sábado, 28 de janeiro de 2012

REENCONTROS

Ontem foi dia de mais uma visita ao IPO. O Zé Miguel tinha uma consulta de rotina que acabou por ser adiada para Fevereiro.

Nada me assusta mais do que lá voltar. Nada me reposiciona mais. Me redimensiona mais. Volto logo para o meu lugar. De impotência máxima. De entrega.

Gostava de poder fotografar. Contar o que se passa lá, por imagens. Porque por palavras não consigo. Tantas meninos. Máscaras. Gorros. Bonés. Cadeiras de rodas. Macas empurradas. Bebés. Jovens a ficarem adultos. O coração parte-se.

Uma das últimas vezes que lá fui, estava sozinha, e espreitei a nova sala de brincar dos pequeninos. A parede é de vidro fosco que só fica transparente ao nível dos nossos olhos, dos adultos. E de repente uma das educadoras que estava mesmo junto ao vidro, levanta-se e depara-se com os meus olhos cheios de água. Acho que ela se assustou.

O Zé Miguel quis visitar as enfermeiras do piso do internamento. Mal o reconheceram. Espantaram-se com o homem em que ele se tornou. Repetiam o quão bonito ele está. Uma das professoras que apoia os meninos internados reconheu-o só porque me reconheceu a mim e diz que ele tem que andar comigo atrás para ser reconhecido.

De lá tivemos que ir ao Hospital de S. João, tratar de questões burocráticas. Disseram-nos que tinhamos que tentar falar com um dos médicos que o tinham operado lá. Para assinar um papel. Fiquei a pensar que ia ter que fazer contactos, porque um dos médicos já nem trabalhava lá. Mas cinco minutos depois estava a encontrar esse mesmo médico, o Dr. Nuno, a entrar para o mesmo elevador que nós. Ficamos todos surpreendidos com este encontro. Ele e nós. Por sua vez, o Dr. Nuno encaminhou-nos para uma colega. Uma médica que trabalhava na pediatria do IPO, e por isso nos conhecia, porque chegou a atender o Zé Miguel quando estava escalada para as urgências, e que agora está a trabalhar no S. João. Olhou para nós com espanto e disse que nos conhecia tão bem, mas que não estava a conseguir localizar. Expliquei que do IPO, mas mesmo assim não estava a ver. Falei no Sarcoma de Ewing. Lembrou-se imediatamente. De tudo. Do acidente, de tudo, tudo. Mostrou uma alegria por nos rever que me deixou de lágrimas nos olhos. A meio da conversa pediu para a deixarmos abraçar-nos outra vez, tal era a alegria. Fiquei ainda mais emocionada. Que bom sentir um calor tão grande vindo de uma médica.

Almoçamos os dois num restaurante onde costumamos almoçar quando vamos lá. Tivemos das conversas mais agradáveis e abertas de sempre. Sentimo-nos ainda mais próximos. Ainda mais ligados.

Hoje de manhã mais uma despedida. Mais uma vez, partida ao meio.

"Porque metade de mim é partida. Mas a outra metade é saudade."
Oswaldo Montenegro.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A ILUSÃO

Foi ontem à hora de almoço. Eu e a Lúcia estavamos a conversar sobre a nossa relação com a comida. As dietas que fizemos ao longo da vida. E o impacto que isso teve no sistema emocional. E sobre o papel da doçura na nossa vida. E que eu sou doce mas não deixo o doce entrar.

E a Lúcia disse-me: O problema está em que tu sabes dar mas não sabes receber. E começou a abraçar-me e eu ia abraçá-la também, mas nesse momento ela puxou os meus braços para baixo. Não, tu só recebes. Recebe este abraço, só. E ficamos ali, assim, no meio da cozinha. Eu só a ser abraçada sem abraçar. Muito tempo. E comecei a chorar.

Nunca tinha recebido um abraço sem abraçar.

Porque não me abro para essa possibilidade. Porque quando abrimos o coração, tanto pode vir o abraço, como não. E a possibilidade de o abraço não vir desencadeia uma dor que eu não "queria" voltar a sentir. E quanto mais fugi dela mais ela me perseguiu. Por isso abraço tanto. Por isso dou tanto. Se for eu a dar não fico à espera que me dêem e não corro o risco que não me dêem.

E por isso Jesus me disse, em Agosto:

Se depois desta dor de teres aberto o coração e teres recebido uma facada em vez de um abraço, se depois desta dor conseguires manter o coração aberto, estás a ser mais destemida do que o mais destemido dos guerreiros.

É por causa do medo desta dor que fechais os corações. E quem não abre não recebe.
Podes receber uma facada. Mas também podes receber um amor incondicional e inesgotável.


Como a tendência ao longo da vida, sempre foi fechar, porque quando me sentia ferida não conseguia manter o coração aberto, criei uma carência que eu sempre tentei compensar com comida. Ainda o faço, inconscientemente. Já sei, muito bem, que não há nada na Terra que possa preencher o meu vazio. Nem pessoas, nem comida, nem coisa nenhuma. Nada. Só a energia de Luz. Só a energia da minha alma. Sei muito bem e treino muito isso. Mas ainda me continuo a iludir muitas vezes. Ainda reajo muitas vezes como se alguma coisa, como se a comida, ou como se alguém me pudesse devolver a energia lá de cima. Como se me pudesse devolver o sentimento de unidade e de absoluto. É-me mais difícil não me iludir com as pessoas principalmente quando reconheço a energia delas, a alma delas. E fico à espera que a energia delas cá em baixo seja como é lá em cima, e me devolvam as emoções lá de cima. Ora, se nem a minha é, porque é que a delas há-de ser?

