segunda-feira, 25 de abril de 2011

A MINHA AVÓ BERTINA

Hoje.

Deitei-me no jardim ao sol. Comecei a meditar. Sem que eu contasse, senti a presença minha Avó Albertina. Avó Bertina, como eu lhe chamava. A mãe do meu Pai, Mário. Ando há muito tempo para escrever um texto sobre a minha Avó. Ontem, quando li um comentário da Sílvia sobre a Avó dela, senti que estava a chegar o dia de o escrever. Não pensei que fosse hoje. Que engraçado...agora reparo que é o dia da Liberdade…

Foi a terceira vez que a minha Avó me contactou, desde que partiu há 18 anos. Sempre de uma forma inequívoca. Sempre senti que ela ao longo destes anos esteve atenta. Sempre. Mas também sempre evitei qualquer tipo de contacto, para não perturbar. Acho que exagerei no meu cuidado. E hoje tive outro choque, como tive das duas vezes anteriores. Tanta Luz…

Um dos motivos porque adiava a redacção do texto era porque achava que tinha que perguntar alguns pormenores ao meu pai, algumas datas. Mas afinal, não é para perguntar nada a ninguém. É só para escrever o que me ficou gravado na memória. Só isso interessa. Só isso é a marca dela em mim.

A minha Avó sempre foi uma pessoa diferente. À frente, para o seu tempo. Casou aos dezanove ou vinte anos com um homem mais velho 23 anos do que ela e divorciado. O meu Avó Molar, combatente da I Guerra Mundial. Músico nas horas livres. Viveram em Lisboa e Leiria, numa rua que se chamava Direita e que ela me contava que era a mais torta que já viu...Tiveram oito filhos. Dois morreram bebés, a Elsa e o Henrique.

Os dois mais velhos, quando tinham catorze e quinze anos, foram mandado pelo meu Avô para junto de irmãos dele, um para Angola, o Orlando, e o outro para o Brasil, o Osvaldo. O meu Avô acreditava que lá eles teriam melhores oportunidades de vida. O Osvaldo não queria ir de maneira nenhuma. E nunca mais voltou, nunca mais cá veio. A minha Avó nunca mais viu aquele filho. E como num gesto premonitório, no dia da partida deles vestiu de preto integral, que nunca mais retirou até ao fim da vida dela. Nunca vi a minha Avó que não fosse toda vestida de preto, collants pretos, fosse de Verão ou de Inverno. O cabelo curto branco neve…

Há tempos descobri os meus primos do Brasil, pelo Facebook...foi uma emoção tão grande...e chorei de imaginar qual seria a alegria da minha Avó de poder falar com eles pelo computador...vê-los...

O cabelo branco...com que ela me deixava brincar…Desde pequenina que eu e o meu irmão ficávamos a dormir em casa destes avós ao sábado à noite, dia de os meus pais saírem com os amigos e irem ao cinema. E quando a minha Avó, à noite, estava sentada no sofá deixava-me fazer-lhe penteados, tirava-lhe os óculos e fazia-lhe tótós..ripava-lhe o cabelo todo, punha-o todo em pé, punha ganchos e elásticos…ela sempre com os olhos fechados, com a maior paciência do mundo, aguardava que eu me cansasse…Mostrava-lhe a figura dela ao espelho e ela ria-se...Dormia sempre com ela. Ela tinha um quarto só dela. Sempre com uma lamparina acesa à Santa Rita e a Nossa Senhora. Ao longo da vida foi oferecendo quase todo o seu ouro à Santa Rita, de quem era devota. (Quando fui para o Colégio de Ermesinde entrava muitas vezes na Igreja, só para ficar ali sentada. E sentia uma simpatia especial pela Santa Rita. À frente de cuja imagem me ajoelhava. Sem saber porquê. E por coisa nenhuma.) E quando nos deitávamos ela contava histórias e anedotas. E ríamos, ríamos…Na manhã de Domingo, o pequeno almoço era um ritual...para mim regueifa com mateiga que ela punha no forno para derreter, e uma grande chávena com leite e café muito fraquinho. Para o meu irmão fazia diferente, torradas com o pão bijou, que ele gostava mais.

Tinha uma paixão pela leitura. Que a fazia esconder-se no quarto de banho a ler. E também lia enquanto cozinhava (fazia os melhores assados do mundo, em forno de lenha). Um dia, em tempo de férias da escola, de manhã ligou para minha casa e disse à minha mãe para não sairmos porque íamos ter uma surpresa. Eu e a minha mãe depreendemos que uma surpresa só poderia ser a visita de um dos tios que estavam fora…arranjamo-nos a correr e demos um jeito à casa com toda a pressa. Tocam à campainha: afinal era a Maria Baptista com um cesto onde trazia um belíssimo empadão…porque eu adorava empadão…

A Maria Baptista trabalhou em casa da minha Avó durante toda a vida. Morreu há meses. Fazia parte da casa. Apesar de analfabeta, era muitíssimo educada, e tratava a inquilina da minha Avó, uma senhora francesa, por Senhora Dona Madame….Essa senhora era casada com um senhor sobredotado, que se entretinha a mostrar-nos jogos de quebra-cabeças e a pedir-nos que lhe colocássemos problemas e contas de difícil solução, aos quais ele respondia em segundos, fazendo as contas de cabeça...Dava um nó na minha cabeça e eu até evitava o senhor… Também tem netos sobredotados. Um é marido de uma amiga minha.

A casa da minha Avó era peculiar: um grande terreno com construções terreiras a toda a volta. Uma parte era a casa de habitação, outra era o atelier da minha Avó, onde ela teve tinturaria e máquinas de forrar botões…Outra, a casa de ferramentas do meu Avô. E a casa da lenha. E as outras onde estavam os coelhos. E o lago com patos. E muitas flores e horta. E videiras. Videiras a toda a volta. O dia das vindimas era sempre muito alegre embora chovesse sempre. Quando alguém queria saber se vinha chuva perguntava à minha Avó para que dia é que ela tinha marcado a vindima. E no dia da vindima os meus tios passavam o dia a perguntar: “Ouvesi-a?”…Ficavamos todos molhados mas não parávamos de rir o dia todo. E a feijoada ao almoço era sagrada.

Mas a minha Avó era sobretudo conhecida por dar injecções. Vinha gente de todo o lado. Lembro-me tão, tão bem, do cheiro na cozinha das caixinhas metálicas, com as seringas de vidro dentro, ao lume a ferverem…do cheiro a alcool…dava-me as seringas velhas para eu dar injecções às minhas bonecas de corpo de esponja...o meu chorão, coitado, levou injecções até mais não...até ficar encharcadíssimo...

Havia de ser a minha Avó a dar-me as injecções durante meses, quando eu tinha seis anos e tive uma infecção pulmonar, a "prima infecção". Eu que sou avessa a agulhas e quase desmaio quando faço análises.

A minha Avó fazia esse trabalho mais com o intuito de ajudar os outros, porque não havia por aqui mais ninguém que as desse. E hoje as suas duas únicas filhas, fazem um trabalho incrível a esse nível. A Tia Adriana com os animais. Anda sempre a recolher e a tratar dos animais arranjando quem os adopte. Só em casa dela tem uma legião.E a Tia Olga que montou com o marido, na casa deles, um posto de abastecimento de mantimentos para as pessoas que não têm meios próprios para se sustentar.

Voltando ao gosto pela leitura. Houve um altura que o meu Tio mais novo, o Alberto, comprava vários livros policiais todas as semanas. Então trazia caixas e caixas de livros para casa da minha Avó que ela dividia comigo, e depois trocávamos. As duas gostavamos de devorar livros.

