domingo, 13 de janeiro de 2013

O UNIVERSO É INFINITAMENTE PERFEITO




"Estás deitada exactamente na mesma posição em que estavas deitada em Belém, exactamente à mesma hora, há exactamente oito dias atrás."

Olhei para o relógio. Sim, era exactamente a mesma hora. Duas da tarde.

"Tudo porque te deixas guiar."

Hoje de manhã quando saí de casa pensava que ia demorar pouco mais de trinta minutos. Estava sol e saí sem casaco. Ia a um sítio perto de casa e quando lá cheguei percebi que era para andar um pouco mais e ir ao Parque do Jamor. Mas está a começar a chover...Ok. Não tenho que discutir, óbviamente. Fui, e os pingos de chuva pararam logo. Quando cheguei ao parque e comecei a olhar para a água do lago e para os patos, e para as flores e para sol que brilhava, senti uma alegria tão grande que as lágrimas começaram a cair...Que bom...Ainda bem que fui. Estava encantada, feliz, cheirava-me a primavera. Jesus disse-me que era um bom sítio para eu dançar. OMG! Aqui??? Mas tantas pessoas a correr, a fazer ginástica, canoagem... E ri-me de mim. Quem é que eu julgo que sou para argumentar com Jesus? Como se Ele pudesse não ter razão...Lá porque me é difícil não quer dizer que não é bom para mim. Aliás, quanto mais difícil melhor é para mim. Em termos de resultado, diga-se. A ver bem até me apetecia dançar. E no meio da relva, junto a uma canal de água dancei uma das músicas que já dancei com Ele. E para meu espanto, dezenas de pombos brancos que estavam na água, levantaram voo e passaram por cima de mim. E foram pousar mais à frente na relva. E depois levantaram voo outra vez e foram de novo para a água. E fizeram eles também esta dança uma infinidade de vezes. E as lágrimas caíam-me. Parecia que estavam treinados. E eram tão brancos, tão brancos...e eu sem a minha máquina fotográfica!...Nunca tinha visto tal. Tantos, tão juntinhos e de um branco imaculado.

"Este espectáculo para ti foi só porque vieste. Só porque dançaste. Se te pedisse que corresses ou fizesses ginática, não te custava nada porque toda a gente estava a fazer. Mas ninguém estava a dançar. E de tudo que aqui estavam a fazer a tua dança era o que emanava mais alegria. Por isso é tão importante, para ti e para os outros."

Dali fui para um banco de madeira onde me deitei a apanhar sol e a cheirar os eucaliptos e a ver os ramos de pinheiro, muito altos, por cima da minha cabeça. E pensei: Que bem que se está no campo, Adelaide!

Até que o sol ficou encoberto e senti frio. Está na hora de abalar. A Lena já deve estar à minha espera em casa por isso vou pelo caminho mais curto. Não é para ir por esse caminho? É para ir junto ao mar? Mas já estive aqui tanto tempo junto da água, já passei aqui momentos tão bons...Ri-me outra vez. Mas quem julgo eu que sou para argumentar? Ok.

Assim que vi o mar, as ondas, a luz que estava por cima da água...mais emoção, mais lágrimas.

"Vai sentar-te naquelas pedras." Ali? Mas ainda caio, como caí no Sábado. "Já caíste: passado. Não vais cair." Engraçado como isto se aplica a todas as memórias, recentes ou longínquas. Por ter acontecido passamos a viver com medo como se fosse acontecer outra vez, e isso não é verdade. E apercebi-me que tinha sido mais uma argumentação minha. Para quê???

Sentei-me nas pedras e percebi que elas tinham uma posição que me permitia ficar completamente recostada, quase deitada, a apanhar sol. Fechei os olhos a ouvir música pelos phones e a desfrutar da fortíssima presença d'Ele.

"Precisavas de vir aqui antes de ir para o Porto. Encher-te de ti e desta energia. Vamos tratar do teu canal. Limpá-lo, abri-lo mais e enchê-lo mais. Tu que gostas tanto de arquitectura, vais ver agora a obra linda que está o teu canal."

Senti, como sinto sempre, que não há nada nesta vida, com que possa sonhar, que me possa proporcionar uma sensação de maior plenitude do que esta conexão. Estamos plenos, não falta nada. Está tudo bem. Tudo como tem que estar.