E isso faz-me lembrar do João, um menino de 5 anos que eu costumava atender no Porto e que me oferecia sempre desenhos de jóias com as mais lindas pedras preciosas...eram as jóias super brilhantes que ele via lá em cima...e que costumava dizer à mãe quando ela lhe ralhava: "Enganaste-me bem. Quando te escolhi lá em cima para minha mãe tu eras tão linda e tão doce...Muito diferente de cá em baixo."

Quando no Sábado fui dar um passeio pelo jardim ao lado de casa e encontrei o "Banco do Amor"
fiquei com os olhos cheios de lágrimas por estar sózinha naquele momento. Por não ter com quem o partilhar. E Jesus disse-me:

Sabes que se estivesses com alguém, provavelmente nem tinhas encontrado este banco? Porque não terias tempo para fazer o que te apetecia e vires ao acaso, e vires espreitar estes recantos do jardim que ainda nem conhecias?

Sabes que se estivesses com alguém provavelmente nem estavas a fotografar e não ias partilhar estas fotografias com mais ninguém?

Sabes que se estivesses com alguém provavelmente não ias estar disponível? Nem para ti, nem para os outros? Estarias só para essa pessoa? Com a ilusão que ela te preenchesse e te devolvesse a plenitude lá de cima.

Sabes isso não sabes?

Tens que aprender a ser livre sozinha, para depois poderes desfrutar disto tudo acompanhada. Sem te perderes no outro. Sem te prenderes ao outro. Sem dependeres do outro.


Sim, essa sempre foi a minha maior ilusão. Sentir que precisava do outro. E como quem se ilude se desilude...A dor da perda e da desilusão sempre foram as minhas maiores dores. E a desilusão está relacionada com a ferida da minha alma. Por isso atraio para a minha vida pessoas que me provocam as maiores desilusões. Que me iludem sem saber que estão a iludir. E eu iludo-me sem saber que me estou a iludir. E quando finalmente me desiludo tenho que as deixar ir. E ficar sozinha. Até curar a ferida.

Quanto mais estiver consciente disto, menos probabilidades tenho de me voltar a iludir.

E a realidade, sem ilusões, é de que ninguém nem nada nos vai preencher. Vamos amar e ser amados. Uau... Mas não vamos depender para nos sentirmos realizados, plenos, conectados.

E eu estou a aprender a realização, a plenitude, a conexão, sozinha, sem dependências.

E aí, espero, já vou saber receber. E vou poder ser amada. Cá em baixo. E vou poder amar. Cá em baixo. Sem ilusões. E sem medo das desilusões. E sem medo das facadas.

E o Jorge, de tarde, sem saber de nada do que se passou na cozinha, deixou-me um chocolate na secretária...

domingo, 22 de janeiro de 2012

THE POGUES & THE ANGELS

No ano passado, num mês que não tinha nada a ver com o Natal, alguém me falou na musica dos "The Pogues" - Fairytale of New York. Com um determinado propósito que nunca ficou bem esclarecido.

No passado mês de Dezembro vários amigos publicaram essa música nas suas páginas do Facebook, por ser alusiva ao Natal, e eu estava sempre a tropeçar nela. Até que cheguei a um ponto em já quase fugia da música. E houve um momento em que estava a pensar: O que será que isto quer dizer? Às tantas estou a fugir da música e não é para fugir. E nesse instante a Lurdes Jóia envia-me por mensagem o vídeo dessa música...Bem! Este sinal é mais do que claro (Como todos os de que ela é mensageira.Não sei se ela vai gostar de ler isto...mas é verdade). Mas como se não fosse ainda bastante claro a música passou nesse momento na televisão. Apre!

Decidi começar a investigar. Fui para a net ler sobre os The Pogues, e sobre o vocalista Shane, e chego à namorada dele. Quando leio uma biografia dela volto atrás e acho que não estou a ler da pessoa certa, que me devo ter enganado a digitar o nome. Confirmo. Era mesmo ela. É que o meu preconceito não estava a achar normal que ela fosse a namorada do Shane. Porque o estado natural dele é bêbado e ela tem livros e um site sobre a canalização com anjos. Não sei porquê, achei que uma coisa não era compatível com a outra. Enganei-me. Como tantas vezes e com tantas coisas na vida.

Eles namoram há vinte anos. Na verdade não percebi se neste momento ainda namoram ou não, acho que não. Percebi foi que ela desistiu de o tentar mudar (achei engraçado ela contar que pensou: "O Dalai Lama não o tentaria mudar, então eu também não vou fazê-lo."). E afastou-se dele. Deixaram de viver juntos mas parece que continuam a gostar um do outro e a sair juntos.

Comecei a descobrir porque é que tinha de fazer esta investigação: a história dela, salvas as devidas proporções e distâncias, tem vários aspectos em comum com a minha: nascemos no mesmo ano, passou por grandes perdas, desilusões, começou a interessar-se por espiritualidade, praticou Yoga (hoje até é professora de Yoga) leu todos os livros que eu li, começou a praticar meditação e chegou a um limite, porque nada do que aprendia mudava a sua vida. Até que um dia escreveu uma carta de desistência, e nesse momento sentiu uma energia que falou com ela que ela identificou como sendo de Anjos. Pela vibração e pelo teor das respostas que lhe dão. E o que mais me impressionou é que o que os Anjos lhe dizem é parte da teoria que já aprendi há muito e que faz sentido. Sobretudo a importância das emoções e como lidar com elas.