A minha Avó também gostava de escrever…e escrevia longas cartas para os dois filhos que estavam longe…e para as mulheres deles…e para os filhos deles…Escrevia, escrevia, e no fim colocava as vírgulas todas seguidas , e dizia: "agora coloquem-nas onde acharem melhor"…Era tão única a minha Avó…

Foi a primeira mulher a andar de mota e de calções aqui em Rebordosa. O meu Avô era esciturário e a minha Avó ia levar-lhe o almoço, de mota. E para isso tinha os calções. Se conhecessem Rebordosa, iam ter uma ideia de quanto avant-garde isso era há 60 ou 70 anos atrás. Ou melhor, para terem uma ideia, ainda nos dias de hoje isso é considerado muito à frente…foram raras as vezes em que vi aqui alguma mulher a andar de mota…a não ser a minha prima Pinita (que é minha prima pelo lado da minha mãe) e que é outra vanguardista…

A minha Avó viveu de luto. De desgosto em desgosto. No fim da vida sentia-se extremamente só. Mas não saía da casa dela de maneira nenhuma. Teve sempre a tensão altíssima, apesar de comer tudo, absolutamente tudo, sem sal e de tomar medicação. Herdei isso e outras coisas dela. Morreu de ataque cardíaco. Fulminante. Não resistiu ao último desgosto. Desde um dos primeiros, estava ela com os filhos pequenos, na sala de espera de um consultório médico, e duas senhoras que não sabiam quem ela era, fizeram um comentário, de uma situação que ela desconhecia e que lhe dizia respeito, e logo ali, ela caiu desmaiada com o impacto do que ouviu.

Nunca mais foi poupada pela Vida. No entanto, foi a pessoa mais terna e querida que eu conheci.

O seu funeral foi dos maiores jamais vistos em Rebordosa. Ela dizia sempre que não tinha medo da morte. E que gostava de morrer num dia de sol e com muitas violetas.
E estava sol e teve muitas e muitas violetas. E flores até perder de vista. E quando me apareceu a primeira vez, depois de partir, há um ano atrás, trazia um ramo de violetas na mão...

Minha querida, querida, Avó Bertina…

Como eu a amo….

E como fico feliz e emocionada quando agora a vejo em Luz…só Luz…


domingo, 24 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O TEXTO QUE ESCREVI NO DIA EM QUE FEZ UM ANO QUE O MEU FILHO TEVE O ACIDENTE

02 de Julho de 2009

Hoje faz um ano que o Zé Miguel teve o acidente de bicicleta.

Comecei o dia com uma meditação. Recordei todos os momentos e imagens mais marcantes deste ano. Parece que hoje tive mais noção de como o Zé Miguel tem sido um herói.

Recordei o momento em que me deram a noticia do acidente, o momento em que ia a caminho do hospital e telefonei ao meu pai que não me conseguia responder se era grave ou não...só chorava...(porque, disse-me mais tarde, quando o viu pensou que ele estava morto)...o momento em que cheguei ao hospital e não me deixaram aproximar dele, que estava a ser levado numa maca pelos bombeiros. Do choro desesperado em desabei no meio do corredor com gente à volta a olhar para mim em silêncio.

Os bombeiros acabaram por me vir chamar, estava todo imobilizado com talas, com sangue na cara, olhos fechados, sobrancelha caída, orelha caida, sangue nas pernas, abriu os olhos e disse: “Mãe, amo-te muito” e voltou a fechar os olhos, parecia inconsciente...

Nesse dia começou um calvário.

As suturações das feridas em que suplicava que parassem, que já não aguentava mais. Os curativos diários, o ter que arrancar a pele das costas e ombro, porque no primeiro curativo lhe tinham colado algodão nas feridas.

As dores insuportáveis, as febres, os dois dias seguintes ao acidente, na urgência do hospital, em observação. O não descobrirem o que ele tinha. O desconfiarem que era um hematoma abdominal, consequente do acidente. Os exames. As vozes dos médicos que baixavam quando me aproximava. O diagnóstico de apendicite aguda ao fim do segundo dia e a decisão por uma cirurgia imediata, da máxima urgência.

Os dias a passarem sem poder ter alta. Mas sempre convencidos que tinha sido apenas uma apendicite aguda, que estava tão adiantada que rebentou e médicos tiveram que limpar tudo. Amostra foi para análise, mas de certeza que era só apendicite com hematoma, diziam os médicos e enfermeiros. A cicatriz que não cicatrizava, os curativos com muita morfina em que pedia que me afastasse porque a minha cara de terror ainda o assustava mais.

O calor insuportável no quarto mínimo do hospital com quatros camas e um cadeirão. Passaram-se assim vinte dias.

Sempre amável e brincalhão com os enfermeiros e médicos, mas sobretudo com as enfermeiras.

O dia em que chegaram dois médicos que queriam falar com os pais, como estava só eu iam falar comigo, e numa mesa redonda do gabinete dos médicos, disseram-me que o meu filho tinha uma cancro maligno. Um sarcoma de Ewing. Ao principio não percebi o nome nem quis perceber. Aliás não ouvi a maior parte do que disseram. Tinha percebido o principal. Que era um cancro extremamente raro e muito agressivo. Fiz duas ou três perguntas. Pedi para me deixarem a sós. Algum tempo depois entraram cerca de cinco enfermeiras com um copo de água e açucar, ampararam-me no choro. Não as vou esquecer. Insistiram para que tomasse medicação. Recusei.

Fui contar ao Zé Miguel. Ficou triste. Não percebia bem o significado do que estava a acontecer.

Já tinha ligado ao pai, quando saí com os médicos, que veio a correr.

Lembro-me de nesse dia estar a caminhar no corredor do hospital e sentir Jesus ao meu lado. Afinal não estava sozinha. E foi sempre a Sua presença que mais me ajudou até hoje.

Havia que decidir, continuar no S.João ou ir para o IPO.

Pedi que deixassem o Zé Miguel decidir. Foi conhecer as instalações de oncologia pediàtrica no S. João e assim que viu os cubiculos em que mal cabia uma cama de solteiro, em que iria ficar nos períodos de isolamento, decidiu que iria para o IPO.

No dia 28 de Julho começou a quimioterapia no IPO.

E começaram os internamentos, de vinte e um em vinte e um dias. Os vómitos, as aftas, os dias sem comer, as infecções, os períodos de isolamento.

Estive hoje a contar e neste último ano esteve cerca de cinquenta e cinco dias sem comer, só de uma vez esteve doze dias seguidos sem comer. Emagreceu mais de vinte quilos, já os recuperou.

Nos internamentos sempre amoroso, sempre terno, queria que lhe fizesse festas e massagens e fazia-me miminhos e repetia o quanto me amava. Ao longo deste ano as mães dos sucessivos meninos que ficavam na cama ao lado diziam-me da “inveja” que sentiam porque os filhos não deixavam que lhes tocasse e as tratavam mal (e era mesmo verdade, por muito amorosos que fossem, descarregavam sempre nas mães).

Sempre metediço com as enfermeiras elas “derretiam-se” com as lisonjas dele e no dia que tinha alta agarrava-se a elas a agradecer e a dizer o quanto gostava delas.

Ficavam todas com as lágrimas nos olhos.

As noites em casa, passadas em claro, a vermos o “Miami Ink” e o esquadrão da moda.
Sempre juntos. Sempre agarrados um ao outro.

Terminou há duas semanas as catorze sessões de quimio, a mais agressiva que há, com a duração de cinco dias cada uma, que estavam previstas. No último dia teve um ataque de pânico.

Não foi a primeira vez. Houve um dia em que achava que não ia conseguir aguentar a quimio, os enjoos, os vómitos. Recusou-se a ser internado. Fechou-se na casa de banho. Ameaçou fugir. Tentou. Corri atrás dele pelos corredores fora. O pai não estava. Acabou por vir um tio ajudar. Após cinco horas aceitou subir para o internamento. Um médico a ampará-lo de cada lado. Ao entrar no elevador atirou-se para o chão do corredor em crise convulsiva de choro. Chegámos ao 12º andar e não saía do elevador, continuava a chorar convulsivamente.

