terça-feira, 28 de junho de 2011

O BLOG E O LIVRO

Hoje fui ao Staples, com a Tati. Aproveitei a boleia para ir comprar CDs para fazer umas gravações, e curiosamente assim que entrei fui direita às prateleiras dos livros. Que nem sabia que lá havia. Quando dei por mim estava percorrê-los com as mãos e sorri da minha figura. Olhei em volta para ver se alguem estava a ver. Apenas uma senhora que, entretida a falar ao telemóvel, não dava por mim. Sosseguei. Parei num livro da Helena Sacadura Cabral - "Coisas que sei...ou julgo saber". Abri-o. E na introdução era explicado que o livro era uma compilação de textos que ela tinha escrito nos seus blogs. Curioso. Quando os meus amigos me dizem que devia escrever um livro eu costumo responder a rir, que só se for uma colectânea dos textos do meu blog, porque não me vejo a escrever mais nada. E fui parar direitinha a um livro que era isso mesmo. Foi o único que abri ali e não fazia ideia do seu conteúdo. Folheei-o, li alguns textos e gostei muito de um que se chamava "Frasco de Perfume". Noutra página tinha a transcrição do texto "Solidão" do Chico Buarque de Holanda :

"Solidão não é a falta de gente pra conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência,

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade,

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, as vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio,

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um principio da natureza,

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstancia,

Solidão é muito mais do que isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmo e procuramos em vão pela nossa alma.
"

Curioso também é que quando vou devolver o livro ao seu lugar, reparo que quase ao lado está um livro desse músico - "Benjamim".

Quando cheguei a casa fui espreitar os blogs da HSC e dou com esta reposta dela ao comentário de um seguidor:

"Quando escrevemos livros sabemos pelo menos uma coisa: quantos nos compraram. Nem todos gostarão, mas o acto de procurar e comprar é uma espécie de abraço que o autor recebe.
Na blogosfera, onde era absolutamente virgem, se não fosse tendo comentários, talvez pensasse que não valia a pena continuar. Porque quem escreve, fá-lo para ser lido. Se não é lido... então escreve um diário íntimo!
Daí a minha gratidão aos comentadores. Dedico o livro a meu Pai, mas nas linhas que antecedem os textos, está lá este meu reconhecimento.
Basta um comentário, apenas um, para eu ficar contente. Mesmo que seja para divergir.
Mas fico enternecida pela ternura que as suas linhas revelam. Bem haja.
"

E é que eu ainda hoje falei sobre isso. Sobre os comentários aos textos do blog. A duas pessoas que me disseram que lêem assíduamente o meu blog. De uma delas até falei num dos últimos textos, no "Rio de Janeiro" salvo erro, a propósito de ela estar prestes a fazer uma viagem a Praga. E hoje contou-me que até nos poucos dias que lá esteve, em Praga, visitava o meu blog através da net no seu telemóvel, porque os textos a ajudavam muito. Ambas me disseram que apesar de nunca comentarem me liam frequentemente, até diáriamente. Eu fiquei felicíssima e disse que realmente não tinha ideia do quanto era lido até reparar nas estatísticas. Que para mim, que pensava que não era lida por quase ninguém, são muito boas. E respondi que escrevia porque era um compromisso que tinha. Um compromisso com Jesus. E que escrevia por Ele e para Ele, por isso quase não divulgava (até receber o sinal combinado que veio em forma de comentário da Lurdes, na altura anónimo) nem reparava nas estatísticas.

Hoje, mais uma vez, recebi fortes incentivos para continuar. E realmente agora tenho sempre imensas coisas sobre as quais quero escrever, mas a vida acaba sempre por me proporcionar novos acontecimentos que alteram os planos dos temas. Por exemplo, tinha planeado um texto para hoje, mas aconteceram outras coisas, como esta ida ao Staples, que se sobrepuseram. E sinto-me tão motivada para escrever que nem jantei ainda.

Mas, voltando aos comentários, embora não estivesse nem esteja à espera deles, realmente são extremamente reconfortantes, e por isso agradeço tanto à Lurdes, à Graça e ao Pedro, que são os meus comentadores assíduos. Por outro lado, é igualmente reconfortante e extremamente surpreendente quando encontro pessoas que me dizem que lêem o blog, e eu nem desconfiava.

A todos eu agradeço do fundo do meu coração.

E para terminar, só mais um episódio, hilariante, ainda no Staples:

Estavamos a ver os MP4, e a Tati pegou num porque tencionava comprá-lo, que estava ligado a um sistema de segurança, como estão todos. O alarme disparou. Ela levantou imediatamente os braços...pôs as mãos atrás da cabeça...ajoelhou-se e já ia deitar-se de barriga para baixo, quando veio um funcionário com ar muito sério e desactivou o alarme...nós ríamo-nos tanto que ele teve que se rir também...

Só depois é que me lembrei de ir procurar o CDs e entretanto a Tati andou por outros corredores. Disse que agora é uma cadastrada porque os funcionários andavam sempre atrás dela. Sentia-se perseguida. Quando estavamos a sair do parque de estacionamento estava lá perto uma carrinha da polícia e ela já dizia que tinham chamado os GOE e tudo...e daí fez um autêntico filme...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

MINDELO - A MINHA PRAIA


A praia do Mindelo estava mais bonita do que nunca. Mais concretamente a praia do Dunas, ou dos Eléctricos, como sempre lhe chamamos. Desde os 11 anos que passo lá parte do Verão. E no Sábado voltei. Adoro aquelas dunas, adoro aquele areal, adoro aquelas rochas, adoro aquele mar...aquele mar que tantas vezes me limpou...nos longos passeios que dava, com a água pelos tornozelos, e sempre a pedir que o sol e a água limpassem a minha energia...sem imaginar que um dia, o meu trabalho seria esse mesmo: limpar a energia.

E quando no Sábado mergulhei no mar, senti outra vez como estar dentro de água proporciona uma sensação tão próxima daquela que sentimos quando acedemos a níveis de energia puros...dentro de água sentimos aquele silêncio...aquela leveza...o corpo flutua...

A água do Mindelo não dá para flutuar muito...é normalmente muito fria...só mergulhar e sair...mas no fim do dia a água já estava mais quente...e serena, como nunca...

Em Oeiras já posso desfrutar mais, a água é mais quentinha...e este fim de semana, estando em Rebordosa, vi várias vezes a minha praia na televisão: o espectáculo da morangomania e a chegada do THOR VI à marina de Oeiras, depois de uma viagem de 30.000 milhas.

E lembrei-me dos meus amigos Rui e Lena, que me tinham convidado para passar o Domingo com eles e a Lurdes, a bordo do Harmony...tive muita pena de não poder, mas adorei receber o telefonema deles a dizer que faltava lá eu...e que estavam fundeados mesmo em frente à minha praia... a de Santo Amaro de Oeiras.

Mas a praia que considero minha é mesmo a do Mindelo. Foi lá que cresci e que cresceu o meu filho. Cresci lá com as minhas primas e o meu filho cresceu lá com os filhos delas. E para mim, e para o meu filho também, é um prazer incrível cada vez que lá estamos com elas, com os maridos delas e com os meninos.

E sempre que lá volto é como se voltasse a casa.

Agora que falo nos maridos das minhas primas reparo numa coisa: foi o marido de uma, o Pedro, meu grande amigo, que me ajudou, há umas semanas, na gravação de umas musicas para uma festa, em que fui uma espécie de DJ. O que me deu também imenso prazer. E essa festa foi em casa de uma amiga, da Laura, no Mindelo...Está tudo ligado...

