domingo, 19 de fevereiro de 2012

DUAS GRANDES LIÇÕES

No passado Sábado fui à inauguração no Clube Literário do Porto da exposição de Pintura e Fotografia de Verónica Henriques da Silva e Pedro Laycos (que recomendo vivamente),amigos da minha amiga Teresa Lamas Serra.

Quando saí da exposição, fui passear pela Ribeira. Ali o rio e as luzes são mágicos. E ao aproximar-me da água comecei a ouvir "Lisboa, Menina e Moça". Vinha de dentro de um dos barcos ancorados. O mesmo fado que ouvi na última vez que velejei pelo Tejo, no Harmony e que se ouve no vídeo que publiquei no texto com o mesmo título da musica, a 8 de Janeiro.

Deixei-me ficar ali a ouvir a música e ao mesmo tempo ouvi muitas outras coisas. Que eu não estou entre duas terras. Mas sim que abarco duas terras. Que abraço duas terras. Lisboa e Porto. Que não estou dividida entre as duas. Que pelo contrário, integro as duas em mim.

Repito à exaustão que nada é por acaso...e realmente não é. E no Sábado, antes de sair de casa tinha escrito para este blog um texto sobre Lisboa. Em que contava que tinha descoberto que adoro Lisboa. No minuto em que clicava no botão para o publicar o texto apagou-se. Não percebi como aconteceu. E nunca tinha acontecido antes. Percebi que não era para publicar, e por isso não o reescrevi. Fiquei à espera de perceber porquê.

Percebi naquele momento, ali, junto ao rio.

No texto que tinha escrito contava o feliz que fico sempre que vou sozinha à descoberta de Lisboa. Como fui na terça-feira passada, em que tirei esta fotografia no Chiado. Calcorrear ruas. Conhecer espaços novos, diferentes, originais. Adoro. Sinto uma felicidade enorme. Reenergizo-me.

E no Sábado, enquanto conduzia pela marginal, na direcção da Ribeira, já noite, e via as luzes, comecei a sorrir sozinha. Feliz. Porque adoro o Porto. Mas isso já sabia.

Adoro o Porto e adoro Lisboa. Pelo que estava a perceber, integrei as duas cidades na minha vida. Os dois mundos. Tal como integrei os dois mundos energéticos. Não me dividi. Integrei. Boa.

Mas não foi a única lição desse dia.

Tinha estado todo o dia à espera que o meu filho se decidisse a sair. Ele tinha dito que queria passar o dia comigo e que íamos fazer um programa juntos. Esperei pacientemente todo o dia.

Até que reparei que já era fim da tarde. Decidi que já não ia sair. Fechei os olhos, triste. Sentia vontade de sair sozinha mas pensei em todos os mil argumentos para não o fazer. Afinal tinha chegado na véspera à noite de Lisboa, estava em Rebordosa que fica a 34km do Porto, já era tarde, precisava mais de descansar do que de sair.Se ficasse em casa ainda podia jantar com o meu filho. Porque principalmente estava triste por o meu filho não ter saído comigo, como prometeu e ter preferido ficar a dormir.

Os meus argumentos pareciam muito válidos, mas o que sentia no peito era uma vontade enorme de sair sózinha.

Vai! Não esperes pelos outros, vai!


Não espero pelos outros?!... Mas eu não pedi nada ao meu filho. Foi ele que me disse que queria sair comigo. Eu disse que sim e fiquei à espera. Não esperar pelos outros, se foram eles que pediram e concordei, implica deixar de acreditar neles, ou não?

Prometem porque no momento sentem necessidade de te agradarem. Se não cumprem, isso vai reflectir-se na energia deles, não na tua. E tu não podes ficar eternamente à espera, porque tens outras coisas para fazer. Lembraste do que te disse no reading? Tu vais e quem quiser vai contigo. Vais porque tens vontade de ir. Tu preferias ir com eles, mas como não cumprem, tu não vais ficar focada na atitude deles, à espera e frustada por eles não cumprirem. Continuas a tua vida.

Era verdade. Eu tinha lido no mural da Teresa sobre a inauguração da exposição e tinha ficado com vontade de ir.

Se tens vontade de ir, porque não vais? Não disseste a ninguém que ias, ninguém sabe que vais. Não dependes de ninguém para ir, ninguém depende de ti. Vais por um único motivo: porque segues o teu coração.

E fui. E adorei.

1 comentário:

Essencialma disse...

Como sempre, texto tão importante!!
Escolhas atrás de escolhas!!
A cada momento temos de escolher, compromisso ou não, connosco!!
E é tão difícil, e uma mistura de emoções....quando me dou conta, também já o faço, eu primeiro :)
E tanto que dava para falar das emoções várias que a escolha trás ;)

Beijinho grande....