Ainda hoje vêm ter comigo pesssoas que não conhecia, mas que assistiram à cena. Vêm perguntar como é que ele está. Uma funcionária fez amizade comigo, desde aí.

As enfermeiras, impotentes, diziam que apesar de tudo tinha muita sorte, porque ele é muito amoroso. Que já tinham assistido a cenas dessas com outros adolescentes mas que eram muito violentos.

Agora não sabemos o que nos aguarda.

Talvez uma sessão de quimio mais forte e autotransplante de medula óssea. Terá que estar um mês em isolamento no IPO. Talvez no mês de Agosto. Mas ele tem esperança de não ter que fazer. Vamos deixá-lo relaxar o mais possível até chegarmos perto da data.

Hoje, na minha meditação, mais do que a minha dor, tive consciência do tamanho do amor do meu filho, do heroísmo dele. De como passou por tudo isto com uma coragem, que duvido que eu tivesse.

Assistir à dor dele sem quase nada poder fazer, foi a minha grande dor. Brutal. Esmagadora.

Mas ele, para além da dor emocional, do medo, da angústia, do cansaço, do desânimo, teve que lidar com uma enorme dor física, muitas vezes insuportável, que lhe fez dizer mais do que uma vez: “Desisto. Não aguento mais.”

Teria imenso para contar aqui, tantos acontecimentos que ajudariam a ter melhor ideia de tudo o que tem passado, de tudo o que se vive no IPO, de todas as famílias que conhecemos, de todos os médicos e enfermeiras que nos tocaram tão profundamente. De tantos meninos cheios de coragem. De tantos que vimos partir…

De toda a nossa família, amigos e conhecidos que nos ajudaram a chegar até aqui. Sei que não tenho palavras para agradecer toda a ajuda mas sei que todos vão saber e sentir o quanto lhes estou grata.

De tantas emoções boas que vivemos, tantos momentos de intensa felicidade. De tanto amor que recebemos.

Da fé que se redobrou. Da gratidão permanente ao Céu.

Da certeza de que nunca, nunca, estamos sozinhos, aconteça o que acontecer.

Mas hoje queria mesmo é contar como amo o meu filho, de como o admiro, do exemplo de coragem e amor que ele tem sido para mim.

Queria contar como o meu filho é um Herói. E o grande amor da minha vida.

SEXTA FEIRA SANTA E A DOENÇA DO MEU FILHO

Ontem "ouvi" que tinha que publicar um texto hoje. O texto que escrevi no dia em que fez um ano que o meu filho teve o acidente. E que tinha que ser hoje, na Sexta Feira Santa. Não estava a perceber a relação. De facto já tinha dito tantas vezes, até já tinha escrito em textos anteriores, que ia publicar aqui esse texto e acabei sempre por não o fazer porque sentia que não era a hora. Mas agora não estava a perceber porquê hoje. E Jesus explicou que era porque eu no texto falo do meu calvário...Fiquei surpreendida...é que não me lembrava sequer que nesse texto eu usei o termo calvário...

E como nada é por acaso...eu que não vejo televisão, e não ligo a de minha casa há meses (verdade!), só vejo em casa da minha mãe porque ela a tem sempre ligada e às vezes vejo apenas uns minutos, hoje, quando acordei vim para a sala e liguei a televisão...e quando estava a ligar estava a pensar..."O que é que se passa comigo hoje?"...comecei a fazer zapping e parei na TVI...o Goucha estava a entrevistar um padre, motard, vestido como tal, que estava a contar a experiência dele com o cancro.

Não vi a entrevista do início, mas percebi que tinha a doença há 6 anos, que agora estava com metástases, e que não sabia se teria meses ou semanas de vida. Contou como a doença o aproximou ainda mais de Deus, como a sua fé se reforçou. Perguntava a Deus o que é que Ele lhe estava a querer ensinar através da doença. E como descobriu tanta coisa sobre si e sobre os outros. Como houve pessoas de quem não contava, que lhe deram um amor totalmente incondicional. Que recebeu um mimo que nunca tinha recebido. E que houve outras que se afastaram. E como no meio disso tudo, aprendeu que era um privilegiado. E que estava sempre protegido. E como aprendeu a amar mais Deus.

Tudo o que eu também aprendi com a doença do meu filho. E sobretudo aprendi a amá-lo mais ainda, ao meu filho. Dediquei-lhe esse ano. Mas aceitei afastar-me a seguir. Porque percebi que amor não é apêgo. E que depois do meu divórcio ele tinha sido o centro da minha vida. Tinha-me apegado a ele e feito dele a razão da minha vida. E isso não podia ser. Eu tinha que ter uma vida própria. E aprender a amá-lo, tendo eu a minha vida, e deixá-lo ter a dele. Aceitei isso com toda a serenidade. Porque já tinha aprendido que podia nem isso ter.

Aprendi a ir largando. A largar tudo. Porque nada é meu. Tudo é da vida. E a vida dá, a vida tira. E o amor incondicional é isso. O que estou a aprender. Aprender a amar sem ter.
E agora aqui vai o texto que escrevi no dia 02 de Julho de 2009.

PS: E por falar em padres. Só houve dois dos que conheci, de que gostei. O que me casou, amigo da minha mãe, e que quando lhe perguntei dias antes do casamento, num jantar em minha casa, se não tinha que me confessar, ele me respondeu: "Tu não tens pecados pois não? Então já estás absolvida." Era como se ele soubesse que o pecado não existe. E é nisso que acredito. O outro, é um amigo da família da minha amiga Lu, que quando vi pela primeira vez, me fascinou com o seu longo cabelo negro, preso em rabo de cavalo. Missionário. Anos depois havia de ser ele a benzer o apartamento que comprei. Eu que não era nada dessas coisas, na altura achei melhor fazê-lo.Com uma boa disposição contagiante, ficou comigo e a Lu a ver futebol, a beber cerveja e a comer tremoços. Voltei a encontrá-lo no ano passado, com o cabelo mais curto e grisalho. Tempos depois deste último encontro Jesus disse-me que ele era a alma mais parecida com a minha que andava aqui na Terra. E que o que mais nos unia, era também o que mais nos afastava. A nossa fé. E a forma como a tinhamos professado. Que no caso dele o tinha levado para o Chade, em missão, onde vive há anos. E onde me convidou, a mim e à Lu, a visitá-lo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

BENÇÃOS

Ontem tive uma experiência intensa.

Foram-me mostradas todas as bençãos que tive na vida.

Para que ficasse bem consciente de tudo o que já recebi na vida.

E para que percebesse de uma vez por todas que tudo o que eu não tenho é porque não preciso, é porque na verdade não me faz falta. É porque na verdade não é para mim.

É que às vezes parece que não percebo porque é que coisas que eu queria e pareciam tão simples de poder ter, não as tenho, não se realizam.

E pude voltar a ver a quantidade de coisas que já aconteceram na minha vida que eu não acreditava que pudessem acontecer. Que achava até que eram completamente impossíveis. E como, apesar disso, elas aconteceram. Verdadeiros milagres. Que por me parecerem impossíveis, nem sequer tinha sonhado com elas.
Tantas, tantas mesmo..
Porque elas faziam parte do que era para mim.
E o que não é para mim, por muito simples e fácil que me pareça, pura e simplesmente não acontece.
Porque não é para mim.
Porque não tenho o quero, mas sim o que preciso.
E mais uma vez senti uma gratidão imensa.
Se me lembrar sempre do tudo o que tenho, de tudo o que já recebi, nem sequer tenho espaço nem tempo para lamentar o que não tenho...
Se pensar no que a minha vida mudou...se pensar em como há anos atrás a minha vida era completamente desprovida de interesse...em como não tinha motivação para nada...nem para viver...e em como pedia para morrer...
E em como agora vivo com um entusiasmo e alegria que eram impensáveis, inacreditáveis...
Em como, mesmo os desafios brutais, profundos, com que me tenho confrontado na vida, me revelam quem eu sou, me fazem reforçar a minha fé e confiança...e em como mesmo no meio dos furacões eu tenho momentos de intensa felicidade e conexão...
Se me lembrar de tudo isso, posso viver em constante estado de gratidão...
Às vezes tenho medo de escrever sobre isso, porque tenho medo do que pode vir a seguir...