E outra coisa: o Pedro foi o primeiro seguidor deste blogue!...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

AMIGAS SEMPRE

Ontem meti-me no comboio para o Porto. Queria vir ter a correr com a minha amiga.
Antecipei a viagem que estava prevista só para hoje à noite. No comboio, desolada, nem consegui dar atenção ao que se passava à minha volta. Duas senhoras brasileiras de cerca de 70 anos, que andavam a viajar, iam mesmo à minha frente, falavam muito alto, sobretudo da História de Portugal, e eram super divertidas, mas não conseguia prestar-lhes atenção...ora adormecia, ora ouvia música, mas não estava com paciência para mais nada...tantas histórias a acontecerem mesmo ao meu lado...mas ontem nada interessava...

Só queria abraçar a minha amiga. E num dos momentos em que estava com o braço à volta dela, e junto a outras duas amigas inseparáveis, o cunhado olhou para nós e disse: "Parece que estou a ver uma cena de há 20 anos atrás..."

É que nós somos amigas há precisamente 27 anos. Desde o ano que entramos para a faculdade. E ontem num dos inúmeros abraços que demos ela disse-me: " É incrível como ficamos tão amigas desde o primeiro momento...como a nossa cumplicidade foi logo tão intensa." E permaneceu inalterável até hoje. Foi ela que me apresentou, na faculdade, as outras duas grandes amigas. E desde aí ficamos as quatro sempre juntas. Íamos juntas ao café, estudavamos juntas para os exames na casa de férias de uma delas, acabamos o curso e continuamos sempre juntas. Os nossos namorados tornaram-se amigos. Noitadas de fim de semana juntos e muitas férias juntos. Fomos ao casamento umas das outras. Testemunhamos as maiores felicidades umas das outras. Depois as maiores tragédias umas das outras. Primeiro o meu divórcio. Que sem ser uma tragédia foi a minha primeira grande perda. Depois a trágica viuvez de uma. Depois a doença do meu filho. Agora a viuvez de outra. Esta palavra soa-me estranha...parece demasiado violenta para qualquer uma de nós.

Sempre que o meu filho era internado para fazer os tratamentos de quimio, de 21 em 21dias, elas iam as três jantar comigo no dia do pai dele ficar a dormir com ele. Como eu não tinha vontade nem coragem de ir jantar a nenhum restaurante, elas traziam a comida e jantavamos no meu apartamento. No meu não, no apartamento que eu ocupava e que era de outra grande amiga.

Quando comecei a trabalhar no Porto, há 4 anos, Jesus mostrou-me que era para ir morar também para o Porto e o apartamento seria num sítio alto de onde se via o mar. Pareceu-me na Foz e comecei a procurar T0 e T1. Um dia perguntei ao marido de uma amiga, se conhecia algum e ele dispôs-se a arrendar um deles, que estava livre e era enorme, enorme, pelo preço de um T0. E na verdade o apartamento correspondia a um T5, porque era a junção de um T3 com um T2, e todas as divisões tinham o dobro do tamanho inicial. Era no 10º andar e via-se o rio e o mar. Quando o meu filho adoeceu eu quis entregar-lhes o apartamento,porque voltei para casa da minha mãe, onde tinha mais ajuda para tratar do meu filho, mas eles insistiram para que eu continuasse lá, sem pagar renda, porque iria precisar dele enquanto o meu filho fosse tratado, por estar perto do IPO. E que se entretanto aparecesse um comprador ou inquilino, eu nesse caso sairia. E assim foi. Mantive o apartamento até que um inquilino apareceu....um mês depois do fim dos tratamentos do meu filho, quando estavamos de férias, e a um mês de eu ir viver para Oeiras...Nunca mais me esquecerei também destes gestos de amizade.

E era nesse apartamento que jantavamos. As minhs três amigas haviam de jantar lá também num dia em o Zé já não estava a fazer tratamentos. Lembro-me que fomos todos para o meu quarto porque era enorme e mais parecia uma sala, e divertimo-nos imenso nesse dia com as anedotas que ele não parava de contar...

Também a última vez que estive com a minha amiga, antes do dia de ontem, foi há poucos meses, ela estava tão bem... disse-lhe que ela estava mais bonita do que nunca...porque ela parece um anjo de olhos azuis e cabelo louro...entretanto foi tudo tão rápido, o diagnóstico..e a notícia de ontem...tão rápido...não podia imaginar que a próxima vez que a ia ver ela já estaria dilacerada..mas serena, e confiante...

Tenho tanto orgulho na minha amiga. Tenho tanto orgulho nas minhas amigas.

ADORO-TE E ESTAREI SEMPRE CONTIGO.

ADORO-VOS E ESTAREI SEMPRE CONVOSCO.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

TRISTE

Hoje foi um dia de más notícias.

Não com o meu filho. Embora ele também tenha iniciado hoje um tratamento de medicina alternativa e foi-me dito que o organismo dele está completamente intoxicado, sobretudo a cabeça. O que é natural com tanta quimio e radioterapia. A quimio que ele fez é considerada a mais agressiva. Este tratamento ajudará a desintoxicar. Assim espero.

Agora à noite recebo notícia de morte de marido de grande, grande, amiga minha. De cancro.

Entro na net e vem outra amiga contar-me que sogro foi internado hoje com cancro em estado muito avançado.

Vem outra amiga e conta-me que fez exames e que está à espera de saber resultados sobre a mesma doença.

Tudo agora, no espaço de 3 horas.

Que Deus nos proteja a todos.

PORTUGAL

Ontem fui com a Tatiana ao aeroporto de Lisboa. Tinhamos que lá ir a um dos parques e desafiei: e se fossemos passear pelo aeroporto? Consultamos os quadros das partidas e das chegadas...passeamos pelo cais de embarque...decidimos qual o destino que seria o preferido neste momento...ambas decidimos que não iríamos para "Malpensa"...pela minha parte, já basta o que basta...assistimos a cenas caricatas, que acho melhor não contar aqui...entramos nas lojas, tal qual como se estivessemos em trânsito...e na loja de produtos portugueses fiquei encantada com a criatividade dos portugueses e com o redimensão que se faz de produtos tipícamente portugueses...

Portugal é uma pérola. Foi esta a expressão que há dias a S. (de que falo no texto Leão Marinho) usou para se referir a Portugal. Disse que foi preciso ir tantas vezes e durante tantos anos ao México para ter noção do país que era Portugal. E para perceber que é um país único, com qualidades únicas. Que o povo é único. Que é um país e um povo com uma luz única. E disse que foram precisas essas viagens todas para perceber isso, que Portugal era uma pérola. E que quanto mais saía de Portugal mais gostava de Portugal. E contei-lhe o que a Joana Solnado tinha escrito na página do Facebook. Escreveu que depois de 8 meses de viagem pelo Mundo, sobretudo pela Àsia, lhe tinham perguntado qual o país de que mais tiha gostado. E que ela tinha respondido sem hesitar: Portugal. E que ter dado esta resposta sem hesitar a tinha surpreendido.

Também contei à S. o que tinha ouvido há poucos dias na RFM, naqueles intervalos em que lêm qualquer coisas relacionada com a Igreja Católica, acho que por volta das 18h; falavam de Portugal, da sua contribuição na descoberta do mundo que se conhece, que o português é uma língua falada em todo o mundo, do império que criou, mas que a única coroa que era usada em Portugal era a da Virgem Maria...E aquilo tocou-me tanto...

A propósito da S. e das outras 2 amigas com quem fiz a viagem para o Porto na última sexta-feira,´entre outras "coincidências" descobrimos que as 4 já tínhamos feito férias em Carreço, uma pequena praia que pertence a Viana. Fui para lá vários anos seguidos, nos meus tempos de casada, e uma destas 4 amigas até tem lá casa. Mas aquilo é tão pequeno, tão pequeno, que parece impossivel que as 4 já lá tenhamos estado...e todas estivemos em casas mesmo em frente ao mar, que praticamente eram em cima da areia...

