tão grande que caminho a custo...
`
Quando estou já próxima da Torre avisto uma rapariga que achei logo muito parecida comigo própria, embora muito mais nova. E estava eu a pensar que até gostava de a fotografar quando, para meu espanto, ela se aproxima de mim e me pede para eu a fotografar com a máquina dela. Outro espanto!...a máquina era igualzinha à minha Pink!Cor de rosa e tudo! Conto-lhe isso e ela pergunta-me de onde é que eu sou. Como estavamos a falar em ingês ela deve ter pensado que eu também era turista. Ela é norte americana mas está a estudar em Madrid. Peço-lhe para me deixar tirar-lhe uma foto, com a minha máquina e ela tirou-me também uma a mim.

E eu tinha acabado de ler pintado no chão este verso, também do Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro:

"Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
"





Fotografo a Torre. Reparo então que dali se vê o Bugio. Que se vê-se o triângulo que via quando estava a meditar, lá em cima...não fazia ideia que se via também cá em baixo...



Acaba-se a bateria. Digo lá para cima: Lindo serviço! Então a bateria não era a necessária?! Mas afinal não chegou para tirar ao Padrão dos Descobrimentos...E Ele responde-me com um sorriso: "Então o Padrão não ficou ao fundo na foto que tiraste à frase no chão?"

Uauuuuuu...fiquei sem plavras...é mesmo...nem me tinha apercebido...não tinha reparado, conscientemente...

Fico sentada junto à Torre a olhar a água do Tejo, a água da foz, e lembro-me de uma frase que um amigo me disse há muitos anos: "Vives no meio de uma energia que te é hostil. Se estivesses na tua energia eras um golfinho..."

Conheci esse amigo há uns 11 ou 12 anos. Eu tinha enviado uma sms a uma amiga, que por sua vez estava ao lado de um amigo dela. Esse amigo disse-lhe que queria conhecer a pessoa que tinha acabado de lhe enviar a sms.

Fomos aprensentados pouco tempo depois e tornou-se numa das pessoas mais importantes da minha vida. Durante anos ensinou-me muito do que eu sei hoje. Lançava-me desafios constantes sobre espiritualidade. Treinou-me intensivamente durante esses anos. Exigente, não me poupava. Falavamos regularmente, às vezes, várias vezes por semana, e muitas vezes, horas seguidas. Chegava a acontecer eu estar a estudar o que ele tinha indicado e pensar que precisava de lhe perguntar uma coisa e nesse exacto minuto ele ligava-me: Diz lá. Digo o quê, perguntava eu. O que estavas mesmo agora a pensar em perguntar-me, respondia-me ele. Nas primeiras vezes em que isto aconteceu eu até estremecia.

Depois, há uns cinco anos atrás, chegou um ponto em que ele disse: Agora tens que voar sozinha. Eu vou afastar-me.

Quando estava sentada ao lado da Torre e a olhar a água continuei a lembrar-me muito dele e percebi que estava na hora de lhe ligar. Liguei. Atendeu e mostrou tanto espanto na voz que me deixou a mim espantada...porque ele não é pessoa de se espantar...ficou ainda mais espantado quando soube que eu estava a viver em Lisboa. Disse-me que a última vez que tinhamos falado foi logo a seguir a eu ter regressado com o meu filho da Alemanha, depois dos tratamentos terem acabado. Contei que vim para Lisboa um mês depois. E ele dizia: Olha estou um bocado calado porque não sei o que dizer...é que estou espantado contigo e com a volta que a tua vida deu...

Foi uma emoção enorme falar neste dia com este amigo tão importante para mim.

Espero que se ele um dia souber que escrevi aqui sobre ele me perdoe (de certeza que sim) porque ele é a pessoa mais avessa à exposição, que conheço. Uma das maiores provas que me deu da sua amizade foi estar presente num jantar surpresa que a Erica organizou pelo meu aniversário. Ela sabia que eu tinha esse amigo que era muito importante para mim e ninguém conhecia, e acbou por descobrir o contacto dele no meu telefone. Quando o vi nem queria acreditar...ele que não participa em nenhum evento social...de espécie nenhuma...E ali, ainda por cima não conhecia ninguém...Foi uma grande prenda que nunca esqueci.

Levantei-me e iniciei o caminho de volta. Vinha na direcção da estação de comboio quando vi o carro da Lena e do Rui estacionado. Percebo que eles estão no barco e ligo-lhes. Encontro-me com eles que me dão boleia para casa. Mais uma constatação: não é por acaso que eles têm o barco naquela marina, junto ao Padrão.

Antes do regresso, uma ultima tenativa para ir ver a exposição do Vic...Mas entro na loja do CCB e perco-me com os livros do Pessoa...irremediávelmente perdida...ou achada...

domingo, 27 de novembro de 2011

FADO

Neste fim de semana em que o fado pode ser declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade (e ser a primeira expressão artística a conquistar esse título), publico este vídeo, que tanto me tocou, quando a propósito desta influência da música, dos poemas, da arte, na nossa frequência de vibração energética, Jesus me explicou porque é que nasci no país do Fado.

Fernando Pessoa @ NY (en)cantado por Ana Moura:

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O OÁSIS E O DESERTO

Hoje liguei a televisão (sim, estou a render-me porque parece que nos estamos a sintonizar, eu e a tv..., por exemplo no Domingo peguei no livro do Miguel Sousa Tavares - No teu Deserto, que a minha Mãe tinha na mesinha de cabeceira, e vim lê-lo para a sala, resolvi ligar a televisão e estava a dar imagens do deserto), mas como estava a dizer, quando hoje a liguei estava a dar no telejornal imagens gravadas aqui na marginal, de manhã, a uma hora em que eu estava na praia.

Estava sentada na areia a olhar a água, a ouvir o som das gaivotas, a sentir o calorzinho do sol, a energizar-me para o dia que estava a começar, e a pensar que a vida é como a água do mar...ora vem...ora vai...maré cheia...maré vaza...

Os últimos dois meses foram tão cheios de momentos difíceis...tantos, tantos, momentos difíceis, alternados com outros tantos bons, alguns tão bons que até era difícil de acreditar...mas não voltou a ser como o mês de Setembro, que foi um verdadeiro oásis, um mês só de felicidade...para dar alento para continuar a atravessar deserto...deserto...o que gostei do livro do MST... fui eu que o ofereci à minha Mãe (que adora o Miguel, dito assim até parece que o conheço, mas por acaso até conheço a ex-mulher, a Cristina, que é da minha idade e de Paredes e costumava ir à loja da minha mãe e foi numa quinta da família dela - um lugar absolutamente ídilico - que praticamente iniciei o namoro com o meu ex-marido) mas estranhamente ainda não o tinha lido. Tão interessante este livro. Tão interessante... A importância do silêncio. A importância de atravessar o deserto. A páginas tantas, diz: "Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer." Ele é mesmo uma pessoa muitíssimo interessante. Uma pessoa que já atravessou muitas vezes o deserto.

