terça-feira, 31 de dezembro de 2013

NOVO COMEÇO, NOVO ANO

Tenho a mesa posta para o jantar de fim de ano, com a minha mãe, o meu filho e a namorada.

Sentei-me em frente da lareira para escrever.

O meu último texto neste blog. Para começar um novo blog. Não contenho as lágrimas, não sabia que me ia custar tanto, apesar do entusiasmo com a concepção de um novo, que assim que estiver pronto será divulgado aqui. Por isso, na verdade, este não será o último texto porque ainda haverá outro, a comunicar o endereço do novo blog, assim que ele estiver pronto.

Este ano já fiz tantas mudanças, já terminei tanta coisa que não estava nada à espera que também tivesse que dar por terminado este espaço onde escrevo, que tem sido tão importante na minha vida.

Em Julho deixei de trabalhar em Lisboa e mudei-me para o Porto.

E no dia 20 deste mês deixei de trabalhar no Projecto.

Foram muitas as despedidas. Em Julho despedi-me dos meus companheiros da casa de Algés, a Lena e o Rui. E despedi-me dos meus companheiros de trabalho e dos pacientes de Lisboa.

Agora tive de me despedir de todos os pacientes. Ainda estou sob o efeito dessa despedida. A receber email e mensagens em resposta ao email que enviei através do Projecto, no passado dia 19, a despedir-me e a explicar porque o fazia.

Foi em Setembro comecei a sentir que grande mudanças se aproximavam e que iam ocorrer antes do fim do ano. Deduzi que iriam ser em Dezembro e descontraí. No dia 7 de Novembro, numa meditação que para mim seria semelhante a tantas outras ficou claro que era o dia de tomar a grande decisão. Encerrar um ciclo para poder começar outro. E assim fiz. Confiei porque sempre confio, por mais difícil que me seja arriscar tudo.

Mas se eu descobri o que é ser feliz, o que é ter paz, foi porque eu já arrisquei. Tudo.

Foram muitas as vezes em que arrisquei e arrisquei tudo. Eu, a pessoa mais dependente e apegada de todas. Mesmo quando o medo me tolhia. Mas acreditava cegamente que só me iria libertar desse medo quando o enfrentasse.

Até porque, para mim, medo é falta de fé. Se eu tenho fé, se eu acredito, se eu confio no que sinto, tenho medo de quê? Eu sei. Tenho medo porque tenho memórias. Muitas memórias inconscientes que me fazem confundir actualidade com passado. E as minhas memórias são vivas o que intensifica o desafio.

Por isso Jesus me lembrou, há semanas atrás, que o meu medo da crítica, da censura, vinha das minhas memórias de ser julgada e executada quando ousei assumir as minhas escolhas. E por causa dessa memória viva que me faz sentir a morte eminente só por ser criticada, ao longo desta torci-me toda só para não ser criticada e para não sentir o medo da morte. Fiz de tudo para ser aceite, para corresponder e não tive nunca a coragem de ser quem eu era. Foi quando comecei a enfrentar esse medo que comecei a ser eu.

"No teu caso, cada vez que fores criticada é um sinal de que estás no bom caminho. Porque antes não arriscarias a crítica e encolher-te-ias. Agora avanças, mesmo que isso vá contra tudo e contra todos. "

Sabe Ele com que custo, muitas vezes. E com que ganhos também. A liberdade, sobretudo. Que de todos os bens se tem mostrado um dos mais preciosos. FREEDOM. O segundo texto deste blog e o que o impulsionou.

Há dois dias também eu estava a fazer outra mediação, julgava eu, mais uma vez, que seria idêntica a tantas outras, quando percebi que ia escrever um texto no último dia do ano e que seria o último deste blog. Acho que foi das vezes em me percebi nítidamente a fazer resistência. Mas será mesmo preciso terminar, não se poderá fazer mudanças?

Não. Vais começar um novo, com uma energia nova.