Quando estavamos a sair de Oeiras com destino ao Porto, íamos tão distraídas com a conversa, a descobrir essas "coincidências" todas, que não viramos para a Crel...depois não viramos para a A1...e fomos parar ao Marquês e à Av. da Liberdade...e estavam a montar lá a tal exposição do campo que depois vi na tv...quando vi aqueles preparativos, eu, que estou sempre a leste de tudo, disse: devem estar a retirar as coisas das marchas populares...mas logo percebemos que não...que era o picnicão...e vimos que o Tony estava a ensaiar...e a S. até sabia um bocado de uma música... que me lembro, que era "qualquer coisa, qualquer coisas...contigo"...e quando cheguei a casa vi que ele vai cantar nas festas de Rebordosa, agora a 2 de Julho. Quando a minha mãe me contou não acreditei. Não pode ser, o Tony com tantos fãs como é que vão caber aqui em Rebordosa? Mas afinal é verdade. E no dia seguinte vai lá o filho. E conversamos sobre ele. E as 4 eramos da opinião que o sucesso dele se deve a uma luz especial que ele tem e que toca as pessoas.

Já quase a chegar ao Porto o marido de uma das amigas telefona e quando ouve sobre o nosso engano que nos levou à Av. dizia no gozo: Vocês de certeza que se perguntaram: "Mas o que é que o Universo nos quer dizer ao nos trazer aqui?"...por mim, lembrou-me da importãncia de fazer o piquenique no dia seguinte, tal como planeado...e de perceber que Rebordosa está cada vez mais próximo de Lisboa: duas cidades unidas pelos mega concertos do Tony.

sábado, 18 de junho de 2011

PIQUENIQUES




Hoje fui fazer um piquenique. Com a minha Mãe, a Lila, que trabalha cá em casa há mais de 20 anos, e a Sofia, que é filha da Lila e tem a idade do meu filho. O Zé Miguel foi para uma festa 24h no Kartódromo de Baltar.

E quando estavamos a arranjar a cestinha disse à minha Mãe: Prepare-se porque hoje não vai haver café.

É que há exactamente um ano atrás também fomos fazer um piquenique. Porque adoro. E então disse aqui em casa que ia fazer um e perguntei quem queria ir. Todos disseram que sim. Ficou combinado para o Sábado seguinte. Cheguei de Lisboa na manhã desse Sábado e a minha Mãe disse que eu estava a chegar em cima da hora, assim não tinha havido tempo de preparar tudo como devia ser. Mas na verdade tínhamos tudo o que precisavamos, porque a Lila, solícita, tinha preparado quase tudo. Entramos no carro e a minha Mãe e o meu filho não se calavam, a minha Mãe porque se queixava que as coisas tinham que ser devidamente planeadas e que não podíamos ir para um sítio que nem sequer conhecíamos, não sabíamos se iríamos gostar...que se calhar estava melhor na casa dela num dia de calor como aquele...e o meu filho a mesma coisa, que duvidava que em Rebordoa houvesse um parque de merendas em condições...às tantas, cansada de os ouvir, e ainda só tinhamos andado 300m, encostei o carro e disse que ia dar a volta e leva-los a casa porque ia para me divertir e com aquela atitude era impossível...que só ia quem queria e se eles não queriam...Calaram-se. Disseram que iam.

Segui as placas que indicavam o parque de merendas. Apesar de ser na nossa terra nenhum de nós conhecia. O caminho era de cabras. O carro enterrava-se na terra, mas como estava a ver um já estacionado mais acima estava a insistir...nem para cima nem para baixo...ninguém imagina o que eles já estavam a dizer dentro do carro...entretanto já tinha um jipe encostado atrás de mim. Não havia hipótese de dar a volta. O senhor do jipe veio oferecer-se para conduzir e tentar tirar o carro dali...bem lhe disse que com certeza ele também não ia conseguir, mas não quis ser orgulhosa e autorizei. Não conseguiu. Então com ele é que nem se mexeu mesmo. Ele então fez marcha atrás com o dele e consegui vir também a recuar para a rectaguarda (como diria a minha amiga Ana Catarina, imitando um polícia que dizia que tinha de voltar com a palavra à rectaguarda). Lá consegui sair dali e a Lila lembrou-se de um outro parque de merendas a uns 500m, pelos vistos a nossa minúscula e feia terra é fértil nestes parques...e lá fomos. A mesma conversa, que íamos enfiar um barrete...que não sei que mais...quando lá chegamos o sítio era muito bonito...lindo. Completamente preparado para piqueniques. Sombras fresquíssimas, escolhemos um lugar óptimo. Já sem mais defeitos para pôr, a minha Mãe a meio do almoço disse que por ter sido tudo feito à pressa, nem sequer tinhamos levado sobremesa...e naquele momento eu tive um desabafo..." Mas esta gente não confia em nada...Não acredita em nada...Só sabe pôr defeitos e queixar-se." É importante dizer aqui que a minha Mãe tem lá a fé dela que não sei muito bem qual é, desconfio que seja Fátima, mas de resto é céptica. Nunca falou comigo sobre o meu trabalho a não ser há uns anos atrás para dizer que não acreditava em nada. E para me fazer a vida negra quando me acusava de abandonar o meu filho para ir para os cursos e que ainda por cima era tudo uma seita. Eu chegava a ter o meu pai à minha espera na garagem a pedir-me para ter paciência quando entrasse em casa porque a minha mãe me ia soltar os cães. E assim era.

Bom, voltando ao tal piquenique. Estavamos a acabar o almoço e vimos 3 crianças a aproximarem-se com um tabuleiro na mão. E vinham mesmo na nossa direcção. Traziam metade de um bolo gelado. Identificaram-se. A menina que trazia o bolo era filha do dono do melhor restaurante da terra (por acaso muito bom mesmo - o Frade - até tenho amigos do Porto que vêm cá de propósito - para quem não sabe, Rebordosa fica a 34 Km do Porto). Disse que andava na escola de música de Rebordosa (eu nem sabia que essa escola existia)e que também estavam lá a fazer um piquenique e que ela tinha levado aquele bolo mas não se tinha comido todo, e resolveu vir-nos oferecer...engraçado é que a nossa mesa era a mais isolada e distante...e eles vieram aquela distância toda...

E eu disse "Afinal, parece que já não falta a sobremesa." E a minha Mãe respondeu: "Mas falta o café". Apre! Mas não demorou nem 5 mimutos. Reparem bem: nem 5 minutos. E ligaram um sistema de som lá do próprio parque e uma voz de homem disse ao microfone: "Somos a escola de música aqui de Rebordosa, e trouxemos máquina de café. Temos todo o gosto em oferecer a quem quiser tomar."

Olhei para a minha Mãe e para a Lila e elas estavam de olhos arregalados...acho que não estavam a acreditar...Fui com a Lila buscar os cafés (ainda hoje temos as chávenas muito giras, que nos ofereceram, transparentes).

No fim a minha Mãe disse: Não sei o que foi, mas algo aconteceu aqui hoje...

Ainda ficamos a ouvir os meninos da escola a cantar e fiquei absolutamente surpreendida com as vozes que ouvi...agora era eu que nem queria acreditar...

Agora Rebordosa, tem mais um parque de merendas, e fomos lá hoje almoçar. Mal chegamos lá a minha Mãe disse: "A minha filha é como as crianças. Muito gosta destas coisas..." Ela não sabe, mas está a fazer-me um grande elogio...

Hoje já não houve queixas nem exigências e a única coisa que me surpreendeu foi a àrvore que cresceu deitada...

