quinta-feira, 28 de julho de 2011

A SURPRESA QUE A LURDES ME FEZ: PINK!

Então, como prometi contar, hoje tive uma linda surpresa: a Lurdes Jóia ofereceu-me a Pink! Ela andava há dias a falar-me numa surpresa que me ia fazer e que se chamava Pink. Foi hoje de manhã ter comigo ao consultório. Dentro de uma saco azul turquesa vinha um embrulho que trazia por fora a foto que eu usei no meu perfil com a imagem de uma DJ. Dentro, uma caixa..com uma máquina fotográfica...cor de rosa...Linda!!!!!!!...

Junto trazia um texto que ela me escreveu, e que me deu licança para reproduzir aqui.

Tal como ela conta, eu tinha-lhe dito que Jesus me tinha dito para começar a treinar a realização de vídeos, porque ao fazê-los podia conjugar três áreas que adoro: fotografia, escrita e música. Fazer vídeos com a minha energia. Na altura fiquei muito emocionada porque ainda não me tinha apercebido como gosto tanto, tanto, de fazer vídeos. Não tinha máquina, nem fotográfica, nem de filmar. As que tinha eram muito antigas. Decidi que tinha que comprar uma máquina nova mas sempre que ia a algum sítio para comprar "ouvia" que não era para comprar, que era só para ver. Achei estranho...Que era só para comprar um livro de fotografia. O livro de que falei num dos últimos textos. E nem imaginava que não podia comprar a máquina porque era a Lurdes que ma ia oferecer.

A Lurdes é mediúnica mas sempre negou isso (ela não gosta nem de ouvir a palavra). Ela ter seguido as indicações que recebeu de Jesus é uma passo de gigante. Confiou e seguiu o que ia ouvindo. Pela primeira vez deixou-se guiar, e deixou fluir. Que eu tenha feito parte desse processo é uma enorme alegria para mim.

Embora não tenha percebido muitas das indicações que ia recebendo, seguiu-as...não percebeu porque é que se era uma prenda de anos para mim, tinha ser oferecida hoje...vai saber agora, quando ler este texto, que é uma data muito marcante para mim. E que este gesto simboliza uma nova fase da minha vida.

Agora ela vai perceber que não temos que questionar...só confiar...porque quando somos teleguiados, no final tudo se conjuga...e tudo se explica...

Assim que recebi a máquina senti que tinha que tirar as primeiras fotos já hoje. E a primeira que tirei foi a ela. Junto aos meus vasos de "corações unidos". Foi quando ela viu o vídeo "DESTINO" que eu fiz sobre a atracção entre as galáxias, que começou a receber estas indicações sobre a máquina, e como diz esse texto, os homens são como galáxias, e esperam durante séculos para se voltarem a encontrar...Estou imensamente feliz com este reencontro.

O vídeo que publico a seguir ao texto da Lurdes, foi feito com as fotos que tirei hoje. Foram só as primeiras. Agora vou aprender e treinar.

OBRIGADA LURDES! OBRIGADA JESUS!...I´M HAPPY...AND LOVE IS LIFE TO BE LIVED...


TEXTO QUE LURDES ME ESCREVEU:

"12/07/2011

Existem situações, pequenos momentos em que não compreendemos, o que nos está a acontecer.
Que imagens são estas? Porque é que esta informação vem ter comigo? Estava a vigiar um exame, precisei consultar um documento no Ipad e liguei-o, um colega meu falou-me numa máquina à prova de água que filma, consultei para ver que tipo de máquina era aquela. De repente, muito de repente, começam a aparecer-me máquinas fotográficas, todas com a mesma particularidade, a cor, todas cor-de-rosa. Foi um momento tão esquisito… Diferente talvez. Desliguei o Ipad e não percebia nada. Duma coisa tenho a certeza, que as imagens não me saíam do pensamento e ao mesmo tempo via e sentia uma luz muito forte. Fechava os olhos e máquinas, e mais máquinas cor-de-rosa apareciam. Durante o tempo que recebi as primeiras imagens comecei a escrever o texto anterior. A Olinda tinha-me enviado na véspera à noite um vídeo, que não parava de se reproduzir involuntariamente na minha cabeça, no meu pensamento. Cada vez mais forte. A Olinda comentou comigo na véspera: Sabes Lurdes, Jesus disse-me para fazer vídeos… Algo começou a fazer sentido, disse-lhe sem problemas que lhe emprestava a minha máquina casio exilim, o tempo que fosse necessário, ou seja sem tempo. Chego a casa e vejo o texto, que ela tinha escrito sobre os seus quadros e a cor. A máquina é da cor dos quadros. Começou a fazer-se luz dentro de mim. A minha essência ao mesmo tempo dizia: Resgata o feminino que está bloqueado dentro de ti. Sê tu com essa energia… Trá-la cá para fora, deixa-te ser, ela própria. De repente começa a aparecer uma ideia, ou uma voz, mais concretamente. Compra-a e oferece à Olinda, ela faz anos, mas tens que lhe entregar a máquina antes dessa data. Fiquei aflita, como faço isto? E se não há a máquina? E se … Tens que comprá-la, mexe-te rápido, vi que o prazo de compra daquelas máquinas era de 12 de Julho até 19. Uma semana, para adquirir uma delas. A minha ansiedade aumentou, pedi ajuda, como se pode ver, o texto é exactamente escrito no dia 12. Incrível… Como não sei encomendar pedi ajuda e foi encomendada. No último momento em que ía pedir a máquina, recebo a informação, não te esqueças casio exilim, nem queria acreditar e se não há nenhuma daquela cor? Havia, era a melhor e tinha tudo o que era necessário. Obrigada… Obrigada meu Deus.
Gravei conversas que tivemos no chat e apercebi-me sempre, que a Olinda falava em vídeos, fotografia… Até publicou uma foto sua antiga, em que o vestido era da cor da máquina. Jesus sempre a mostrar-me imagens e mais imagens, a dar-me ordens, tudo se encaixava. Nasceu assim a surprise Pink. Agora Olinda já sabes o que é… Apresento-te a Pink mais famosa do meu coração. Porque esta história vai-te conduzir, trazer-te a lembrança, do que Jesus te propôs. Aqui está (no momento em que escrevo este texto, publicaste um texto, onde o livro que procuravas estava na parte de fotografia, a sandália parte-se e mostras as fotografias, sempre a fotografia…
Agora agradeço a Jesus, esta dádiva, pois além de ter um objectivo celestial, também me ajudou a resgatar algo que andava perdido em mim… A minha própria essência.
Estes são os olhos de Jesus?
Cumpri o prometido…
Propósito celeste… Entregue a uma estrela, que irá contribuir para iluminar mais vezes os nossos olhos, e se não se iluminarem, decerto os nossos corações sorrirão. Porque esta dádiva é do céu grata pela plenitude da emoção.

