sábado, 2 de abril de 2011

O medo. E o medo do medo.

"Obrigada por todas as bençãos.
Obrigada pela encarnação.
Obrigada por poder vibrar na matéria.
Aprender com ela.
Obrigada pela vibração.
Obrigada pela incrível emoção, boa ou má, forte ou fraca, que me é permitido viver todos os dias.
Obrigada pelos dias.
Obrigada pela dor, que libertada se transforma em alegria.
Obrigada pela noite, que se vivida se transforma em dia.
Que tudo seja exactamente
Como tem de ser
Para que eu chegue exactamente
Onde possa ver
A Luz.
Onde possa ter
Luz."
Jesus
in O Livro da Luz de Alexandra Solnado

Como diz a minha amiga Helena, eu rio e choro com a mesma facilidade e a mesma intensidade.

Os últimos dias foram emocionalmente bastante intensos.

E depois da ansiedade, do medo, que me fez ter a sensação de que o meu coração ia parar no momento em tive a notícia do resultado da ressonância do Zé, veio a bonança...a descontracção...e a felicidade.

Fiz questão de transmitir o mais rápidamente possível a todos. Sei que todos se preocupam e a todos agradeci e agradeço do fundo do meu coração.

A primeira reacção foi da Alexandra, que me telefonou no mesmo segundo em que lhe enviei a sms. Logo a seguir a Helena. Por "coincidência" são as duas pessoas que melhor me conhecem. As duas pessoas que conhecem o que se passa dentro de mim, o que sinto e como sinto. O que é mais e menos difícil para mim. O meu trajecto e os desafios que a Vida me propõe. E por quê me propõe.

A Alexandra, por vários motivos, e porque me faz leituras da alma... canalizando a energia de Jesus. Se algum dia tivesse tido dúvidas, elas ter-se-iam dissipado com o que ela me diz...que ninguem mais, a não ser eu, podia saber. Como coisas que eu apenas tinha pensado...coisas que eu apenas tinha dito a Jesus, respostas a perguntas que eu apenas tinha feito em pensamento. Coisas que nunca tinham saído do meu íntimo. Identificando os meus nós, que estão na origem de tudo o que me acontece. ...Dizendo-me como desatá-los. Quase nem chego a fazer perguntas, porque não é preciso...É mesmo um leitura da alma...nem precisamos de falar...Muitas vezes coisas que nem sabia, nem podia imaginar...outras de que nem tinha consciência. E, literalmente, faz-se Luz na nossa vida...

A Helena porque é a minha terapeuta. E minha grande amiga. Tenho outra amigas que me fazem terapia, mas a Helena é a minha terapeuta regular. E eu a dela. Conhece-me como ninguém. Conhece os meus desafios como ninguém. Conhece os meus medos como ninguém. Conhece a minha dor como ninguém. Perdeu a única filha, Sara, de 17 anos, com cancro, há 7 anos.

As semelhanças entre nós, a nossa vida, os nossos mapas natais, são incríveis.
É com ela que eu mais choro. É ela que ampara o meu choro no seu abraço. Mas é também com ela que eu mais rio. Quando estou com ela e o marido dela, o Rui, pareço um criança... de tanto rir. Apesar de trabalharmos juntos ainda arranjamos pretextos para nos encontrarmos só porque nos rimos sempre tanto...Numa terapia, percebi que sou mais criança agora do que quando era criança...tantos foram os medos que fui libertando e os nós que fui desatando.

E essa foi a minha coragem: enfrentar os medos. Enfrentar a dor.
Nunca tive coragem para enfrentar nada nem ninguém. Até perceber que só tinha que enfrentar uma coisa. A mais difícil. A dor. Mergulhar na dor. Ir ao mais fundo da dor. E aí descobri a minha coragem. E enfrentei os medos. Porque os medos são medos da dor. E eu que tenho o maior dos medos: medo do medo. E eu que tenho um mapa astrológico kármico...e um karma vivo. Em que as memórias se misturam com o presente. Quando estudava astrologia, na aula sobre o Saturno, o planeta do karma, no fundo o planeta da dor que temos mais medo de enfrentar, a professora foi perguntando aos alunos o que sentiam os que tinham Saturno em Carneiro, em Touro, e por aí fora, até chegar ao último signo- Peixes. Que é onde eu tenho o meu Saturno. E eu disse que sentia os medos todos de que tinham falado: o de Carneiro, o de Touro, o de Gémeos,...todos. E ela disse que era isso mesmo. Que eu tinha esses medos todos juntos...e por isso o medo do medo. Ainda não os enfrentei todos, não os libertei todos, nem pouco mais ou menos...nem sei se algum dia o farei. Acho sinceramente que não. Mas já me fui transformando. E a minha vida transformou-se. Porque é exactamente nesta ordem que tudo acontece. Primeiro dentro, e depois fora.

"Obrigada pela dor, que libertada se transforma em alegria.
Obrigada pela noite, que se vivida se transforma em dia."

2 comentários:

Lurdes disse...

Depois de ler este testemunho incrível ... Onde as palavras desenham as acções, e reflectem sentimentos que são difíceis de expressar. Que só um coração grande pode transmitir desta forma tão simples e tão sentida...
O medo do medo ... foi uma grande ajuda para mim hoje, encaixou mesmo. Mais uma vez Olinda obrigada pela tua partilha, porque senão fosse o medo do medo, e saber que se pode enfrentar esse medo. Eu não estaria aqui a escrever... Nem sequer saberia onde estaria... OBRIGADA!
Um abraço
Lurdes

Olinda Cristina disse...

Lurdes...deixas-me sempre sem palavras...Eu costumo dizer que sou um bom exemplo...de que se pode mudar...porque ninguém era tão difícil como eu...tão resistente...tão tolhida pelo medo...e por isso acredito tanto na mudança das pessoas e confio tanto nelas. Porque realmente tudo pode acontecer. Ainda ontem uma rapariga me dizia que não sabia que a vida podia dar uma volta de 180º depois da primeira consulta...É que pode mesmo. E eu demorei anos a acreditar nisso. Aprendi da pior maneira, mas ao mesmo tempo, da mais gratificante.
Bem hajas Lurdes, que estás a fazer um trabalho e uma mudança INCRÍVEIS!!!! Olha só o talento que se perdia na escrita se não tinhas feito essa mudança...Não podia ser!...OBRIGADA EU!Abraço apertado.