Mas também já sei que o que vier é para mim, por mais difícil que seja. Como também já sei que nada é realmente mau. E que tudo é para o nosso bem.

E apesar desta minha dificuladde em me expôr, que tenho vindo a treinar, também percebo que pode ser importante para que as pessoas percebam melhor como a nossa vida pode mudar. E que não é o que nos acontece que mostra como estamos diferentes, mas sim como nos sentimos e como reagimos ao que nos acontece.

E ontem, depois desta incrível manifestação, como se o Céu dissesse: "Vai lá continuar a festejar!"...um jantar do quarteto maravilha...para continuar a rir e a brincar...enquanto é tempo disso...

GRACIAS!

domingo, 17 de abril de 2011

A MINHA PAIXÃO POR JESUS

Nunca escrevi sobre Jesus. Ou melhor, sobre a minha paixão por Jesus. Que me trouxe até aqui. Até esta escrita. Até este trabalho. Até esta casa. Até esta praia.

É uma paixão antiga. Mas que se ficava por isso. Durante toda a minha vida tive essa paixão. Mas considerava-me uma pessoa sem fé. E o que mais queria era ter fé.

Só gostava de ir às igrejas quando elas estavam vazias. E quando entrava era só para ficar em silêncio. E tive dois momentos em que algo, na altura inexplicável, aconteceu em duas catedrais. Uma foi em Santiago de Compostela. Dentro da catedral tinha uma capelinha bastante iluminada, que me chamou a atenção, era a do sagrado Coração de Jesus. Entrei e caí de joelhos a chorar compulsivamente. O meu filho, na altura pequeno, não percebia o que se estava a passar comigo. Nem eu.

A outra vez, foi quando entrei na Catedral Duomo, em Milão. Ia a passar em frente, com pressa, mas disse à minha mãe que queria entrar. Assim que entrei e olhei para a imagem d’Ele, ao fundo, voltei a cair de joelhos, em pranto.

Só quando li o “Voo Sensitivo” da Alexandra, no ano passado, é que percebi bem o que se tinha passado comigo. Aliás assim que li a primeira linha do livro, ainda em esboço, comecei a chorar. E desde aí é que sei que há certos locais em que a presença d’Ele é especialmente forte.

E tudo começou quando numa livraria passei pelo primeiro livro da Alexandra. Achava um absurdo que dissesse que eram mensagens de Jesus. Para mim era um Ser inalcançável. O mais alto Arcanjo do Céu não estava ao alcance de qualquer um. Mas a curiosidade foi maior. Li-o numa noite e na manhã seguinte decidi ir a Fátima. Decidi ir lá sentir a energia. Sem saber bem porquê. E, por “coincidência” encontrei lá a Alexandra. Cinco minutos depois de ela ter escrito a última mensagem do segundo livro.

Como é que era possível, que depois de todos os anos de pesquisa, de investigação, que fazia sobretudo em literatura inglesa, encomendado livros do Brasil e dos Estados Unidos, e através de sites escritos em inglês de autores estrangeiros, que depois de tantas capas em que tinha compilado a informação que me parecia a mais avançada, que imprimia da net, depois de livros de autores como Deepak Chopra e Brian Weiss, conceituados a nível mundial, eu fosse encontrar a tal informação que tanto tinha procurado, num livro de uma portuguesa?!...Porquê portuguesa? Porquê em Portugal? E Jesus?!...Como era possível?! Era absolutamente inesperado.
Eu já sabia que Fátima era um chakra da Terra, mas ainda não tinha feito a ligação, que se os milagres tinham acontecido em Fátima, em Portugal…porque é que Jesus não se podia manifestar através de uma portuguesa?...E porquê ela, Ele vai explicando nos livros. Muitos o poderiam ter feito, mas poucos teriam essa coragem.

Estava rendida. Fui fazer os cursos. E depois o curso de terapeutas. Ia duas vezes por semana às aulas, a Carcavelos. Nas aulas de terça-feira, que terminavam às 22h chegava a casa, a Rebordosa, às 3h da manhã. Nós, as três que íamos do Porto, éramos as últimas a sair, como se vivêssemos ao lado. E eu era a que ia de mais longe.

Acho que a maior surpresa da minha vida foi ser terapeuta no Projecto da Alexandra…Frequentava o curso porque sentia que tinha de frequentar. Mas não fazia a mínima ideia para quê. Sem nunca me passar pela cabeça que podia vir a trabalhar com a Alexandra. Não posso dizer que tenha sido a concretização de um sonho, porque nem sequer sonhava com isso. Estava muito para além do melhor dos meus sonhos.

Na altura já conhecia Jesus. Já o tinha sentido nos cursos. Já sabia que Jesus não era inalcançável. Mas eu poder trabalhar com a energia d’Ele, para mim, era.

Logo no primeiro curso tive uma catarse. Lembro-me de ter ficado colada à cadeira. Em silêncio, estarrecida. Era-me difícil acreditar que tinha acabado de estar com Jesus. É muito difícil pôr em causa tudo aquilo em que sempre acreditamos. E sempre tinha acreditado que isso não era possível. E por isso não tinha fé. Se não era possível chegar a Jesus, ia acreditar em quê? Só acreditava que Ele existia, mas num nível a que eu não teria acesso. Mas agora não podia ignorar o que tinha acabado de acontecer.

E desde aí a minha vida mudou. A minha fé brotou. Até perceber que tinha uma fé inabalável.

Uma fé que me fez segui-Lo até hoje. E que me fez senti-Lo em todos os momentos da minha vida, desde aí. E foi Ele que me foi arrastando. Primeiro para os cursos. Depois para o estágio. Depois para o trabalho. Para as consultas que dou hoje. Foi Ele que me arrastou até aqui, Oeiras. Até esta casa. Até esta praia. Foi Ele que me ajudou a passar por tudo o que tenho passado. Com mais ajuda, claro. Da Alexandra, das minhas amigas e colegas terapeutas. Que me ajudam incondicionalmente. E todos os dias tenho sinais dos milagres que se operam nas vidas das pessoas que Ele toca. Não que Ele não toque toda a gente, porque para Ele somos todos iguais e todos merecedores, mas daqueles que se abrem para a energia d’Ele. Que consideram a possibilidade de que seja Ele.

O que sinto quando faço conexão com Ele, acho que não consigo descrever. Não tenho a arte de conseguir explicar. É demasiado intenso. Demasiado sensorial, para passar a palavras. É um Amor sem limites…Diria apenas que nos provoca um estado…um estado de paz…de plenitude…de não ter falta de nada…um estado de conhecimento…um estado de êxtase…que gostaríamos que não fosse interrompido…mas que é…para voltarmos à nossa vida na Terra. E já que temos que voltar à Terra, pelo menos ficamos a perceber o que andamos cá a fazer. E que não andamos sozinhos. Nem desprotegidos.

Por tudo isto, eu Lhe devo a minha vida. E à Alexandra, porque sem ela eu não teria sabido e não estaria aqui. Ela é a pessoa que conheço que mais admiro e em quem reconheço mais coragem. Porque se eu tremo só de estar a contar a minha conexão com Jesus aos meus amigos, ela teve que contar a dela, muito mais intensa e superior, a todo o país, e agora, a todo o mundo.