E nesse momento, senti a presença de Sua Mãe, em mais uma das raras vezes em que me apareceu.E entregou-me uma flor, que me pareceu uma tulipa branca, dentro de uma espécie de tudo de ensaio.

Estranha e curiosamente, na manhã do dia seguinte, ao passar em frente à televisão vi que estava começar um programa sobre Istambul, Turquia, e parei o que estava a fazer para me sentar a ver. Particularmente interessada por me terem contado há pouco tempo, que a suposta última casa de Maria é lá, na Turquia, já visitada por alguns Papas, e por centenas de visitantes por dia. A certa altura, no programa, alguém estava a explicar que os azulejos da mesquita mais importante, tinham o desenho de uma tulipa...ligeiramente inclinada, porque simboliza a rendição às forças esuperiores...E que essa mesquita, apesar de muçulmana, tem numa das suas cúpulas a imagem de Maria, que entretanto foi disfarçada ou apagada, já não me lembro bem....porque fiquei de tal forma emocionada....que só pensava no que tinha acontecido na véspera...

E só agora que escrevo sobre a mesquita e a cúpula é que me lembro, e até contei a uma amiga logo a seguir à meditação, que a entrega da flor aconteceu num ambiente onde a sacralidade da energia, completamnete branca, me fez sentir que estava numa espécie de templo ou catedral circular.

E por falar em catedral, agora vejo como tudo está ligado...Na véspera de Natal, ainda de madrugada, acordei com o imenso barulho de uma tempestade e tive a sensação de que a casa ia pelos ares. Não foi a casa mas foi parte do telhado. E às sete horas da manhã andava eu no sotão, a gatinhar por debaixo das vigas, ensopada em água, a tentar colocar plásticos para a chuva deixar de entrar e a tentar escoar toda a água que já tinha entrada e caía pelo candeeiro do quarto da minha mãe. Eu que tinha medo de ir ao sotão, andava por ali a rastejar, já sem medo nenhum.

Entretanto chegaram a Lila e o Mário, que são dois anjos na nossa vida, e me ajudaram a limpar tudo e a forrar com plásticos, para dois dias depois voltarmos a escoar água e mais água e colocar placas no lugar das telhas para remediar.

Em todo o processo, surpreendeu-me a reacção da minha mãe que só dizia que estava muito grata porque eram só telhas e havia muita gente que nas tempestades perdia a casa.

E eu estava tão concentrada em tentar perceber o significado do que estava a acontecer, que só descontraí quando me dei conta que não tinha que perceber nada. Apenas aceitar o desconforto e que se estava a acontecer é porque eu e todos cá em precisavamos que acontecesse. Mais do que nunca senti-me sintonizada com todos os que estavam sem tecto e com frio. E isso tornou o meu Natal diferente. `

Nessa noite tudo era já paz e harmonia. Mas a cada momento me lembrava de todas os que estavam em situação menos confortável e me sentia solidária. Já na tarde de Natal, senti-me verdadeiramente abençoada, num momento em que o meu irmão, o melhor irmão do mundo, se sentou no sofá entre mim e a minha mãe, e ficou abraçado a mim, com o filho dele ao colo, a ver Música no Coração. Desde pequenina que não via, embora a televisão esteja sempre a repetir, nunca tive vontade, até agora. E foi mágico voltarmos a ver juntos, abraçados, quando foi juntos que tinhamos visto pela primeira e última vez há tantos e tantos anos atrás.

Mas agora desviei-me do assunto. Porque comecei a contar isto a propósito de catedral. Dois dias depois do Natal, já a Lila estava com gripe e eu afónica, por causa de nos termos encharcado a consertar o telhado, lá estava eu a fazer meditação, quando me foi explicado o porquê do que aconteceu ao telhado. Que era o único espaço da casa que faltava ser limpo física e energéticamente, por causa de eu ter medo de lá ir. E que assim tive mesmo que ir e limpar, de todas as maneiras, e além de todas as outras experiência e lições inerentes, agora eu tinha a "minha catedral" pronta. E disseram-me que esta casa, de tão tratada, tem a energia de uma catedral.