"Como vês não precisavas de ter pressa para ir para casa porque nada do que ias lá fazer é mais importante do que isto. E mais uma vez estás aqui por te deixares guiar. Não planeaste nada, não te preveniste e mesmo assim não apanhaste frio nem chuva. E agora estás aqui, junto ao mar e ao rio, deitada exactamente na mesma posição, exactamente à mesma hora, a que estavas há oito dias atrás em Belém.

Há oito dias atrás eu estava em Belém recostada, práticamente deitada, nas escadas em frente à Torre. Tinha lá estado na quinta-feira anterior, à noite, mas como fiquei cheia de frio Jesus disse-me para voltar lá com sol. E voltei nesse Sábado. Enquanto caminhava para lá pensei várias vezes que devia ter saído de casa mais cedo para estar lá mais tempo. Jesus perguntava-me porque é que eu insistia em pensar com a minha cabeça sobre o que estava a acontecer e não percebia que pura e simplesmente estava a ser guiada e por isso estava tudo no tempo certo. Disse-me que estavamos ali para tratar do canal de Belém, limpá-lo e alargá-lo.

Falou-me na foto que eu tinha acabado de tirar e mostrou-me que se eu tivesse ido mais cedo, como eu teimava em pensar que teria sido melhor, eu não teria tirado aquela foto porque teria passado ali num momento em que o sol não estaria naquele lugar. E que a foto era o melhor exemplo de que tudo está certo. De que tudo é perfeito.

Quando acabou retomei a caminhada e fui na direcção do Centro de Lisboa. Fui sempre pela marginal e passei por ruas onde nunca tinha passado. Às tantas dei com uma rua onde estavam dezenas e dezenas de crianças a brincar com os pais a ver. Era uma rua sem trânsito de carros e quase todos os miúdos andavam de patins e de skate.

Fui pela berma, o mais arredada deles possível, e quando estava a reparar que até festas de anos ali faziam, senti um embate nas minhas pernas e estatelei-me nos paralelos. Levava a máquina fotográfica na mão e quando caí só vi a máquina a bater nas pedras apesar de eu não a ter largado. Ao levantar-me é que percebi que foi um menino num carro de pedais que me bateu. Eu ia a olhar para a direita e ele veio da esquerda. Sentia-me toda dorida e com a sensação de estar ensanguentada. Mas não me atrevi a levantar a roupa para ver. Estava envergonhada e só queria sair dali rápidamente. Ninguém se aproximou, ninguém me perguntou se eu estava bem. E mal comecei a andar ouvi um ciclista que ia a passar por mim dizer para outro que as gordas andavam ali a estorvar. Aquelas palavras entraram em mim como uma faca a
fiada e muito comprida. Porque chegou muito fundo. Tão fundo que eu quase não conseguia andar. Só pensava porque é que aquilo me estava a acontecer depois de um momento de conexão tão bonito. O que é que eu tinha feito, como é que eu tinha descido assim a minha frequência para aquilo estar a acontecer. Até que me dei conta de que me estava a julgar. E que só precisava de me lembrar que se o Universo é perfeito, então aquele momento também era perfeito. E que na hora certa ia perceber porquê. E desatei num choro convulsivo. Mais à frente havia um parque de estacionamento ao ar livre, e sentei-me num muro a chorar. Não conseguia chorar baixinho porque não tinha qualquer controlo sobre aquele choro. Vinha das profundezas. Estava a soltar-se uma dor que eu tinha escondida no mais fundo de mim. A dor de ser gorda. Pensava eu que já a tinha chorado muito. Pensava eu que já estava em aceitação. Não sabia era que havia uma camada mais funda a que não tinha acedido ainda. Porque ainda não me tinha acontecido nada que tivesse tocado essa camada. E foi preciso cair da forma que caí, sem me aperceber que alguem vinha contra mim, de estar muita gente a ver e ninguem me vir ajudar, de estar cheia de dores, de estragar a maquina, para que quando a seguir me chamassem gorda eu já não ter defesas para isso. Já estar fragilizada, desmontada.

"Finalmente estás a chorar isso. Sente como é profundo e antigo. Agora é o momento de limpar. Chora tudo."

