terça-feira, 26 de junho de 2012

CATARATAS NO MAR

De repente, no mar de luz abre-se uma catarata. Como assim??? Uma catarata no meio do mar?? Isso não existe!...Com a surpresa veio também a sensação de pânico. O meu barco de luz aproximava-se rápidamente do início da queda de água. Não estou a perceber nada...isto não era suposto...e isto vai ser o meu fim nesta prova...

"Para que queres as asas que te demos?"

Ah, sim...as asas...e quando já estava prestes a ser engolida na queda de água gigante bati as asas...voei e o barco foi parar lá em baixo, intacto. "Aterrei" dentro do barco. E voltei a um mar calmo.



Fiquei a perceber melhor o que já sabia. Que em momentos de pânico não nos lembramos dos recursos que temos para enfrentar o desafio que nos está a assustar. Não temos lucidez, não temos discernimento. Tudo assume proporções gigantescas e parece-nos que não vai haver solução. Que vai ser o fim.

Quantas vezes, em momentos que para mim eram muito difíceis, precisei de ajuda para sentir e ver a situação como ela era e não com o meu filtro que me fazia ver tudo negro.

Ainda há pouco estava a meditar e a sentir que mesmo no meio do caos podemos sempre escolher sentirmo-nos gratos por toda a ajuda que nos é enviada para lidar com esse caos. E que há sempre um motivo superior para estar a acontecer o que está acontecer. E que o que está acontecer é sempre o melhor para nós. Nós é que normalmente não temos acesso às outras hipóteses possíveis. Se não, estaríamos gratos por ser esta e não outra. E que quando sentimos gratidão já estamos a conectar. E que quando estamos a conectar já estamos rodeados de ajuda. Mesmo que não a estejamos a ver nem a sentir.

E 30 minutos depois de ter pensado isto e me ter sentido em gratidão, ao fim de um dia especialmente difícil, recebi uma prendinha. Como sempre, absolutamente inesperada.

De facto, ninguém cuida de nós como a Vida cuida quando nos entregamos.

Há dias, estava a conduzir, e de repente lembrei-me dos anos em que esperava tão ansiosamente que alguem cuidasse de mim. Desejei tantas vezes ser internada ou ir para um convento onde cuidassem de mim. Só para que cuidassem de mim, de tanta exaustão.

A mesma exaustão que me levou ao limite e me fez virar no contrário.

E afinal, quem melhor cuida de nós é a Vida. Afinal, é tão simples. Surpreendentemente simples.

2 comentários:

Chalezinha disse...

«Surpreendentemente simples» mas não necessariamente fácil, ou não teria piada nem apreciávamos condignamente o sabor da dádiva!
Sandra

Olinda Cristina disse...

Nem mais :)