E chorei, chorei, chorei de comoção, até me cansar e adormecer...

E é daqui, deste lugar, onde me sinto em paz, que envio o meu abraço mais sentido e a minha gratidão a todos os que me visitaram aqui, me acompanharam e me deram alento. Sou e serei eternamente grata. Nada é permanente. E nesta mutabilidade que nos impulsiona a crescer e amadurecer, poderemos iniciar juntos o novo ano e as novos ciclos, sempre partilhando as novas experiências.

OBRIGADA E BOM ANO NOVO!!!!!!

Ahh, e há poucos instantes, antes de começar a escrever este texto, por acaso (sei que não há acasos mas gosto da expressão) encontrei este vídeo que tem a energia dos votos que faço para todos nós. Um vida em festa, que vibre pela alegria, entusiasmo e comunhão entre todos nós. Felizes por estarmos juntos! E gratos por tudo o que temos!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

PAZ E MAGIA

Hoje vivi um dia mágico em Rebordosa. Um passeios inesperado. Encontros inesperados. E viver o que tenho vivido e sentido em Rebordosa, além de mágico é surpreendente.

Desde que regressei que me tenho sentido de volta a casa. Como se tivesse regressado ao lugar onde me sinto melhor.

O que para mim foi absolutamente inesperado. Eu pensava que a vida me iria afastar cada vez mais deste lugar, que para mim representava a energia mais hostil. Por isso quando a Vida e o Céu me mostraram que estava na hora de regressar e descansar foi uma grande surpresa. Bem sei que aqui estavam as pessoas que mais amava, mas sempre tive a esperança de que o meu filho se juntasse a mim longe daqui.

O bem estar que senti desde o dia em que me instalei, impressionou-me.

A paz, conforto e alegria no lugar que me foi mais hostil, foi a grande surpresa.

Vivi num dos sítios mais bonitos, em Oeiras, e num dos sítios com a vista mais bonita, em Algés, e em nenhum dos lugares senti o que sinto agora, apesar de lá ter vivido momentos muito felizes. E cada vez fica mais claro que o nosso bem estar depende muito mais de como nós estamos por dentro, do que do que nos rodeia.

Através das meditações fui percepcionando o que está a acontecer. Que os últimos anos de trabalho interior me trouxeram a este ponto: o meu bem estar não depende do lugar onde estou. E porque eu me transformei, este lugar também se transformou. Na minha casa. Até ver. Porque o mundo continua a girar e a vida a dar voltas.

Percebi que estou pronta para me redescobrir. A mim e à simplicidade da vida. Que está em muitas coisas de que nem sabia que gostava. Nunca me imaginei a fazer compotas e marmelada e a decorar os frascos, e a inventar pratos de cozinha, por exemplo. E agora adoro.


E eu que pensava que já sabia tanta coisa sobre mim...Continuar o processo aqui está a ser uma benção. Poder viver o dia a dia com o meu filho sem pensar que daí a um dia, ou dois, ou meia dúzia, me irei ter que despedir dele outra vez está a ser a melhor coisa do mundo.

Tenho percebido também que pude voltar porque me consolidei. Os ultimos anos foram de preparação exigente. Dos maiores e dificeis desafios. Colocar em prática toda a teoria. "Acreditas? És capaz de fazer?" O resultado foi  mais consistência e consolidação.

Voltei a poder mimar e ser mimada todos os dias, pela minha família.

(Pizza que o meu filho fez ontem- "É um coração para ti, mamã.")


A poder descansar. A ter tempo. A desfrutar do casamento com a minha alma. A cortina da janela do meu quarto lembra-me constantemente desse momento. E porque estamos juntas, estou bem. E o melhor é que estou com quem mais amo. E com quem mais me ama.

E isso é a magia da vida.









Vídeo:



Parque das Cortinhas, Rebordosa, 04 de Dezembro de 2013.