Dois dias depois de escrever este texto, no dia 24 de Julho pela manhã, Jesus voltou a dar-me uma instrução, embrulha em papel azul-turquesa. Azul-turquesa, questionei? Com a sua voz assertiva e forte, respondeu-me: Faz o que te digo!
Não percebi nada. Cor-de-rosa e azul-turquesa. Hoje de manhã para meu espanto percebi o porquê. Mostrou a cor dos olhos da Olinda, os planetas em água, e o seu blog em tons de azul. Percebi e cumpri. Não comprei papel mas um saco azul-turquesa. Estará a missão cumprida? Nunca se sabe… estou a ser guiada por ele… Vou continuar até entregar a Pink… Adoro a Pink… Esta prova do céu, deixou-me fluir e quebrei tanta resistência… Mas sempre com medo e a perguntar será isto possível? É não tenho dúvidas. Obrigada por me ajudares a confiar e também fiquei a perceber que esta informação é do céu. Não tenho dúvidas nenhumas, vivenciei cada emoção, senti a emoção, e abriu-se o meu coração à luz mais alta, ao arcanjo mais alto do céu. JESUS…

(Terminado 25/07/2011)"



28/07/ 2008 - INÍCIO DA QUIMIO. FAZ HOJE 3 ANOS.

Hoje foi um dia forte.

Em todos os sentidos.

Faz hoje 3 anos que o meu filho começou a fazer quimioterapia - o diagnóstico do cancro tinha-me sido dado na véspera. Falo deste momento no texto - "O texto que escrevi no dia em que fez 1 ano que o meu filho teve o acidente":

Hoje revivi tudo outra vez. Aliás parecia que a Vida já me estava a preparar para reviver tudo, porque ontem a Teresa por causa de uma familiar que também está a tratar-se a um cancro, esteve a fazer-me perguntas sobre os efeitos da quimioterapia e como é que o meu filho tinha reagido. A quimio foi a mais forte que há. A mais longa e mais agressiva. Ciclos de 5 dias de internamento, com intervalos de 21 dias, durante um ano completo.

Nesses períodos vivi de tudo. Acho que de tudo, mesmo.

Foi um ano de choques consecutivos. Um ano em me senti mais sozinha e ao mesmo tempo mais acompanhada do que nunca. Um ano que me transformou. Que me depurou. Que me levou ao inferno. Fui e voltei. Voltei para uma nova vida. Porque era uma nova pessoa.

(Há dias estava a conversar ao almoço, lá no consultório sobre os trânsitos planetários que eu estava a atravessar no dia em que recebi o diagnóstico da doença do meu filho, precisamente há 3 anos atrás. Estavamos a olhar para o meu mapa astrológico e a Alexandra comentou: "A Vida não brinca em serviço, mesmo!" A Alexandra estava a reparar na posição de Plutão, responsável por me transformar através do meu medo de perder, neste caso o bem mais precioso da minha vida, o meu filho, e a Nicole a reparar na posição da Lua Negra nesse dia no meu mapa: entrou na casa da família. Uma combinação bombástica. Como se revelou.)

E para perceber bem que sou uma nova pessoa e que assim como me leva ao inferno a Vida também me leva ao Céu, hoje, precisamente hoje, tive uma surpresa linda que me encheu de alegria. A alegria que tenho vivido nestes 2 últimos anos. Em que a vida flui. Porque aprendi a deixá-la fluir. E o Céu deu-me uma benção através da Lurdes Jóia. Ela não fazia ideia (e ainda não faz porque ainda não lhe contei) da importância da data de hoje para mim. E vou contar já a seguir o que foi.

Pam-Poila's Backstage

Isto vai de partilha em partilha.

E hoje vou partilhar outro vídeo, de momentos que fazem de mim uma pessoa mais feliz.

São imagens do encontro de ontem com a Lena e o Rui, em casa deles, para tratarmos das coisas da Pam-Poila.

Jantamos juntos praticamente todas as semanas, por causa deste hobby, a que nos dedicamos para nos divertirmos (e divertimos mesmo) mas na verdade encontramos-nos todos os dias porque trabalhamos juntos.

E ontem resolvemos filmar algumas cenas dos preparativos com as malas e bolsinhas para uma mostra que vamos fazer em Rebordosa, a 6 de Agosto, no espaço da Albertina Barros. Albertina...engraçado como tem o nome da minha Avó...mas na verdade esta Albertina é conhecida por Tina, o mesmo nome pelo qual a Lena é tratada pelos familiares, porque ela também é Cristina, como eu...mais engraçado ainda...como tudo está interligado...

Filmamos sempre a pensar que iriamos editar apenas algumas imagens e que as nossas vozes não iriam aparecer. A máquina de filamar estava num tripé e não sabiamos quando o Rui estava a filmar ou não...nem sequer estavamos minímamente produzidas...lol...tudo surgiu naturalmente e sem contar... Alías na conversa percebe-se que até falamos na música a seleccionar para tapar a nossa conversa.

Mas ao visionar o vídeo achamos tanta piada por toda a naturalidade, que retrata tão bem o ambiente que vivemos sempre que estamos juntos, que resolvemos publicar mesmo assim. Quer dizer, só eu e a Lena é que achamos piada...mas como o Rui ficou em minoria...