LEÃO MARINHO

Hoje vim de boleia com 3 amigas do Porto. Uma conheci hoje. As outras tornaram-se amigas depois de as começar a atender, já há alguns anos. E quando vão a Oeiras marcam sempre para uma 6ª feira, que é uma forma de eu vir embora com elas.

São todas lindas e todas divertidas. Quase que nos surpreendemos por nos darmos tão bem.

E hoje começamos a perceber que tinhamos coisas em comum em que nunca reparamos. Embora aparentemente sejamos todas muito diferentes e com actividades diferentes, desde engenharia, psicologia até à S., que é uma estudiosa da cultura Maia, viajando regularmente para o México desde há 6 anos (chegou há 1 mês de uma estadia de 4 meses) organiza viagens e retiros ao México, faz palestras e workshpos sobre os antigos ensinamentos Maias, e dá consultas de astrologia e cosmovisão Maia. É quem eu conheço há mais tempo.

Hoje estava um pouco aflita, porque não faz nada para divulgar a sua actividade, por opção, e enquanto vinhamos na viajem um primo influente ligou-lhe a dizer muito naturalmente que tinha divulgado a actividade dela por milhares dos seus contactos e que já estava a receber imenso feedback...Quantas vezes a divulgação exige um esforço e investimento enormes, e a ela caiu-lhe na sopa...por acaso estavamos comer um caldo verde na estação de serviço quando ela me contou isso, porque quando recebeu o telefonema eu vinha a dormir...

Percebemos que todas que vínhamos no carro, temos em comum uma característica quando meditamos, e que não é uma característica tão comum assim. E que curiosamente ao que parece é uma característica dos Maias e explicada por eles. Também já tenho dito que como destino de próxima viagem elegeria o México. E dizia-o sem que isso tivesse alguma coisa a ver com a S.

Há dias aprendi tanta coisa sobre o Brasil ao falar com aquele senhor que referi no texto Jericoacoara, como a gaiola com cerca de 100 araras, que existe numa pequena cidade de que não lembro o nome, e que são todas viúvas, machos e fêmeas, e que apesar de estarem ali juntas não se envolvem umas com as outras, porque continuam fiéis ao companheiro que morreu...algumas até se tentam suicidar depois da morte dele...aprendi que os crocodilos não têm língua, e que os rios Solimões e rio Negro que confluem no Amazonas, têm consistências completamente diferentes, o que faz que as águas não se misturem e metade da àgua do rio corra a uma velocidade, e a outra metade corra a uma velocidade diferente.

E hoje aprendi muito sobre o México, como por exemplo que em qualquer curva, pode vir um carro em sentido contrário, na nossa direcção. Aprendi também sobre as picadas de escorpião... Mas o que aprendi mais foi a nível espiritual.

Às tantas elas comentaram sobre a minha distracção e ao explicar-lhes o meu mapa, a S. disse-me que eu era um Leão Marinho...e eu que nunca tinha pensado nisso, achei que me assentava como uma luva...

Parece que as contagiei porque se enganaram duas vezes no caminho...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

FLASHBACK

Hoje quando estava a sair de casa para apanhar o comboio e vir para Lisboa, o meu filho queixou-se de estar mal disposto e com aftas na língua. O meu coração apertou logo.

E lembrei-me do período em que estave 12 dias sem comer. Por causa das aftas provocadas pela quimio. Nesses dias não comeu nem uma migalha. Não conseguia. E eu ainda por cima estava a enganar-me na medicação e a dar-lhe menos do que devia. Tinha percebido mal o que a médica me explicou. Quase morria de culpa.

Quando hoje fui à gaveta dos medicamentos dele, voltei a ter a velha sensação. Já ontem tinha ido parar àquela gaveta. Que, felizmente, raramente preciso de abrir. E tive um sentimento estranho. De repente quando vi aqueles medicamentos todos senti quase uma saudade dessa época em que estava tão ligada a ele...em vivia só para ele...24h por dia, durante 1 ano inteiro, vivi só para ele...da nossa união...como a vida é...ele agora sente-se bem, tem a vida dele, 18 anos, está quase sempre com os amigos dele...eu tenho a minha vida...de que ele faz parte, evidentemente, mas que me faz estar menos com ele...E assim é que está bem, eu sei. Assim é que tem de ser. E eu estou infinitamente mais feliz agora que o vejo bem. E que também eu estou bem. Mas são muito mais raros os momentos em que estamos juntos, e em que sentimos a cumplicidade que sentíamos na altura. Nessa época eu tinha consciência que havia coisas boas. Como a nossa ligação. A nossa união.

E hoje ao ler um texto do Pedro Quitério em que fala das coisas boas do tempo em que ele próprio esteve mais doente, em risco de vida, achei curioso por ter sido precisamente sobre isso que eu hoje fiquei a pensar. As circunstâncias de hoje e as daquela época não têm comparação possível, e por nada deste mundo as trocaria, mas a verdade é que nem tudo foi mau. Pelo contrário. Houve muitas coisas maravilhosas. Muitas mesmo. Houve até momentos em que senti grande felicidade. Em que me sentia tão conectada que sabia que os dois estavamos protegidos.

E hoje uma das coiasa que mais tento não esquecer é da importância de manter a conexão. E não ficar à espera que a vida me leve outra vez ao tapete para me manter tão conectada e frágil. Se bem que a vida não se faça rogada em me levar ao tapete...embora nunca mais com a mesma violência. Mas sei que não estou a salvo. Tento lembrar-me sempre a mim própria que não sei o que a vida me reserva. E isso faz-me entregar constatemente.

No Domingo quando estava com a Manuela e ela comentou como o meu filho está bem, eu respondi que sim, mas que está em vigilância. E ela respondeu muito naturalmente: está entregue a Deus. E está. Particularmente entrego a Jesus, constatemente. Quando entregamos sabemos que não depende de nós. Nós só temos que fazer a nossa parte. Desvincularmo-nos. Mantermos-nos frágeis e conectados. Porque nós não controlamos nada.

Ontem lia numa revista uma entrevista ao Manuel Luis Goucha em que ele dizia que na operação a que se submeteu recentemente se sentiu impotente e com todal perda de controle. E que ele sempre tinha controlado tudo. Mas a vida trata sempre de nos mostrar que não controlamos nada. Compreender isso e aceitar isso é das maiores lições que podemos aprender. Só isso abre espaço para deixarmos que a Luz cuide de nós. E a vida fica muito mais fácil. Flui. Sem esforço.

E virá só o que faz parte do nosso caminho. E que Ele nos proteja.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

OBRIGADA PELAS 3.000 VISUALIZAÇÕES!



Reparei agora que o blogue completou hoje 3.004 visulizações. O que me deixa muitíssimo feliz. Sobretudo porque nunca esperei que o lessem. Aliás faço sempre uma cara de espanto (genuíno) quando encontro pessoas que me dizem que o lêem. E muitas me dizem que o seguem. E houve até quem me dissesse que o visita diáriamente.

Ainda ontem contava à Manuela (que não o conhece e a quem vou mostrar hoje, já com o texto sobre ela) o gosto que foi construi-lo sozinha...passar horas a tentar colocar aplicações, a recortar a minha foto e colocá-la no centro, que teimava em ir mais para a direita, a escolher um fundo que se adequasse e com que me identificasse... a tentar encaixar o Mixpod...tudo sem nenhum tipo de ajuda...foi uma auto descoberta...como muitas outras que me ajudam a acreditar que sou capaz de muitas coisas de que nem imaginava...e se eu sou, todos são...

E porque estou imensamente grata a todos os que já o visitaram e sempre pronta para festejar, queria oferecer a cada um a minha flor preferida, a rosa cor-de-chá, e já que a flor é a rosa, escolhi champagne rosé para fazermos um brinde...Tchim-tchim!