Voltamos sempre ao deserto. Para nos fragilizarmos, vulnerabilizarmos. É a forma mais eficaz de nos mantermos conectados. Conexão. Informação. Ainda hoje recebi informação sobre acontecimentos de há uns sete anos. Foi-me explicado como é que o que tinha acontecido há sete anos estava relacionado com o meu momento actual. E se não me fosse mostrado pelo Céu, eu nunca faria a ligação...e no entanto agora percebo nítidamente porque é que determinadas situações tão difíceis tiveram que acontecer...visto de lá de cima fica tudo tão claro, tão nítido, tão compreensível...o que nos leva a aceitar que as situações difíceis de hoje também nos conduzirão a momentos felizes amanhã...

E por falar em livros, quando a minha Mãe estava a fazer o electrocardiograma antes da operação, atendi o telefone dela. Era dos correios a dizer que já tinha chegado o livro que ela tinha encomendado. Dei-lhe o recado. Contou-me que o livro que tinha encomendado era o último de Isabel Allende.

Fiquei a pensar. O livro "A Casa dos Espíritos" dessa autora, foi um dos livros que mais me marcaram e sem dúvida o que me despertou para a espiritualidade. Li-o tantas vezes que desfiz a capa.

Olhei agora para a televisão e está a dar a exposição de fotografias de Frida Khalo que já tinha pensado ir ver amanhã...Está tudo ligado.

E sobre ela, vale mesmo a pena ver este vídeo:

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A NOSSA ALIANÇA

Há dois dias ao ver uma fotografia de uma menina careca, com cancro e um ursinho de peluche na mão tive um ataque de choro.

Sinto uma tão grande fragilidade em relação a este assunto...

Acho também que esta foto me fez lembrar de uma menina...

Que dividiu o quarto com o meu filho. Talvez durante o período do costume: 5 dias. Só uma cortina separava as camas. Tratava a mãe com uma agressividade chocante. Já o pai tratava com uma meiguice desconcertante...O pai, que vim a saber era psicólogo, passava a maior parte do tempo a ler enquanto lá estava, e não havia menina. Ela concordava com tudo e falava-lhe com uma voz muito doce, baixinha e quase derretida... Quando chegava a mãe, até a voz se transfigurava. Ficava irreconhecível. Falava-lhe aos gritos, aos berros, com uma voz que não parecia dela. Embora eu pudesse compreender o que se estava a passar com a menina, a verdade é que ninguém compreendia.

Um dia a mãe, no corredor, perguntou-me como é que eu conseguia estar sempre tão serena e ter uma relaçao tão pacífica com o meu filho. Sem saber muito bem o que lhe responder, pois mal a conhecia, disse-lhe que praticava meditação. Ela respondeu-me que também já tinha tentado fazer através de uns CDs de meditação da Alexandra Solnado. E perguntou-me se conhecia os livros dela. Sim, trabalho com ela. Mostrou-se muito interessada e até íniciamos uma espécide de amizade. Curta. Muito curta. A doença da filha estava num estado muito avançado. Avançadíssimo. Ela era advogada e continuava a trabalhar para tentar custear um tratamento que esperava que a filha fosse fazer a Espanha. Interroguei-me como é que conseguiria ela concentrar-se fosse no que fosse. Fazer fosse o que fosse. A vida leva-nos mesmo ao limite do limite. Médicos já não aconselhavam viagem porque poderia não aguentar o transporte nem de avião, nem de ambulância. Foi dos casos que mais me marcaram. A mim e a todos os que nos visitavam. O sofrimento da menina (com cerca de 9 anos) era visível e audível.

A mãe não tinha mais que lhe fazer. Era meiga e tinha toda a paciência do mundo. A filha descarregava nela toda a raiva e revolta. Embora a questão não seja tão simples e linear quanto isso.

Lembro-me muitas vezes delas...

E no dia seguinte a este meu ataque de choro, o meu filho, ao acordar, volta a dizer-me que todos os dias acorda com o sabor da quimioterapia na boca...estremeci...

Na semana passada, quando a minha Mãe foi operada, duas amiga minhas, a Vânia e a Laura, foram ter comigo ao hospital e fomos a um café perto, que fica em frente ao IPO. Quando fui pagar ao balcão vi o boião de chupa-chupas. Ia lá sempre comprar uma dúzia ou duas, na manhã em que começavam as sessões de quimio. O meu filho tentava enganar o sabor da quimio e com isso tentava não vomitar tanto. Mas de pouco ou nada adiantava.

Ao sair do café encontrei a professora que acompanhava os meninos lá no IPO e a assistente social.

Já sabia que ia ser confrontada com o passado e esse reavivar não ia ser fácil.

E hoje, quando estava a trabalhar, e dei-me conta que estava a usar uma aliança no polegar que já não usava há algum tempo. Uma aliança que tinha comprado na viagem a Munster, Alemanha, aquando da consulta do meu filho. Compramos duas alianças, uma para cada um, por sugestão do meu filho, que disse que elas simbolizariam sempre o nosso amor e união.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

WE ARE ALL CONNECTED

A minha pasta de musicas de meditação tem muitas músicas que não são as clássicas músicas para meditação. E como contei nos últimos textos, tem-me sido explicado, em meditação, porque é que essas músicas são importantes para mim, e porque é que têm o efeito que têm na minha energia. Sobretudo as músicas dos U2 e do Moby.

E nos dias em que aconteceram algumas dessas meditações, amigos que não sabiam de nada do que se estava a passar comigo a este nível, dedicaram-me músicas dos U2, como foi o caso da Cláudia, Mário e Lurdes.

Também já aqui contei que as minhas bandas preferidas são os Pink Floyd e os U2, e os meus músicos preferidos são Moby e David Bowie.

Comecei a ouvir os Pink Floyd em casa de uma amiga (que conto rever no próximo dia 3 de Dezembro, depois de 30 anos sem nos vermos), quando tinha 11 anos, e comprei o meu primeiro LP do David Bowie - Scary Monsters, quando tinha 14 anos.

E também contei no penúltimo texto me "apaixonei" pelo Bono, dos U2, assim que o vi e ouvi, e lembrei-me que isso aconteceu quando assisti à actuação dele no concerto Live Aid, em 1985.

E ontem fui procurar o vídeo da actuação no mesmo concerto de David Bowie, com o tema "Heroes" (por acaso o meu tema preferido dele não é este mas sim "Absolute Beginners")e publiquei-o na minha página do Facebook.

Hoje na página que o Moby tem no Facebook, foi publicado um vídeo com uma entrevista dele em que diz que a melhor música de todos os tempos para ele é "Heroes" do David Bowie...e fiquei muito emocionada com todas estas "coincidências"...We are all connected.





domingo, 20 de novembro de 2011

PINK FLOYD

Porque estou verdadeira e imensamente grata a todos os que me acompanham por aqui, vou publicar o meu vídeo preferido, que é de um concerto dos Pink Floyd, e que abre com a que é para mim, a melhor música de todos os tempos- Shine On Crazy Diamond.

Quer dizer que se concentrou neste vídeo tudo o que eu mais gosto em música (e não só): melhor música, melhor banda, melhor concerto, melhor espectáculo, melhor vídeo e o homem mais bonito do mundo - David Gilmour (sobretudo quando era um pouco mais novo...).