Esta risota é constante, e por incrível que pareça rio-me assim com eles todos os dias no trabalho, é um riso que não se esgota e até já falei disso nos textos que escrevo aqui.

São imensas as vezes em que me rio tanto, mas tanto...ao ponto de já me ter perguntado a mim própria se isso não teria um qualquer efeito contra-producente...

Foi também por nos divertirmos tanto juntos que começaram os nossos jantares semanais, e daí a estarmos todos juntos na Pam-Poila foi um passo...


quarta-feira, 27 de julho de 2011

5.000 visualizações e o texto mais lido - A minha Avó Bertina

O texto sobre a minha Avó Bertina é o texto mais lido de sempre deste blog.
(http://olindacris.blogspot.com/2011/04/minha-avo-bertina.html)

E há 2 minutos o blog atingiu as 5.000 visualizações.

Soube hoje, por acaso, no FB, que o dia 26 de Junho era o Dia das Avós. Foi por 2 minutos que tudo não aconteceu no mesmo dia.

Fiz este vídeo com as poucas fotografias que tenho a sós com a minha Avó, com a intenção de o publicar quando atingisse este número de visualizações, como forma de lhe agradecer.

Quando agora me apercebi vim escrever este texto a correr...

Obrigada Avó Bertina! Adoro-a e envio-lhe o meu amor para onde está agora. Tão perto e tão longe.



domingo, 24 de julho de 2011

ARQUITECTURA - PERDAS E SINCRONISMOS

Por ter estado hoje a ver projectos de arquitectura, lembrei-me do meu arquitecto preferido, o Paulo Horta, e de contar a minha história, que é ao mesmo tempo de sincronismos e de perda.

Adoro arquitectura, e durante anos coleccionei livros e revistas sobre arquitectura.

Quando estava casada, chegou a altura de construirmos uma casa num terreno que o meu ex-marido já tinha. Tive carta verde para ser eu a decidir qual o arquitecto que a projectaria, uma vez que era tão apaixonada pelo tema.

Andava eu a estudar o assunto, quando o meu irmão me perguntou porque é que não contratava um amigo dele, o Paulo Horta. Eu respondi que não conhecia o trabalho dele e achava fundamental indentificar-me com trabalho do arquitecto para lhe dar liberdade de criar. O meu irmão disse que isso não seria problema porque o amigo fazia o género de projectos de que eu gostava e o melhor era eu ir conhecê-lo.

Foi marcada a reunião no seu atelier e de seguida saímos para me mostrar algumas das casas projectadas por ele.

A primeira que vimos foi em Cête. Assim que olhei para ela comentei: Mas esta casa tem os mesmos traços de uma em Penafiel. Ele perguntou-me a localização da casa a que me referia e disse-me que foi ele que a projectou...Foi o meu primeiro espanto.

Porque essa casa de Penafiel foi a primeira que eu tinha visto de que tinha gostado realmente. Tinha gostado tanto, que quando passei por ela, por acaso, tinha parado o carro e saído para procurar alguem que me pudesse dizer quem tinha sido o autor do projecto. Toquei à campaínha, andei à volta da casa, mas não apareceu ninguém. Fiquei sem a resposta. E fiquei a pensar que era mesmo o arquitecto daquela casa que eu gostaria de contratar.

Quando o Paulo me disse que tinha sido ele a projectá-la tive o sinal de que ele era o arquitecto certo.

Entretanto foi mostrar-me outras casas que me apaixonaram realmente. O trabalho dele para mim, era melhor do que eu poderia imaginar.

E fez o projecto da nossa casa. Fantástico. Maravilhoso. A casa estava melhor também do que eu poderia imaginar.

Quando o projecto estava terminado o meu ex-marido resolveu que iríamos construir noutro terreno novo e aquele projecto ficava sem efeito. Foi o primeiro projecto e a primeira casa que perdi.

Encomendamos ao Paulo novo projecto, para o outro terreno. Era um terreno enorme mas num sítio muito isolado e um pouco distante. Que por caaso me agradava bastante mais do que o primeiro. Quando o Paulo me perguntou onde era esse novo terreno eu respondi: Não conhece de certeza, porque é longe. E quando lhe disse que era no Sergeal, ele respondeu que tinha projectado uma casa nesse mesmo lugar. O meu segundo espanto. Essa casa era num terreno só separado do nosso pela estrada...

Este segundo projecto já não chegou sequer a ser concluído porque entretanto me divorciei. Foi a minha segunda perda.

Agora a esta distância, independetemente de tudo o resto, vejo que não gostaria de viver ali, com um hectare não seria muito do meu feitio cuidar de tanto verde, e com a minha reacção à bicharada aquilo ir-se-ia tornar o meu suplício...

Não há dúvida de que tudo acontece para nosso bem, mesmo que na altura não consigamos perceber, e só nos pareça uma perda brutal.

Hoje, moro numa casa minúscula, que não é minha, que eu adoro e com a qual nunca poderia ter sonhado, porque não me passaria nunca pela cabeça poder morar num sítio destes. E afinal, eu não sabia, mas o Céu sabia o que era melhor para mim. Morar sózinha e numa casa pequenina. E por isso a importância de entregarmos e confiarmos no Céu.

Havia de ter na mesma um projecto do Paulo mas de interior, porque foi ele que mais tarde projectou a decoração de uma loja que tive com a minha Mãe.

Neste processo todo a empatia com ele e com o trabalho dele foi impressionante.

E ao lembrar-me disto tudo agora, resolvi consultar o site dele, que não via há 12 anos, e tive a surpresa de ver projectos recentes de casas de amigos meus.

Já agora, deixo aqui o link: http://www.paulohorta.com/

Dedico este texto ao Pedro Quitério, que também é arquitecto, e ao Afonso, formado em arquitectura, ambos meus "seguidores".

