terça-feira, 19 de julho de 2011

PORTO

Ontem tive que voltar ao hospital de S.João. Um assunto relacionado com o meu filho, mas que não propriamente com a doença, voltou a fazer-me sentir o coração nas mãos.

Há dias acordei com um sobressalto, um medo de ter passado o prazo para tratar de um assunto lá, no hospital. A médica que me atendeu foi bastante simpática. Não tinha passado prazo nenhum, mas que calhava bem eu lá ter ido porque estava na hora de tratar da prorrogação do mesmo prazo. Ainda bem que segui a minha intuição. Alívio.

Enquanto eu fui ao S. João o meu filho foi ao IPO tratar da consulta que vai ter na próxima semana. E já me disse que quer ir sózinho. Já que eu não estou cá, não quer ir com mais ninguém. Que já tem idade para tratar de tudo sozinho. Está muito independente.

Deixo o meu filho na Trindade com amigos, e vou com a minha Mãe tomar um café ao Casal Lounge, na Avenida dos Aliados. Pedimos também um waffle, para dividir entre as duas, que nenhuma de nós pode comer destas coisas...Depois de muito tempo à espera o empregado vem pedir desculpa pelo atraso justificando com uma avaria na impressora. E pergunta-me a minha Mãe: Mas vamos comer papel?...É que se o problema é na impressora...

A seguir vamos espreitar o resultado das obras no Palácio das Cardosas, que agora é um hotel. Aproveitamos para perguntar sobre a diária. O senhor diz que o preço promocional de abertura é de 195€, com pequeno almoço. E enquanto apreciavamos a decoração diz-me a minha Mãe: qualquer dia pego em 200€, venho cá passar a noite e ainda deixo 5 de gorjeta...Muito espirituosa, a minha Mãe.

A propósito dos amigos do meu filho, foi connosco ao hospital, um amigo dele que até tinha dormido lá em casa nessa noite , da mesma idade que ele, e que é filho de uma rapariga que era minha cliente quando eu era advogada. Tinha-a conhecido precisamente quando o filho dela nasceu. Só a voltei a ver anos mais tarde, mas ficamos amigas. Eu gostava imenso dela e sabia que ela também gostava muito de mim. Desde aí lembrava-me muitas vezes de ela me ter contado que adorava cavalos. E que quando era pequena, o pai dela se ria com os amigos perguntando-lhe à frente deles o que é que ela queria ser quando fosse grande, e ela respondia: um cavalo. Aquilo tocou-me tanto que eu na altura fiquei com os olhos cheios de lágrimas e pensei o quanto gostaria de lhe poder dar um cavalo. E lembro-me perfeitamente de ter pensado que Jesus que gostava tanto de nós, mais do que eu era capaz de gostar dela, se não nos dava o que nós queríamos é porque não podia mesmo ser. Isso marcou-me para sempre.

Ela também se chama Cristina. E quando o meu filho um dia chegou lá a casa com este amigo e me disse quem era, eu fiquei surpreendidíssima. Não poda nunca imaginar que os nossos filhos se iriam tornar amigos.

Ao fim da tarde, mais uma despedida em Campanhã...desta vez por 15 dias.
Viagem de comboio tranquila. Atrás de mim um pai com uma filha com 17 anos talvez. O senhor muito bem disposto vai contrariando a filha que diz que vai sair para aqui e para acolá. Ao lado dois jovens falam de música. Até gostava de ir ouvindo mas eu também prefiro ouvir música. E fazer meditação. E desta vez num instante, chego a Lisboa.

Nunca chego a casa de dia, quando venho do Porto. Hoje cheguei. E ficar a olhar o mar foi o que me ajudou. Porque sempre que chego sozinha sinto uma espécie de choque. Que passa. Como passa tudo na vida.

2 comentários:

Pedro Quitério disse...

Olá Olinda.
Sabe que eu sempre gostei muito de estar sozinho, comigo...e agora não é assim...
Fiquei muito feliz por ter agradecido ontem o mail que lhe enviei...
Normalmente ninguém agradece, até parece que sentiu que me estava a apetecer ler umas palavras suas....
Abraço apertado.
PQ

Olinda Cristina disse...

Olá Pedro!O email era muito bonito, mesmo, e o mínimo que posso fazer é agradecer a atenção, que me dá tanto ânimo, sempre. Um abraço apertado e obrigada por estar aqui.