"Your own feelings are a wonderful guidance system to help you make beneficial choices!"

Modéstia à parte, cada vez me convenço mais que a informação que Jesus passa através da Alexandra é a mais profunda que conheci até hoje, como Ele lhe disse uma vez é "The deep secret." Estudei muita teosofia, gnose, e nada me trouxe este conhecimento.

Para escrever este texto fui à procura daquele onde li a biografia da Victoria Mary Clarke para transcrever uma parte que tinha achado muito interessante, mas não encontro. Contudo há uma passagem no último texto que ela escreveu sobre o motivo porque atraímos as doenças, de que gostei muito:

"Practice resting.

Practice relaxing your muscles and your brain.

Practice laughing.

Practice loving. Loving yourself and loving others.

Practice acceptance of what is. Even acceptance of those things that you do not like!"


Ela agora é minha "amiga" do Facebook. E foi uma grande descoberta e aprendizagem. Sobre muita, muita, coisa. Sobretudo sobre preconceito. Meu.

sábado, 14 de janeiro de 2012

UM DIA NA MINHA VIDA...POR LISBOA

Fui acordada com um telefonema que me deixou muito triste e fui meditar para a praia. Lá, pude captar um momento de comunicação com Ele...acho que nunca pensei que isso fosse possível, que o que estava a fotografar estivesse sintonizado com o que estava a ouvir...




à vinda o sorriso da Agare que há dias se queixou de ter passado muito tempo sem me ver e que esteve para ir bater à porta da minha casa para me procurar.



Apanhei o comboio para Lisboa



com saída no Cais do Sodré





com passagem nesta padaria para tomar café.



Dirigi-me ao Quiron (Centro Português de Astrologia), para o meu encontro com a Maria Flávia de Monsaraz, e junto à Escola de Belas Artes, capto uma linda vista sobre a cidade.


Afinal o encontro não foi no Quiron mas na sua casa ao lado, embora more no Estoril. Fico encantada com toda a decoração e falo nisso. Em como tudo o que diz respeito à Maria Flávia revela um sentido estético impressionante, desde o próprio site do Quiron, até à gráfica dos seus livros, passando pela decoração dos seu espaços e pela forma como se veste. Responde-me que para além do sentido inato tem muito a ver com a sua formação em Belas Artes. Quando eu cheguei ela tinha acabado de dar uma entrevista para a SIC, a primeira depois de 7 anos sem ir à televisão.

Os momentos de conversa foram momentos de magia, pura. Um encontro marcante e inesquecível.

Saí sem destino e fui caminhando...parece-me que a melhor forma de conhecermos um lugar é a pé...mas já que estava perto do centro da cidade foi para lá que me dirigi.



Chego ao Chiado







e acontece-me algo chocante: uma senhora muito magra aborda-me para pedir dinheiro, dizendo que está desempregada há 7 meses e já não tem mais recursos para viver. Sei que pode não ser verdade. Mas também sei que pode ser. Enquanto procuro dinheiro na carteira digo-lhe que não tem do que se envergonhar mas que não tem que se entregar à bebida. Ela negou apesar do cheiro a álcool. A verdade é que eu não sei o que é faria se estivesse na situação dela, seja ela qual for, e sempre que sinto que alguem precisa de algum tipo de ajuda peço Luz para ela. Mesmo que não queira ou possa dar nada, posso sempre canalizar-lhe Luz.

E uns minutos depois estava eu numa caixa Multibanco e ouvi-a atrás de mim a fazer o mesmo pedido a umas senhoras de casacos de pele. A caixa multibanco tem um material que reflecte a imagem e eu estava a ver tudo o que se estava a passar. Não sei quanto dinheiro as senhoras lhe deram mas ela soltou uma exclamação de incredulidade enquanto elas se afastavam. O chocante foi que a vi erguer os olhos para o Céu, e a seguir ficou ali imobilizada a fazer uma oração. Fotografei o momento. E quando ela me viu começou a falar comigo a contar o que se tinha passado, sem saber que eu tinha visto tudo, mas eu não a ouvia, só a olhava com os olhos cheios de lágrimas comovida com a gratidão dela. Se calhar maior que a minha, que a julguei.



Sento-me na esplanada da Brasileira para almoçar enquanto assisto a um concerto de rua












e me entretenho a fotografar um grupo alternativo e os seus cães

ao mesmo tempo que ao meu lado outros grupos se entretêm a tirar fotos com Fernando Pessoa.







Parto para mais uma caminhada à descoberta e delicio-me com esta loja de discos, onde encontro muitos LP's iguais aos meus, e para variar, alguns de que nem me lembrava que tinha, como o do Sylvester. Também me surpreendo com vinis que não sabia que existiam, como os de Amy Whinehouse.
Percorro ruas do Bairro Alto onde só costumo ir à noite e encontro uma loja que adoro mas que só conhecia em Cascais.