E chorei. Porque também não podia fazer de outra maneira. O choro era maior do que eu. E mais alto do que eu. Continuava envergonhada, agora era por estar ali a chorar daquela maneira descontrolada. Ainda por cima num lugar público. E lembrei-me da minha mãe uma vez me ter dito que nunca me tinha visto chorar porque eu me escondia sempre para chorar e chorava muito baixinho para ninguem ouvir. Nos últimos anos já tenho chorado muitas vezes em público, porque tento não travar o choro. Mas nunca tinha era chorado daquela maneira. As pessoas que passavam não olhavam nem paravam. Comecei a ficar cansada. Passada quase uma hora, quando já estava a abrandar um bocadinho o telemóvel tocou. Pensei em não atender porque não ia conseguir falar, mas quando vi o nome da Ana Catarina percebi que Alguem me estava a enviar aquela chamada. E atendi. Falou o filho mais novo dela e disse-me que ia ser ele a falar porque a mãe estava sem voz. E eu ri-me. A Catarina não resistiu e tentou falar. Então é que eu me ri. Porque não se ouvia nada. Disse-me que estava ligar não só para me convidar para jantar mas também para me dizer que me amava. Confirmei a minha intuição. O telefonema foi-me enviado. Disse-lhe também o quanto a amava, porque agora felizmente os amigo não se inibem de dizer o quanto gostam uns dos outros e dizer que amam já não é estranho. Lembrei-me que numa das últimas vezes que tinhamos falado eu lhe disse que estava triste e que por isso não me apetecia muito falar, e ela me disse que então se ia calar também, para me deixar ficar triste, e que comigo era tudo bom, que era bom chorar comigo e que era bom rir comigo. E isso foi das melhores coisas que alguma vez me disseram. E por isso ela é uma amiga que eu amo incondionalmente.

Hoje, quando estava deitada nas pedras, Jesus disse-me que o meu corpo é um templo e que é infinitamnete perfeito. Serve todos os meus propósitos. Que afastou quem precisava que afastasse e aproximou quem precisava que aproximasse. E disse que há dias quando me mostrou um imagem minha num flash que tive, em que me vi mais bonita sem maquilhagem do que com maqulihagem (que foi uma coisa que eu nunca achei) eu quase me apaixonei pela minha imagem. E que eu só precisava de aceitar isso. Que o meu corpo é perfeito para mim. Assim como percebi que aquele momento foi perfeito porque me libertou de muita da dor que me impede de ver a perfeição do corpo.

Depois disto, quando já ia a caminho de casa, vi um miúdo a cair de bicicleta numas pedras. Ele estava com um amigo que o ajudou a levantar-se mas eu fui a correr, transpus um muro e confirmei que ele não precisava de ajuda. Era parecido com o meu filho. Agradeceu imenso a minha preocupação, sempre com um sorriso.

Fui mais empenhada porque agora sei o que é não receber ajuda.

Realmente tudo é perfeito. Tudo como é como tem que ser.




8 comentários:

Miguel Amaral disse...

Olá Cris, que bom te ter conhecido e assim ter a oportunidade de ler o teu blogue.

Espero que estejas recuperada do tombo :)

Engraçado o tema do julgamento, esse assunto não me larga ou melhor, eu ainda não descobri como largar mesmo inconscientemente, o julgar-me.

A fotografia está espantosa! Uma luz brutal!

Todos temos problemas com a nossa imagem, mas apenas te digo que irradias beleza, tu és LUZ...

Beijinho grande azul e até muito breve!

Anónimo disse...

Olá Olinda :)
O título ñ podia ser melhor!
Realmente o universo é infinitamente perfeito...
Jesus, tinha que te fragilizar primeiro com o Seu Amor, com a Sua Luz, com a Sua Presença... Tinhas de estar assim, com os pés, a 10 cm do chão. Para naquele momento, vir alguém e "passar-te com uma lâmina de palavras" que te tocou onde era necessário! Se ñ tivesses frágil antes, aquelas palavras ñ te tinham tocado da mesma forma, a queda ñ tinha o mesmo valor :)...Tudo é perfeito!

Aquela foto... És tu! Aquela luz!
Tu és tão bonita! Consigo sentir o que vem dentro de ti... Se calhar uma pessoa com um "corpinho Danone", ñ tem tanta beleza. É seca, amarga...

