Até que a dançarina do grupo, africana de gema, que tinha andado por ali a vender os CDs da banda, as convidou para dançarem com ela. Lindo, vê-las tão soltas a desfrutarem do momento.
Ao meu lado um sujeito comentou comigo sobre a cara de um homem que também estava a filmar a cena. Dizia ele que os homens quando vêm as mulheres a dançar ficam embasbacados. E reparei melhor na figura do que estava a falar comigo. Com um enorme chapéu de veludo e rastas, empunhava ele próprio também uma máquina fotográfica com que estava também a filmar. Perguntei-lhe se me autorizava que o fotografasse. Que não. Nem pensar, naquela figura. Que vinha da Inês de Castro. Não fiz perguntas. Preferi colocar a hipótese de se estar a referir a uma peça de teatro ou algo do género. Se bem que não me parecesse. E continuou a comentar, que na opinião dele a sueca - ah, ela realmente parece nórdica, então é sueca- não sei, mas parece- que a sueca dançava melhor do que as africanas, que as africanas têm uma nariz um bocado empinado. Atentei melhor na fisionomia dele. Parecia ser mestiço, mas pelos vistos não era assim grande admirador das suas congéneres. Mas esta africana também dança muito bem, acrescentei. Sim, mas repare como ela é toda convencida, ela acha-se a maior. Bem. Despedi-me com o desejo de uma boa noite.
Fui lanchar a uma padaria que descobri recentemente e que adorei. Tartine. Também recentemente inaugurada. Gosto de me sentar na mesa grande, ao centro. Há uns anos atrás seria impensável. Escolheria um dos lugares mais reservados e discretos. Ficar ali sozinha, exposta, estaria fora de questão. Agora gosto. E gosto de gostar. Gosto do facto de já não ser um problema para mim. E gosto de pegar na máquina para fotografar sem medo que me digam para não fotografar. Se disserem, tudo bem. Não é um problema. E fotografei. E tomei o meu café na chávena que é uma tigela em miniatura. E comi o pão que é triangular. Mas trazia o queijo dentro. Da última vez o brioche trazia o fiambre ao lado, com o pão cortado, para ser eu a recheá-lo. Na altura ainda fiquei a olhar um bocadinho e a pensar que às vezes estas coisas muito modernas nos embaraçam: seria para pegar à mão ou comer de faca e garfo? Não, só tinha faca. E o fiambre seria para comer todo? Era tanto. Seria, ou não o poriam no meu prato, não iriam aproveitar um fiambre que já esteve no meu prato. Tantas dúvidas e eu ali na mesa ao centro. Sorri. O bom era fazer como me apetecesse e fui isso que fiz. E por incrível que pareça um simples brioche fez-me sentir ainda mais livre. E fiquei cliente.
8 comentários:
Lindo...
Gostei muito.
Gd abraço
Lurdes Jóia
Tens dançando?? não te esqueças de dançar ;) lembra-te da tua vida dourada :)
bjs
De quem é este comentário tão sábio?...
Rodrigo
não direi sábio... mas atento... :) eu não sei nada... apenas sei que tenho de aprender a acreditar... e jesus hoje disse que tenho de largar o velho para o novo chegar... :( estou frustrado... é tudo tão dificil... bjs
Rodrigo!!! Que gosto ver-te aqui! Surpreendeste-me quando disseste que lias e agora surpreendes-me a comentar! Hei-de contar-te a catarse de hoje relacionada com a vida dourada! Também hoje foi um dia importante quanto a largar o velho para o novo chegar...De facto é difícil, mas vais ver como é altamente compensador. Nada como fazer uma TEI (hoje foi a Lúcia que me ajudou e muito) e tudo fica mais claro. Beijo grande e obrigada, Rodrigo.
Aluem sabe o nome da tal banda cabo verdiana que toca sempre no chiado?? estavam la ontem à noite outra vez. Gostaria de saber como se chamam...
obrigada
Não sei o nome da banda, embora eles estivessesm a vender CD´s que gravaram, não fixei o nome :)
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