Passo pelo Largo Camões, onde gosto sempre de passar,











e mais abaixo, na Rua do Alecrim, entro noutra loja que adoro, onde tudo é harmonioso e de extremo bom gosto, desde as flores naturais até aos melhores perfumes do mundo (todos custam mais de 100€) onde sempre que posso entro, e só experimentar os perfumes e falar com as simpatias que nos atendem (de repente estavamos aos abraços) já é fantástico. Já andei com os papelinhos onde se pôem os perfumes para cheirarmos, durantes meses na carteira, porque me deliciam. Deixaram-me fotografar as rosas, as mais bonitas e cheirosas que já vi, e contaram-me que o dono da loja é de Gondomar (apesar de conhecer a loja há tanto tempo não sabia, e por isso as filigranas que lá estão expostas - os corações portugueses) e que já ganhou o prémio de melhor jovem empresário. Fui agora à procura do nome da loja na net, porque não me lembrava, e encontrei este artigo na Time Out (http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=1262), que descreve a loja exactamente como é, e mais: não é que no artigo dizem da loja, que primeiro "estranha-se e depois entranha-se", o tal slogan do Fernando Pessoa para a Coca-Cola, e não é que a seguir, por acaso fui beber uma Coca-Cola?!...


Aqui está: a última paragem para o lanche, antes do regresso a casa,







e c'est fini.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

À ALEXANDRA SOLNADO

Se o livro foi uma surpresa, o comentário da Alexandra a esse texto, aqui no blog, foi outra.

A Alexandra está fora do país e eu ainda não tinha tido oportunidade de lhe contar. E era a primeira pessoa a quem quem queria ter contado.

Porque se o livro aconteceu foi em grande, enorme, quase toda, parte, por influência dela.

Porque isto da escrita começou com um email que lhe enviei quando o meu filho estava doente, e até já mostrei aqui num dos textos esse email. Depois de o ler a Alexandra começou-me a dizer que eu tinha de escrever. Uma coisa que nunca me tinha passado pela cabeça. Mas continuei quieta. Entretanto comecei a ouvir Jesus dizer-me a mesma coisa, e quando eu perguntava para quê, para quem, respondia-me que para Ele. Mas estava incrédula. Até que um dia, de repente a Alexandra perguntou-me:
-Então, já começaste a escrever?
-Não...Vou escrever para quem?...
-Para Ele.

Emudeci e percebi que a coisa não estava para brincadeiras. Nem sabia como começar. E a Erica e a Tatiana Neto convenceram-me a iniciar um blog, como conto no primeiro texto.

Mas se Jesus me propôs que escrevesse foi porque já conectava com Ele. E se conectava com Ele foi porque a Alexandra possibilitou isso. De outra forma eu nunca teria acreditado que estaria ao meu alcance.

Quando numa livraria peguei por acaso no primeiro livro da Alexandra, só para chegar a um livro que estava atrás do dela, senti uma vibração altíssima. Pousei o livro e tive que voltar a pegar. Não tinha dúvidas da energia que estava lá dentro (tinha sido aquele amigo de que falo no texto "Alma Portuguesa" que me tinha ensinado a sentir e a identificar a energia dos livros). E podia esperar tudo menos sentir aquela vibração naquele livro.

Depois de ler e estudar Deepak Chopra, Brian Weiss, Eckart Tole, e muitos outros, e de conhecer a obra deles de trás para a frente e da frente para trás, como é que ia ter algo a aprender através da Alexandra Solnado, que ainda por cima assumia logo na capa do livro que eram mensagens de Jesus, o que para mim era ridículo?

(A propósito, ter visto a Alexandra há um ano atrás ser cabeça de cartaz de uma palestra nos EUA, ao lado de Deepak Chopra, e ter ouvido contado por ela, as conversas que teve com ele e com o Brian Weiss foi das maiores emoções que senti).

Acho que esse foi o meu primeiro acto de coragem. Ler o livro. A grande surpresa. Como é que podia estar ali condensada tudo o que para mim era verdade? Como?? Também já aqui contei como encontrei a Alexandra no dia seguinte a ter lido o livro.

E o segundo acto de coragem foi fazer o primeiro curso. Março de 2004.

Ainda há dias contei à Alexandra que me lembro perfeitamente das primeiras palavras que ela disse nesse curso: "Este curso foi todo ditado por Ele". E nesse momento senti como uma descarga eléctrica no meu corpo. E senti: Ele está aqui. Incrível.

No primeiro exercício de meditação vi-O. Senti-O. A energia d'Ele entrou no meu coração. E fiquei colada à cadeira. Em silêncio, com as lágrimas a caírem, não me levantei durante o intervalo. Não conseguia. Estava em choque. E em êxtase.

E essa é grande diferença de tudo o que tinha aprendido. Até aí tinha acedido a imensa informação. Mas tudo no plano mental. Sabia imensa coisa, informação considerada secreta, muita informação que nem tinha sido divulgada em Portugal, mas a minha vida estava igual, nada mudara. Porque o que mudou a minha vida foi a transformação que a energia de Jesus operou em mim e no meu coração. Deixar a Luz entrar, deixar que mexa no nosso coração, é a grande diferença. Foi aí que tudo começou a acontecer. Muito para além do que podia esperar. Muito, muito, para além.

A minha mãe, e muitas amigas dizem-me: Sabes que eu não acredito na Alexandra.

Sei e compreendo. Ela também nunca precisou que ninguém acreditasse nela. Limita-se a cumprir o seu compromisso de passar a mensagem. Lembro-me de ter atendido uma senhora, professora catedrática, científica, que me dizia que só acreditava na Alexandra porque ela não fazia esforço nenhum para que acreditasse. Na verdade, cada um tem o seu tempo. Quando o aluno estiver preparado o mestre aparece.

