domingo, 8 de julho de 2012

HOSPITAIS OUTRA VEZ

O meu filho tinha uma cirurgia reconstrutiva de uma cicatriz, marcada para Setembro.

Na passada terça-feira, quando eu estava a entrar para o comboio com destino a Lisboa, recebi um telefonema do hospital, a informar-me que, por razões burocráticas, a operação teria que ser realizada neste Sábado.

Com o telefone ainda colado ao ouvido vim à porta da carruagem chamar por ele " Zé Miguel, vais ser operado no próximo Sábado"! O quê? perguntou ele, e o comboio arrancou.

Tinha acabado de me abraçar com todo o carinho. Com muitas declarações de amor. E com a promessa de me visitar em Lisboa.

Fui o início da viagem a fazer telefonemas para que se conseguissem fazer todos os exames médicos necessários antes da operação.

Sentia-me apanhada de surpresa e muito agitada.

Minutos antes, ao entrar na estação tinha-me sentido uma nómada. E foi a primeira vez que essa expressão me veio à cabeça. Lá ia eu outra vez para Lisboa, e lá estava eu a despedir-me outra vez do meu filho. Sempre a parte mais difícil. Na última terapia que fiz o Céu falou na importância da mobilidade na minha vida. Não me sentir fixada a lado nenhum. E realmente aí estava a mobilidade. Ao arrancar para Lisboa prevendo ficar lá por umas semanas, afinal já ia ter que regressar daí a 3 dias.

Todos estes pensamentos impediam-me de centrar , de relaxar. Só a partir do meio da viagem consegui conectar-me. E quando estava a dizer a Jesus "Vim entregar o meu filho"...Ele respondeu-me "Já estamos a tratar de tudo."

Senti um conforto...um amparo, um amor maior do que tudo o resto. Quando somos confrontados com algo que nos assusta temos a impressão de ter acontecido algo que não era para acontecer. Que podia ter sido evitado. E não temos noção de que TUDO acontece como tem que acontecer. Mesmo que aos nossos olhos nos pareça errado ou injusto. Energéticamente nada é errado ou certo. Nada é bom ou mau. Tudo é como tem de ser. E quando Jesus me respondeu, isso ficou muito claro. Já estava tudo a ser preparado para ser assim. Os propósitos, os designios, até nos podem escapar. Mas mais tarde ou mais cedo vamos perceber porque é que teve de ser assim e não de outra maneira.

Isto estava a acontecer no dia 03 de Julho, terça-feira. O acidente do Zé Miguel que desencadeou tudo, foi no dia 02 de Julho de 2008. Tinha feito na véspera quatro anos.

Ontem, Sábado, dia 07 do mês 07, dia da operação. Estava no meu quarto a acabar de preparar as coisas para levar para o hospital e ouço nas minhas costas a voz do meu filho "Bom dia princesa! Amo-te muito." O abraço mais terno do mundo e uma queixa: estava enjoado. Pensei logo que este ia ser um dia longo...muito longo. E foi. Todo o dia em espera. O Zé só se lembrava da operação ao apêndice de há 4 anos. Da cicatriz que não cicatrizava. Do mês inteiro no Hospital de S. João. Agora estavamos no Hospital de Riba de Ave. Mas o medo de que tudo se repetisse Em jejum, só foi operado às 22h.

Regressou ao quarto quase à meia noite. A chorar com muitas dores e muitos tubos. As enfermeiras pediram-me para sair. Tinham deixado os pais ficar até ele chegar da cirurgia mas como era maia noite não podiam deixar ficar mais tempo.

Pedi-lhes para não o deixarem ter dores. que lhe dessem toda a medicação que pudessem, mas que por favor não o deixassem ter dores. Disse-lhes que ele já tinha sofrido muito e por isso estava tão preocupada. Garantiram-me que iam fazer tudo o possível.

Já no carro, liguei a ignição, mas não conseguia arrancar. Tinha que voltar para casa, mas o meu coração ficava lá. A Vãnia ligou-me nessa altura e senti-me mais confortada. Aliás fui confortada toda a tarde com as mensagens das minhas amigas.

