sábado, 25 de fevereiro de 2012

PARABÉNS, FILHO!

Faz hoje 19 anos que dei à Luz. O meu filho. Há tempos Jesus falou-me sobre esta expressão. Nunca tinha pensado no que ela realmente queria dizer. Dar à Luz. Os nossos filhos são da Luz. Não são nossos. A maior experiência de amor incondicional que podemos ter. Gerar, criar e amar um ser que não é nosso. Com quem vamos aprender o amor maior.

Só desde há pouco anos é que tenho noção das implicações que isso teve. Das escolhas que foram feitas. Das conjugações que se realizaram. Durante a maior parte da minha vida não soube que os filhos escolhiam os pais, nem que os pais escolhiam os filhos. E que essas escolhas tinham que se conciliar. E só depois nascíamos.

Agora que tenho essa consciência, encaro a maternidade de outra forma. E dou outra importância a este dia. Que em boa verdade sempre foi um dia muito importante para mim. A comemoração do dia em que recebi na minha vida a vida de esta alma. Que se veio a revelar a pessoa mais importante e com mais influência na minha vida.

Foi uma gravidez muito desejada e vivida muito intensamente. Antes de ficar grávida morria de medo do parto. Houve até um período em que achei que nunca ia ter filhos porque nunca iria ter coragem de engravidar. Mas afinal vivi uma felicidade intensa. Apesar dos cinco primeiros meses terem sido difíceis por causa dos enjoos, eu adorei a gravidez e não queria que ela terminasse. Vivia dividida entre a vontade de continuar a sentir o meu filho dentro de mim e a vontade de o conhecer. Que eu não sabia se era menino ou menina. Não quis saber. Quando na ecografia me perguntaram se eu não queria mesmo saber, eu respondi que não. A minha médica voltou a perguntar enquanto olhava para o resultado da ecografia a eu repeti a resposta. Preparei o enxoval e o quarto por forma a adequar-se a ambos os sexos.

O dia do parto foi dos mais felizes da minha vida. Fui para o Hospital de Santa Maria com uma alegria enorme. Era sexta-feira. O Carnaval tinha sido na terça, e eu tinha ido jantar com os meus primos já com a malinha do bebé no carro. Porque a médica me tinha dito que provavelmente ia nascer antes do dia previsto. Eu andava muito ansiosa, a achar que podia ser a qualquer momento. Quando a médica me disse que eu já podia ir para o hospital e viu a minha reacção, disse que nunca tinha visto ninguém tão feliz por ir para o hospital.

Uma tia minha que estava comigo no quarto, porque tinhamos combinado que seria ela a acompanhar-me no parto, já eu estava a sentir as dores das contracções, disse-me que ou eu punha uma cara de parturiente própria de quem estava a sentir dores, ou se ia embora, porque tinha vergonha de estar a acompanhar uma pessoa que só se ria de felicidade. É claro que ela estava a brincar e é claro que o riso acabou. É claro também que desisti de ter um parto natural. A médica disse que sabia que isso ia acontecer e tinha já tinha chamado a anestesista. Lembro-me de ter entrado na sala de partos já meio inconsciente e de ouvir a médica comentar "Meus Deus, o estado em que ela está..." Lembro-me muito bem de acordar e perguntar se era menino ou menina. E lembro-me do amor que disparou assim que o vi. Já o amava. Mas começou nesse dia um amor maior.


(Esta fotografia do dia seguinte ao nascimento, em que com a sua mãozinha agarra o meu dedo, parece que já simboliza a nossa união e o nosso reconhecimento de almas)

Foi um menino feliz. Muito feliz. Toda a gente dizia que impressionava ver como ele era tão feliz. Até ao divórcio dos pais, quando tinha seis anos.. Continuou a ser um menino alegre, mas não tanto. Nunca se recompôs dessa perda. Não perdeu a mãe. Não perdeu o pai. Mas perdeu tê-los juntos. Até há muito pouco tempo atrás ainda achava que teríamos sido todos felizes se continuassemos juntos.

Por isso lhe era tão difícil vivermos só os dois. Tudo lhe lembrava a falta do pai e queria ter sempre visitas em casa. O meu coração foi-se despedaçando. E também por isso vivi tanto para ele e por ele. Tentava compensá-lo. Tentava que voltasse a ser muito feliz. Até que adoeceu. Houve momentos em que senti que se ele morresse eu morreria também. Não tinha dúvidas nenhumas. E depois houve momentos em que soube que não foi para isso que eu tinha sido escolhida por ele. E que não foi para isso que eu o tinha escolhido a ele.