Todos têm o seu tempo. Eu dou graças a Deus por ter aberto a minha mente e o meu coração. Por ter arriscado acreditar no improvável. Por ter arriscado deixar-me guiar pela minha intuição e pelo meu coração. Contra tudo e contra todos.

O que se passou a partir daí já fui contando nestes textos.

Tudo o que aprendi com a Alexandra e através dela transformou-me. Se alguma coragem tenho tido foi porque nunca vi maior exemplo de coragem do que o dela.

Trabalhar com a Alexandra, fazer terapia com ela, conviver com ela, conversar com ela, poder almoçar ou jantar com ela, foi dos maiores presentes que o Céu me deu, porque ela põe em prática na vida dela tudo o que ensina e à medida que vai recebendo informação, e eu aprendo com ela, ao vivo e a cores, como fazer. É como se estivesse a aprender tudo em directo.

Por isso, ler este comentário dela me deixou tão imensamente feliz!

OBRIGADA ALEX!

domingo, 8 de janeiro de 2012

LISBOA MENINA E MOÇA



- Cris, em que terra estás?
- Não estou em terra, estou em água. No mar e no rio.

Era o Pedro, hoje a ligar-me, e contei-lhe que naquele momento estava dentro da cabine do veleiro da Lena e do Rui, deitada, porque estava a enjoar por causa da forte ondulação (forte, para mim, só). E que tinha acabado de me lembrar dele porque a última vez que me tinha sentido assim tão enjoada foi num barco com ele e a Pinita, no Algarve.

Recomendou-me que fosse para a frente do barco, me deixasse apanhar vento e olhasse para o horizonte.

Mas não me apetecia mexer e resolvi ficar ali e tentar dormir.

Assim que começamos a navegar e percebi que a ondulação estava mais forte do que o costume, perguntei ao Rui se não seria melhor tomar um comprimido para o enjoo. E ele achou melhor não, porque a única vez que eu tomei dormi a tarde toda. E na verdade, nunca mais tinha voltado a enjoar, por isso não deveria ser necessário.

O mais engraçado, é que mesmo sem comprimido, dormi grande parte da tarde...

Quando me deitei primeiro senti o silêncio. E depois comecei a ouvir o barulho da água. E a sentir o embalo do barco. O embalo que me estava a enjoar.

E questionei-me como é que enjoo com o balanço da água, e não enjoo quando danço, por exemplo?

E o Céu respondeu-me: Porque quando danças és tu que controlas os movimentos do corpo. E aqui não. Aqui perdes o controle. É a água que provoca o movimento, não tu.

E disse-me para não tentar não enjoar, para não tentar nada, não fazer esforço nenhum. Só ir para dentro do peito. Fui. Cada vez mais fundo. Cada vez mais leve. Já não sentia nada. Só paz. E adormeci. Com a Mimi (uma cadelinha Yorkshire, que foi também uma prenda do Céu para a Lena) enroscada junto aos meus joelhos. De vez em quando eu acordava, ouvia a voz da Lena, do Rui e da Lurdes, lá fora, sentia o embalo do barco cada vez mais forte, agora sem enjoo nenhum, só como se estivesse a ser embalada para dormir, e sentia um bem estar tão grande que voltava a adormecer imediatamente.

Acordei no exacto momento em que estavamos a regressar à Marina. Ou seja, dormi durante horas. A Lena ajudou-me a concluir que não era só enjoo, era também exaustão.

Voltamos às gargalhadas e brindamos à nossa amizade e ao livro que eles ajudaram a materializar. Ou melhor, essa parte foi só deles. Sobretudo da cúmplice Lurdes Jóia.

Magnífico estarmos os quatro juntos ali, precisamente ali.

Tentei fazer um vídeo com o mínimo de qualidade quando estavamos em frente à Torre de Belém. Mas não havia meio de ficar em condições, por isso acabei por fazer esta compilação das várias tentativas (pelo menos dá para rir):



E a propósito de Mylene Farmer, o vídeo desta musica com ela e o "meu" Moby juntos (sim, porque tudo se entrecruza):

O MEU LIVRO E OS DIAS SEGUINTES

Ontem a Filipa abraçou-me. Um abraço sentido, longo, apertado. Comovente.
Disse-me: Tu tens tido grandes sofrimentos mas também recebes cada compensação!...

Porque tinha acabado de receber um telefonema da parte da Maria Flávia Monsaraz, a marcar a tal consulta por que esperava há 20 anos.

O que a Filipa disse é verdade. Tem sido a história da minha vida.

E o livro foi realmente uma das maiores compensações que tive, sem dúvida.

No dia seguinte a tê-lo recebido, senti que tinha de ir andar a pé, já era noite. Não me estava a apetecer, mas fui. Estava muito cansada porque com a excitação do livro, mal tinha dormido na noite anterior. Estava a começar a caminhada no passeio marítimo e Jesus chamou-me para a praia. Para a beira da água. Pediu-me para olhar para a luz do Bugio. E disse-me:

Falei-te na coragem necessária para ultrapassar esse ponto que simboliza a separação entre o mundo conhecido e o mundo desconhecido. Falei-te nisso durante o dia. Agora repara na coragem que é necessária para enfrentar o desconhecido durante a noite. Fazer-se a um mar desconhecido durante o dia, é difícil. Mas fazer-se a ele durante a noite é ainda mais dificil.
Isto é para perceberes que os desafios podem ser sempre mais difíceis.
E já te pedi para fazeres coisas equivalentes a entrar num mar desconhecido durante a noite. E entraste.


