sábado, 31 de dezembro de 2011

ESTOU NA TUA TERRA

Ao texto anterior faltava acrescentar que este tema, viver entre dois mundos, viver entre duas terras, me deixou uma dúvida: qual era a minha terra. Ou se não era nehuma. Ou se eram as duas.

Andava eu às voltas com este dilema e telefona-me o meu grande amigo Pedro, e primo por afinidade, e diz-me:
- Cris, estou na tua terra, queres boleia?
- Estás aqui em Rebordosa?
- NÃO!! Estou em Lisboa!

Este telefonema parece que foi a resposta que eu procurava.

Mas ainda hoje Rebordosa me brindou com o melhor que tem: Fui ao supermercado e encontrei uma amiga, que é a mais nova de três irmãos que cresceram comigo porque viviam na casa em frente à da minha Avó Bertina, e frequentavam a casa da minha Avó tanto ou mais do que eu. referi-me a eles no último texto. Nas férias eles passavam em minha casa a maior parte do tempo, e brincavamos muito aos cowboys e aos indios e lembro-me especialmente de um dia que acho que foi o dia da minha juventude em que mais me ri.

No mesmo supermercado encontrei a mãe de outro grande amigo, também de Santa Luzia, e a quem também me referi no último texto.

E de tarde, uma das melhores surpresas dos últimos tempos: A Teresa liga-me e diz que está a passar em Santa Luzia. Poder recebe-la foi uma grande prenda no último dia do ano.

Ao fim do dia encontro uma das senhoras que contei que foi vítima de violência doméstica, irmã da que foi morta pelo marido, e quase nem a reconheci, de cabelo curto...ter deixado o puxo (como nós aqui dizemos) pareceu-me sinal de grandes progressos.

E logo a seguir passei na casa da senhora que foi ama do meu filho. Em conversa com o marido (que o meu filho adora, aliás tanto ele como eu adoramos toda a familia) descubro que ele é tetraneto do tal senhor italiano que introduziu aqui a marcenaria. E conta-me que agora com a reforma se está a dedicar a fazer guitarras, portuguesa e clássica. Já há uns anos tinha oferecido ao meu filho um cavaquinho feito por ele. Mostrou-me as que já estáo finalizado e fiquei deslumbrada. Com a perfeição. Com os pormenores. Infelizmente não tinha a máquina fotográfica comigo porque adorava mostrar aqui o magnífico trabalho. Até os estojos são feitos por ele. E disse-me: finalmente posso fazer aquilo de que mais gosto, desde pequenino...

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