Por isso, em termos de música, é a melhor preciosidade que podia partilhar convosco.

Desfrutem. Respirem a música, sintam o seu "pulsar" e deixem-se levar...


sábado, 19 de novembro de 2011

MUSIC & BONO

Nas minhas meditações tem surgido insistentemente o tema da importância e influência da música na nossa frequência de vibração celular.

Até me tenho dedicado a essa investigação com mais interesse.

Jesus tem-me mostrado porque é que há músico e grupos que me fascinam mais do que outros e porque é que gosto mais da música deles.

Na verdade há muita coisa que sabemos, até intuitivamente, mas nem sempre temos consciência desse conhecimento.

Sabemos que não é por acaso que determinados músicos e grupos têm uma influência à escala planetária. E que isso acontece porque a música deles tem um determinado nível de frequência de vibração. E por isso "tocam" tantos milhões de pessoas. E porque é que as músicas sobre o amor são as que mais influência têm. E porque é que uma música com essa vibração pode mudar a vida de uma pessoa. Ela até pode pensar que são as palavras, o tipo de música e o estilo do músico que a toca ou canta, mas é sobretudo a vibração da voz e a vibração dos acordes musicais que afectam a vibração de quem ouve.

E que não há instrumento musical que mais nos afecte e influencie do que a voz humana...sobretudo quando ela tem a vibração do amor...

Beautiful.

E por isso há músicas que me transportam imediatamente para uma determinada dimensão.

Uma dimensão que confere com a vibração da minha alma.

Really beautiful.

Transformo-me quando deixo a vibração da música encher as minhas células, como se o corpo se enchesse de uma água, que é a música...

E porque é que me "apaixonei" pelo Bono assim que o vi no Live Aid, há 26 anos, e porque é que não aconteceu com mais nenhum cantor...

Se bem que descobri que o David Gilmour é talvez o homem mais bonito que já vi,(dos terrenos, claro)...mas não foi como a "paixão" pelo Bono, embora os Pink Floyd sejam, a par dos U2, das minha banda preferidas.

Amazing.

Agrada-me pensar que ele de alguma forma já esteve "perto", porque o meu irmão já esteve três vezes com ele: uma vez num restaurante, em que só estava o meu irmão,um amigo dele, e o Bono e os outros membros dos U2, outra vez em casa de um amigo comum, no Brasil, e outra vez ia a sair de um restaurante e ele a entrar. E como não há coincidências...

O meu irmão é que não é um deslumbrado como eu, para sorte dele...e só me contou isto quando soube da minha "paixão". Às vezes quando ele me conta coisas deste género, eu fico tão atónita, com a boca aberta, literalmente, como fiquei com isto do Bono, (que a minha Mãe até perguntou-Porque é que ficaste com a boca aberta? - é que ela não sabia quem era o Bono), que ele pega no telemóvel e mostra-me as fotos...



COOL WAVES

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ALTAS INESPERADAS

Se por um lado a minha Mãe hoje teve alta do hospital, e veio para casa logo de manhã, com uma recuperação surpreendente (cheguei lá e todas as senhoras da enfermaria tinham tido alta, contra as expectativas delas que já estavam a desanimar de lá estarem há tantos dias, com excepção da D. Miquelina que dormia como um anjo e pela primeira vez as tinha deixado dormir de noite), por outro as águas de Oeiras também estiveram em alta e quase inundaram a minha casa, perigo de que ainda não estou livre. Aliás livre de perigos nunca vou estar. Nem eu nem ninguém.

Os tais desafios. Fortes.

Entreguei-Lhe tudo.

Será como tiver que ser.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DIA DA OPERAÇÃO

À medida que percorríamos os corredores do hospital e nos aproximavamos do serviço de cirurgia estética e reconstrutiva maxilo-facial íamos ficando mais caladas...ala muito velha, deprimente...quando entrei no gabinete que servia de secretaria reconheci imediatamente à minha frente a enfermeira Isabel. Foi ela que recebeu o Zé Miguel na enfermaria de pediatria cirúrgica. Vinha da oito dias na urgência pediátrica. Instalações novas...sempre muito bem assistido. Eu dormia ao lado dele num cadeirão reclinável. Quando chegamos à peditaria cirurgica, tivemos um choque. Instalações degradantes. Quatro camas num cubículo. Calor de morrer. E a enfermeira disse: "Aqui não é a urgência. Aqui acabaram-se as mordomias. Não vais mais deitar-te a não ser para dormir. Vais ficar neste cadeirão." O choque aumentou com esta recepção.

Ao longo do tempo fui-me apercebendo da competência dela. Ninguém tem tudo. E fui apagando a primeira impressão. Também ela depois percebeu porque é que ele tinha dificuldade em andar a pé e estar sentado. Também ela depois percebeu porque que é que a cicatriz dele da cirurgia ao apêndice não cicatrizava.

Hoje quando a vi lembrei-me disso tudo. Ela não me estava a reconhecer. Quando fez perguntas para tentar lembrar-se do meu filho e eu falei no diagnóstico do cancro eela reagiu com muito espanto....Estava a lembrar-se perfeitamente. Disse que foi um caso de que nunca se ia esquecer porque não é um caso que se esqueça. Que foi muito marcante. E que se lembra perfeitamente do momento em que ela e a enfermeira chefe leram o relatório com o diagnóstico e do choque que sentiram...Se calhar ela até foi uma das enfermeiras que foram em grupo levar-me a água e amparar no choro e eu não reparei...

Mas a enfermeira já está reformada e hoje estava lá com o filho que também ia ser operado a um olho e fracturas no osso da cara porque levou um coice de um carneiro...É verdade. Um rapaz com os seus trinta e tal anos, e foi espreitar o parto da fêmea e levou com o coice do macho...

A seguir, o primeiro balde de água fria teve a ver com uma queimadura. Quando as enferemeiras viram a queimadura da minha mãe passaram-nos uma enorme reprimenda. Que devia ter sido assistida na urgência...que era uma inconsciência da nossa parte...porque era uma queimadura extensa e profunda...É que há dois dias a minha mãe a tomar chá virou o chá por cima dela, sem querer evidentemente, e depois desvalorizou a queimadura. Eu que sempre a acusei de ser muito piegas, interpretei a reacção dela como se realmente não fosse grave. Agora percebo que ela não queria fazer alarido. Estava com receio de voltar à urgência. E eu fui negligente. Devia ter insistido mais para ir ao hospital e até levá-la mesmo contra a vontade dela.

A minha Mãe está a fazer um trânsito de Saturno. Tem 70 anos. Já aqui falei neste trânsito. Que se faz sentir de 7 em 7 anos. E 7 x 10= 70. Não é brincadeira. E está-se a ver. Ele trata de acordar as pessoas para a vida. Desperta os karmas que vimos resolver. E quem não resolve a bem resolve a mal. Quer dizer, não é bem assim. Há quem nunca resolva. Há quem nunca acorde. Quem nunca se pergunte porque nasceu e para quê. Ou melhor, há quem nunca procure as verdadeiras respostas. Mas por acaso isto já teve os seus frutos. Com a história da queimadura a minha mãe achou demais, percebeu que as coisas lhe estavam a acontecer a ela em especial e perguntou-me porquê. Deu-me espaço, pela primeira vez na vida, de lhe falar em espiritualidade e vidas passadas. Acho que não assimilou mas pode ser que tenha ficado uma semente.