E chorei. E fiz-lhe uma vénia, ali, na praia. Porque me vergo perante Ele, que é a Luz. Como sempre fiz.

Estou a escrever isto e estou emocionadíssima, felicíssima só pelo amor que sinto por Ele. E porque me sinto amada.

E lembrou-me que nesse dia eu tinha contado a alguem que vivia sózinha e que isso não era verdade. Que eu vivo com Ele. Outro choro.

E que eu tinha escrito sobre as mudanças que fiz ao longo deste processo, de casa, de trabalho, mas que não tinha contado que até de nome tinha mudado. Que deixei de ser Cristina para passar a ser Olinda. Foi uma decisão minha, apesar de não gostar do nome Olinda. Tomei essa decisão porque na altura havia uma Cristina onde trabalho, e porque me ajudava a sentir a diferença entre a forma de vida anterior e a actual. E passaram a chamar-me Linda ou Lindinha, que até é bem bom. Gosto muito. Mas agora até estou a gostar mais é de Olinda Cristina. Quando me perguntam o nome já não hesito entre Olinda ou Cristina, respondo Olinda Cristina. O meu nome próprio completo. Talvez porque também me esteja a completar.

E Jesus continuou: Para fazeres o teu processo tens-me a mim no Céu e o teu filho na Terra. Estas bençãos podem fazer-te perder a noção de Terra. E o teu filho faz-te pôr os pés no chão. Puxa-te para as questões terrenas. Para não fugires daí. Não podes. Ele puxa-te. É por ele que vais a Rebordosa. Isso ajuda-te a perceber que tens muitas questões aí para enfrentar.

Voltou a falar no livro. E tal como fez no dia em que o recebi, relacionou-o com a minha entrega durante este processo espiritual, que terminou um ciclo de 7 anos. E voltou a falar no curso de terapeutas. Desta vez no trabalho de fim de curso. Em que descobri o prazer da escrita. Eu sabia muito bem o quanto gostava de ler, mas desconhecia o prazer que tinha em escrever. E dediquei-me aquele trabalho de corpo e alma. Fiquei surpreendida com o prazer que me deu, a tal ponto que escrevia de dia e de noite, sem sentir qualquer cansaço. Porque estava a escrever para Ele. Isso foi há cinco anos. E o blog começou há dois, porque Ele me voltou a pedir para escrever para Ele.

Já há uns meses atrás, Ele, de repente me tinha falado nesse trabalho do curso. Disse-me que eu na altura tinha ficado triste comigo porque era suposto pormos muito de nós próprios no trabalho e eu achava que não tinha posto nada de mim. E Jesus disse-me: Achaste que não puseste nada de ti. Não é verdade. Puseste todo o teu rigor.

Porque na altura eu não fui capaz de me misturar a mim com os ensinamentos de Jesus. Achei que uma coisa era uma coisa e outra coisa era outra coisa. Não quer dizer que eu estivesse certa. Mas que fiz por rigor. E esse rigor é uma qualidade. Pelos vistos.

Por outro lado, não me expus. E agora, com a proposta de Jesus, desenvolvi o gosto que tenho pela escrita, que me fez infinitamente mais feliz, e tive que me expôr. O que não consegui fazer há cinco anos atrás, fiz agora.

E que o livro é um culminar disto tudo. Deste processo. E por isso foi uma surpresa.

E engraçado que na altura a Filipa vinha comigo para o curso de terapeutas. Eu vinha do Porto e ela de Coimbra. Fizemos dezenas de viagens juntas, ou centenas, nem sei. Ida e volta duas vezes por semana, durante um ano ou um ano e meio. É fazer as contas, como disse o outro.

Realmente quando fazemos as coisas, só porque sabemos que temos que fazer, porque é o certo, porque é o que intuímos, recebemos o retorno quando menos esperamos.

E estou agora aqui a pensar que a Lurdes Jóia é uma boa cúmplice de Jesus...Sim senhora. Vai bem lançada. Primeiro a Pink. Depois a Silver. Agora o livro. Sim senhora, não haja duvida...Ah...mas agora me lembro: ela foi cúmplice ainda nem ela suspeitava, quando escreveu o primeiro comentário anónimo ao meu blog. Já na altura ela estava a ser cúmplice (porque foi o sinal que eu tinha combinado com Jesus) e nem sabia. Ó Lurdes, já tinhas pensado nisso? Que na altura já eras cúmplice?...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O MEU LIVRO: UMA DAS MAIORES SURPRESAS DA MINHA VIDA

Ainda estou em choque! Um choque bom...uma das maiores surpresas da minha vida!

Tudo envolto em secretismo. Não desconfiei de nada. Hoje a Lurdes enviou-me sms a dizer que vinha ter comigo para me entregar a prenda de Natal e que gostava que a Lena e o Rui estivessem presentes, porque eles sabiam o que era. Mas eu não cheguei a desconfiar do que fosse. Não tinha como desconfiar. Embora me tivesse feito umas perguntas estranhas, mas que contornou muito bem.

Quando contei à Lena que a Lurdes queria que ela estivesse presente, ela disse que achava bem, porque até me podia dar uma coisa. Ou seja, até me podia sentir mal. Estranhei. Estranhei muito. O que é que poderia ser?