(Venho agora adicionar a este texto, que no site do Paulo tem um vídeo com uma entrevista dele -Casa de Lousada no Arquitectarte- e gostei imenso de o ouvir falar num passeio que projectou para essa casa como um passeio emocional...Fez-me lembrar como nas suas casas tudo era tão sentido...como me ensinou a procurar dentro das casas a forma como o sol incidia em cada divisão...)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

INACREDITÁVEL...LOL...




Ontem vinha do supermercado, supercarregada com sacos e a pé...e ao passar no sítio onde da última vez aquele senhor velhinho me ofereceu ajuda, pensei que desta vez nenhuma peripécia tinha acontecido...e ainda nem imaginava o que me esperava...poucos metros à frente entro no tal jardim que tenho de atravessar para chegar a casa (pensava que não tinha fotos dele, mas afinal tinha estas três) e não é que o tacão de cunha da minha sandália se estragou ao ponto de eu não conseguir andar? Bolas!...pensei eu...nunca me aconteceu nada sequer parecido...ainda tinha mais de 500m pela frente...

Tive que tirar as duas sandálias e ir descalça...se havia dia em que estava toda empiriquitada era ontem...calças acetinadas...que sem as sandálias ficaram compridíssimas...e lá fui descalça pela relva...empiriquitada e cheia de sacos...e ria-me do insólito...ao mesmo tempo estava a gostar de caminhar descalça na relva fresca e ria-me mais porque se não fosse este percalço eu talvez não tivesse coragem de o fazer...e quando não havia relva e tinha de ir pelo alcatrão com gravilha mal conseguia põr os pés no chão e dava passinhos de chinesa...contado ninguém acredita...só visto...de repente, numa curva por debaixo de um arco de pedra, um ciclista grita "cuidado com a senhora!"...era um aviso para os outros 20 ciclistas que apareceram atrás.

Foi inacreditável fazer o caminho todo para minha casa naquela figurinha...atravessar passadeiras...mas achei delicioso...fiz o mesmo percurso que costumo fazer só que desta vez de uma forma completamente diferente.

E curiosidade: vinha a ouvir no meu ipod as musicas dos anos 80 e assim que me descalcei começou esta do Sting (outra vez) "Every breathe you take...every step you take"...

Hoje, outra curiosidade. Entrei numa livraria e pedi um livro de cujo título nem tinha a certeza. O rapaz que me atendeu procurou no computador e não encontrou. Conveceu-se que não tinham o livro mas mesmo assim pediu-me que o acompanhasse à área de livros sobre fotografia e cinema. Assim que chegamos às prateleiras apontei e toquei num único livro que estava no meio de outros mas de uma forma que não se via a lombada nem coisa nenhuma que permitisse identificar o livro. Ele tirou-o e era o livro que eu procurava. Num salto, ele disse a rir: Mas o que foi isto? Um encontro de terceito grau?!...Como é que isto aconteceu?...E enquanto pagava ele continuava: E nem sequer era suposto que existisse e aindo por cima é o único...E riamo-nos os dois ...

terça-feira, 19 de julho de 2011

PORTO

Ontem tive que voltar ao hospital de S.João. Um assunto relacionado com o meu filho, mas que não propriamente com a doença, voltou a fazer-me sentir o coração nas mãos.

Há dias acordei com um sobressalto, um medo de ter passado o prazo para tratar de um assunto lá, no hospital. A médica que me atendeu foi bastante simpática. Não tinha passado prazo nenhum, mas que calhava bem eu lá ter ido porque estava na hora de tratar da prorrogação do mesmo prazo. Ainda bem que segui a minha intuição. Alívio.

Enquanto eu fui ao S. João o meu filho foi ao IPO tratar da consulta que vai ter na próxima semana. E já me disse que quer ir sózinho. Já que eu não estou cá, não quer ir com mais ninguém. Que já tem idade para tratar de tudo sozinho. Está muito independente.

Deixo o meu filho na Trindade com amigos, e vou com a minha Mãe tomar um café ao Casal Lounge, na Avenida dos Aliados. Pedimos também um waffle, para dividir entre as duas, que nenhuma de nós pode comer destas coisas...Depois de muito tempo à espera o empregado vem pedir desculpa pelo atraso justificando com uma avaria na impressora. E pergunta-me a minha Mãe: Mas vamos comer papel?...É que se o problema é na impressora...

A seguir vamos espreitar o resultado das obras no Palácio das Cardosas, que agora é um hotel. Aproveitamos para perguntar sobre a diária. O senhor diz que o preço promocional de abertura é de 195€, com pequeno almoço. E enquanto apreciavamos a decoração diz-me a minha Mãe: qualquer dia pego em 200€, venho cá passar a noite e ainda deixo 5 de gorjeta...Muito espirituosa, a minha Mãe.

A propósito dos amigos do meu filho, foi connosco ao hospital, um amigo dele que até tinha dormido lá em casa nessa noite , da mesma idade que ele, e que é filho de uma rapariga que era minha cliente quando eu era advogada. Tinha-a conhecido precisamente quando o filho dela nasceu. Só a voltei a ver anos mais tarde, mas ficamos amigas. Eu gostava imenso dela e sabia que ela também gostava muito de mim. Desde aí lembrava-me muitas vezes de ela me ter contado que adorava cavalos. E que quando era pequena, o pai dela se ria com os amigos perguntando-lhe à frente deles o que é que ela queria ser quando fosse grande, e ela respondia: um cavalo. Aquilo tocou-me tanto que eu na altura fiquei com os olhos cheios de lágrimas e pensei o quanto gostaria de lhe poder dar um cavalo. E lembro-me perfeitamente de ter pensado que Jesus que gostava tanto de nós, mais do que eu era capaz de gostar dela, se não nos dava o que nós queríamos é porque não podia mesmo ser. Isso marcou-me para sempre.

Ela também se chama Cristina. E quando o meu filho um dia chegou lá a casa com este amigo e me disse quem era, eu fiquei surpreendidíssima. Não poda nunca imaginar que os nossos filhos se iriam tornar amigos.

