quinta-feira, 3 de março de 2011

Não ia contar isto...mas cá vai: Megève/ Serra de Lordelo


Há dias ia começar a escrever sobre Megève e a relação com uma situação da última semana. Desisti porque achei que não devia contar. Mas novamente a mensagem do Livro da Luz - "Expõe-te, expõe-te, expõe-te." Continuei a achar que não devia. Ontem comprei a Time Out Porto e inesperadamente tinha um artigo sobre Megève. E hoje acordei com a sensação nítida que era para escrever.

Então aqui vai:

Há cerca de 10 anos fui com um grupo de familiares e amigos passar uma semana a Megève, uma estância de ski particularmente bonita, nos Alpes franceses. Nunca tinha esquiado na vida e estava a aprender com um professor, eu e mais alguns, porque a maioria eram esquiadores quase profissionais. Só faziam pistas negras. Logo no segundo ou terceiro dia o professor teve a abrilhante ideia, porque achou que estavamos a progredir muito depressa, depois de mil quedas e cambalhotas, de levar os principiantes para as pistas dos mais experientes para esquiarmos todos juntos. (É verdade, nos momentos em que conseguia esquiar tinha a sensação de uma total liberdade...) Assim que começamos a subir de teleférico em teleférico, quase até ao céu, fui ficando aflita, porque sabia que se estava a subir aquilo tudo, ia ter que descer...e tenho pânico das alturas...fomos para o mais alto do mais alto (pelo menos para mim) ...e quando começamos a descer o meu ski esquerdo enterrou-se na neve, eu caí para trás e ouvi um estalido enorme que pensei que era o osso a partir mas afinal se veio a revelar uma ruptura de ligamentos do joelho. Chamaram por socorro (e nunca mais me vou esquecer da ternura das minhas primas e amigos e da aflição do professor) e veio um rapazinho com uma maca onde me colocaram, atrelada a ele...ele ia deslizando de ski e eu deitada na maca que ia amarrada à cintura dele. Descemos quilómetros e quilómetros...e muitas vezes a velocidade supersónica...Não percebia porque é que não tinha medo nenhum e estava tão serena e tranquila...E foi então que pela primeira vez na minha vida tive a sensação de estar a ser literalmente acompanhada na descida por Seres de Luz...lembro-me perfeitamente de ter ficado atónita e de ter pensado: "Então é aqui que eles estão..."

Só no ano passado, quando estava a ler o "Voo Sensitivo" da Alexandra, no capítulo sobre a viagem dela ao Alasca é que, salvas as devidas proporções, percebi o que senti em Megève. Percebi que pude sentir o que senti, por ser um local energéticamente mais puro do que qualquer outro que tivesse conhecido.

E lembrei-me disto a propósito do ultimo fim de semana em que na madrugada de Sábado para Domingo, cerca das 3h, quando vinha do Porto, resolvi, para ir buscar o meu filho e encurtar a viagem, em vez de ir pela Nacional ou AE, atravessar a Serra de Lordelo. Agora tem uma estrada nova, mas que é isolada, porque é no meio da serra, e ainda completamente às escuras sem qualquer tipo de iluminação a não ser a Lua. Ninguem gosta de lá passar de dia que fará de noite. Ainda menos sozinha. Mas senti que não corria perigo, a minha intuição guiava-me para lá e fui. À medida que ia avançando na estrada pelo meio do monte, só com a luz do meu carro e sem nunca me cruzar com nenhum outro, ia ficando um pouco desconfortáve, porque a minha cabeça estava a sugerir-me todos os tipos de situações aflitivas e a dizer-me que eu era maluca e que devia ter medo. Mas continuava tranquila. Intuitivamente sentia que não corria perigo. E comecei a acelarar e a aproveitar para fazer um pouco de rali sem muito perigo também...afinal era uma serra deserta...Acho que juntei o útil ao agradável...achar que devia sair dali rapidamente e viver a emoção da alta velocidade que eu adoro e tanta adrenalina me dá... Sorria sozinha...

No fim, respirei de alívio e pensei que por mais que tivesse corrido bem era uma experiência a NÃO repetir.

Mas a verdade é que não percebia porque é que tinha feito aquilo. Podia ter sido perigoso.

Só dias depois caiu a ficha: percebi que não tinha sentido medo, porque apesar de tudo, apesar de ter tudo para ser altamente assustador, aquele lugar era energeticamente mais puro do que qualquer outro cheio de gente por onde andamos...e que mesmo a meio da madrugada, podia sentir isso. E foi isso que eu fui lá aprender.

E logo a veio a comparação com o que tinha sentido em Megève. E percebi tudo.

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