Finalmente a Lurdes chegou. Os três acharam melhor que eu me sentasse. E então a Lurdes entregou-me o embrulho. Quando abri e vi livros com a capa igual à imagem do meu blog desatei num choro convulsivo...Quando acalmei abri o livro e ao folhear desatei em novo choro...



Realmente, não podia prever. Nunca imaginaria.

Estou imnesamente grata à Lurdes. Grande impulsionadora do meu blog. E à Lena, que foi das amigas que para além de estar sempre presente e me apoiar em tudo na vida, também sempre me incentivou imenso a escrever. Aliás até somos sócias e temos um blog juntas, o da Pam-Poila. E o Rui que é a pessoa que mais me faz rir. Quem já viu o nosso vídeo da Pam-Poila, pode fazer ideia do quanto nos divertimos todos juntos, porque me rio assim com eles práticamente todos os dias. São três grandes amigos.




Comentei, logo a seguir à surpresa, com a Lena, que ultimamente andava a achar estranho que toda a gente me perguntasse quando é que o livro saía, e Jesus nunca me tivesse falado nele. E ela respondeu: "Pois não. Porque não era para seres tu a tratar, era a Lurdes."

E de facto foi à Lurdes que Ele disse como é que ela tinha de fazer. E quando fui fazer meditação para agradecer a Jesus esta prenda, que foi sobretudo d'Ele, disse-me que por isso já tinhamos estado várias vezes os quatro juntos no veleiro, em Belém. Porque era lá que tinha a energia da partida. De partir à aventura. Da coragem de largar uma coisa sem saber onde vai parar. Como os descobridores. Não sabiam onde iam parar. E eu ficava sempre a pensar quando se falava em livro: Livro para quê? Se tinha que escrever já tenho o blog. E com o blog acessível porque hão-de comprar o livro?

Não fazia ideia de como é diferente. Agora que tenho o livro na mão, não parei de o ler, que fácil, folhear para trás e para a frente, levá-lo para todo o lado. Não é preciso ter computador, nem net, é tão mais fácil...dá muito mais gosto ler. Fica tudo mais claro. Até admira eu não ter percebido logo isso, eu que gosto tanto de livros. E Jesus disse-me que eu não tinha percebido porque não queria perceber. No fundo, incosncientemente, não me sentia merecedora. E por isso era importante sentir aquela energia de Belém, largar sem saber onde vai parar. Não tenho que saber o que vai acontecer, se vai resultar ou se não. Só tenho de fazer o que sei que tenho de fazer. Se tenho coragem para umas coisas, tenho que ir buscá-la para outras.

Disse-me que por outro lado, se eu agora tenha o livro, foi porque nunca me passou pela cabeça tê-lo. Na verdade, apesar de tanta gente me falar na possibilidade de fazer um livro, sobretudo ultimamente, eu nunca considerei essa hipotese sériamente. Jesus nunca me tinha falado nisso e eu também não lhe perguntava. Pensava que se alguma dia fosse para tratar disso Ele me diria. Apesar de os sinais à minha volta serem mais do que muitos.

Disse-me: Tens o livro porque nunca te passou pela cabeça tê-lo. E tens este trabalho porque nunca te passou pela cabeça tê-lo.

E é verdade. Enquanto fiz o curso de terapeutas nunca me passou pela cabeça ser convidada para este trabalho. Aliás até achava que seria toda a gente menos eu. Numa palestra a Alexandra disse que das dezenas e dezenas de pessoas que frequentavam esse curso, só uma ou duas, no máximo ficariam a trabalhar no Projecto. E eu pensei: aqui está a confirmação de que não serei eu. E o mais engraçado é que também não me via a trabalhar em nenhum outro lado. Mas sabia que tinha que tirar o curso. E interrogava-me para quê. Mas continuei. Era a pessoa que vinha de mais longe. Duas vezes por semana do Porto para Lisboa. Chegava a casa às 03:30h da manhã. Continuei porque sabia que tinha que continuar embora não fizesse ideia porquê.

Jesus disse hoje que este trabalho e este livro foram por causa dessa humildade.

E eu perguntei: E tenho que dizer isso no texto de hoje?

Tens.

Depois explicou-me que por nunca me passar pela cabeça que os textos fossem transformados em livro, escrevi como se ninguem fosse ler. Apesar do numero de visitas ao blog encarava como um cantinho muito intimista, que pouca gente lia. Sem pensar em nenhuma projecção. Escrevia porque tinha que escrever. Porque Ele me disse isso. E por isso me conseguia expôr tanto. Há dias Ele disse-me:

A tua vida tem estado on line.Precisaste disto para te desfazeres das máscaras de protecção que foste colocando ao longo de várias vidas. É por isso também que hoje és feita de coração. Não tens como escapar da emoção, da dor. Toda tu és coração.

Também Fernando Pessoa, de quem tanto te falei, escrevia porque tinha de escrever. Aqui tens um paralelismo com ele. Publicado em vida dele, só teve um livro, como um teu amigo te disse tantas vezes.


Ai Jesus, não vou escrever que me disse isso do paralelismo com Fernando Pessoa.

Vais.

Pronto, escrevi, e por aqui me fico.

