sábado, 8 de outubro de 2011

TRÓIA E O BEZERRO

Vamos ficar aqui enterradas...Enquanto a minha mãe vaticinava o nosso futuro imediato eu, que sempre tive pretensões a corredora (é uma força de expressão), engatava a marcha-atrás e no mesmo exacto segundo, a minha tia no banco de trás, dizia: Mete a marcha-atrás. A minha tia sim, foi mesmo corredora. Durante anos foi campeã nacional de provas de perícia. E é mãe do João, que corre nos EUA e que o ano passado foi campeão mundial.

Na minha família sempre houve a panca da velocidade. Quase todos os tios já correram. E primos também.

E o carro saiu a toda a velocidade da areia onde eu o tinha estacionado a toda a pressa. Sem pensar que podia não ser fácil tirá-lo dali.

Porque quase a chegar a Tróia passamos por um pequeno lago onde uma vaquinha estava a tomar banho. A minha tia perguntou: Viste? Vi e já vou dar a volta para ir fotografar. A minha mãe: Não acredito que vais voltar para trás...É que a minha mãe já se andava a passar comigo por causa da mania da fotografia e na véspera tinha-me dito: Minha filha, quando voltar a sair contigo, primeiro pergunto se vais com máquina ou sem máquina, porque se a levares eu não vou.

E quando eu estava a fotografar a vaquinha, que por acaso tinha um filhote bebé, que nos derreteu, ela dizia: Já chega de vaquinha...assim nunca mais chegamos ao destino.
E já no regresso, ao aproximarmo-nos desse local, vinha eu a pensar se os animais ainda lá estariam e pergunta a minha tia: A vaquinha ainda lá estará? E a minha mãe: Ai valha-me Deus! Era o que nos faltava...Filha, vais ter que passar a usar sempre colete reflector, porque tu paras em qualquer lado, de qualquer maneira, e sais do carro desabridamente...com a máquina na mão...A partir de agora vou ficar num desassossego...Para além da possibilidade de a qualquer momento levares um murro. Porque há-de haver quem não ache piada a ser fotografado.

Para sossego dela as vaquinhas já tinham recolhido. E passamos o resto da viagem a rir das anedotas do dia. Foi a minha grande surpresa. O rirmos tanto as três juntas estes últimos dias. Ao ponto de adormecermos a rir. E acordarmos a rir. Como diria a minha mãe: inédito.


1 comentário:

Lurdes JC disse...

Que bonito...
Bem a maquina dá que falar...
Fico feliz...
Bj gd