Ao fim da tarde, mais uma despedida em Campanhã...desta vez por 15 dias.
Viagem de comboio tranquila. Atrás de mim um pai com uma filha com 17 anos talvez. O senhor muito bem disposto vai contrariando a filha que diz que vai sair para aqui e para acolá. Ao lado dois jovens falam de música. Até gostava de ir ouvindo mas eu também prefiro ouvir música. E fazer meditação. E desta vez num instante, chego a Lisboa.

Nunca chego a casa de dia, quando venho do Porto. Hoje cheguei. E ficar a olhar o mar foi o que me ajudou. Porque sempre que chego sozinha sinto uma espécie de choque. Que passa. Como passa tudo na vida.

domingo, 17 de julho de 2011

O David e o blog dele.

Hoje tive uma agradável surpresa. Ao abrir o blog reparei que tinha um novo seguidor: o David.

Eu já falei dele aqui, mais do que uma vez. E na nossa última conversa ele falou-me do blog dele (Another You, Another Me) e eu falei-lhe no meu. Fui logo espreitá-lo mas não consegui fazer-me seguidora.

E hoje quando o vi como meu seguidor fui tentar outra vez. Consegui fazer-me seguidora mas não consegui deixar comentário. E não percebo porquê.

Mas o que mais me tocou foi ele no penúltimo texto, de 11 de Julho, falar no Projecto, e falar em mim.

Tinha estado a conversar com ele sobre as máscaras e quando falamos nos blogues contei como o meu me ajudava a trabalhar a minha dificuldade em me expôr, e agora ao ler os últimos textos do David percebi que também ele, através do blog, está a fazer um trabalho de exposição, e não só. De tomada de consciência, também.

Já que não consegui deixar-lhe um comentário deixo-lhe aqui os meus parabéns. Pelo seu aniversário e por ser como é. Pelo que escreve e pela forma como escreve. Pela sua mudança (até de cabelo...) e pelo seu percurso.

Eu gosto dele e ele sabe.

Abraço, e obrigada David.

terça-feira, 12 de julho de 2011

SOZINHA

De manhã, a tomar café na esplanada do McDonalds vejo as dezenas de meninos que chegam nas camionetas das escolas à praia. E vejo que chega um grupo só de meninos deficientes. Alguns de cadeira de rodas. E lembro-me de quando tive o diagnóstico do cancro do meu filho. E de como um dia fui para a internet investigar sobre o sarcoma de Ewing. Ainda nem sequer sabia muito bem como se escrevia. Irónicamente a primeira página que abri era do blog dos pais de um menino que aparecia com a perna amputada. E que tinha morrido na véspera. E daí em diante vivi com esse medo. E com o medo que acontecesse tudo o que lá era descrito. E ao lembrar-me choro. E choro pelos meninos que vejo passar. E pelos jovens com cerca de 20 anos que os vão a ajudar. Alguns caminham mas mal, e vão amparados pelos braços.

Ao fim da tarde, já à vinda do trabalho, vou ao centro histórico de Oeiras, ao supermercado, que é mais perto da minha casa. Já vou carregada com coisas que tinha trazido do Porto e ainda estavam no consultório. Levo 2 mochilas às costas e um tapete enrolado debaixo do braço. E saio do supermercado ainda mais carregada, com mais um saco. Uns metros abaixo páro para ver uma montra e sinto que alguem está a falar comigo. Eu não ouvia porque estava com os phones colocados. Era um senhor, velhinho, aparentava ter muito mais que 80 anos. A fumar a sua cigarrilha pergunta se eu não quero ajuda. Fico sensibilzada...como é que aquele senhor tão frágil se oferece para ajudar a carregar os sacos...claro que recuso e agradeço-lhe muito...ele insiste porque diz que me vê tão carregada...mochilas...sacos...tapete...eu continuo a recusar e a agradecer. Despeço-me...tocada pela sua elegância e gentileza...fiquei realmente impressionada.

Atravesso o jardim a caminho de minha casa. Deste jardim não tenho fotografias mas é realmente bonito. Tão bonito que páro a olhar em volta. E sinto-me sozinha. Tão carregada. E sozinha. Com imensas saudades do meu filho que neste fim de semana mal vi. E de repente lembro-me de uma vez a Alexandra me ter chamado alma guerreira. Nunca mais me tinha lembrado disso. E neste momento foi isso que senti. Que estava a fazer tantas coisas difíceis para mim. Mas ao mesmo tempo rodeada de tantas coisas boas...

No Sábado passado ao mostrar à minha mãe o vídeo que tinha feito com imagens do lugar onde moro, a minha mãe disse-me que agora eu tenho tempo para fazer isso tudo porque vivo para mim. É claro que vivo também para o meu filho. Mas realmente desde há uns anos para cá vivo pela primeira vez a minha vida. Aliás foi também por tanto viver para o meu filho que quase o perdi. Depois do divórcio fiz dele o centro da minha vida. Vivia para todos menos para mim. E fico a pensar como é que é possível viver-se tantos anos para os outros...se a vida é nossa, se nos foi dada para a vivermos. É óptimo viver com os outros. Mas não para os outros. De todos para quem vivia fui sendo afastada. Até ficar só comigo. E não ter mais para onde fugir. E foi o melhor que me podia ter acontecido.

Aprendi à bruta...a perder quase tudo...a ser posta a viver sozinha...a fazer quase tudo sozinha...mas só assim fui descobrindo quem eu sou...e a gostar do que descubro...e a desfrutar disso...e a aprender a ser feliz...e afinal não precisava de quase nada do que tinha...para ser feliz. É maravilhoso amar profundamente o meu filho e deixá-lo ter a vida dele. E ter a minha. E ter a nossa.

Atravesso a rua e entro noutro jardim, o que fica em frente à minha casa. E nesse momento lembro-me da primeira vez que entrei neste jardim. Em que pensei na sorte de quem vivia perto deste lugar e que além de poder vir passear no jardim tinha a praia perto. E quando pensei isso não podia imaginar que alguns metros mais à frente estava a casa que havia de alugar nesse mesmo dia...a minha casinha de bonecas, como a minha mãe lhe chama.