Não posso deixar de fazer um agradecimento especial à Lurdes, que se tornou minha grande, grande, amiga, graças ao texto FREEDOM, que ainda hoje é o mais lido, e que comenta com aquela sensibilidade de que o Pedro fala, todos os texto, deixando-me sempre sem palavras...tornando a minha vida muito mais rica, e ao Pedro, que ainda não conheço pessoalmente (mas falta pouco) e que por ter lido o meu blogue resolveu criar o dele, onde escreve também com uma sensibilidade impressionante, e que sempre que comenta o meu me deixa mais feliz.

E porque o tema do último texto foi a energia que se entrecruza...a vida continuou a brindar-me com mais exemplos desse entrelaçar, e quando procurei no google imagens da rosa cor-de-chá imeditamente me apareceram as imagens da marca de biquinis brasileira Rosa-Chá de que o meu irmão é representante na Europa...e no penúltimo texto foi a primeira vez que falei nele aqui...e quando estava à procura de imagens de champagne rosé apareceu uma imagem de um relógio com a descrição "Daytona- RG/Rose Champagne dial/RG" , e vou hoje despedir-me do meu afilhado que vai viver para Daytona e provavelmente só o voltarei a ver no próximo Dezembro...mas ainda há mais...o relógio é um Rolex e ele no ano passado venceu as 24H Rolex Daytona!...

Às vezes fico siderada com as coincidências e sincronismos...que agora são diários e quase constantes...é extremamente emocionante ver a vida a acontecer...quando a deixamos fluir somos constantemente surpreendidos...Como hoje.

Obrigada a Jesus, porque foi por Ele e para Ele que comecei a escrever! Obrigada a Alexandra, que foi quem mais me incentivou a começar a escrever!

Obrigada ao António e a todos os que acreditam que eu ainda vou escrever um livro...que de tudo, ainda é o que mais me espanta...

Obrigada!!...Vocês fazem-me mesmo muito feliz!!...Outro tchim, tchim!!

Beijos e abraços sentidos e longos para todos. I love you all!

domingo, 12 de junho de 2011

JERICOACOARA. E a energia que se entrecruza.


A Manuela veio cá lanchar hoje. Andava eu nos últimos dias a pensar tanto nos meus amigos e a Manuela, amiga de há 11 ou 12 anos, apareceu. Ligou-me na sexta-feira e combinamos o lanche para hoje. E ontem, estava em casa da minha prima Sara e um senhor que lá estava presente contou-me das suas viagens ao Brasil. Que há 12 anos vai lá umas 3 ou 4 vezes por ano. E chega a ficar 3 meses seguidos. E às tantas falou de Jericoacoara...e a primeira pessoa que me tinha falado desse local no Ceará foi a Manuela...que também vai praticamente todos os anos ao Brasil,muitas vezes fazer retiros, e às vezes mais do que uma vez por ano, e desde há muitos anos. Aliás a Manuela por razões de trabalho (actualmente a participar no desencolvimento de um projecto super interessante e extremamente invulgar, de que hei-de aqui falar), sempre viajou muito por todo o mundo. E sobre Jericoacoara tinha contado que sendo um local de tão dificil acesso, que fica no fim do mundo, que demora cerda de 7 horas desde Fortaleza (ainda ontem o senhor contou que os últimos 20km são feitos de carrinha ou jipe de caixa aberta, e que demoram cerca de 4 horas a ser feitos, porque são só dunas) tinha lá encontrado pessoas amigas, o que à partida era altamente improvável. E pensei: como é que a Manuela liga ontem e hoje me falam de Jericoacoara?!...

Mas foi curioso estarmos a falar do Brasil e de repente alguém nos chamou a atenção de que nós portugueses, estavamos entre nós a falar do Brasil e que as outras pessoas que estavam presentes eram brasileiras...nós é que parecíamos os brasileiros...

Mais engraçado é que a Manuela foi a primeira pessoa a falar-me de vidas passadas. Conheci-a na loja da minha mãe (ainda hoje falamos disso e da gabardine que foi a primeira compra dela) porque ao Sábado era sempre eu que lá estava a trabalhar e a Manuela, que vive no Porto, costuma passar os fins de semana em Paços de Ferreira. E lembro-me de a estar a atender e ela fazer um comentário sobre vidas passadas. Eu parei. Era a primeira pessoa que estava a conhecer que falava nisso. Só conhecia esse assunto de ler sobre ele. Rápidamente nos tornamos amigas e falavamos horas a fio. Sobre espiritualidade. E passou a ir regularmente à loja para continuarmos as nossas conversas. Aprendi imenso com a Manuela. Também foi a primeira pessoa que me falou em Reiki, porque tinha formação em 2 ou 3 níveis, a primeira a falar-me em "Muitas Vidas, Muitos Mestres" de Brian Weiss, e a primeira a oferecer-me um livro do Paulo Coelho - "Brida". Hoje em dia já nos vemos mais raramente, mas é como se não nos vissemos só desde a véspera. Pelo menos no Verão tentamos sempre encontrarmo-nos no Mindelo, onde habitualmente passo férias, para um dia de praia e um lanche ao fim da tarde na esplanada do Dunas, com uma cerveja fresquinha.

Hoje estava a contar-me de ter estado há 8 dias em Madrid, numa manifestação do Movimento 15-M na Porta do Sol, em Madrid. E a propósito da energia que lá sentiu e da energia que os locais emanam a nossa conversa partiu para outras paragens, que a Manuela entretanto conheceu, como as Igrejas de La Madeleine e a de Saint Suplice, em Paris, que ficou mais conhecida pelo "Còdigo da Vinci" de Dan Brown. Mas talvez do que mais a tinha impressionado tinha sido o Carvalho de Calvos, na Póvoa do Lanhoso. Uma àrvore com mais 500 anos e que pelos vistos emana uma energia surpreendente...Ainda me contou de ter feito a Rota Celta e da sua passagem pela Irlanda. As duas temos a sensação de lá ter vivido antes desta vida. Talvez até seja de lá que nos conheçamos...

Ah...e depois de inúmeras tentativas, hoje começamos finalmente a tratarmo-nos por tu...Mais um laço que demos na nossa já longa amizade...

sábado, 11 de junho de 2011

FRIENDS

Hoje que pensava que ia escrever mais sobre o casamento...porque ainda tinha tanto para contar...parece que a energia se entrecruza...que os acontecimentos se ligam...e que quanto mais contamos mais temos para contar...surgiu-me outra festa: o aniversário de uma prima. Prima querida e eléctrica. E mais coisas para contar. Algumas até hilariantes. Como a escala de tombos. Só de falar nisto já me estou a rir, e não devia...

Mas afinal, com tanta coisa para contar, ainda não é agora o momento...porque estive a fazer meditação e é para falar sobre isso...

Quando vinha de Ovar ao fim da tarde, depois de um almoço que durou toda tarde, e em que conheci pessoas maravilhosas, vinha a pensar que tenho tido tantas, tantas demonstrações de amizade, que tenho tantos amigos e tão bons, que até as pessoas que não chegam ser amigas e são conhecidas, que atendo, têm demostrações de uma ligação comigo que talvez não possa aqui descrever, e vinha a pensar como isso era tão importante e como realmente a minha vida é tão intensa e única.