Entramos na enfermaria. Outro choque. Quatro camas e na cama ao lado da minha Mãe uma senhora de 80 anos com Alzheimer. Está sempre em luta, sempre a tentar sair da cama apesar de estar amarrada. A figura dela ao princípio assusta. Muito magra, tenta tirar a bata e fica meio despida. Vamo-nos apercebendo que a senhora no seu discurso permanente e sem sentido às vezes tem muita piada...é inevitável não nos rirmos...a mim tratou por Catarinazinha e pediu para lhe tirar os sapatos...acabou por pedir muitas outras coisas sem sentido...e no fim disse uma coisa lúcida quando alguem lhe estava a perguntar se queria café:" Café a esta hora? Não, que depois não durmo."

Finalmente a operação. Correu bem. Minha Mãe chegou tranquila e só abria os olhos para olhar para a D. Miquelina e rir-se com as coisas dela...

Fiz-lhe mais festas do que nunca e ela teve mais terna comigo do que nunca...reparei que raramente lhe fazia festas porque ela nunca me fazia...mas alguem tem que começar. E se eu tenho mais consciência isso tem que me servir para alguma coisa.

E foi bom. Muito bom estar assim com a minha Mãe. Apesar das circunstâncias. Mas já não estranho. Foi quando aprendi as maiores lições. Foi com estas circunstâncias.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

FREIRAS NA OPRAH

Acabei de ver no programa da Oprah (sim, estou a render-me à televisão, aqui em casa da minha Mãe a televisão está quase sempre ligada) uma reportagem sofre umas freiras. Dominicanas de Maria, creio eu. De Maria, eram.

Nunca pensei em ser freira, até me afligia um bocadinho pensar nos votos das freiras. Embora nos anos em que vivia deprimida tivesse pensado muitas vezes em ir bater à porta de um convento. Não para me tornar freira, mas para ser acolhida por elas. O que eu mais queria era que tomassem conta de mim. Também ansiava muito que um médico olhasse para mim e percebesse como eu estava doente e me internasse. Hoje percebo que isso nunca aconteceu porque iria alimentar a minha vitimização e não me fragilizaria como acabei por fragilizar a tentar fazer uma vida "normal". Completamente sem forças.

E hoje chorei quando mostraram imagens do dia em que as freiras fazem os votos, e que consideram ser o dia do casamento com Jesus Cristo.

O que mais me emocionou foi vê-las deitadas no chão de barriga para baixo, simbolizando a morte da sua vida antiga. Não imaginava que faziam esse ritual.

E eu em momentos limite, também me deitei no chão e disse que me rendia. Rendia-me ao Céu. Rendia-me à Luz. Rendia-me a Jesus. Rendia-me a Deus.

Rendia-me à Vida e ao que ela me tirava. Rendia-me à Vida e ao que ela me trazia.

As freiras testemunharam sobre a sua vida sem pertences de qualquer espécie e de como isso é libertador.

O que sempre pensei das freiras é que a vida delas de certa forma é muito mais fácil. Porque fazer as mesmas opções que elas fazem e continuar a viver a vida real é muito mais difícil. Viver na família e na sociedade em que continuam a esperar de nós, a pressionar-nos e em que temos que fazer constantemente escolhas que reflictam a nossa alma, em que temos de dizer "não" tantas vezes, parece-me mesmo muito mais difícil.

O mais engraçado é que eu soube que quando iniciei o trabalho que tenho agora, contra a vontade da minha Mãe, ela foi pedir auxílio ao meu irmão, e ele respondeu-lhe que ela não podia fazer nada, porque era a minha vida, e era a mesma coisa que eu tivesse querido ser freira...

E na verdade, eu tenho assumido compromissos com Jesus...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

APAGAR O PASSADO - CONTINUAÇÃO

Ontem o texto ficou a meio. Hoje percebo porquê. Vou continuá-lo de forma muito diferente do que o faria ontem.

Fui hoje de manhã com a minha Mãe ao hospital. Vai ser operada na próxima quinta-feira, porque o osso da cara, que fracturou, abriu e está a afectar o olho esquerdo.

Quando entramos no hospital, a minha mãe estava sempre a questionar se iríamos pelos corredores certos. Eu respondi que ela se estava a esquecer que eu conhecia o hospital relativamente bem. É o mesmo onde o meu filho esteve internado 3 semanas depois do acidente, onde foi operado e onde recebeu o diagnóstico de cancro.

Tal como agora a minha mãe, o primeiro tratamento foi recebido no Hospital de Penafiel e depois é que foi transferido para o S. João.

Hoje voltei a lembrar-me de muita coisa. Dos corredores. Do quarto. Do refeitório. Onde fiz todas as refeições sózinha.

Passado. O passado a voltar.

A minha mãe vai ficar uns dias internada, talvez 4 ou 5. Vou lá estar com ela. Já percebi que vou reviver muita coisa.

Vim todo o caminho para casa atenta ao que estava a sentir. A minha mãe fez uns quantos comentários que me deixaram mais triste. Porque estas coisas não acontecem por acaso. Acontecem para mudarmos. Mudarmos de atitude, de perspectiva. Para nos abrirmos. E relativizarmos. As coisas que eram importantes deixam de ser. E passamos a dar mais importância a coisas que não davamos. E se não mudarmos, estes acontecimentos tão difíceis acabam por acontecer em vão.

E a minha Mãe estava a parecer-me igual. Não mudou nada. Mas ainda é muito cedo. E não sou eu que a vou mudar. Tenho que aceitar. Aliás, nunca tentei. Sempre soube isso. A vida é que nos muda. E está-se a ver. Não brinca em serviço.

E eu? O que eu não tenho mudar?! Uma pessoa que atrai na vida o que eu tenho atraído, é uma pessoa com muito para mudar. Basta falar num filho com diagnóstico de cancro maligno.

E tenho mudado. Eu sei que tenho mudado. E como tenho muito mais para mudar os desafios não param. Oportunidades para consolidar as escolhas que tenho feito.

Há dias um conflito com o meu filho voltou a abanar-me. Ter-me sentido posta em causa como senti, noutra fase da minha vida teria dado cabo de mim. Agora doeu profundamente mas sabia o que tinha a fazer. E sabia porque estava a acontecer. Só isso já nos ajuda a enfrentar todos os desafios do mundo.

Cheguei a casa e fui meditar. Escolhi uma música própria para meditação mas não me estava a sentir a sair do sítio. Não estava a conseguir elevar o meu nível de frequência de vibração. Fui buscar novamente a Surrender dos U2. Era isso. Disparei. Foi Jesus que me veio buscar. Pegou-me ao colo. Não me disse nada. Ficou só comigo ao colo. Enquanto eu chorava. Chorava.

