sábado, 9 de junho de 2012

A PROVA MAIS DURA



Estava quase a adormecer quando fui puxada para cima. Para um cais de luz. Estavam seres de luz como que a preparar um barco, a enrolar as cordas e a tratar das velas. Era tudo em luz branca. O barco era igual aos veleiros da Volvo Ocean Race, mas branco. Só estava esse barco. Comecei a pensar se não era um sonho sugestionado pelo facto de todos os dias visitar a Race Village, que vejo da janela de minha casa, que dista só cerca de 400 metros (http://volvooceanracelisbon.com/index.php?option=com_content&view=article&id=28).

Mas se fosse um sonho eu não estaria a pensar que era um sonho. E Jesus disse-me : "Não, não é um sonho. Este barco é para ti."

Fiquei a olhar, estupefacta, sem perceber o que isso queria dizer.

Mantive-me assim muito tempo, a observar o que pareciam ser preparativos à volta do barco.

Para que é?

"Para iniciares uma nova aventura. Vais enfrentar um novo desafio. Este é um barco equivalente aos que viste lá em baico porque simboliza o total despojamento. Como sabes estes barcos são ultraleves e não transportam quase nada. Nos últimos anos também te foste despojando de quase tudo e neste momento não tens quase nada. Percebeste isso quando te mudaste para esta nova casa. De teu não trazias quase nada. O propósito é este. Não teres nada, para partires sem nada. Porque não podes levar nada neste barco, a não ser a tua fé e coragem."

Dei-me conta que partir num barco destes significa partir para um desafio violento. Porque a corrida da Volvo Ocean Race é considerada a prova mais dura no mundo.



Fiquei petrificada e desatei num choro angustiado. Práticamente em pânico. E dei por mim a pedir a Jesus que tivesse piedade de mim. Quando me apercebi do que estava a dizer, pedi desculpa.

Hoje de manhã, quando estava contar isto à Lena enquanto nos arranjavamso- e a propósito, a companhia da Lena e do Rui em casa está a ser das melhores coisas que em aconteceram na vida, e sinto-me super mimada, divertida e acompanhada - ela respondeu : "Que disparate!" Sim, eu sei. E por isso pedi-Lhe desculpa imediatamente. Porque sei que ninguem me ama tanto como Ele. Ninguem tem tanta compaixão. Ninguem quer tanto o meu bem. E se me está a propôr um desafio, é porque de certeza absoluta, é o melhor para mim. Por mais difícil que seja. Por mais duro. Por mais violento. E é porque agora é a hora.

"Porque é que achas que vieste para uma casa neste lugar? Porque é que achas que estavas na primeira linha a assistir à chegada do primeiro barco? Porque é que achas que todos os dias tens ido ver os barcos? Porque achas que até no simulador das corridas, andaste?"

Não sabia. Ia porque sim. Porque gostava dos barcos. Da emoção de ser a corrida mais dura do mundo. De olhar para gente tão corajosa como é a tripulação. Gosto de tirar lá fotografias. De assistir aos concertos. Mas não podia imaginar que havia uma qualquer relação com a minha própria vida. Sempre que lá ia agradecia ao céu por estar a proporcionar dias tão interessantes. Uma corrida destas mesmo à porta de casa pareceu-me fascinante. Todo este movimento durante dez dias pareceu-me uma oportunidade deliciosa.

Ainda hoje a Lena dizia a brincar que esta corrida sempre foi em Cascais e este ano veio para Algés só porque nós viemos para aqui morar...

A verdade é que fiquei numa espécie de desassossego. Como o poeta. E ontem ao fim da tarde, fui outra vez para lá, para a Race Village, olhar de novo para os barcos e tentar perceber algum sinal.

Estava eu na minha contemplação, a apreciar o movimento fora do comum nos barcos, que estavam a receber visitas, e fui surprendida pela Tatiana, que também lá andava a fotografar.

Quando ela quis visitar o stand dos automóveis da Volvo eu pensei em não entrar porque já lá fui muitas vezes, mas resolvi ir.

Logo à entrada vi no chão um ecrã em que nunca tinha reparado. passava um vídeo de filmagens feitas a partir dos mastros dos barcos de corrida. E via-se que a filmagem era feita por um homem que estava no topo do mastro. Fiquei siderada. Muito pior do que ir no barco de corrida era ir subir ao topo do mastro ainda por cima com o barco a alta velocidade!! Ainda por cima com as vertigens que eu tenho!!! Lembrei-me logo do que Jesus já me tinha dito, que quando achasse um desafio difícil me lembrar que se pode tornar mais difícil ainda.



No momento em que me estava a lembrar disso ainda a olhar para o vídeo, a Tatiana, que nem sequer estava perto de mim, aproxima-se de repente e diz-me : "Sabes que há dias sonhei contigo? Sonhei que já não tinhas vertigens."

E eu fiquei atónita, a olhar para ela.

Parecia uma espécie de resposta. Como se lá de cima me estivessem a dizer: "Estás pronta para o desafio que achas mais difícil."

Ela não sabe que também foi através de um vídeo que ela publicou no mural dela em que dizia: "Publico isto de novo para a minha amiga Olinda" que o Céu me deu outra resposta."

Na altura Jesus tinha-me falado que a coragem necessária para descer ao mais fundo de nós, ao nosso "buraco negro", estava bem ilustrada num vídeo que a Tatiana tinha publicado. Fui procurar o vídeo no mural dela do FB, sem lhe dizer nada. E fiquei atónita quando vi que ela me tinha dedicado a publicação.



Se foi preciso coragem para mergulhar num buraco negro, fundo e desconhecido, agora será precisa coragem para outro desafio que não se vislumbra fácil.

O factor água continua presente. Agora pelo menos à superfície. Já não é a água dos peixes cegos, mas a água com ondas de muitos metros e ventos ciclónicos.

Há dias, num momento em que eu estava a chorar, Jesus disse-me: "Abre os olhos. Vê-te ao espelho. Essa é a cor da água dentro de ti." Com os olhos cheios de água, ao abrir as pálpebras tive a sensação de ter aberto umas cápsulas e ver o interior do corpo como se fosse só de água.

E agora, venha lá a água que vier, terei que enfrentar.

E que Ele me ajude.

2 comentários:

tapete vermelho disse...

ADOREI, ADOREI, ADOREI!! (Patricia)

Olinda Cristina disse...

Que bom Patrícia! Engraçado o teu blogue (já fui espreitar e é muito giro!) chamar-se tapete vermelho. Lembra-me de te contar uma história a esse respeito. Beijo grande!