Agora está nos EUA a lançar o Livro da Luz. Quando vi o anúncio em que era colocada como cabeça de cartaz, ao lado de Deepak Chopra, na Expo de Espiritualidade, onde foi fazer palestras, senti uma comoção incrível…Até onde as coisas podem chegar…senti como um prémio para todos os que acreditaram…Quantos acreditaram no Deepak, e não acreditaram nela, só porque era portuguesa?...Eu sei. Eu sei como pode não ser fácil.

I love You, Jesus.

SMILE

Cheguei à praia e pus-me a ver onde havia de abancar...escolhi um sítio na areia molhada porque não tinha ninguém por perto num raio de 50m, o que numa manhã de Domingo e de sol não é fácil...e quando estou a estender a toalha reparo que na areia, mesmo ao lado da toalha está escrito "smile" e com o desenho de um sorriso ao lado...começo a rir-me...ao lado estão caracteres chineses, que obviamente, não percebo o que significam...Deito-me feliz da vida...Queremos tanto manter este estado de felicidade que depois, quando a vida é menos feliz, temos dificuldade em aceitar. Mas este estado é temporário. Como todos os outros. A vida é assim. Só temos que aceitar.


Fico a ouvir o mar, até me apetecer ouvir música. Ligo o IPod e abre na música que começa com "Hello! Can you hear me?" Sinto a energia de Jesus a chegar. Sento-me e as lágrimas começam a cair. Poucos minutos antes tinha visto um casal passar, que parecia muito apaixonado. E tinha ficado triste. Essa ainda é a minha grande debilidade. Jesus falou sobre isso. Sobre o que eu já sei. Sei que a proposta do Céu é difícil. Mas também altamente compensadora. Sei também que sentir o amor d'Ele não se compara com nenhum outro amor...aliás não se compara com nada, absolutamente nada. E por isso vou ter que escrever sobre isso. Estou um bocado assustada. Nunca escrevi sobre como tudo começou. Sobre esta conexão. Nunca falei muito nisso, muito menos em público. Nunca falei sequer à grande maioria das pessoas que me são mais chegadas. A não ser às minhas amigas e colegas que também são terapeutas. Só para escrever a frase que escrevi acima, de que senti a energia de Jesus a chegar, já tremi toda. E tirei. E tive que voltar a pôr. Eu bem dizia, sobre a mensagem que me saiu ontem à noite, que já estava a tremer só de pensar nos novos desafios. Agora percebo melhor porque é que tinha de ficar em casa hoje...Para conectar e escrever. Isto da exposição é mesmo muito difícil para mim. Tenho falado nas mensagens do Livro da Luz...o que para mim já é muito...Tenho tanto medo que me julguem. Que me critiquem. Mas é inevitável.

Às vezes o Céu fala também através das músicas. E a seguir começou a dar a Feiticeira, do Luís Represas com o Pablo Milanês. Que tem muito a ver com a tristeza que estava a sentir. E logo a seguir Moby, com "Why does my heart feel so bad". Depois Confortably Numb, dos Pink Floyd...Terminou com a "I'll stand by you", dos Pretenders. E acabou aí a conexão. Que sequência...

Abro os olhos, e vejo um menino a passar à minha frente, devagar, quase parado, a olhar para as minhas lágrimas, que caíam...e só então reparo que desenhado na areia, mesmo à minha frente, também está um trevo de quatro folhas...beautiful!...

Bem, a ver vamos se consigo escrever o que tenho de escrever. Isto está a tornar-se mais difícil. Nunca pensei que tivesse de escrever sobre isso aqui. E tem que ser hoje.

NÃO FALHA

Já não devia ficar supreendida. Mas ainda fico. Com a assertividade das mensagems. Nas útlimas semanas não tenho parado de rodopiar, saído, saído...até o Albano disse que eu não parava. Tento sempre seguir as "instruções" internas que "ouço" e por isso não fui este fim de semana ao Porto. Não sabia ainda é que não podia ir ao Porto, porque era para ir a Sintra no Sábado . Entretanto recusei um convite de um amigo para assistir a um jogo de andebol no Domingo, e disse à Tati que no Domingo ia ficar por casa, porque estava a sentir que nesse dia ia precisar de estar sossegada.

E ontem à noite, depois de ter escrito aqui sobre o dia de ontem, Sintra, praia, e de ter publicado um vídeo com imagens do meu jardim, fui deitar-me e tirei uma mensagem do Livro da Luz:

"VOLTA

Está na hora de voltar para casa.

Voltar para o velho jardim, para os velhos cheiros e os velhos sabores.

Está na hora de deixar as aventuras lá fora, prender os cavalos e recolher a infantaria.

Volta.

Volta para o quentinho da lareira, para o conforto da casa aquecida. A alma agora precisa de um pouco de calor.

A alma precisa de aquecer para reenergizar, para ganhar força para os novos desafios que vêm por aí e que desejam ser superados.

Volta, agora.

A tarefa por agora está concluída. Está na hora de descansar.

Guarda as armas.

Limpa e guarda as armas.

E volta para casa, para o quentinho da cama, para que a essência possa descansar.

Porque é no repouso que o guerreiro se restabelece, e recebe novas visões de universos inteiros por descobrir.

JESUS"

Voilá. Não falha nunca. Agora tremo é em pensar que novos desafios virão...nunca se sabe...pode vir de tudo...Mas aceito sempre. Entrego-me. Porque a cada desafio, supero-me a mim mesma.

E agora, não vou fintar, mas vou só um bocadinho à praia, deitar-me na areia, a aquecer ao sol...já que não é tempo de lareira...acho que não vai ter mal aquecer ao sol, na praia...é só um bocadinho...

sábado, 16 de abril de 2011

MERGULHOS-FELICIDADE-FREEDOM

Hoje às 7,30 h estava a começar a minha caminhada. E sorria…sorria sozinha…poder estar a olhar o mar…o sol…tenho sempre muito mais motivos para rir do que para chorar…e apesar de chorar muito, rio-me muito, mas muito, mais…

Às 8,30h estava a mergulhar no mar…água maravilhosa…tranquila…apercebi-me que o mar estava exactamente igual à imagem do meu blog…e que eu a nadar só com os olhos de fora também estava igual…e entusiasmei-me tanto que quando dei conta estava muito longe de ter pé…tranquilizei-me, era só nadar calmamente de volta e as ondas e a corrente iam ajudar-me a chegar rápidamente…e assim foi…quando nos deixamos levar pela corrente, a Vida empurra-nos…

E com a praia quase deserta, fiquei a brincar na água…parecia uma foquinha às voltas e aos mergulhos…sentia-me tão, mas tão feliz… e dentro de água, pus-me de joelhos…mais uma vez a agradecer à Vida por tanta felicidade…

E também mais uma vez não precisei de ninguém para ser tão feliz, nem de dinheiro, nem de coisa nenhuma…só de mar, de sol, e de Jesus…

Estive na água 20m…

Poder ir à praia antes de ir para o trabalho…poder ir à praia depois do trabalho (ontem estive lá até às 21.30h, e tomei banhos até às 20.30h…)…é realmente uma grande bênção…

Quando saí da água não me apeteceu calçar e vim toda molhada e descalça para casa…FREEDOM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ALWAYS FREEDOM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 9 de abril de 2011

MAIS COMBOIOS

Não acredito que me vou aqui a rir sozinha, no comboio, outra vez…tive que pegar no computador para disfarçar e ver se paro…e lá vou eu escrever outra vez…

De manhã avisei no FB que estava perigosamente bem disposta…E a minha prima que também é Olinda deixou um comentário para eu ter cuidado com os malabarismos, e na verdade eu e a Tati, que decidiu de repente tentar ir comigo para o Porto, viemos para a estação a tentar fazer um malabarismo de trocar o meu bilhete para um horário mais tarde e irmos juntas no comboio…entretanto dava tempo para irmos a casa dela buscar a mala e a coelhinha (quando eu telefonei para a CP a perguntar se ela podia levar um coelho…não sei porquê não tive coragem de dizer logo que era uma coelhinha e disse um coelho…comecei a rir-me e o rapaz que me estava atender desatou à gargalhada…- e eu que tinha tanto a certeza que ia descambar nisso…)