E ñ te esqueças:
Jesus só nos dá, o que temos capacidade para aguentar e quando te apetecer comer um pacote de batatas fritas, dos grandes...continuas linda e emanar luz!

Obrigada pela partilha

Anónimo disse...

Olá Olinda.É a primeira vez que comento as suas mensagens,porque até agora sentia-me ridícula por lhe dizer coisas que toda a gente já lhe tinha dito, e que não tinha nada de relevante para comentar. Começo por me identificar.Sou a Maria do Carmo, de Guimarães,e a última vez que nos encontramos foi no Porto, em Agosto,quando eu e o Hélder fomos fazer terapia.Eu com a Olinda e o Hélder com a Lúcia.Para lhe avivar a memória,até porque conhece imensas pessoa que acompanha,divinamente,com as terapias,recordo-lhe que nesse dia deu-me o seu blogue e eu dei-lhe o contacto do Dr. Richard,em S.João da Madeira.Hoje é só para lhe dizer que o Hélder já partiu,no dia 25 de Novembro, ao colo de Jesus.Fui e senti-me abençoada e especial aos olhos de Jesus, nesse dia, mas vou explico-lhe tudo, no nosso próximo encontro que está agendado para o mês que vem.Obrigada por tudo, e por ter passado a fazer parte da minha vida. Um beijo grande e um abraço muito apertado. Ass: Maria do Carmo Freitas

Sílvia disse...

Olá boneca :)
Eu quando cheguei àquela parte do tombo e do ciclista, nem queria acreditar no que estava a ler! O Universo arranja-nos cada coisa, ai Jesus. Pois é, "finalmente estás a chorar isso", estou tão feliz por ti, eu lembro-me de quase sempre nas consultas me dizeres que essa questão com o corpo "ainda não está resolvida", estou mesmo muito feliz por ti por sem estares à espera libertares essa dor tão antiga e profunda.

É incrível como em situações destas como a boca que o ciclista mandou nós temos vontade de "esganar" a pessoa porque nos faz sentir uma dor imensa, a tendência natural é maldizer a nossa sorte, mas ela está ali por outro motivo e foi sim um abençoado ciclista que te ajudou numa das situações que durante muito tempo te doeu imenso, e tu, Guerreira de alma, choraste convulsivamente no momento até ao fim. As coisas que tu me ensinas.

Ah, e aquela parte de dizeres que sempre achaste que eras mais bonita com maquilhagem, achei piada porque eu também sou assim, às vezes penso porque é que há raparigas tão bonitas ao natural e eu preciso de recursos adicionais? Arranjamos cada paranóia...

Tu és linda maravilhosa, és um Avatar, e eu não vejo a hora de estar contigo! Um abraço enorme, e obrigada por este abençoado blog :)))

Olinda Cristina disse...

Maria do Carmo!...Como fiquei sensibilizada com o que contou! Estou consigo, incondicionalmente e fico ansiosa por lhe dar um abraço com todo o meu sentimento e respeito...É claro que me lembro perfeitamente de si, bastava o nome, porque nunca a esqueci, ficou sempre muito marcada em mim desde o 1º encontro e sempe deve ter sentido o quanto gosto de si genuínamente e a admiro...Até breve então e muito obrigada pelas suas palavras!

Olinda Cristina disse...

Miguel, gostava de ter palavras para agradecer condignamente o teu apoio tão motivador. Nem imaginas como é gratificante :))) E como neste momento já sabes, já estou recuperada do tombo ;) Obrigada e beijinhos de luz azul :)))

Olinda Cristina disse...

Obrigada Anónimo/a! Fiquei tocada principalmente por se lembrar e refreir a questão dos 10 cm do chão...é com certeza alguem atento a estas páginas e muito agradeço por isso :))) um grande abraço!

Olinda Cristina disse...

Sílvia!!...essa de tu tb achares que precisas de "recursos adicionais"...é no mínimo curiosa..;)))) eu sei que tudo tem uma explicação, mas de facto, para quem vê de fora é tudo tão diferente :)))))) E olha, eu é que te agradeço e MUITOOOOO!! Até muito breve e beijinhos!