Vinha a pensar nos bilhetes que a Lena às vezes me escreve, e que revelam uma amizade, acho que até nem será esse o termo, será qualquer coisa mais intensa e abrangente...maior do que alguma vez eu poderia imaginar...os bilhetes da Nancy, que muitas vezes me manda por debaixo da porta do meu gabinete...até o Rui, quando vai ao meu gabinete deixar-me bilhetes surpresa a gozar comigo (uma vez apanhei-o em flagrante e o paciente com quem eu ia entrar no gabinete ficou surpreendido com a forma como nos rímos, e elogiou a alegria no trabalho) revela uma amizade tão grande e tão pura...a ligação com a Tatiana, verdadeiramente extraordinária, que me proprorciona dos momentos mais hilariantes...a recente amizade com a Lurdes, mas afinal tão nova e tão antiga...e surpreendente...estou a contar isto mas os gestos e palavras com que demostram a amizade deles são tantos, tantos, e os amigos que me demostram a sua amizade também são tantos, mas tantos, e alguns tão antigos...e tão incondicionais...ainda ontem e hoje tive demosntrações de afecto e de carinho, de verdadeira amizade, de quem nem sequer esperava...outras de pessoas que conheço muito mal...e isto é de uma beleza que não tem palavras...não tenho nem como contar isto de uma forma que faça com que percebam a riqueza que recebo...

O meu presenciou uma situação na quinta-feira e a minha mãe presenciou ontem...e não devem perceber muito bem o que se passa...eu acho que a minha mãe fica atónita...porque como não me faz perguntas, nem eu conto...não percebe a manisfestação e amizade de algumas pessoas...porque é que gostam tanto de mim, e eu delas...Sim, porque normalmente eu sinto um amor pelas pessoas tão grande que parece que não cabe dentro de mim e nem sempre sei demonstrá-lo...

Como vinha a pensar nisto enquanto conduzia e me senti muito emocionada, quando cheguei a casa resolvi fazer uma meditação...e comecei por agradecer a Jesus,como faço tantas vezes, a amizade tão generosa que recebo de tanta gente...e Ele mostrou-me que na verdade isso só era possível porque eu Lhe tinha oferecido a minha vida...que ao me dar a mim, dei-Lhe também a possibilidade de receber...como se recebesse o retorno de poder através de mim, chegar a outras pessoas...e mostrou-me algumas das pessoas que tinham sido tocadas por Ele, mesmo sem elas saberem...só porque eu as tinha limpo energéticamente com a minha intenção, à distância...

Mostrou o efeito que isso teve na vida delas.

E que isso tem um retorno. Um retorno absolutamente inesperado e com uma dimensão e abrangência ainda mais surpreendente.

Custa-me estar a contar isto, por vários motivos. Mas ficou claro que tinha de escrever. Precisamente por ser difícil para mim. Tal como isto, ainda há muitas coisas dificeis que me podem ser pedidas.

Mais testes à minha fé, ao meu compromisso. Se tenho fé só quando a vida está boa, ou se continuo a ter quando fica má, muito má.

Esta espécie de montanha russa que é a minha vida às vezes é muito cansativa...mas sinceramente nunca pediria para ter sido tirado nada do que já passei. Nada. Porque tudo teve um propósito e tudo me ajudou a ser quem eu sou hoje. Mas também gostaria que não voltasse a acontecer tudo o que foi mais difícil.

Há dias, um amigo quando viu a minha casa, o lugar onde vivia, a forma como vivia...tudo o que me rodeava...ficou tão, tão surprendido, que me recomendou que eu tivesse muito cuidado com o que pedia...porque aparentemente recebia tudo o que queria...

Mas isso não é verdade...tenho tido imensas coisas extremamente dificeis...e na verdade eu não peço nada em concreto à Vida...só que me dê o que for melhor para mim, que eu não sei o que é, mas o Céu sabe. Por isso recebo coisas em que nunca tinha pensado. E perco outras que me custam. Mas acredito sempre que se aconteceu assim, é porque, sem dúvida, era o melhor para mim. Já percebi isso muito bem. Mais tarde ou mais cedo a Vida mostra-me porque é que teve de ser assim. São as voltas que a vida dá para nos transformar em pessoas melhores. Voltas benditas.

FESTA DE CASAMENTO

Casamento do Pedro. Filho de uma prima direita da minha Mãe. Que nós adoramos. O Pedro e o irmão são dos rapazes mais bonitos que conheço. E mãe é a senhora talvez mais elegante, com a idade dela.

Não tive tempo para pensar no casamento, nem na roupa, nem em coisa nenhuma. Cheguei ontem à noite depois de 15 dias sem vir a casa. A minha Mãe perguntou-me: não vais ao menos perguntar o que é que eu vou levar vestido? E eu e o teu filho estivemos a ver o que tu podes vestir...No worry. Tudo se arranja. Não estava preocupada. E logo havia de ficar bonita como nunca tinha estado...Nunca me preocupei tão pouco, aliás não me preocupei rigorosamente nada, e logo foi o dia em que melhor me senti talvez nos últimos 20 anos.

Sento-me no banco da Igreja e quando vejo o padre no altar tenho um choque...o padre que me casou!...Primeiro sinto um baque...e depois ponho-me a fazer contas...casei-me há 21 anos...aliás a dias de fazer 22...e pergunto à minha Mãe, Mãe, casei no dia 30 de Junho, não foi? E a minha Mãe responde: Não faço a mínima ideia...Ora, parece que para ela, como para mim, o meu casamento nem existiu...passou à história...é que na verdade acho que não fui eu que estive casada...parece uma coisa de outra vida...não desta...e na verdade, hoje sou uma pessoa tão diferente da quer era, que é como se fosse outra pessoa...

Entretanto reparo no fotógrafo: o mesmo do meu casamento!!...Casei-me em Rebordosa, e depois a festa foi em Entre-os-Rios, no Clube de Caçadores do Porto. E o casamento de hoje foi na Foz. Aparentemente, nada levaria a supor que em circunstâncias e datas tão distantes, tivessem em comum o padre e o fotografo.

O mesmo padre de que já aqui falei num texto. Que não me quis confessar porque disse que eu não tinha pecados...Ficou amigo da minha Mãe depois de terem viajado em grupo para Israel e Itália.

E hoje no início da Missa, disse que ia ser simples, como sempre é, porque o Senhor não gosta de etiquetas e formalidades...

Quando me viu no final deu-me um grande abraço, cheio de carinho, e comovi-me...ficou um pedaço a olhar para mim enquanto perguntava como é que eu estava...já lhe tinha contado do divórcio, porque tive necessidade de lhe contar, na altura, mas hoje eu não disse nada a não ser que estava bem...e pensei: se ele soubesse a volta que a minha vida deu...

Ainda na Igreja reparei numa rapariga super elegante...fiquei muito surpreendida quando ela se aproximou de mim já na quinta onde foi o jantar e se apresentou. Afinal conhecia-a há muito anos, desde o colégio. Conversamos imenso e foi um prazer enorme reatar esta amizade. Na altura da noiva atirar o ramo, eu disse a rir que não queria estar ali porque não queria casar outra vez. E ela pediu-me para me deixar estar porque nunca apanhou o ramo e já se casou duas vezes...E que uma prima tinha apanhado o ramo dela e estava solteira até hoje...

Encontrei outros amigos que não via há muito tempo...um que é mais novo do que eu 9 dias, e quem sou amiga desde criança, passvamos férias juntos e andamos no mesmo colégio, e outra que é mais velha do que eu 10 dias e que conheço desde os 14 anos. E que vai ser avó. Quer dizer que eu também já podia estar a ser. Casou aos 17 e foi mãe aos 19. Convivia imenso com ela antes e depois dos casamentos, meu e dela, e quando me vinham trazer a casa o marido fazia peões no carro porque eu me punha aos gritos e a bater palmas de contentamento enquanto que ela e o meu ex-marido não achavam tanta piada...