Bem, mas quando chegamos à estação já faltavam menos de 30m para o horário do bilhete que tinha comprado e como foi comprado on line já não trocaram…

Ficamos desoladas…já estavamos a imaginar a risota da nossa primeira viagem de comboio juntas…continuar a saga do almoço…

É que hoje à hora de almoço tinha sido um verdadeiro festival…que começou quando ela me ouviu dizer ao Rui que ele era a pessoa que mais me fazia rir…quando a Tati ouviu fez uma cena, mas que cena… é verdade que já lhe tinha dito que era ela…mas é que eu e o Rui (para que não haja equívocos, sou tão amiga dele como da mulher dele, a Lena, quer dizer sou um bocadinho mais amiga da mulher dele…-isto é só para o picar…) descobrimos que temos um karma …e à custa disso começamos a picar-nos de uma forma que nos faz rir tanto, mas tanto…diáriamente, que hoje disse-lhe que afinal o nosso karma era um karma hilariante. A Tati não perdoou e tive que andar a correr (literalmente) atrás dela para lhe garantir que ela era a segunda pessoa que mais me fazia rir…o que eu fui dizer…pior a emenda que o soneto…na verdade eles são as duas pessoas que mais me fazem rir…agora imagine-se o que é trabalhar com eles…um luxo! E a Lena ri-se só de nos ver rir…E também vai dizendo umas piadas pelo meio…Por isso aquele texto de que já aqui falei, que eu escrevi há uns anos em que dizia que um dos meus sonhos era trabalhar num sítio onde me risse à gargalhada, não se podia ter concretizado melhor.

Alto, o rapaz que vai ao meu lado atendeu agora o telefone…de repente pensei que era brasileiro, disse “Oi”mas não…é muito interessante…vai entretidíssimo a jogar playstation…

Há pouco entraram as pessoas da estação do Oriente…estava a observar, uns com camisola de futebol…um com t-shirt dos Moonspell e cabelo quase pela cinta, ficaram uns poucos encravados aqui à beira do meu banco…uns para lá e outros para cá…e ficou tudo quieto à espera que desencravasse…estavam todos à espera uns dos outros e ninguem se mexia…iam ficar assim eternamente até que um mais iluminado se apercebeu e falou…mesmo assim ninguém se mexeu e como eu estava a olhar ele começou a rir-se para mim…e uma senhora lá se arrumou e pronto…andamento…

Estamos a chegar a Santarém…será que vai entrar aquela rapariga contorcionista? Deixa ver.

Uma rapariga vai ali à frente desesperada a tentar falar sem rede: “diz agora, diz agora, diz agora…”

Não a contorcionista não está. Pelo menos não a vejo.

O rapazinho aqui ao lado tira um pacotinho de bolachas e eu lembro-me de um pacotinho de chocolate que o Jorge me deu hoje e que eu guardei para o comboio. Vou comê-lo. Não ao Jorge. Ao chocolate.

Por falar em Jorge, a Antónia que trabalha na mesma sala que ele, hoje mostrou-me um texto meu que foi publicado num blog da Alexandra– http://vidaspassadas.blogs.sapo.pt/. Adorei ver.


Agora vai aqui o altifalante a falar…NÃO ACREDITO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Aconteceu à hospedeira, ou lá como se chamará à senhora que está a falar, o mesmo que me acontece a mim: TEVE UM ATAQUE DE RISO enquanto informava que o serviço de bar já estava aberto…

A tal senhora que estava a tentar falar sem rede, mas agora fala sem sobressaltos, deve ir uns 4 ou 5 lugares à minha frente e eu ouço a voz da pessoa que está a falar do outro lado…

Para vossa informação: o rapaz à minha frente vai a ler uma notícia com o título “SEX ZEN” -vai estrear o primeiro filme porno em 3D. Fico a reflectir sobre como será isso…

Que giro, pelo reflexo do vidro da janela vejo que 2 bancos à frente vai um casal de velhinhos e ele faz festinhas na cara da mulher…

Desde que escrevo aqui tornei-me uma cusca e agora até quero ouvir música mas tenho medo de perder algo interessant…paciência vou mesmo pôr os phones…Abre com David Guilmour.

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii….Acabou de me acontecer uma vergonha enorme…só para aprender a não estar aqui a rir-me dos outros!…ainda me sinto corada…

O rapazinho do lado pediu-me desculpa e disse que achava que eu tinha ligado os phones no sítio errado do computador porque se ia a ouvir a música alto…e o mais engraçado é que ele próprio vai com phones…por isso isto devia estar a umas alturas…para ele ouvir…eu disse que não acreditava que isto me tinha acontecido…a ir a incomodar toda a gente e comecei a rir-me mas de vergonha…e a rapariga do outro lado do corredor começou a rir-se também…É sempre assim, já aqui disse e é verdade, não posso pensar nada de ninguem, julgar nada sobre ninguem, porque numa questão de dias, horas, minutos e às vezes até segundos, acontece-me a mesma coisa que critiquei…

Valha-me Deus!!!!... Agora liguei os phones ao Ipod para não correr riscos.

Em abono da verdade, também não acredito que alguém fosse incomodado a ouvir Guilmour…

Ipod abre com U2.

Telefonema da minha prima Sara. Quase perco rede e quase faço a mesma figura da senhora da frente…
No meio da conversa a Sara diz-me que dentro de uma hora vai falar na FNAC, perante uma assistência, sobre Turntablism, enquanto representante em Portugal (ela e o irmão Pedro) da IDA (International Dj Association). Para quem não sabe - como eu, que tive de lhe perguntar- diz a Wikipédia que Turntablism é a arte de manipular sons e criar músicas usando turntable fonógrafo e um DJ mixer. (A palavra turntablist -não há tradução para a língua portuguesa- foi criada em 1995 pelo DJ Babu[1] para descrever a diferença entre um DJ, que apenas reproduz discos, e um que exerça por tocar e mover as músicas, e um misturador para manipular som. O novo termo de co-ocorrência com um ressurgimento da arte de estilo hip hop, DJing, foi criado na década de 1990. O turntablism é um dos quatro pilares básicos da cultura hip hop).

Disse depois a Sara por sms que correu bem (ela é a adrenalina em pessoa) e que estava lá um "cota" muito espantado a olhar e a interrogar-se do que é que ela estaria a falar...imagino...isto de ouvir falar em turntablism provoca uma certa perplexidade...

Lá está, estou a enjoar e vou parar…vou meditar…

RIBEIRA!!!!!!!!!!!!!!!!!..............................BEAUTIFUL!!!!!!!!!!!!!!!
E não é que quando olho para a Ribeira começa a dar Moby??? …Why does my heart feel so bad? Whay does my soul feels so bad? Extraordinário.

No caminho para casa do rádio saem os primeiros acordes de “Everybody Hurts” dos REM, e o meu pai diz-me que é uma música do Carlos Bruno. Eu olho para o visor do rádio a ver se seria um estação pirosa, com uma qualquer versão desta música (embora não seja hábito do meu pai, que sempre apreciou boa música) mas não, eram mesmo o REM…não contenho uma gargalhada, porque já tinhamos tido uma discussão sobre a versão original, e explico que são os REM…e o meu pai responde que tem um CD do Carlos Bruno que é tal e qual…e eu fico a pensar o que é que leva uma pessoa como o meu pai a comprar o CD do Carlos Bruno…

Pelo caminho dá-me a notícia da morte de um vizinho,que eu praticamente só conhecia de vista, num acidente de tractor. O senhor, com 63 anos, tinha-se reformado e comprado o tal tractor há 3 ou 4 meses para se entreter e andava a limpar o terreno de um filho que ia construir uma casa quando se deu o acidente, há 3 dias.