Chego a casa, pouso a tralha toda, e mudo de roupa para ir fazer uma caminhada pelo passeio marítimo. Ao sair de casa encontro a Filipa e o Carlos. Ela surpreendeu-se com o meu outfit..de calçõezinhos e sapatilhas (gosto de dizer à moda do Porto, em vez de ténis). Vindo dela é um grande elogio para mim, porque a Filipa talvez seja a pessoa que eu conheço mais original a vestir. Tão original na sua forma de estar que vinha com um daqueles brinquedos de fazer bolinhas de sabão a atirar bolinhas para o ar...encheu-me de bolinhas e rimos...rimos...

Já na caminhada páro e sento-me junto às rochas. As mesmas rochas da praia que aparecem no vídeo que fiz. E de repente começa a tocar no IPOD a música que coloquei no vídeo, do Moby...e parece que estou no vídeo...e sinto-me no Céu...e sou puxada para os braços do meu Eu Superior...sinto-me como se estivesse a cair num grande colchão de água...e ao mesmo tempo abraçada...protegida...

Venho embora. Cruzo-me com mãe e filha nórdicas, cabelo quase branco de tão louro...como é possível mãe e filha serem tão bonitas?!...E como é possível a menina que parecia ter só uns 3 aninhos patinar como uma profissional?!...

À minha frente vai uma senhora a empurrar um carrinho de bebé...penso que seja a mãe mas depois ao ver a cara penso que afinal é a avó. E penso mais. Penso que a mãe do bebé será outra senhora que vai ao lado, porque essa sim aparenta pelo estilo ser mais jovem. Mas engano-me porque quando lhe vejo a cara parece ser a bisavó...e quase travo o passo com o choque...Como sempre, as aparências iludem.

Chego a casa e faço bricolage no chão da casa de banho. Mais uma coisa que faço sozinha. O meu afilhado João e a mulher, Mariana, iriam orgulhar-se pela caixa de ferramentas que me deram...E forro o chão de roxo. As paredes estão pintadas de cima a baixo de lilás clarinho. Quando aluguei a casa e perguntei à minha senhoria se podia pintar as paredes da casa de banho de lilás ela disse que sim. Deve ter-se esquecido. Porque quando depois lhe disse que a casa de banho tinha ficado linda de lilás ela exclamou aterrorizada: Ai Meu Deus!!!! Não me diga que fez isso!!!...E quis ver. Mas gostou. Tanto que queria pintar as dela de igual.

Na minha sala também tenho dois quadros que me ofereceram e são lilás. Os dois foram-me oferecidos e pintados propositadamente para mim. Por pessoas diferentes. Um, por uma amiga minha pintora, a Isabel Luz (quem conhece o consultório é a autora do biombo que está na entrada) e o outro pela minha Tia Olga. Há semanas atrás um amigo meu quando entrou na minha sala perguntou se tinha sido eu a pintá-los. Porque curiosamente os dois quadros têm exactamente a mesma cor...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

VÍDEO DA MINHA RUA E DA MINHA PRAIA.

Fiz este vídeo com fotos do lugar onde moro, em Oeiras.

A minha rua e a minha praia, onde acontece muito do que conto neste blog.

A música é do Moby, um dos meus músicos preferidos. Mesmo "muito preferidos"...





Beijos para todos.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

ALEGRIA, MIMOS DOCES e DJ

Hoje quando cheguei ao trabalho a cantar o Jorge comentou como era bom começar o dia com alegria no trabalho. Eu respondi que até nem tinha motivo nenhum especial para estar alegre. E ele disse que isso era o melhor: não precisar de motivo nenhum para estar alegre. E eu fiquei a pensar nisso. Realmente...isso é mesmo o melhor. Mas o Jorge também é daquelas pessoas que ajudam a estar alegre no trabalho, porque ele estraga-nos com mimos. Sobretudo mimos doces. E à custa disso, hoje durante parte do dia ele foi o alvo. Apesar de eu não dever comer nada doce, não o deixei em paz. A cada intervalo eu ia-lhe perguntar se tinha um bocadinho de chocolate. Não tinha. No intervalo seguinte perguntava-lhe se tinha ao menos mousse de chocolate. Não tinha. No seguinte perguntava se não teria então um croissant de chocolate...e quem mais se ria era eu. Porque eu é que me rio com o que digo. Às vezes ninguém mais acha piada, ninguém mais se ri. Mas eu rio tanto que acabam por se rir por eu me rir tanto do que eu própria digo.

Por exemplo, quando telefono para a minha esteticista e atende a Marta que trabalha com ela, se quando ela diz "estou" eu lhe reconheço a voz, então em vez de perguntar donde fala eu pergunto quem fala. E ela responde: Fala a Marta. E eu pergunto: "Ah...É da OK Teleseguros?"...e fico-me a rir tanto que nem consigo falar...É o tipo de coisas que quase só eu é que acho piada...

E por falar na minha esteticista, a Céu é das pessoas que mais me faz rir. Há dias contou que há clientes que estão nos outros gabinetes e que se riem com o meu riso. Sou cliente dela há cerca de 20 anos. Sempre fiel. É outra característica minha. Às vezes estupidamente fiel. Mas disso falarei outro dia. Não é o caso da fidelidade para com a Céu. E na última vez que estive com ela disse-me, porque percebeu pela minha conversa ao telefone com uma amiga que era eu que ia pôr música numa festa que ia ter nesse dia, que não percebia porque é que eu estava a ficar cada vez mais nova, quase a retroceder para teenager, e como é que ela e mulheres da idade dela (que é mais nova do que eu) estavam a ficar velhas e cheias de filhos...

E a propósito de ter sido DJ, ri-me a bom rir, quando o meu filho me contou do espanto dos amigos dele que levou nesse dia a casa, por lhes ter dito que a mãe não estava porque tinha ido "pôr som" numa festa...