Ele é a maior benção da minha vida. O meu amor.

Quando na roda da gratidão a Alexandra diz para chamarmos a alma da pessoa a quem mais estamos gratas, eu chamo a alma dele. Porque, cá na Terra, foi ele que me ensinou a amar verdadeiramente. E foi ele quem mais me amou verdadeiramente.

Amo-te, filho. Parabéns!



(By the way, ele é a estrela deste blog, porque o texto com o email dele é o mais lido de sempre, com um avanço impressionante em relação a todos os outros. Faz-me lembrar uma das perguntas da Alexandra, quando leu o email: "Agora já sabes porque é que tinhas que tinhas que ter o blog, não sabes?")

7 comentários:

Lurdes JC disse...

Amiga, depois de ler mais um texto, que mais uma vez me emocionou, aqui estou porque sei que hoje tenho mesmo que comentar. Uma das razões é dar-te os parabéns, e a outra é dar um beijinho de parabéns ao Zé Miguel. Que como sabes ainda não conheço, mas gostava muito mesmo do conhecer. Principalmente a partir do texto que publicaste com o email que ele te escreveu.
Hoje vou estar onde sabes, mas antes de ir quis deixar estas palavras. Agradecer-te por tudo o que me tens ensinado, transmitido, e principalmente pelo mais importante de tudo mesmo: A AMIZADE. Ter amigos como tu, é estar em pleno céu, a sentir o "calorzinho no peito" que sabes bem o que significa... Passem um dia muito feliz, com muita luz, com este sol radioso que se tem dado a conhecer todos os dias. Ah! Obrigada só hoje percebi o significado de dar à luz... Obrigada.
Beijo muito grande. Agora vou ter que ir... Ver a luz e estar em contacto com ela... Pois é, cada um escolhe o seu caminho. O futuro da minha vida ontem teve mais significado e mais orientação.
BJ GD
PARABÉNS.
Lurdes Jóia

Olinda Cristina disse...

Estou muito emocionada com as tuas palavras, Lurdes...muito mesmo. A tua amizade também é uma dádiva do Céu para mim. Já te disse. Muito obrigada por tudo, passa também um dia muitos feliz (só pode ser, onde vais estar) e vou dar o teu beijinho ao Zé. Beijo gigante, minha amiga!

Pedro Quitério disse...

Parabéns ao filho Zé e à mãe Olinda.
A expressão "Dar à Luz", agora faz sentido...
Beijinho
PQ

Essencialma disse...

Este texto está magnifico, a energia de amor que salta dele, é tão boa de sentir.

E é mesmo essa emoção, que faz tudo valer tanto a pena, que promove uma ligação tão grande entre pessoas, uma igualdade.
Essa é a emoção que quem percorre este tipo de caminho sente, descobre...e não quer mais perder...com mais ou menos ego á mistura, fomos tocadas por esse amor, seja o gigante no céu, seja a amostra mais pequena que encontramos na Terra.

E sentir isso é uma sensação indiscritivel!!

Parabéns pelo percurso, pelo escolha, pelo filho...mas sobretudo por aquilo que és!
Porque eu, e já te disse isto, mas senti vindo de ti, muitas características muito, muito boa...e tenho até de me relembrar, que eu sou boa nisto (Já são efeitos de hoje ;))...se senti, não há erro ;)

beijo do tamanho do mundo
obrigada, por me teres escolhido de alguma forma...e eu, fiz mesmo boas escolhas :D

Graça Ribeiro disse...

Parabens Zé e parabens Olinda por teres dado à Luz. Que essa mesma Luz e o teu ar de felicidade materializada se mantenha sempre viva.
O amor não tem limites e nem vale a pena tentar explicar esse sentimento que só vale para cada um.
É caso para dizer: Um amor para sempre!
Um abraço no coração.

Helena, Rui e Olinda disse...

Lindinha e Zé Miguel. Um beijo para ca um ou pode ser um milhão deles e ... um xi-coração apertado para o zé que faz anos.
"O menino sai a mãe. Escreve lindamente também" :)
Lena e Rui

Olinda Cristina disse...

Muito obrigada Pedro Quitério, Cláudia, Graça, Lena e Rui. Estou muito agradecida mesmo! Beijo enorme para todos. <3