Impressionante como estou a escrever e a fazer julgamento...a pensar que pessoas vão ler e achar surreal...e a pensar que se fosse eu que estivesse a ler um texto destes há uns anos também estaria a pensar que era ridículo...a pensar quem é que a autora se julgava para dizer que Jesus estava com ela...Mas como a vida dá muitas voltas, agora ouço é Jesus a perguntar-me quem é que eu julgo que sou para me julgar a mim e aos outros.

Mas quando estava no colo de Jesus, estava a sentir que por maior que fosse o desafio que a vida me estivesse agora a propôr, eu aceitava. E realmente, quando estamos no colo de Jesus, o que mais interessa? Nada. A vida pode trazer e tirar tudo, que não tem importância. Só que depois voltamos à vida na Terra, voltamos a ser de carne e osso e quando dói muito às vezes esquecemo-nos desse colo. E de tudo o que temos e vemos e sentimos lá em cima. Eu tento não esquecer. Nunca.

Percebi porque é que volto ao hospital. E porque foi hoje que soube, um dia depois de Jesus me ter perguntado se lhe entregava o meu passado. Ontem, Ele tinha-me mostrado como eu lidei com todas as dores do passado desta vida. Como as revisitei. Como já chorei muitas delas até á exaustão. Como as resolvi. Se bem que nunca está tudo resolvido, mas uma grande parte está. Mas como eu tenho muito apego, apesar de ter já aceitado entregar tudo da minha vida (e o mais importante da minha vida eu entrego-Lhe todos os dias), tenho tendência a apegar-me às memórias. Às memórias boas. Depois de me conseguir desapegar é uma limpeza. Nunca mais me lembro. Mas até conseguir fazer isso...Por isso ontem me foi proposto entregar todo o passado.

Apesar de aceitar imediatamente, como sempre faço, fiquei ali a tentar perceber se não ia perder identidade. Porque era como se ficasse em branco. Como se ficasse sem memória destes 45 anos da minha vida. Tal como nascemos sem memória das vidas passadas. E como eu sou muito água, a memória está muito viva em mim. E por isso ontem foi especialmente estranho...senti-me a deixar de ser quem era...Até que Jesus me disse: Mas tu sabes que tu não és a pessoa que vive lá em baixo...tens-te esforçado e aproximado de quem realmente és, mas ainda estás longe. E se ficares em branco ficas com mais espaço para deixar entrar a tua verdadeira energia. A energia da tua Alma. Compreendi e aceitei.

Acho que se não tivesse aceitado (embora ache que nunca passaria pela cabeça não aceitar) esta experiência que vem pela frente de contacto com o passado, seria muito mais intensa e difícil.

Quando acabei a meditação, a minha Mãe, que estava a dormir no sofá ao lado, abriu os olhos e disse: "No fundo, acho que fui muito protegida por Deus!"

E a Lila, (que não tem dormido desde o acidente porque não lhe sai da cabeça a imagem da minha mãe estatelada nas pedras com água a passar por por cima) sentada ao nosso lado, disse: "Há males que vêm por bem."

domingo, 13 de novembro de 2011

APAGAR O PASSADO

Isto de escrever aqui tem uma cadência que não depende de mim...já reparei que tem uma frequência mais ou menos regular, praticamente semanal, mas que às vezes é alterada, com intervalos que excedem uma semana, e outras várias com mais que um texto seguido...é o caso destes últimos.Um por dia. E hoje, dois no memso dia. Que acho que nunca tinha acontecido antes.

Estava a meditar com a música dos U2 - Surrender- e há músicas que me transportam imediatamente para outro níveis...nem tenho que esperar conseguir subir. Foi o caso de hoje. E quando percebi que ia ter que escrever sobre isso perguntei: mas como é que passo isto para palavras?!...Não tenho como...eu pelo menos não sei...descrever estados de êxtase...em que não temos corpo...nem nada a não ser uma sensação indescritível...logo se é indescrítivel, eu não consigo descrever...

Como explico o que é estar com Jesus? Nunca esperei que ninguem acreditasse muito menos percebesse. Acho normal que não se acredite. Também eu durante muitos anos não acreditei.

Por isso, vou continuar e contar o que se passou: a primeira coisa que Jesus me propôs hoje foi que lhe entregasse o meu passado.

O meu passado? Já perdi tanta coisa e agora também vou ficar sem passado? Parei uns segundos, não para decidir se aceitava ou não, porque nunca hesitei em aceitar o que o Céu me propôe por mais ache que não está ao meu alcance, e muitas vez acho isso mesmo, mas para tentar avaliar o que isso significava. Ficar sem memória. Isso de alguma forma é o que me tem vindo a acontecer ao longo da vida. Com o meu síndrome esqueço-me de muita coisas. Esquecer de tudo? Sim, claro. Aceito. Incondicionalmente, como sempre.


(To be continued, later)

ELE HÁ COISAS...

Já disse aqui vezes sem conta que quase nunca vejo televisão. Passo semanas seguidas sem sequer a ligar. Muito menos de manhã. Isso então é que não me lembro. Mas acabei de ligar. E está a dar um excerto da ópera Don Carlo, de Verdi, representada no São Carlos, que deu título a um texto que escrevi creio que em Setembro. A propósito de uma das cantoras desta peça que atendi, a Ana. E que voltei a atender há talvez uma semana e me disse que tinha voltado antes da data marcada porque tinha saudades de estar comigo...e a alegria por a ver talvez confirme a teoria de que já nos conhecemos dessa vida relacionada com a peça...

Peça que tem uma cena parecida com uma vida passada que vivi em Florença. Na quinta feira passada estive com uma pessoa que já não via há uns meses e quando reparei ela estava com uma pulseira que dizia "FIRENZE"...

E nesse dia, antes dela chegar, eu estava a falar com um amigo, sobre a Maria Flávia Monsaraz, uma astrologa conceituadíssima, e sobre uma questão que tinha relacionada com ela o meu amigo disse: quem deve saber isso é a Lurdes. Eu respondi: engraçado falares nela, porque ela deve estar mesmo aí a chegar. Devemos estar a falar de pessoas diferentes, disse ele. Não, não estamos, respondi. E passado um minuto ela chegou. E mais tarde quando estava a despedir-me dela chegou a Lurdes Jóia. Tendo em conta que num dos últimos texto falei na coincidência com a professora Lurdes...são muitas coincidências com muitas Lurdes...

Mas nesse dia, quinta-feira, as coincidências não se ficaram por aí: quando estava a falar da Maria Flávia Monsaraz pensei na Maria José Costa Félix que também é astróloga e muito conceituada. Num dos meus primeiros textos daqui até transcrevi umas frases do último livro dela. E nesse dia ao fim da tarde, quando ia entrar no metro e porta abriu, saiu à minha frente, vindo literalmente contra mim, a Maria José Costa Félix...fiquei atónita a olhar para ela...e ela com ar perdido à minha volta, parecia não saber que direcção tomar, esquerda ou direita, e eu a olhar...quase que perdia o metro...

Coincidências...sincronicidades...

sábado, 12 de novembro de 2011

GOD



Hoje no comboio à minha frente sentaram-se três jovens mudos. Penso eu. Não sei se eram surdos-mudos. Comunicavam em língua gestual. Duas raparigas e um rapaz.