Perguntei ao meu irmão se ele se lembrava de uma amiga nossa do colégio prima de convidados que lá estavam. E o meu irmão respondeu que ela não, mas o pai dela estava ali. E uma das minha maiores surpresas foi que o senhor veio ter comigo e tratou-me pelo meu nome e disse que eu estava igual a quando era pequenina. É que eu achava que nem conhecia o senhor...e contou-me que a filha está há 5 anos a viver em Berlin, onde produz eventos num museu.

Por falar em meu irmão, hei-de aqui escrever um texto sobre ele. Porque é talvez a pessoa mais supreendente que eu conheço e das que mais admiro. Tem uma experiência de vida como não conheço outra. Já presenciei coisas incríveis, e onde quer que esteja com ele encontramos sempre pessoas que já o encontraram em alguma parte do mundo. Como o caso de hoje. Na nossa mesa estava o Miguel que já o encontrou em S. Paulo. Mas o mais engraçado é que quase nunca é o meu irmão que me conta as coisas. São as outras pessoas. Ele só conta quando é quase "apanhado em flagrante"...tipo: estamos no sofá a folhear a Hola, e aparecem fotos da festa do aniversário da Naomi Campbell...e ele diz que esteve naquela festa...e mostra-me as fotografias no telemóvel...ou aparecem na revista fotos de outras pessoas e ele conta que são amigos e conta-me como conheceu, como o dono do Cirque du Soleil...mas só fala se for quase impossivel não falar...e é essa humildade que eu mais admiro nele...ao contrário de mim que estou para aqui a contar tudo...porque às vezes quase que fico, ou fico mesmo, deslumbrada...e os amigos depois contam-me..olha fui com o teu irmão aqui e acolá e não imaginas quem ele conhece...estivemos com fulano e cicrano...no casamento dele vieram pessoas de todo o mundo...e ainda hoje um amigo me disse: vou-te contar esta história que se passou comigo e o teu irmão, e é das melhores histórias da minha vida...

São mil as histórias que podia contar. E ele talvez seja a pessoa de que melhor ouço falar. Até impressiona e por isso falo nisso aqui. Porque para mim é como um fenómeno.

Normalmente eu fico a olhar para ele e a pensar como é que somos irmãos...tão, tão, diferentes...e com experi~encia de vida ainda mais diferentes...A verdade é que o adoro. Adoro mesmo. E admiro muitíssimo. Por muita coisa, mas também pela sua honestidade, humildade e sentido de justiça. A minha Mãe uma vez disse-me que até tinha ciúmes, porque não havia uma vez que ele lhe ligasse em que não começasse por perguntar por mim...

E depois, ele é lindo...

E um protector. O meu irmão Alexandre.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

TELEGUIADA

Cheguei há pouco de Lisboa. Vim de boleia com a Cristina. Não a via desde há uns 3 ou 4 anos, quando a atendia na Boavista. Mas quando a vi hoje confundi-a. Com uma rapariga que há tempos também me deu boleia do Porto para Lisboa. E quando lhe disse que hoje também vinha para o Porto ela ofereceu-se logo para me trazer. Eu comecei por recusar, não queria que ela esperasse por mim. Mas ela fez questão e eu fiquei toda contente. E disse-lhe: já me me deu boleia do Porto, e hoje vai dar-me para lá. Ela riu-se mas não disse mais nada.

Já vinhamos quase a meio do caminho quando percebi que ela não morava no Porto mas numa cidade próxima. Estranhei. A rapariga que eu pensava que ela era, morava na Boavista. Comecei a olhar melhor para ela e a tentar perceber que imbróglio é que eu estava a fazer...E caiu-me a ficha. Que grande confusão...grande e engraçada...É que quando há tempos aceitei a boleia da outra tal rapariga, estava convencida que ela era esta, a Cristina. E quando hoje vi a Cristina, pensei que ela era a outra. O primeiro sinal foi quando entramos no carro. Não era o mesmo, mas também quando fui de boleia com a outra rapariga ela vinha meio atrapalhada a conduzir, porque o carro não era dela, era do irmão. Hoje,pensei que esta carro era diferente, porque era o dela. Mas estranehi a desenvoltura ao volante...pensei...olha a diferença que faz ela estar a conduzir o seu prórpio carro...mesmo assim, não parecia justificação suficiente...tão faladora e tudo...mas que diferente que ela está...vinha espantada...até perceber a confusão...e contei-lhe que a tinha confundido. Ela riu-se e respondeu que realmente não tinha sido ela a dar-me boleia. Mas que foi bom eu ter feito a confusão, porque de contrário eu podia não ter aceitado a boleia dela.

Mas mais engraçado ainda, é que se não fosse ela eu não teria conseguido vir para o Porto hoje. À hora de almoço a Filipa entrou de rompante na cozinha e perguntou: Olinda, tu vais para o Porto hoje? Vou. Sabes que não há comboios? Que é greve? Não me digas, não sabia. Olinda, em que mundo é que tu vives? Estás outra vez na Lua???...E ria-se e eu muito espantada a olhar para ela. E respondi: é incrível, porque uma rapariga do Porto, que está aí, acabou de me oferecer boleia...quer dizer que se não fosse ela, eu não teria como ir para o Porto...E é que a greve é hoje e amanhã, e mais não sei quando...Bolas! E eu que tenho um casamento amanhã...então se não fosse ela ia ser muito difícil ir...E a Filipa ria-se enquanto comentava como era incrível como estas coisas me aconteciam. Porque ainda há dias vim em dia de greve. Sem saber. E apanhei o único comboio que saiu do Porto. E cheguei ao Cais do Sodré e vi que o único comboio para Oeiras seria às 10:20H. Já eram 10:25H, nem apressei o passo convencida que de que já o tinha perdido e a pensar como é que me ia desenrascar...quando cheguei à gare, estava lá ele, parecia que estava à minha espera, porque, apinhado de gente, mal eu entrei e ele arrancou...E não foi a primeira vez que me aconteceu isto, em dias de greve...Uma vez, também sem saber que era greve, como sempre acontece (porque eu não vejo noticiários, aliás, não vejo televisão)ao contrário do costume, e sem saber porque o fazia, dirigi-me para a paragem do autocarro. Chegou logo um, e fui ao meu destino. Soube depois da sorte de ter apanhado aquele, porque não havia comboios, nem metro, nem taxis, e autocarros também eram raríssimos, e eu sem saber que raio me tinha dado na cabeça para ir de autocarro...Acho até que foi a primeira e única vez que fui de autocarro.

Ainda na passada terça-feira fui ao Bairro Alto com a Tatiana. Estavamos num bar/Cup Cookies, o Tease, e eu queria fotografar uma das paredes, onde estava escrita a lista das bebidas com nome de músicos, mas nem eu nem a Tati temos máquina fotográfica. E a menina que nos atendeu, a Jamile, apercebeu-se e ofereceu-se para tirar uma com o telemóvel dela e mandar-ma por Bluetooth. Entretanto chegou a vez da Tati no cabeleireiro em frente, e eu fiquei a beber o chocolate quente que ela não teve tempo de beber. A Jamile riu-se e disse-me que se fosse a mim jogava no Euromilhões...porque parecia ter muita sorte...Não lhe respondi, mas não é propriamente sorte...é mais ser teleguiada...E tinha tanta coisa para contar a esse respeito, que dava para escrever um livro...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

RIO DE JANEIRO

Ontem à noite vi que a Carlinda estava on-line no Messenger e lembrei-me da minha viagem ao Brasil...de que falo no texto FREEDOM, e de que ainda há dias falei, à Ana Cristina, a propósito da viagem dela a Praga, nos próximos dias. Está assustada por ir sozinha. E por isso lhe contei como também eu estava quando fui ao Brasil.

