sábado, 21 de maio de 2011

AS VOLTAS DA VIDA

Há 3 anos morreu-lhe a filha de 32 anos com cancro. Hoje perguntou-me se me lembrava de há dois meses atrás eu lhe ter perguntado se tinha morrido recentemente algum padre que fosse amigo ou conhecido dela. Tinha-me respondido que não. Na verdade nunca me tinha sequer falado em padres. Estava impressionada porque depois dessa pergunta morreu um frade amigo dela. Que tinha conhecido através de um amigo, engenheiro químico como ela, e que tinha sido aluno do frade, nas aulas de semiótica, do curso de Ciências da Religião que ele entretanto tinha resolvido tirar. E contou de como é sempre tão difícil esta separação física. E do texto do Frei Bento Domingues no jornal Público, sobre a morte deste frade, comum amigo, em que se referia a esta partida física, como sendo a passagem da morte à vida. Achei curioso e contei-lhe como ainda há dias tinha escrito sobre isso. E que tinha dito que quem parte fisicamente perde tudo daqui, mas encontra muito mais do que perdeu. E então começou a contar-me como foi a despedida da filha. Os dias anteriores à morte e o dia da morte. Ainda não tinha falado tão pormenorizadamente sobre isso. As lágrimas corriam-me. Correram ainda mais quando contou que o filho, inseparável da irmã, só mais novo do que ela 14 meses, no momento da morte dela dirigiu-se à janela do quarto, abriu completamente as cortinas que estavam cerradas, e disse: “Finalmente estás livre!”…

No final da nossa conversa perguntou-me aonde é que eu escrevia. Disse que num blog e pediu-me o endereço. Aproveitei para lhe perguntar se podia escrever sobre esta conversa. Acho que vou ter o prazer de a ter aqui como visitante.

Logo a seguir sou avisada sobre o atraso de uma senhora que já deveria ter chegado, mas que tinha ligado a dizer que estava atrasada porque ontem deixou o carro numa oficina e hoje não se tinha lembrado disso e tinha andado à procura do carro por todo o lado. Eu sorri e disse…mas isso pareço eu…e a Filipa já se estava a rir e a dizer que foi a primeira coisa que pensou…que parecia uma coisa minha. Aguardamos. Senti empatia imediata com ela. Era a primeira vez que a via. Havia ali qualquer coisa de estranho. Sinceramente, muito estranho. Depois das primeiras palavras olhei para o mapa astrológico dela, curiosa…Fiquei estupefacta. Mapa quase igual ao meu. Já conhecia duas pessoas com aspectos muito parecidos com os do meu. Mas esta tinha 14 aspectos iguais!!!!!! Nunca tinha visto nada assim…De todas as pessoas que conheci na minha vida, esta será talvez a mais parecida comigo, energeticamente. A um ponto verdadeiramente impressionante. A mesma idade. Acho que o que não coincide no nosso mapa faz com que o dela seja talvez um bocadinho mais difícil do que o meu. Ao fazer-lhe terapia compreendi muito bem o que a Lena diz sobre fazer-me terapia. E isso foi um gosto para mim. Podia escrever aqui muito sobre a impressão que tive dela, e da sensação de olhar para uma pessoa que por dentro era tão parecida comigo. Que embora da mesma idade, em fase muito diferente da vida. Reconheci a necessidade de estudar psicologia e psiquiatria que ela estudou durante anos, na esperança de não ficar maluca e descobrir porque sentia tudo tão intensamente...O que mais destacaria do que conheci hoje dela? A paixão por Jesus…Jesus Cristo, como ela diz. As duas, temos Cristina no nome.

Depois a viagem para o Porto. No comboio de Oeiras para o Cais do Sodré sentei-me ao lado de uma rapariga que estava a fazer anotações num caderno. Às tantas reparei que estava a ordenar títulos de músicas. Curioso…o mesmo que eu ando a fazer para me preparar para “DJ” da festa da Laura…

Já no comboio para o Porto a Tatiana ligou-me. E voltou a meter-se comigo como fez ontem. Sobre a viagem que há tempos éramos para ter feito juntas para o Porto, mas ela ficou na estação porque já não havia bilhete para ela. Eu embarquei porque tinha comprado o meu na véspera. E depois leu um texto neste blog em que eu contava o que me estava rir nessa viagem por causa do que ia acontecendo na carruagem. “Nunca mais me perdoou”… Porque ela tinha ficado triste, e eu ia na viagem a rir-me. Então ontem quando fomos à noite a Lisboa, ao passarmos na estação foi um verdadeiro “teatro”…referia-se à despedida daquele dia como à do Titanic…acusava-me de amiga da onça…de não me ter importado que ela morresse naufragada…e a partir daí desenrolou um verdadeiro filme…e ela faz-me rir tanto, mas tanto, que quando dei por mim era eu que estava a fazer um verdadeiro teatro no parque de estacionamento, de tanto rir…

Chegada ao Porto, encontro com família e amigos...e ouvir coisas surpreendentes...que me enchem de alegria...Atrevo-me a contar isto...porque mostra as voltas da vida...eu que já achei que era tudo negro...Não é que a vida já não seja difícil...mas também já é sobretudo muito luminosa...

4 comentários:

Lurdes disse...

Mais uma vez, me tocas, mais uma vez, agradeço a bênção de te ter conhecido. Estava a reflectir sobre o amor e a dor, a mensagem 168. Resolvi escrever aqui, neste cantinho do céu, as palavras que jesus me direccionou, porque aqui há uns dias, estive na maior das confusões. Ou melhor o Ego apoderou-se de mim, e por um lado sentia amor, por outro lado queria viver na dor, conforto, desconforto. Eu que me achava tão certinha, e de repente vejo fragilizar-me tanto, tanto, que resisti à fragilização, e claro a minha dor aumentou. Um coração puro, que Jesus me direccionou, disse-me palavras tão mágicas, tão libertadoras, que percebi o cansaço em que me estava a envolver. E claro que depois de Jesus me ter "empurrado" para o local onde me encontraria, e ainda não sei como, nem quero saber . A ajuda foi impressionante. Este texto as voltas da vida, vem apenas desenterrar bem de dentro mim, as voltas que a vida dá, para ver se estou atenta a elas. E porque te escrevo a ti? Isso não tem qualquer importância. Porque o céu nos guia e conduz para onde nos encontraremos, ou aceitamos e confiamos, ou não.
Jesus diz: E porque é que eu te transmito uma mensagem à cerca da diferença entre amar e fragilizar-se?
Simples. Porque se não te deixares fragilizar, não vais amar nunca.
Tu és incrivel, ris de tal forma que esse teu sorriso interior contagia quem está á tua volta.
E sabes que esta frase com que terminas este teu texto, foi aquela que mais me ajudou, quando em desespero egótico te consultei...
Não é que a vida já não seja difícil...mas também já é sobretudo muito luminosa... (foram as tuas palavras guiadas pelo céu, que me recordaram da luminosidade...
Um abraço
Lurdes
(desculpa o testamento mas quando leio os teus textos, acontece sempre algo, que não sei descrever, e por isso escrevo !!!)

Pedro Quitério disse...

Estanha a estranhar desde o dia 16 não escrever nada...eu que procuro diariamente palavras novas...Heheheh
Mais uma bela reflexão, e desta vez não é só uma, são duas...
Na realidade passa-se da morte para a Vida e ...com ela continua a Paixão por Jesus Cristo...

Parece que conheceram a minha irmã Dalila na última terça feira..., ela não tem papas na língua, como se costuma dizer, e desde que foi ao Nível I mostra muito mais alegria e entusiasmo. É mais uma...
Vou fazer Nível II no próximo fim de semana, e esperar para O ver e sentir...se tiver de ser assim...
Por aqui me fico para que não corra o risco de o meu comentário ser mais longo do que o da Lurdes, (mesmo que fosse a Lurdes tem um dom especial de transmitir uma sensibilidade que até assusta...)
Forte abraço
PQ

Olinda Cristina disse...

Lurdes, os elogios, embora saiba sem dúvidas, que são do coração, embaraçam-me sempre e fico sem saber muito bem o que dizer...não é que eu não goste...o que me assusta é gostar tanto...e isso não me fará muito bem, se calhar...e por outro lado, muito sinceramente, não sei se serão justos... Bom, mas vou aproveitar para te dizer o que sinto: sabes que quando escrevi agora a tal frase com que termino o texto não me lembrava de já ta ter dito?!...Só sei que tudo o que te disse e digo é porque realmente te considero muitíssimo, admiro-te a ti a ao teu percurso, a tua mediunidade, a tua luminosidade, a tua competência e dedicação. A tua capacidade de amar. E a tua mudança, verdadeiramente espantosa. E muitas outras coisas em ti. Tenho a certeza que sabes o quanto gosto de ti. E vieste trazer ainda mais alegria à minha vida. Muita. Obrigada eu, por tudo, que nem sei como te agradecer. Abraço apertado.

Olinda Cristina disse...

Olá Pedro! Imagine a coincidência (que não existem...)de estarmos eu e a Lurdes juntas, quando conhecemos a sua irmã.

Obrigada por estar atento a este cantinho, onde tenho tanto gosto em vos encontrar.

E está mesmo de Parabéns pelo seu blog, Pedro! Como já lhe disse, é um gosto lê-lo.

Ah, e o Pedro lembra muito bem... a Lurdes também tem aquele dom especial para a escrita...

Muito obrigada Pedro, e um grande abraço para si.