Ao lado deles,`do outro lado do corredor, um grupo de quatro senhores falavam alto e pelos cotovelos. E pensei no contraste. Como uns vivem no silêncio e outro não sabem ficar nele. Pelo menos aparentemente. A forma como falavam e aquilo de que falavam dava a entender que nãos sejam pessoas que gostem ou saibam ficar no silêncio.

Silêncio. Que como tudo na vida, tem coisas boas e coisas más.

E quando peguei nos meus phones para ouvir música senti um choque: aqueles miúdos provavelmente não podiam ouvir música...Meu Deus... Hão-de sentir outras coisas que os compensem disso. Porque o Universo está sempre a compensar. Sempre a harmonizar.

O meu Ipod não tinha bateria. Liguei os phones ao rádio do comboio. Incrível. Estava a dar "EVERY BREATH YOU TAKE" do Sting. Emocionei-me muito porque nesse momento estava a olhar para o Céu e a pensar como se pode não acreditar em Deus se basta olhar para o Céu e ver como é magnífico e como o homem não podia criar uma coisas dessas...o sol estava a nascer...e tirei estas fotos, porque estava a sentir a presença d'Ele...



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CHALLENGE

A poucos metros do sítio onde o meu filho teve o acidente. Desta vez a minha mãe. O mesmo aparato. Os mesmos bombeiros.

Já era noite. 20h. A minha mãe foi com a Lila, que trabalha cá em casa há 25 anos, fazer a habitual caminhada no parque de Rebordosa. Tropeçou, tentou agarrar-se às cordas de protecção do ribeiro, a Lila a tentar agarrá-la pelo fato de treino, mas não conseguiu, e a minha mãe caiu lá em baixo, na água e nas pedras. Não sei muito bem mas talvez tenha 2m e tal de profundidade. No Verão eram mais pedras do que água, mas com este tempo não deve ser bem assim. A Lila salta lá para baixo atrás dela...(só de pensar nisto já me emociono...) Gritam as duas desalmadamente mas ninguém as ouve. O parque estava deserto e escuro. A Lila consegue tirar a minha mãe da água, ajudá-la a subir e deixa-a deitada enquanto vai procurar ajuda. Os professores da escola nova que fica perto chamam os bombeiros. O meu irmão chega primeiro. Máscara, tala, é levada para o hospital de Penafiel e de lá transferem-na para o Hospitald de S. João, no Porto. Passa lá a noite em observações e a fazer todo o tipo de exames. O meu irmão e a Lila, também sempre com ela, com a roupa toda encharcada. Há momentos em que muita coisa acontece...

Só de manhã é que o meu irmão me liga. Tinha dito a todos: "Ninguém liga para a Cristina. Só amanhã quando tudo estiver bem..." Também só de pensar nisto me comovo...Há momentos em que muita coisa acontece...

Receber esta notícia, quando já está tudo bem, acompanhada das minhas amigas que são minhas colegas de trabalho...acompanhada da Alexandra...(Olhamos uma para a outra: sabíamos exactamente porque é que estava a acontecer...) é completamente diferente de receber esta notícia sozinha...completamente diferente de receber a notícia quando o acidente acabou de acontecer...

Lembrei-me de uma amiga há tempos me ter dito: "Lembra-te de uma coisa que foste tu própria que me disseste: O mais importante não é o que nos acontece, mas como reagimos ao que nos acontece." Tinha-lhe dito esta frase sim, mas que não é da minha autoria. Na verdade, nos momentos de crise, de choque, temos tendência a esquecer-nos de tudo o que já sabemos, tudo o que já aprendemos, e reagimos instintivamente.

A viagem de comboio para o Porto, toda a meditar. Aceder à informação. Pedir a confirmação do que achava que já sabia. Porquê? Para quê? Embora o treino nos leve a quase não precisarmos de fazer perguntas. No mesmo momento já sabemos porque é que está a acontecer. Como sempre, são acontecimentos que se destinam a todos nós que somos atingidos. Nada é por acaso. Nem nada é desnecessário. Por mais difícil que seja.

E isso era outro tema da meditação. A vida vai afunilando. Os desafios continuam. Cada vez mais incisivos. Impressionante como o mesmo acontecimento pode conter desafios tão diferentes para as várias pessoas afectadas...O desafio para mim é um, para a minha mãe é outro, para o meu irmão é outro... e é diferente consoante os diferentes níveis de consciência...o que não nos torna melhores ou piores, simplesmente em fases diferentes...

O meu pai vai buscar-me à estação. Conta-me que teve exactamente a mesma sensação que teve no acidente do meu filho. Uma sensação de extrema gravidade quando viu todo o aparato. E disse-me: "Com todos os males, a mãe foi muito protegida...muito protegida mesmo. Levemos as mãos ao Céu."... Estupefacta...o meu pai...a dizer isto...Talvez a última das pessoas de quem eu esperava ouvir isto...

Lá está. Há momentos em que muita coisa acontece.

E quando estou a entrar em casa, a cada passo que dou na direcção da porta, agradeço. Como já vinha a fazer. Agradecendo porque podia estar a entrar em casa em condições muito diferentes. E felizmente ia encontrá-la viva e com saúde.

Choro quando a vejo. Um olho completamente negro e tão inchado que não o podia abrir. Curativos na cara devido às feridas...Corpo pisado. Frágil. Frágeis ficamos todos. E quanto mais frágeis, mais humildes. Mais emocionados. Mais conectados à luz. Mais ligados. Mais protegidos. Há momentos em que muitas coisas acontecem...

Eu vim ao Porto por um único motivo: porque a amo. Não por obrigação. Não por nenhum outro motivo. Para lhe dizer isso e dar mimo.

E quando nos despedimos para dormir a minha mãe disse: "Eu podia ter-te dito para não vires, para não teres esse transtorno...mas o que eu queria mesmo era que viesses, por isso só te agradeci." Há momentos em que muitas coisas acontecem...

11.11.11

domingo, 6 de novembro de 2011

MORE SYNCHRONICITY

No último texto falei nos sinais...nas coincidências... da importância de fazer coisas sozinha...porque apesar de viver sozinha, andar para trás e para a frente sozinha, também preciso de ir a eventos, a sítios sozinha, e logo no dia seguinte a ter escrito isto, ao entrar no gabinete duma amiga vejo em cima da secretária dela um CD de um filme, que foi o primeiro que eu fui ver sozinha, numa sessão da meia noite - o "Comer, Orar, Amar". Aliás foi a primeira iniciativa que tive depois daquele reading de Jesus. Engraçado isto...como se agora estivesse a continuar o que comecei ao ir ver esse filme sem companhia, o que para mim na altura não foi fácil, mas logo se revelou numa grande conquista.

Também falei de Louredo, terra natal da minha avó Bertina, que só visitei uma ou duas vezes na minha vida. E quando disse que nunca ninguém me falou em Louredo, nesse momento lembrei-me da minha professora Lurdes, porque foi a única pessoa, de que me lembro, que me falou em Louredo, porque tem uma amiga que tem lá um restaurante (por sinal, com vários prémios gastronómicos- www.cozinhadaterra.com).

E não é que a professora me ligou no dia seguinte?

Fiquei atónita. Não falavamos há mais de dois anos.

A professora Lurdes, como eu ainda lhe chamo, foi a minha professora da primeira classe. No colégio de Baltar. Que foi inaugurado nesse ano (ora...1972). Um colégio com arquitectura muito moderna, de freiras, mas de freiras estrangeiras. Sim, que para mim, isso fazia diferença. Considerava-as de mente mais aberta. E eram. Dentro do que era possível. Tanto que andavam pelo mundo. Eram holandesas, filipinas, alemãs, etc., como a Irmã Nicomedes, ou a irmã Glicéria. Foi a irmã Nicomedes a primeira pessoa a dizer-me que havia uma cidade com o meu nome, Olinda, no Brasil, porque ela já lá tinha estado. Falavam todas com sotaque, lógicamente.

Mas voltando à professora Lurdes: era linda, linda de morrer...tinha uns olhos verdes ou azuis, lindíssimos. Teve um acidente gravíssimo nesse ano e esteve meses sem dar aulas. Mas deixou-me marcas profundas. Ou não fossem os nossos professores primários instituições kármicas. Por isso nos marcam tanto.

E passados anos, muitos anos, voltei a encontrá-la. Passados 34 anos. Ou seja, há cinco atrás. Ainda mais bonita, se possível. Elegantérrima. Artista. Com filhos artistas. Ela tem casa em Rebordosa, uma casa diferente. Mas durante muito tempo não viveu lá. E foi quando voltou que nos reencontramos. Fizemos amizade. Convidou-me para jantares em casa dela. Que coisa engraçada...tornar-me amiga da minha professora da primeira classe...

Como tinha muita experiência de ajudar a amiga no tal restaurante de Louredo, ajudou-me a organizar o meu jantar dos 40 anos. Só tive um dia para o fazer, porque tinha chegado de véspera do Brasil. Foi comigo às compras e ajudou-me em tudo. A cozinhar e a fazer a decoração. Até fez os pratos vegetarianos para as minhas amigas vegetarianas.

Com a doença do meu filho e a minha ida para Lisboa, voltamos a desencontrar-nos. E quando agora me ligou contou como já andava há tempos para me ligar. Mais uma vez, fiquei emocionada. Falamos das saudades e marcamos encontro.

E no Sábado passado, o meu Pai diz-me ao almoço que a tinha encontrado e que ela queria falar comigo. Sim, eu sei, já me ligou, respondi, contando a coincidência. Até porque Louredo, que deu origem à coincidência é terra da mãe do meu Pai.

E então o meu Pai conta-me uma situação que lhe tinha acontecido na véspera. De duas pessoas que lhe pareceu ver ao longe, e nesse momento essas pessoas passam ao lado dele...ou seja, não era a elas que estava a ver, mas nesse momento elas afinal estão ao seu lado...O meu Pai estava intrigadíssimo com a situação. E voltou a contar de uma vez em que estava no Alentejo e se lembrou de uma pessoa de Rebordosa e poucos minutos depois encontrou essa pessoa lá no Alentejo...Ele conta este episódio como o mais intrigante que lhe aconteceu...Eu ri-me. E comentei que sobretudo para quem é céptico como ele isso possa ser deveras intrigante. E ele dizia que já acreditava...já acreditava nisso da energia porque o que lhe tinha acontecido não tinha outra explicação...

E já estava eu a escrever este texto quando, ao ligar a televisão, vejo este vídeo do Sting (no âmbito de uma entrevista em que ele fala da relação dele com a espiritualidade através da música)...Já aqui falei de como esta música tem sido importante para mim...e de como Jesus já me tem falado através dela. Sincronicidades...Synchronicity, por acaso é o nome do album a que pertence esta música...


terça-feira, 1 de novembro de 2011

A VIDA FALA CONNOSCO DE MUITAS MANEIRAS

A vida fala connosco de muitas maneiras. E ouvi-la através dos sinais que me manda é do que mais me entusiasma.

Ontem fui à Casa Fernando Pessoa assistir à estreia mundial de um filme sobre a obra poética de Carlos Drummond de Andrade.

Tinha decidido na véspera, quando vi esse anúncio na internet. E pouco depois de tomar essa decisão liguei a televisão, o que é raro. Raríssimo. Estava sintonizada no Canal 2 e estava a dar um programa da Paula Moura Pinheiro em que ela estava a entrevistar a Teresa Belo, que eu não conhecia, e que percebi que era a viúva de Ruy Belo, um poeta que eu também não conhecia.

Confesso a minha profunda e quase completa ignorância do mundo da poesia, que me deslumbra só desde há muito pouco tempo. E este tardio despertar, por assim dizer, faz-me quase devorar tudo o que apanho...

E voltando à entrevista na televisão, enquanto continuava a assistir fui fazendo ao mesmo tempo pesquisa na internet sobre a obra do Ruy Belo e li o poema "Elogio a Teresa" de que a entrevistadora estava a falar. Entretanto ouvi um comentário de Teresa, sobre os poetas serem uns fingidores, o que me fez pensar no que me tinha sido dito sobre Vinicius de Moraes. De facto, muito do que dizem não transmite quem eles realmente são. E isso leva-nos para outro campo. Que me fascina e a eles também. O de serem mensageiros. Por isso o que eles dizem os trancende. E por isso são avatares. Etc. Etc.

Bom, mas no fim dessa entrevista a jornalista chama a atenção para o tal filme sobre Drummond, que ia ser projectado na Casa de Pessoa no dia seguinte. Eu pensei: “Engraçado, parece que liguei a televisão só para ouvir dizer isto, como se fosse uma confirmação de que é mesmo para eu ir.”

Ao contrário das minhas intenções de chegar muito mais cedo, chego poucos minutos antes do filme começar. Começo a fotografar. Fascinada. Ou não fosse eu.

Vou subindo pela casa e chego ao quarto que era dele. O Quarto do Desassossego. Com o mobiliário e os objectos de quando ele ali vivia. Estou sozinha e fotografo à vontade. Tinha perguntado logo á entrada e disseram-me que podia fotografar desde que não usasse flash.

De repente ouço uma voz mesmo atrás de mim: “Este é que é o quarto do Pessoa.” Volto-me para trás e estremeço. Reconheço-a imediatamente. Desculpe, é a Teresa Belo, não é? Sim, sou. Muito sorridente. É que eu vi a sua entrevista ontem na televisão. Mostrou-se surpreendida. Perguntou se eu tinha gostado. Conversamos um bocadinho. Quis saber o meu nome, (e eu, como sempre últimamente, hesitei...entre Olinda e Cristina....e acabei por responder Olinda Cristina), demos dois beijinhos. Agradeceu-me várias vezes e eu sempre a responder: Eu é que agradeço. E dei-lhe os parabéns. Despedimo-nos.