Acrescento só que nesta meditação voltei a estar com a alma da minha Avó Bertina, e este encontro foi a confirmação do seu acompanhamento, lá desde onde está, em Luz, deste processo da escrita, porque o texto que escrevi sobre ela continua a ser o mais lido de sempre. Nunca o número de visitas a um texto se aproximou sequer do número de visitas ao dela. Desde que o escrevi passou a ser o primeiro e assim se mantém até hoje.

E o segundo mais visitado é o FREEDOM, que foi logo o segundo texto que escrevi. E que foi o mais visitado até escrever o da minha Avó. Desde aí também se mantém sempre em segundo lugar.




Tenho muito que agradecer a Jesus, à minha Avó Bertina, à Alexandra!

E muito obrigada à Lurdes! Muito obrigada. É mesmo caso para dizer que sem ela nada disto teria acontecido!(Quando nos conhecemos não diriamos que nos tornariamos em amigas tão importantes uma para a outra).

E obrigada a todos que sempre me incentivaram! E obrigada a todos os que me lêem.


Olinda Cris


PS: Gostei de reparar que praticamente todas as fotos que publiquei no blog foram tiradas por mim (isto serve para o bem para e para o mal) com raras excepções.

E agora me lembro do livro da Helena Sacadura Cabral que me veio parar às mãos, que era uma compliação de textos do seu blog...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

PARTIDA AO MEIO

Viver entre dois mundos. Faz-me sentir partida ao meio. Quando venho de Rebordosa para Oeiras. E quando vou de Oeiras para Rebordosa.

Depois destes dias tão próxima do meu filho...(que está mais meigo de que nunca). tão próxima da minha mãe... Anteontem comecei a sentir aquela sensação que tinha em miúda ao Domingo à noite - a véspera de ir para a escola: um desconforto. Por mais que saiba que depois de chegar a Oeiras fico bem, custa-me sempre muito a despedida.

Chego cá. De volta à minha salinha...ao meu jardim...à minha praia...era noite, não a vi, mas senti-a. Que bom...O meu McDonalds. A desgraça. Não resisti e fui lá buscar um hamburguer. Sou a rainha das gaffes. Então no McDonalds já tenho umas poucas. Ontem, mais uma: o rapazinho que me atende está afónico, começa a falar normalmente mas a voz vai subindo e afunilando, fica num fio e depois perde-a; acontece isto a cada frase e eu começo a rir-me...

Volto para casa pela minha ruinha linda, já bem disposta.

Ao chegar à porta reparo melhor na bota que lá tenho pendurada.



A minha senhoria fê-la para mim. Disse-me que fez com as cores que acha que têm a ver comigo. Achei encantador. Adoro quando me oferecem coisas que foram feitas pelos próprios a pensar em mim. Fico sempre enternecida. Percebo sempre que me conhecem minimamente. E curiosamente têm muitas vezes em comum a côr lilás. Como o colar que a Eugénia me ofereceu há dias. Como este quadro da Isabel Luz, que por acaso me telefonou quando eu vinha a caminho.



E como este quadro que a minha Tia Olga também fez para mim, quando estava a estudar pintura:



Tanto miminho. Deixei o mimo do meu filho, da minha mãe, para voltar a este lugar aonde me sinto também muito acarinhada. De volta aos meus amigos daqui. Ao meu trabalho. Para ter umas coisas tenho que deixar outras...

Não me devia custar deixar Rebordosa. E não custa. Mas custa deixar as pessoas. Ainda hoje tive uma grande lição sobre as pessoas de Rebordosa. De quem não falei muito favoravelmente num dos ultimos textos. Mas para ser verdadeira tive que dizer o que disse. Embora haja há lá muitas pessoas de quem gosto, como também disse. Muitas mesmo.

E então, ontem passei com o meu filho num café, muito pequeno, que eu frequentei nos anos em que tive escritório em frente, há muitos anos (já devo ter saído de lá há uns 10 anos - então naquele café é que eu cometi gaffes...saía sem pagar, depois queria pagar outra vez já depois de ter pago, saía sem esperar pelo troco, saía sem tomar o café, pedia um café depois de ter acabado de o tomar...enfim, meu Deus). E a dona do café de quem eu sempre gostei muito, e que tem uma família que por acaso para mim era uma espécie de modelo, ontem quando já nos estavamos a despedir, disse-me que eu era um sol. Que tinha uma luz que iluminava. E que lá em Rebordosa precisavam muito da minha luz. Que eu fazia muita falta. Eu fiquei calada, emocionada, a olhar para ela...Nunca em todos os anos que a conheci me tinha dito nada de parecido, embora sempre tivesse expressado a amizade que tinha por mim. Até porque é uma pessoa muito reservada.

Senti-me quase envergonhada. Senti como se a senhora fosse uma representante de Rebordosa. E como se Rebordosa me estivesse a dar uma lição. Depois do que eu aqui escrevi, Rebordosa estava a ser mais compassiva comigo do que eu com Rebordosa.

Hoje de manhã já fui à praia. Dar o bom dia. Fiquei a olhar o mar que estava mais bonito do que nunca. As ondas com espuma muito branca. Grandes. Uma veio muito maior do que as outras e tive que correr a fugir dela e a rir. Parecia que o mar estava a falar comigo...O mar, tão abundante...e as ondas...que se fazem sem esforço de ninguém...assim é a Vida. E eu entrego-me à Vida e ao seu movimento.

E deixo aqui este vídeo, porque esta música, este poema, foram, sem dúvida, dos que mais marcaram o meu ano: