sábado, 14 de maio de 2011

TEARS

Quando hoje cheguei a Santa-Apolónia estava capaz de entrar no comboio sem bilhete...fui tomar café, fazer compras...e não me lembrava de comprar o bilhete...já não havia lugares junto à janela...pedi então para, por favor, não me dar um daqueles lugares de quatro, e o senhor disse-me que até ia ficar longe desses lugares...não sei o que é que ele entenderá por longe, porque fiquei no lugar imediatamente atrás desses...e quando o comboio encheu na estação do Oriente, lembrei-me de reparar no ambiente...será que ia ter "matéria" para escrever um texto?!...e reparo que do outro lado do corredor, virados para mim, iam dois gémeos...iguaizinhos! Com cerca de 28 anos talvez. De fato cinzento igual. Mas um já tinha tirado a gravata. Fiquei fixada a olhar para eles. E eles repararam. Não conseguia tirar os olhos deles porque me estava a sentir a entrar outra vez num cenário que tinha visto quando fiz uma das últimas terapias. Foi uma terapia que a Lena que me fez. E nem eu nem ela tínhamos visto nada de parecido nestes anos todos de trabalho. E o cenário tinha a haver com uma vida passada em que eu tinha uma irmã gémea. Nessa terapia percebi porque nunca, nunca, nunca, quis ter irmãs. A minha mãe sempre me disse que tinha muita pena que eu não tivesse irmãs, porque ela tinha e sabia o quanto isso tinha sido bom e importante para ela. E sempre lhe respondi que ainda bem que não tinha. Que gostava muito das minhas primas e as considerava como irmãs. Mas uma irmã mesmo não queria. E nunca tinha percebido porquê. Se tinha um irmão que adorava, porque não havia de gostar de uma irmã? Até ao dia da terapia, que foi há cerca de dois meses. Em que percebi isso e outras coisas. Foi mais uma peça de um puzzle. Um puzzle, que neste caso é um karma. E que só há pouco tempo tomei consciência, que este não é um karma como outros que tenho. Este é chamado de karma de morte. E por isso hoje ainda chorei. E por isso nos últimos tempos algumas vezes tive a sensação de que ia morrer...de dor. Dor emocional. Porque a memória, às vezes mistura-se com a realidade. Sobretudo no meu caso, que por causa de toda a minha energia de água e kármica, tenho o chamado karma vivo. Imagine-se sentir vivo um karma de morte... Pior do que os outros...se bem que nenhum seja fácil. A não ser o bom karma. E que por acaso vai ser o tema dos próximos workshops da Alexandra pelo país no mês de Julho. Para que as pessoas saibam que têm talentos que podem usar nestes tempos em que todos se queixam....Voltando ao assunto dos karmas que não são bons nem fáceis...levam tempo a curar.Por isso é que tem que se fazer terapia. Para limpar a memória. E deixarmos de confundir o passado com o presente. E por isso é que temos de chorar. Para sair a tristeza que ainda não tinha sido chorada e que fazia com que a energia do karma ainda estivesse activa. E que tornava o karma vivo.

Estava a olhar para os gémeos e a reviver tudo outra vez...como se voltasse a ficar vivo...fechei os olhos e as lágrimas começaram a correr...tive que pousar as folhas com o texto em inglês que vinha a ler e tanto me estava a entusiasmar e deixar as lágrimas caír...não adiantava nada o lugar onde estava...apesar de ser sempre embaraçoso para mim chorar em público era impossível parar...e tinha que deixar sair mais uma dose de tristeza...uma tristeza que já me tinha levado à morte...um tristeza que de tanto ser chorada há-de acabar...e chorei, chorei...só limpava as lágrimas muito de vez em quando...na esperança de que não reparassem...imaginei que os gémeos tivessem achado estranho verem-me a olhar para eles e depois a chorar...e chorei até adormecer...quando acordei, em Coimbra, saiu muita gente e mudei de lugar para poder ficar sozinha e mais à vontade....e o choro recomeçou...até chegar ao Porto...

Olhei para o vidro da janela para ver a minha figura...se se notava muito os olhos de chorar...e reparei no novo colar que trazia...antes de sair do consultório tinha atendido uma rapariga que me ofereceu um colar feito por ela. Que fez para mim. Pediu-me para esperar 5 minutos porque não tinha tido tempo de o acabar e não queria deixar de mo dar hoje... Lindo. Com fio transparente e uma pedra verde: uma aventurina. Ela teve o cuidado de pesquisar sobre uma pedra que achasse adequada para mim e que tivesse a cor dos meus olhos. Lembrar-me desse gesto dela voltou a encher-me de calor...de conforto...de gratidão...e quando já estava em casa alguem me tratou por "sweet heart" e mais alguem me disse que eu parecia mágica...e ainda mais alguem me disse outras coisas igualmente lindas...os meus amigos, que me tocam...me enternecem...e me ajudam a recuperar o sorriso...e o meu filho...o meu filho lindo que só vi por um minuto...porque eu estava a chegar e ele a sair...mas não tem mal...tenho tempo de o ver...e ele tem a vida para viver...

7 comentários:

Graça disse...

Que privilégio fazer autoterapia..conseguir chorar, sózinha, só com base em lembranças..E a dor saiu..e o karma vai-se limpando.
Como o Universo é sábio, quando colocou uns gémeos à tua frente após te ter negado o teu lugar preferido.
Que bom entender todos os sinais que vêm do Céu..que bom poder agradecer as dádivas que nos são oferecidas dia-a-dia!.
Depois da limpeza vem a abundância da luz. A luz que vem do Céu e que nos enche de leveza a ponto de toda a gente perceber o ar radioso que emanamos.
Mais uma vez obrigada pela partilha e por nos fazeres compreender como é importante limpar karma, a densidade, para dar lugar à luz.

Pedro Quitério disse...

Agora percebo porque não tenho memória de a ter visto no projecto em 26/27Fev...
A Olinda como tem a família toda no norte, sempre que pode "foge" para lá, para carregar baterias...
E depois não é só isso... Se não fosse com frequência até lá de comboio, como era que escrevia seus reports tão sentidos e emotivos das suas viagens?...
Bom fim de semana, na companhia de todos que mais ama.

Olinda Cristina disse...

Graça e Pedro, alterei parcialmente a última parte do 1º paragrafo. Obrigada pelas vossos comentários. Como podem calcular nem sempre é muito fácil para mim expôr-me desta maneira. Mas tento não me auto censurar sobre o que escrevo e tentar que as minhas palavras reflictam sentimentos da minha alma.
Realmente Pedro, não estive no curso de 26/27 porque o meu filho fez 18 anos a 26 de Fev.!
Continuação de bom fim de semana para os dois e abraços.

Lurdes disse...

No Words!!!
Mata-me a curiosidade!!!
Porque pões alguns títulos em Inglês?
Chorar alivia, limpa... desbloqueia. Queria tanto chorar ... Mas não consigo :(
Veijos
Lurdes

Olinda Cristina disse...

Curiosity killed the cat!!!!...LOL...Veijos

lurdes disse...

Oh!
Não respondeste à minha pergunta ...
Mas obrigada porque vou chorar...
As lágrimas somem-se e secam com a curiosidade que o não matou o gato...
veijos

Olinda Cristina disse...

Vês?!...Foi propositado...Já não te podes queixar...e salvou-se um gato...