Arranquei. Durante a viagem senti que mais uma vez tudo tinha que acontecer sozinha. Nos momentos mais dificeis. Sózinha físicamente. O estômago estava embrulhado, encolhido, doía-me. Eu que nunca tenho dores de estômago. A menos que esteja no limite de uma emoção difícil. As pernas tremiam-me. Às tantas encostei o carro e parei. Tentei restabelecer-me. Lembrei-me do que tinha sentido no quarto do hospital. O colo de Jesus. Que na altura até me fez do texto de pegadas na areia. De que realmente é nos momentos mais dificeis que mais cuida de nós. Retomei a condução e cheguei a casa. A chorar.

Agora estou de saída para lá. De volta ao circuito dos hospitais.

8 comentários:

Cátia disse...

Oh... minha querida Olinda... Quando alteraram a consulta que tinha marcado para fazer consigo lembrei-me do seu filho... Espero k tudo corra o melhor possível e k saiam deste desafio os dois ainda mais unidos e que o amor que sentem um pelo outro cresça ainda mais. Um beijinho mt grande e mta Luz para os dois.

Chalezinha disse...

Beijo!
<3

Pedro Quitério disse...

Olinda e Zé Miguel, não temam, Ele cuida de vós.

"O Senhor é o meu pastor, nada me faltará..."

Vocês são fortes, e vão conseguir enfrentar o circuito dos hospitais.

Beijinho para ti e abraço para o Zé.

PQ

Lurdes JC disse...

Amiga enviei-te uma mensagem pessoal.
São grandes momentos, que vêm testar a conexão e a fé... Ter fé é a rendição absoluta, a entrega absoluta e este é mais um teste: "Confias ou não confias?".
Por tudo isto que vivencias e pelas tuas escolhas sinto que é uma bênção estar aqui e partilhar os teus momentos, nos quais eu sei que tudo vai correr como mereces...
Um gd beijinho para ti e as melhoras do Zé Miguel.
Pois os momentos voltam de uma forma mais leve, pois o que aconteceu à 4 anos atrás, repete-se mas por uma questão de aperfeiçoamento da intervenção que foi feita.
Desta tua amiga do coração
Lurdes Jóia

Olinda Cristina disse...

Muito, muito, obrigada, Cátia, Sandra, Pedro e Lurdes.

Nestes momentos as vossas palavras são ainda mais importantes. Ainda hoje disse à Vânia, que está sempre presente quando é mais difícil, que nestes momentos sentimos o carinho dos amigos de uma forma especial.

Pedro, a tua fase tem um significado especial para mim, sabias? Sempre mexeu muito comigo.

E Lurdes, a forma como falaste na rendição absoluta, nos desafios, também me tocou particularmente, tb já to disse pessoalmente.

A vossa amizade é muito importante para mim.

Obrigada e beijinhos pata todos.

Sílvia disse...

Olinda, mais um desafio...e difícil, como sempre...
Pensa no lado positivo para conseguires encará-lo de frente, estou-me a referir ao facto de a operação ter sido alterada e não ficar para setembro, desse modo passas por isso agora e não em setembro...
Aproveita todas essas emoções porque são o melhor pra ti e tu sabes isso melhor que ninguem,
embora quando estamos na situação é muito difícil mas se tivermos alguém que fale a mesma linguagem e nos lembre da importância que tem torna-se logo menos penoso e agradecemos mais...
Por isso aproveita ao máximo porque tu és forte e consegues e eu parece que te estou a ouvir dizer no fim disto que foi "altamente purificador", como me disseste na terapia em relação àquele desafio tão difícil para ti aquelas palavras saíram-te lá do fundo da alma.
Beijinhos e as melhoras para o teu filho <3<3<3
Sílvia

Graça Ribeiro disse...

Oh minha querida Olinda, revejo em ti o sofrimento da minha família na altura das minhas operações. E foram tantas...e tão dolorosas!.
A tua força tem que vir de dentro para fora para que chegue ao teu filho. Sei como é importante sentir que os familiares estão tambem a sofrer. Só isso é uma energia que alivia o nosso sofrimento.
Um abraço muito apertado e partilho tambem a força instrinseca que existe em mim para que te ajude e ao teu filho neste momento.
Com a ajuda de analgésicos e sobretrudo a luz de Jesus sei que vai melhorar rapidamente.
Muita fé!.

Olinda Cristina disse...

Muito obrigada Sílvia e Graça. Obrigada à duas e beijinhos grandes.