Subo mais, para a sala onde ia ser projectado o filme. Sento-me. E fico a pensar naquela coincidência. Naquele sinal, que hoje sei interpretar como um sinal de que estamos no sítio certo, à hora certa. E de que o primeiro destes grandes sinais que tive, foi com a Alexandra. Já aqui contei, acho eu, que em 2004, na noite em que acabei de ler o primeiro livro da Alexandra, decidi que no dia seguinte ia a Fátima. Sem saber o que ia lá fazer. E que foi a primeira vez que segui a minha intuição, sem pensar. E lá, quando já estava a desistir de descobrir o que lá tinha ido fazer e estava a sair do santuário, cruzo-me com a Alexandra. Eu parei e ela parecia vir na minha direcção. No momento em que nos cruzamos perguntei se era ela. Porque estava de óculos escuros e a minha surpresa era tanta que estava com dúvidas que fosse ela. Disse-lhe: "É que estou aqui porque li ontem o seu livro." Ela respondeu-me que tinha acabado de escrever o segundo livro há poucos minutos. E realmente quando o segundo livro foi publicado e cheguei à última página, reparei que a data a e hora que lá constavam, eram de 5 minutos antes do nosso encontro.

Realmente é impressionante o efeito que esse encontro teve na minha vida. Foi a primeira vez que tive a noção de estar a receber um sinal fortíssimo. E também a primeira vez que tive a noção do que pode acontecer quando nos deixamos guiar pela vida. Quando seguimos a nossa intuição. Foi por ter aprendido a pôr isso em prática que a vida me levou por onde eu não podia sequer imaginar.

Continuava nestes pensamentos quando vejo a Leonor Xavier entrar na sala. Foi a última mulher do pai da Alexandra. Não a conhecia pessoalmente. Curiosa, mais esta coincidência, penso eu. É ela que faz a introdução ao filme, dando o seu testemunho de convivência com Carlos Drummond de Andrade, "O Poeta", na sequência de uma entrevista que lhe fez enquanto jornalista, em 1984. Mais uma vez, as ligações...

E por falar em ligações, hoje falo de Drummond, e no último texto falei de Vinicius, hoje falo de Pessoa, e no último texto falei de Almada...Todos tão grande poetas, tão grandes... Falei na amizade entre Pessoa e Almada, e hoje transcrevo estas frases de Drummond sobre Vinicius : "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural." "Foi o único de nós que teve a vida de poeta". "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes."

Paro. Interrompo esta escrita. Tanta coisa a dizer que não sei por onde ir.

Nesta pausa volto à minha página do Facebook. Vejo que uma amiga publicou uma entrevista do Professor Agostinho da Silva. Curioso, o primeiro livro da Alexandra fala nele e na célebre frase : “Não faças planos para a vida, para não estragares os planos que a vida tem para ti.” E pôr isto em prática foi o que me trouxe as melhores surpresas, as melhores experiências e acontecimentos na minha vida.

Aproveito para ver mais alguns vídeos dele que estão no Youtube. Numa entrevista feita pela Alice Cruz, Agostinho da Silva diz: “Nunca trabalhei em poesia. De repente um poema surge e eu apenas o escrevo. De maneira que tenho as maiores dúvidas se serei eu que o faça. Lá quem faz não sei, mas por mim, não creio que faça. A não ser que seja por vezes preciso acertar qualquer coisa que saiu torta, do outro que debitou o poema. (…) Estou às ordens dele.(…) Toda a nossa vida é poesia. E todo o objectivo da nossa vida devia ser, quando acabassemos as pessoas dizerem: Morreu um poema. Eu costumo dizer que o Fernando Pessoa ser chamado um grande poeta, não é por causa dos poemas dele. Podem ser considerados muitos outros poemas tão bons como os dele. A questão foi o Fernando Pessoa ter conseguido fazer dele um poema. Dedicar-se completamente aquilo que queria sem se importar se comia, se não comia, o que é que se passava na vida dele, se tinha onde dormir, se não tinha onde dormir, tanto fazia, isso é o que eu acho que foi a grande criação poética do Fernando Pessoa. E de vez em quando saía um poema. Alguns até bastante bons, como se sabe.”

Quando vou a sair detenho-me no quadro de Fernando Pessoa, pintado por Almada Negreiros. Indago e fico a saber que é original, mas um dos originais. O outro está num museu. Eu não sabia que Almada tinha pintado dois quadros iguais, ou melhor, quase iguais, apenas com algumas nuances que diferem, que têm a ver com cores, e um símbolo de geometria sagrada.

O senhor que me explica isto tudo também me explica qual o melhor transporte a tomar para ir apanhar o comboio da linha. Estamos no espaço de exposições, e vem uma senhora direita a mim: “Quer boleia para a estação? Podemos deixa-la em Alcântara.” Deduzo que ela tenha estado por ali e ouvido a nossa conversa e depois de pensar resolveu voltar para trás para me oferecer boleia. Aceito, encantada, até porque carregava comigo três exemplares da revista “Tabacaria” que já está fora de circulação, oferecidos, e que não eram tão leves quanto isso. Ela e o marido são bastante simpáticos e pelo caminho perguntam-me de onde sou. Ficam bastante surpreendidos por ser de Paredes, porque vão lá perto todos os anos, visitar um tio que vive em Louredo. Mal posso acreditar…Ninguém conhece Louredo…Nunca ninguém me falou de Louredo…É a terra natal da minha Avó Bertina! Emociono-me…

Como emocionante foi todo o serão. Estar na casa de Fernando Pessoa. Ver um filme em que Chico Buarque, Caetano Veloso, Marília Pêra, Adriana Calcanhoto, entre muitos outros, dizem poemas de Drummond. As lágrimas estiveram nos meus olhos, do princípio ao fim.

Feliz. Já em casa, ouvi Jesus. A dizer-me que eu estava tão feliz porque estava a viver a minha vida. A sair sozinha. A fazer as coisas de que gosto, sozinha. Tal como Ele me disse para fazer há exactamente um ano atrás, através dum reading da Alexandra. Até me tinha dito literalmente, para pesquisar na net eventos que me agradassem e no dia seguinte ir. Sozinha. Por isso tudo fluiu. Por isso tantos sinais. Estava no sítio certo, na hora certa. A fazer o que era certo. Tento fazer isso o mais que posso, mas pelos vistos não faço tantas vezes quantas as que seria bom que fizesse.

Hoje de manhã pego na agenda cultural de Lisboa para o mês de Novembro, que trouxe de lá. Folheio. Leio um artigo sobre o livro da Maria João Ruela, “Viagens Contadas”. Resolvo ligar a televisão. Na SIC Mulher esta a dar uma entrevista com ela…Até me custa a acreditar em mais esta sincronia…Que precisão! Ela está a falar do livro que tinha levado com ela para a viagem em que foi alvejada e cujo título era “É mesmo para estares aqui?”. Achou que o título era um sinal…e desde aí tem cuidado com o livros que escolhe para levar nas viagens… O que ela talvez não saiba, é que não tem que escolher, pelo menos não com a cabeça…porque se escolher por intuição, terá mesmo um sinal, muito provavelmente.

Hoje o meu dia não terminou tão bem como começou. Mas essa é outra história.

Esta termino como comecei: A vida fala connosco de muitas maneiras.