E já que vou de propósito em propósito, a propósito de ter falado na festa, conto que num jantar que dei em minha casa em Dezembro, procurei músicas na net para dançarmos. E eu que adoro música, adorei tambem ter estado a seleccionar as melhores músicas para dançar e pensei em como gostaria de ter a experiência de ser DJ. E não é que em Abril, 4 meses depois, uma amiga, que nem sequer estave nesse jantar, me nomeou DJ para a festa que organizou??!!!...

Realmente a vida dá muitas voltas...em todos os sentidos...

Ah...e à custa de tanta consumição o Jorge prometeu doces para amanhã...depois conto...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

PRAIA DE OEIRAS

01 de Julho de 2011. 18H. Estação de Oeiras. O comboio chega e vejo a minha imagem reflectida nos vidros das janelas. De phones, óculos escuros e mochila às costas. E penso que se tivesse continuado a viver em Rebordosa não andaria assim na rua. E sinto-me feliz. É daqueles momentos em que de repente me sinto mesmo muito feliz. Passados uns escassos 100 ou 200 metros o comboio passa por cima do jardim onde está a minha casa. Fico ainda mais feliz. De todas as paisagens que vejo no trajecto Porto-Oeiras, aquele bocadinho onde está a minha casa é sem dúvida o bocadinho mais bonito que vejo… E mais uma vez sinto uma gratidão e olho para o Céu como se olhasse para Jesus para lhe agradecer, como faço constantemente. E nesse preciso momento ouço no meu IPOD o Sting a cantar “..every move you make, every step you take I’ll be watching you…can´t you see?...you belong to me”…mais uma comunicação através da música…

Já há 2 dias tinha ido para a praia ao fim da tarde com os novos phones na cabeça, pretos e dourados, e a conexão foi incrível…acho mesmo que foi dos dias mais felizes que tive dos últimos meses…fiquei quase horas de pé a olhar para água naquele estado…nem tinha vontade de me sentar, nem de deitar…nem de sair dali…uma felicidade intensa…tal era a conexão…as lágrimas corriam de felicidade…e acho que é das melhores coisas da vida…quando as lágrimas escorrem de felicidade…fiquei ali até às 21,30h e fui embora porque já tinha muito frio…

A minha felicidade também me vem muito do trabalho, de que digo muitas vezes que é o melhor trabalho do mundo…ainda hoje estive com uma menina de 17 ou 18 anos com grandes deficiências, e quando a vi a primeira vez ela chorava convulsivamente, mãe trouxe-a porque ela não parava de chorar mas não sabia o que ela tinha. Voltou hoje, com um sorriso radioso, a caminhar muito direita, já não precisava do amparo da mãe nem do pai. Só se ria, e a mãe disse que ela tem estado num estado de felicidade imenso e que houve um dia em que ela lhe disse que agora sentia Jesus dentro do peito dela e que falava com ela…e quando ela ouviu a mãe contar-me isto ela riu-se mais ainda e acenou com a cabeça. Até a Filipa voltou para trás na recepção para olhar melhor para ela, tal era incrível a mudança drástica em 2 ou 3 semanas… E ainda ontem outra menina, com Trissomia 21, ao ser-me apresentada, disse-me muito alto “És linda todos os dias”…

Ontem voltei à praia ao fim do dia e estavam lá a fazer filmagens para um anúncio da Coca-Cola…imensas tendas…e deixei-me ficar ali a apreciar toda a movimentação das gravações e pensei que eram o mesmo tipo de miúdos dos Morangos…e lembrei-me que no último Sábado estava ali o palco da Morangomania, e que era ali que o Angélico iria apresentar o seu novo trabalho…

E já no comboio para o Porto continuo a sentir a Sua forte presença…comprei o bilhete no último minuto (já ia entrar outra vez no comboio sem bilhete) e o lugar é o meu preferido…ainda por cima nesta carruagem vem pouca gente e ninguém ao meu lado…posso pôr o volume dos phones mais alto e fico fixada no sol que se está a pôr…a luz está linda e o senhor à minha frente começa a fotografar estas imagens lindas…

E nesse momento recebo um telefonema…talvez um dos mais inesperados e surpreendentes que podia receber…de alguém de quem não ouvia a voz há 2 anos…e fico ainda mais feliz…e venho a ter uma conversa que faria as minhas delícias se viesse ao lado a ouvir…e rio-me de pensar que outros passageiros podem estar a ouvir…

E como tudo se paga nesta vida, a seguir a Lena telefona-me e a meio o Rui vem ao telefone com a mesma conversa de hoje…que me ia levar ao Oceanário a ver os tubarões…eu consumo-o tanto que ele passa a vida a pensar nas tropelias que me há-de fazer…um dos meus entretenimentos é deixá-lo a pensar no que me há-de responder…e nesta conversa comecei a rir tanto, mas tanto, e a engasgar-me de tanto rir e nem sei que mais, que já estava super envergonhada da minha figura e pensar o quanto eu daria para ter ouvido conversas como as minhas de hoje para escrever sobre elas…

E a propósito lembrei-me de uma vez vir um rapazinho no banco à minha frente a falar com uma colega do curso dele de medicina, e depois de lhe perguntar talvez uma 47 vezes, sem exagero, se ela precisava da ajuda dele, começou a dizer que tinha ligado porque tinha gostado de a ver na véspera e que ela era muito linda, e depois começou a fazer “Miauuuuu…miauuuuu...” para ela.. É mesmo verdade.

E por falar em comboios hoje estive com a Laura, que veio uma vez comigo no comboio e me contou aquelas histórias todas de Moçambique,que conto no texto com o mesmo nome, e ofereceu-me um lindo colar feito por ela para mim…usou técnicas de impressão com búzios do mar…com azuis e turquesas…e o que mais me comoveu foi ela ter meditado para saber qual o colar que conferia comigo…Beautiful.

