quarta-feira, 23 de junho de 2010

SAIU-NOS UM PESO DE CIMA...


Saiu-nos um peso de cima: segundo os resultados da última ressonância que o Zé Miguel fez, está tudo bem. Foi-nos dito ontem pela médica dele. A alegria e o alívio são indiscritíveis. Rimos e choramos ao mesmo tempo. Abraçamo-nos. Relaxamos.

A médica disse até, que o osso parece estar menos furado (em resultado da radioterapia) do que estava na ressonância anterior. Como se estivesse a recuperar.

Sei que tenho de aprender a viver assim. Com o coração nas mãos. Como me disse o médico alemão, o Prof. Jurgens.

Isto ajuda-nos a ter outra perspectiva sobre a vida.
Da efemeridade.
De que o que é hoje pode não ser amanhã.
De que nada é garantido.
De que sozinhos não somos nada.
De que a vida é muito mais forte do que nós. E aprendemos a aliar-nos à vida. A deixar que ela nos guie.
Descobrimos como somos protegidos.
Descobrimos Quem nos protege e como nos protege.
Descobrimos que protecção não é o mesmo que imunidade.
Descobrimos como somos protegidos mesmo quando nos sentimos como se o mundo nos estivesse a cair em cima.
Descobrimos a nossa coragem.
Descobrimos que não é a força que nos salva, mas sim a coragem.
Descobrimos como a nossa fé se reforça quando sentimos essa protecção.
E descobrimos quem somos. E ao descobrir quem somos, descobrimos porque é que as coisas nos acontecem.
Descobrimos que as coisas que nos acontecem nos fazem ser ainda mais e melhor.
Mais do que alguma vez imaginamos ser.
Melhor do que alguma vez sonhamos ser.
E agradecemos por tudo o que nos acontece. Mesmo quando é o mundo a cair-nos em cima. Mesmo quando é o chão a sair-nos debaixo dos nossos pés.
Mas não é fácil. Não é mesmo nada fácil. E cansa. Sobretudo cansa quando pensamos que tinhamos saído duma e nos sentimos enfiados noutra.
Ontem depois de semanas de angústia, o alívio.
Hoje outra marretada na cabeça. As finanças à perna. Mesmo à bruta. Estava eu a chegar a Lisboa e a ver que tinha de dar a volta e regressar ao Porto.
Não enerva, não revolta, não nada.
Não tem sequer qualquer comparação com a saúde do meu filho.
Mas cansa.
Fragiliza-me.
Desgasta-me.
Para que não me esqueça de me manter humilde.
Para que não me esqueça de que nada é garantido.
Para que não me esqueça de que tudo pode acontecer.
Para que não me esqueça de que sozinha não posso nada.
Para que não me esqueça de manter no meu caminho.
Para que não me esqueça de que tenho muito para limar.
E agora a parte boa: é na fragilização, no desgaste, na humildade,que eu mais olho para dentro.
E que me sinto por dentro.
E que melhor sei quem eu sou.
E que mais sinto a protecção.
E que mais sinto Quem me protege.
E sentir Quem me protege não tem comparação com mais nada.
Tudo tem a parte boa. Tudo.
E o melhor ainda é que podemos ter a parte boa sem ter que levar marretadas na cabeça...eu é que custo a aprender...e quem não vai a bem vai a mal...

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