E hoje também a contei ao David, por motivos diferentes (já falei nele aqui e hoje achei um piadão que me tivesse cumprimentado com um inclinar de cabeça...ver um rapaz tão cool a fazer uma vénia não é comum...mas ele também de comum não tem nada...)

Talvez seja a altura de contar mais pormenores dessa viagem.

Conheci a Carlinda quando vinha no avião, de regresso. Vinha sentada ao meu lado. Portuguesa a viver no Brasil há 30 anos, tinha perdido o marido há poucos anos. Contou-me que acreditava que marido foi apaixonado por ela até ao dia da morte.Tinham sido felicíssimos. O choque de o perder foi tal (por ele, ela tinha ficado a viver no Brasil quando se casaram- ele era um arquitecto brasileiro conceituado) que ficou um ano de cama a chorar. Literalmente. Ninguem a arrancou de lá. Quando finalmente acabou de chorar tinha ganho uma nova vida. E uma alegria, pelos vistos, contagiante. Contou-me a sua vida e também que estava preocupada porque levava na bagagem feijoada brasileira para a família em Portugal e não se podia transportar comida.

Quando chegamos ao aeroporto fomos as duas seleccionadas para revistarem a bagagem. O guarda que olhou para o meu passaporte perguntou-me: é Molar? Não me diga que é filha do Sr. Mário Molar? De Rebordosa? Sou muito amigo dele. Já não precisa de abrir a mala. Está sozinha? Disse que sim, mas que aquela senhora ao meu lado se tinha tornado minha amiga na viagem. Então também não precisa de abrir as malas. A Carlinda disfarçou mas cá fora pôs-se aos pulos. E ficamos mesmo amigas.

Quando há dias falei na viagem à Ana Cristina contei como foi um desafio para mim do princípio ao fim. E como serviu para ser testada. Já acreditava na entrega ao Céu, que quando entregamos as coisas correm da melhor forma que é possível. Não quer dizer que seja da forma que gostaríamos, mas de todas as formas possíveis será daquela que for a melhor para nós. E quando cheguei ao aeroporto de S. Paulo, perto da meia noite, de onde teria que fazer ligação para Belo Horizonte, soube que a Varig tinha entrado em falência nesse dia e que já não havia voos para Belo Horizonte. Estava com um problema no roaming e não consegui fazer chamadas para ninguém. Também não estava a conseguir fazer a ligação a partir do telefone fixo. Estava a sentir-me preocupada e perdida. E a olhar para a imensidão do aeroporto e a pensar que ia ficar por ali a dormir. Entretanto já tinha tratado de entregar, entregar, entregar, o assunto ao Céu. Também me fui informando no balcão de outras companhias sobre voos para Belo Horizonte. Os que havia estavam lotados. Só haveria no dia seguinte. Nisto, na Varig fazem uma chamada de alguns nomes, muito poucos, que iam ser transportados por outra companhia, dentro de minutos. O meu não foi chamado. Mas um outro rapaz aproximou-se do que fez a chamada e segredou-lhe qualquer coisa ao ouvido. Ele voltou a olhar para a lista e disse que ia chamar só mais um. E chamou o meu.

Quando no véspera do último dia de viagem, cheguei ao Rio, no momento em que estava a abrir a porta do Taxi, no aeroporto pensei no feeling que tinha tido quando o meu irmão me ofereceu a viagem: de que o principal propósito era eu ir ao Corcovado. Que era uma prenda do Céu e que o principal propósito era relacionado com Jesus. E nesse momento estava a pensar em como finalmente estava a chegar ao Rio. E quando me sentei no banco e olhei em frente estava pendurada uma imagem de Jesus no espelho retrovisor...

É que a intenção do meu irmão foi proporcionar-me uma visita à Erica. E por isso a viagem foi programada só para Belo Horizonte. E ela disse-me que estava a fazer um programinha para fazermos algumas viagem pelo país, mas nem eu nem ela nunca falamos no Rio. Já em casa dela, falou-me nos sítios onde tinha pensado levar-me e falou no Rio. Eu pensei: pois, o Céu vai arranjar isto de maneira a levar-me ao Rio. Passados dias disse-me que já não íamos. E eu achei estranho, mas não disse nada. Seria como tivesse que ser, e eu sentia que estava a ser guiada pelo Céu, por isso não me ia intrometer. Ia deixar fluir. Até que mais tarde resolveu que afinal íamos. Bem me parecia.

À última da hora, quando já estavamos no Rio, a Erica foi chamada para um exame médico urgente, e voltou para BH. Eu fiquei um dia sozinha no Rio. Curioso, porque a Erica, sem eu perguntar nada, tinha dito que se recusava a ir aos locais turísticos e Corcovado nunca na vida...Agora, sozinha, eu já podia ir. Os amigos dela do Rio recomendaram-me vivamente que não pensasse sequer em ir lá sózinha (nesse dia um turista português morreu esfaqueado na praia de Copacabana), que seria completamente louca se o fizesse. Na véspera, quando estavamos na rua acabados de sair do restaurante onde foramos jantar (um dos mais bonitos que vi, e onde distribuíam listas de músicas desde os anos 60 até hoje, para escolhermos as queriamos que pusessem a tocar - a propósito a Erica levou-me aos restaurantes mais bonitos e maravilhosos de todos os lugares onde estivemos e onde tinha sempre amigos) a Erica deu-me um berro porque tirei o telemóvel da carteira para fazer um telefonema. Você não pode fazer isso aqui! Está louca? E ria-se com a minha ingenuidade. Mas eu, talvez, por inconsciência, não tinha medo. Tive em Belo Horizonte, onde não podiamos abrir os vidros do carro, nunca. E onde vi miúdos a assaltarem condutores de automóveis. Em Salvador também não tive medo.

Então, decidida a ir ao Corcovado, porque não tinha dúvidas que tinha de lá ir, pedi ao Céu que me continuasse a guiar e a proteger. Estava a ser desafiada a confiar na minha intuição e no Céu. Na verdade tinha começado a ser desafiada desde que recebi a proposta da viagem. Tinha percebido no primeiro minuto. Sabia que ia enfrentar uma série de medos e que ia ter que escolher, entre confiar no Céu, mostrar que acreditava, ou ceder aos medos que me tolhiam. E comecei a caminhar pelas ruas do Rio sem destino, à espera do que surgisse. Olhei para uma montra de loja de artesanato e senti vontade de entrar. Às tantas perguntei à senhora que me atendeu se me sabia aconselhar sobre a melhor forma de ir ao Corcovado sozinha. Ela explicou-me que a loja pertencia ao hotel do lado, e que tinham um taxista da máxima confiança que trabalhava só para eles. E ela foi-lhe perguntar se ele me levava lá e por quanto. Um rapaz novo, bonito e muito simpático. Levou-me, esperou por mim e trouxe-me de volta.

E tive lá a experiência que tentei descrever no texto FREEDOM, embora na verdade seja uma experiência indescritível. Três dias depois, já regressada a Portugal, a Alexandra, que não sabia da viagem ao Brasil, convidou-me para estagiar.

THANK YOU SO MUCH!

Ontem foi um dia especial para mim. Em vários sentidos, mas sobretudo porque falei com várias pessoas que me disseram que acompanhavam o meu blog. E eu não fazia ideia. Terem-me dito o que achavam e sentiam deixou-me extremamente feliz. Radiante mesmo...é uma surpresa atrás de outra surpresa...

E há muito que quero agradecer aqui a todos os que acompanham o blog, porque saber que estão por aqui, muitos que eu conheço mas não sei que visitam, outros que eu nem sequer conheço, é um enorme prazer...

Um grande beijo e um abraço apertado a todos os meus visitantes, que, mesmo que não saibam, eu já amo...