Já em casa a minha mãe contou que quando foi dar os pêsames à família, a filha dele, muito mais nova do que eu, lhe pediu para me entregar um grande beijo, que já não me via há muitos anos (embora só viva a cerca de 200m da casa da minha mãe) mas que sabia que o pai lhe tinha posto o nome de Cristina porque gostava muito de mim. E que queria tanto dar à filha o nome de Cristina que foi registá-la sem perguntar à mulher se concordava com o nome…

Paz à sua Alma.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Calor e Bairro Alto


28º à sombra…Como a música. Maravilhosa, romântica…

Dia magnífico. Começou com a identificação de uma mensagem que tinha recebido ontem, que ainda por cima seria de alguém que acompanhava há anos e que eu não descortinava de quem…uma amiga, que me dizia coisas lindas…e de quem não sabia há algum tempo…

À tarde, tive outra surpresa: um casal ofereceu-me um ramo de flores maravilhosas…Choraram eles ao oferecer-me…e chorei eu ao recebê-lo…Já recebi flores de homens e de mulheres…mas não me lembro de receber de um casal…a não ser no aniversário… Foi muito gratificante!!...

Fim de tarde: Bairro Alto. Fui com a Tati a um cabeleireiro que descobri pela net, há talvez um ano…Procurei o mais radical,o mais louco (adoro loucuras...e foi a perspectiva de loucura que me entusiasmou a procurar o verdadeiramente louco...) para que o efeito que ela queria resultasse realmente moderno...é sempre bom recorrermos aos melhores nos seus géneros...já lá tenho ido com ela alguma vezes…E só lá ir já é um acontecimento…Apreciar aquela gente que lá trabalha…os clientes…

De todos os que lá trabalham, o inglês é a maior figura: calças coleantes…top preto…texanas vermelho vivo…chapéu preto…cabelo louro comprido…correntes ao pescoço…braços, costas e peito cheios de tatuagens…corta os cabelos tal como um escultor esculpe a sua obra…dá gosto ver…

Todos os que lá trabalham são excêntricos…acho o máximo...No que costuma atender a Tati, aprecio sobretudo o puxinho que usa...ao estilo samurai...Entraram dois clientes com gravata…estranhei um pouco…não pareciam o género…embora um fosse parecido com o Jim Kerr dos Simple Minds, nos anos 80…Mas depois dos cortes, saíram já sem a gravata…que engraçado…

Quando estava a sair com a Tati e o seu novo look altamente arrojado, o inglês estava a explicar à cliente o penteado que achava que lhe ia ficar bem …e ela a responder que queria algo mais sóbrio…e ele não sabia o que sóbrio queria dizer…pois não…

Uma volta pelas lojas igualmente loucas...que prazer entrar na Porte Bonheuer e perder-me naquele mundo kitsh...e na Tatoo Piercing Bad Bone...onde me entretenho a observar todos os promenores de decoração quase ainda mais kitches...completamente, à americana...

Fomos para o Largo de Camões e resolvemos arriscar o mesmo pedido que o cliente à nossa frente: amêndoa amarga com sumo de limão…e acrescentamos empadas de frango…e ainda nos metemos com o rapazinho que nos atendeu...só com o espectáculo que fizemos pela forma como cortava o limão...ele já não sabia se nos recomendava a bebida ou não...

Fomos sentar-nos nos degraus da estátua do Camões…tudo comme il faut…mesmo ao lado dos freaks…rimo-nos por tudo e por nada…ao lado da Tati não é possível não estar sempre a rir...até tapei a boca porque reparei que as minhas gargalhadas ecoavam por toda a praça…já devia ser um bocadinho da amêndoa…que apesar de amarga estava uma delícia…

Ontem um amigo, quando soube que há dias tinha ido com uma amiga para a praia beber cerveja (nada de mais, acreditem), disse que isso era algo inédito em mim…e que eu estava muito mudada…Graças a Deus!!! ..acrescentei eu…

Sentaram-se ao nosso lado uns malabaristas…a rapariga fazia malabarismo com fogo…e disse que vinham fazer uns truques e uns trocos…giríssimos…super excêntricos, é claro…

Continuava calor…às 22h estavam 25º…e ao chegar a Oeiras parecia que estava a chegar a uma estância de férias…gente ainda na praia…Há dias em que a vida é bela…


http://www.lisbonlux.com/lisbon-shops/porte-bonheur.html

domingo, 3 de abril de 2011

MENSAGENS- e o dia que era para ter sido e não foi

Ontem, apesar de ter tido um dia magnífico, adormeci muito triste. E acordei mais triste ainda. Não parava de chorar. A Lena e o Rui tinham-me convidado para voltar a passar o dia com eles no veleiro. Não sabia o que fazer. Achei que não devia ir neste estado. Que só iria para lá chorar…Depois pensei que até me fizesse bem, ir e apanhar sol e o choro com certeza que iria passar…Na dúvida, resolvi tirar uma mensagem do Livro da Luz. Saiu a 136.

“HOJE É O DIA
Hoje não é dia para fazeres nada do que estás habituado. Não é dia de perdurar, nem de acalmar as hostes. Nem de orar. Nem de sair. Nem de desabafar. Hoje, não é para te recostares ao sol, nem para apreciares a lei.
Não é dia para rasgares a voz, nem para bradares aos céus.
Hoje não é para correr, hoje é para parar.
Quieto. Assim. Triste. Pois é. É dia de ficar, ficar simplesmente na imensidão do mundo e pairar, na ponta da minha mão.
(…)
Hoje é dia de algo que só quem já foi, só quem já sentiu, só quem acede pode saber o que é.
Jesus”

Se tinha dúvidas, deixei de ter. As mensagens são de uma precisão impressionante. Que às vezes até assusta.

Disse à Lena que não ia e expliquei porquê.

Fiquei então em casa. A deixar o coração bater, somente. E enquanto ele batia eu chorava. Muita coisa se revelou. Muita coisa se desmontou...Até o sol passar pelos vidros da minha sala e me envolver no sofá onde estava deitada...Até eu começar a serenar…

Ao fim da tarde, já tranquila, resolvi ir respirar o ar da praia. Mas ainda estava sol. Pensei se não deveria ir mais tarde. Mas entretanto a minha senhoria chamou-me. Queria aconselhar-se comigo sobre o sobrinho neto que está a viver com ela desde que perdeu a avó, há um ano. E que já tinha perdido a mãe, quando era bebé. Como ele é da idade do meu filho ela queria saber se estaria a ser demasiado rígida com ele. Nestas idades, e sendo Indigo, são muitíssimo rebeldes e desafiadores.

Quando me preparava finalmente para sair, as duas meninas que hoje estavam em casa do meus vizinhos búlgaros pediram-me para lhes chegar a bola que tinha caído no meu jardim. A mais nova perguntou-me se eu gostava muito de plantas para ter um jardim tão bonito…eu respondi que a casa não era minha, era da senhoria, que mora no andar de cima. Perguntei se ela também gostava de plantas e ela respondeu que ainda era muito nova para gostar, que ainda só tinha oito anos…quando eu lhe disse que a minha sobrinha também tinha oito anos e que adorava flores, que andava sempre a colhê-las e a pô-las em cestinhos, ela sorriu e foi embora…como quem diz: afinal não é bem como eu pensava…

Com isto tudo o sol já se tinha ido embora…e podia cumprir melhor a proposta da mensagem de não me recostar ao sol…

Passei no Mc para comprar uma bebida e fui sentar-me na areia…junto à água. Estava vento e felizmente tinha-me agasalhado, seguindo o conselho da Lurdes, professora de Medicina Tradicional Chinesa, que me disse que na Primavera os chineses aconselham que nos protejamos do vento na zona occipital, porque são as “portas do vento”…

Não me demorei e voltei para casa.