Ao contrário do costume, hoje foi a minha mãe que me foi buscar ao comboio. Passei eu para o volante. Fomos pela Ribeira na esperança de apanhar o concerto flutuante do Rui Veloso e dos Gift na Ribeira...mas já tinha terminado...parecia outra vez o S. João, de tanta gente...fomos à Foz comer um gelado, e ao subir a Avenida da Boavista deparamo-nos com todo o cenário montado para as corridas de automóveis deste fim de semana. Diz-me a minha Mãe: "Acelera. Faz de conta que estás nas corridas." Nem foi tarde, nem foi cedo...O que nos rimos...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O TEXTO QUE ENVIEI À ALEXANDRA NO DIA 13 DE JUNHO DE 2009

Hoje perguntei à Alexandra se ela não se importava que eu publicasse este texto que lhe enviei por email no dia 13 de Junho de 2009 e que foi escrito como resposta ao email que tinha recebido nesse dia com algumas das mensagens do livro "Muito Mais Luz", que iria ser lançado daí a dias. Na altura a Alexandra tinha gostado muito deste texto, e hoje quando o releu voltou a dizer o mesmo mas que na opinião dela seria de retirar os elogios que lhe fazia, e ficar só a minha experiência. Ponderei, mas resolvi publicar tal e qual como estava escrito, porque tudo faz parte do que eu sentia e queria dizer.

Andava a lembrar-me deste texto porque foi a partir dele, e da reacção da Alexandra, que eu comecei a escrever. Depois deste texto, que me custou imenso a enviar, tal como havia de contar à Alexandra, porque temia não conseguir expressar por palavras tudo o que sentia, temia não estar a escrever de forma perfeita...enfim temia muita coisa, mas percebi que tudo o que temia era afinal o medo que o ego me provocava, porque o meu ego queria que eu fosse perfeita. E resolvi enfentá-los. Ao ego e ao medo, e enviar o texto tal e qual como me saíu. A necessidade de o escrever e enviar foi mais forte. Quando ainda estava ler as mensagens do Livro era como se já soubesse muito bem tudo o que ia escrever. Lembro-me de a presença d'Ele ter sido fortíssima nesse momento. Aliás tinha-o sido todo o dia, e por isso ganhei coragem. Na praia na manhã desse dia, em conexão com Jesus, tinha sentido quase tal e qual uma das mensagens do Livro que li no email à tarde.

E essa mensagem veio porque nesse dia estava num desgaste brutal, estava quase a fazer um ano que o meu filho tinha iniciado os tratamentos (acabaram a 8 de Julho desse ano) e não estava a conseguir meditar.

Outro dos motivos porque me andava a lembrar deste texto é porque agora a 2 de Julho vai fazer 3 anos que o meu filho teve o acidente que despoletou tudo.

O texto do email:

"Alexandra,

Acabei de ler as mensagens do novo livro, e não quis deixar de lhe dizer como me tocaram tão forte.. Chorei sem parar...

É impressionante como continuamos a ser tocados tão profundamente depois de tantos livros, de tantas mensagens...

Não me vou cansar de lhe dizer a si, Alexandra, o quanto estou grata por tudo o que representa para mim, por tudo o que através de si me foi ensinado, por possibilitar esta continuação de mais informação, de mais conexão.

Ler estas mensagens precisamente hoje, foi muito importante para mim, porque pela 1ª vez em 2 anos fui apanhar sol de manhã, para a praia, sozinha, e aconteceram-me coisas descritas nas mensagens, como sentir consciência que na maior parte do tempo não consigo mais do que sentir apenas o meu amor por Jesus. E de como afinal, já é bom aceitar sentir apenas isso e não tentar fazer ou ser mais para além disso. De como isso já me concedia tantas bençãos, como sentir felicidade por sentir o amor d'Ele, ao mesmoo tempo que a dor prococada pelo que me estava acontecer parecia que me desfazia. E como ficava perplexa por esses sentimentos poderem ser sentidos ao mesmo tempo. Como é que podia sentir felicidade no meio de tanta dor? E de como isso me acalmava. E me enchia de gratidão e de paz.

E como esse amor me ajudou a não pedir outra coisa senão o que fosse melhor para o meu filho. E como esse amor me ajudou a atenuar a culpa por não pedir a cura, mas sim o que fosse melhor para ele. Porque eu não sei o que é o melhor. Uma coisa é o meu amor, o meu apego, a minha dor que me fazem desejar a cura. Outra coisa é o que é melhor para ele. Porque já sei que o melhor para ele e o melhor para nós pode ser muito diferente do que o que eu gostaria. E isso foi-me ensinado por Jesus. Através da Alexandra. É claro que nem sempre consegui. Na prática é tudo muito mais difícil. Às vezes pedia a cura, mas também pedia ajuda para que se desse em nós a tomada de consciência e a transformação que a doença visava e assim a doença deixasse de ser necessária. E pedia o discernimento e lucidez para não deixar de fazer a minha parte. Mesmo que quase sempre me pareça não ter a capacidade para o fazer.

Mas é como se a vida agora me estivesse a perguntar se eu estava mesmo a falar a sério. Porque se as coisas já estavam difíceis, nas ultimas semanas pioraram. Então os útlimos dias têm sido os mais dificeis da minha vida. Uns médicos falam-me na nessidade de o Zé fazer o auto-tranplante de medula óssea devido ao alto grau de probabilidade de reiincidência da doença. Outros falam-me no alto grau de mortalidade em auto-transplantes.

Estamos a contactar as opiniões mais especializadas e a aguardar. E a entregar. Há momentos que parecem insuportáveis.

E por isso, hoje de manhã, na praia, senti-me a esvaziar, a entregar-Lhe tudo o que faz parte de mim. Tudo. Todo o amor, toda a dor, todo o querer, todo o medo, todas as capacidades e todos os defeitos. Tudo. E a pedir Luz. Muita Luz, para que nos ajude e nos guie.

Já tentei fazer isto muitas vezes (porque no dia a dia muitas das nossas melhores intenções se diluem) mas hoje pareceu ser mais forte.

E depois chegar a casa e ler estas mensagens...que alimentam a nossa fé! É uma Dádiva. É uma Benção. De facto nunca estamos sozinhos.

A Jesus e ao Céu agradeço permanentemente. E através deles envio à Alexandra sempre, o meu profundo amor e a minha gratidão.

Até 5ª feira e beijinhos.

Olinda
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