Tinha anoitecido.

Sentia-me mais serena.

Tirei outra mensagem, para saber se tinha cumprido o propósito da mensagem da manhã. Saiu a 217.

“O TEU ELEMENTO
Fizeste o que devia ser feito. Apesar de tudo, das dificuldades, dos obstáculos e da tua própria resistência, fizeste o que devia ser feito.
Apesar da tristeza.
Sobretudo, apesar da tristeza.
Fizeste o que tinhas de fazer para voltar à tua frequência original, para voltar ao teu elemento, para voltar a ti.
Porque uma pessoa que não está na sua frequência, que não está no seu elemento, está descentrada, não se foca no seu centro energético e humanamente pára de viver.
Porque a vida é uma aventura mas só para quem consegue viver dentro de si próprio. Até pode ir aos outros, até pode sair de si de vez em quando. Mas tem de voltar. Tem de saber voltar e fundamentalmente, tem de gostar de voltar.
Tem de gostar do que encontra. Porque, se não gostar, não quererá ficar aí.
E quem não quer ficar, foge.
E foge para fora. Para os outros. Para as coisas da matéria. Não te esqueças de que a matéria é como um filme. Tem luz e cor. Tem som. Tem movimento.
Dentro de ti é escuro, não há movimento e não tem cor.
Mas é subtil e brilha. E a subtileza e o brilho são a chave do céu.
Sempre que focas a tua atenção para fora de ti, e vais atrás do filme, da vida, estás a ir atrás do movimento, da luz e do som, desces à frequência da matéria - que, como os filmes, é pura ilusão.
Cá em cima é que está a verdade. Dentro de ti é que está a verdade.
Nesta dimensão aparentemente escura e pesada, está a chave da tua felicidade.
E quanto mais tempo passares nela, melhor vais percebê-la e mais valor darás ao brilho e à subtileza.
Sabes que a matéria é tudo menos subtil.
E daqui a um tempo, quando aprenderes a respeitar essa tua dimensão interior, quando aprenderes a voltar, vais começar a ir.
Para já, fica. Fica em ti. Escolhe-te a ti em detrimento de tudo o resto.
Fica. Fica.
E um dia, à força de tanto te conheceres, de tanto te sentires, vais saber que não há absolutamente mais nenhum lugar para ir.
Porque eu estou aí.
Jesus”

Como sempre, de uma precisão impressionante.

Se eu não tivesse respeitado a mensagem, e não tivesse respeitado a minha tristeza, ela ia continuar a pesar e a acompanhar-me nos próximos tempos. Se eu chorasse de vítima ou de revolta ela também continuaria. Assim, como chorei só porque estava triste, gastou-se…

É o ciclo das fragilidades...ora feliz...ora triste...assim é a vida...

sábado, 2 de abril de 2011

O medo. E o medo do medo.

"Obrigada por todas as bençãos.
Obrigada pela encarnação.
Obrigada por poder vibrar na matéria.
Aprender com ela.
Obrigada pela vibração.
Obrigada pela incrível emoção, boa ou má, forte ou fraca, que me é permitido viver todos os dias.
Obrigada pelos dias.
Obrigada pela dor, que libertada se transforma em alegria.
Obrigada pela noite, que se vivida se transforma em dia.
Que tudo seja exactamente
Como tem de ser
Para que eu chegue exactamente
Onde possa ver
A Luz.
Onde possa ter
Luz."
Jesus
in O Livro da Luz de Alexandra Solnado

Como diz a minha amiga Helena, eu rio e choro com a mesma facilidade e a mesma intensidade.

Os últimos dias foram emocionalmente bastante intensos.

E depois da ansiedade, do medo, que me fez ter a sensação de que o meu coração ia parar no momento em tive a notícia do resultado da ressonância do Zé, veio a bonança...a descontracção...e a felicidade.

Fiz questão de transmitir o mais rápidamente possível a todos. Sei que todos se preocupam e a todos agradeci e agradeço do fundo do meu coração.

A primeira reacção foi da Alexandra, que me telefonou no mesmo segundo em que lhe enviei a sms. Logo a seguir a Helena. Por "coincidência" são as duas pessoas que melhor me conhecem. As duas pessoas que conhecem o que se passa dentro de mim, o que sinto e como sinto. O que é mais e menos difícil para mim. O meu trajecto e os desafios que a Vida me propõe. E por quê me propõe.

A Alexandra, por vários motivos, e porque me faz leituras da alma... canalizando a energia de Jesus. Se algum dia tivesse tido dúvidas, elas ter-se-iam dissipado com o que ela me diz...que ninguem mais, a não ser eu, podia saber. Como coisas que eu apenas tinha pensado...coisas que eu apenas tinha dito a Jesus, respostas a perguntas que eu apenas tinha feito em pensamento. Coisas que nunca tinham saído do meu íntimo. Identificando os meus nós, que estão na origem de tudo o que me acontece. ...Dizendo-me como desatá-los. Quase nem chego a fazer perguntas, porque não é preciso...É mesmo um leitura da alma...nem precisamos de falar...Muitas vezes coisas que nem sabia, nem podia imaginar...outras de que nem tinha consciência. E, literalmente, faz-se Luz na nossa vida...

A Helena porque é a minha terapeuta. E minha grande amiga. Tenho outra amigas que me fazem terapia, mas a Helena é a minha terapeuta regular. E eu a dela. Conhece-me como ninguém. Conhece os meus desafios como ninguém. Conhece os meus medos como ninguém. Conhece a minha dor como ninguém. Perdeu a única filha, Sara, de 17 anos, com cancro, há 7 anos.

As semelhanças entre nós, a nossa vida, os nossos mapas natais, são incríveis.
É com ela que eu mais choro. É ela que ampara o meu choro no seu abraço. Mas é também com ela que eu mais rio. Quando estou com ela e o marido dela, o Rui, pareço um criança... de tanto rir. Apesar de trabalharmos juntos ainda arranjamos pretextos para nos encontrarmos só porque nos rimos sempre tanto...Numa terapia, percebi que sou mais criança agora do que quando era criança...tantos foram os medos que fui libertando e os nós que fui desatando.

E essa foi a minha coragem: enfrentar os medos. Enfrentar a dor.
Nunca tive coragem para enfrentar nada nem ninguém. Até perceber que só tinha que enfrentar uma coisa. A mais difícil. A dor. Mergulhar na dor. Ir ao mais fundo da dor. E aí descobri a minha coragem. E enfrentei os medos. Porque os medos são medos da dor. E eu que tenho o maior dos medos: medo do medo. E eu que tenho um mapa astrológico kármico...e um karma vivo. Em que as memórias se misturam com o presente. Quando estudava astrologia, na aula sobre o Saturno, o planeta do karma, no fundo o planeta da dor que temos mais medo de enfrentar, a professora foi perguntando aos alunos o que sentiam os que tinham Saturno em Carneiro, em Touro, e por aí fora, até chegar ao último signo- Peixes. Que é onde eu tenho o meu Saturno. E eu disse que sentia os medos todos de que tinham falado: o de Carneiro, o de Touro, o de Gémeos,...todos. E ela disse que era isso mesmo. Que eu tinha esses medos todos juntos...e por isso o medo do medo. Ainda não os enfrentei todos, não os libertei todos, nem pouco mais ou menos...nem sei se algum dia o farei. Acho sinceramente que não. Mas já me fui transformando. E a minha vida transformou-se. Porque é exactamente nesta ordem que tudo acontece. Primeiro dentro, e depois fora.

"Obrigada pela dor, que libertada se transforma em alegria.
Obrigada pela noite, que se vivida se transforma em dia."