Carcavelos?!...
Não estava a perceber porque é que tinha de ir para Carcavelos. Já tinha percebido que não era para passar o meu dia de folga a passear por Lisboa, como tinha planeado, mas sim para ir para a praia, mas continuava sem perceber porquê Carcavelos. Se há praias de que gosto tanto mais perto e até onde posso ir a pé...e se hoje até sou um golfinho, como Jesus me tinha dito ao acordar, porque é que não posso ir para a Praia dos Golfinhos, por exemplo, que é tão pertinho daqui?
Mas porque é que eu estava a argumentar? Por reacção mental. A nossa mente procura sempre um argumento lógico. E quando me dou conta desta reacção até eu me canso de mim.
"Queres passar um dia perfeito? Deixa-te guiar."
Já no comboio, pensei o costume: Devia ter vindo mais cedo, para aproveitar mais.
Apre, que sou mesmo cansativa. Mas a minha cabeça hoje não se cala?!...
Assim que vi o areal e o mar sorri abertamente. Que maravilha! Que sol quentinho! Que mar tão azul e tão calmo! Deixei-me guiar para o sítio certo. Não tinha ninguém por perto.
Descalcei-me, estendi a toalha na areia e deitei-me.
"Se tivesses vindo mais cedo a maré não estaria tão vaza e o areal não seria tão extenso. E não poderias estar tão isolada. Precisas de estar assim, sem interferência de nenhuma energia que não seja da natureza porque vou activar a tua hipersensibilidade."
Senti a formar-se à minha volta um enorme círculo de Luz. E como se essa energia de Luz me estivesse a isolar do contacto com qualquer outra energia. Como se tivesse deixado de ouvir os sons da praia.
Vi Jesus a pegar no meu coração com as suas enormes mãos de Luz e a lavá-lo na água do mar.
"Estou a lavá-lo de toda a dor que tens sentido."
Senti-me tão comovida, que mais uma vez senti que tudo vale a pena para passarmos depois por momentos como este.
"Não rejeitaste os desafios que te tenho proposto. Ainda que não os tenhas compreendido, aceitaste-os. Ainda que te tenha doído até aos ossos fizeste o que te pedi. Este é o teu grau de compromisso. Ontem chegaste à conclusão que não interessa tanto o que as pessoas sentem, mas sim o que fazem com o que sentem. Hoje eu digo-te que não interessa tanto o que os outros fazem com o que sentem, mas sim o que tu fazes com o que sentes. E tu fizeste o que tinhas de fazer. Se os outros fazem ou não, já não depende de ti."
"E agora sim, vais nadar neste mar como um golfinho."
E se já estava a chorar de comoção, neste momento chorei mais ainda. Sentia-me como um verdadeiro golfinho, livre e leve a nadar num imenso mar azul. Até que me senti a voltar ao meu corpo deitado na areia. O sol aquecia-me e sentia-me embalada pela ondulação do mar. Uma paz envolveu-me. Mas uma paz que não era deste mundo. Uma paz e um calor.
"Essa é a paz dos justos. Dos que fizeram o que tinham que fazer. E esse calor é o do meu manto; o manto com que te cubro."
Parecia a mensagem do Livro da Luz (de Alexandra Solnado), que se intitula "Calma" e que tem este texto:
Há uma calma.
A calma dos justos. Daqueles que fazem o que tem de se fazer.
Daqueles que estão onde têm de estar.
Seja esse lugar o que for.
E essa calma é a maior prova de que tudo o que acontece é para acontecer. Mas essa calma é mais.
Quer dizer que também fizeste o que era preciso para que as circunstâncias se desenrolassem.
É a calma do "Finalmente, o fim." É a calma do dever cumprido.
Do dever cumprido e da alma emancipada.
Jesus
Adormeci. E quando acordei Jesus sugeriu-me que fosse para a esplanada esperar pelo pôr do sol. Pareceu-me perfeito. Próprio de um dia perfeito como Ele tinha prometido.
Sentei-me numa mesa sem ninguém muito perto, virada para o sol. Sentaram-se dois rapazes ao meu lado. Eram músicos e conversavam sobre os ensaios das suas bandas. Perguntei a Jesus se me podia ir embora ou para outro lado. Que não. Chegou um amigo deles. Organizaram as cadeiras de maneira que um deles ficou quase em cima de mim. O que estava em frente até lhe chamou a atenção: "Olha que estás quase em cima da senhora." Pediram desculpa e afastaram-se mais um pouco. Mas veio o empregado da esplanada dizer que não, que não podiam afastar tanto a cadeira, que aquela cadeira tinha que estar de costas para a praia e a uma determinada distância da mesa. E isso gerou uma reacção do terceiro rapaz, o que tinha chegado por último e que também era músico. Uma reacção hilariante. Com comentários hilariantes. Uns atrás dos outros. O que me fez rir à gargalhada. Todos ríamos à gargalhada. Indigos no seu melhor, a sentirem-se desafiados no confronto com regras que lhes pareciam absurdas. Às tantas estava a sentir-me um bocado envergonhada de estar ali a rir-me tanto com três estranhos.
"E se te divertisses, só? Em vez de te envergonhares?"
É que não me parecia uma situação muito normal.
"De normal já não tens muito. E congratula-te por isso. Por todo o trabalho que tens feito em desmontar tabus e preconceitos. Que como vês não servem para nada e só te impedem de te divertires mais e de seres tu."
Assistimos ao pôr do sol e fomos todos embora.
Quando estava a chegar a casa pensei em como o dia foi realmente perfeito. Mas não sabia que ainda não tinha acabado.
Encontrei nas escadas um vizinho que ainda não conhecia e que me interpelou a propósito das obras no prédio. As obras têm aspectos tão caricatos que acabamos por nos rir à gargalhada. Estavamos os dois surpreendidos com tanta risota, durante mais de meia hora, entre duas pessoas que não se conhecem e ainda por cima a propósito de um tema que não costuma ser cómico. Mas já não me envergonhei. E entrei em casa a agradecer a Jesus pelo dia perfeito.
"Porque te deixaste guiar."
9 comentários:
Olá Cris, obrigado por mais uma bela crónica. <3
Emoção, alegria, risos, lágrimas, muita emoção, "Rapture", fico assim enquanto leio, ansioso, que o texto não acabe, preciso deste tipo de leitura como se fosse um alimento...
Obrigado por te conhecer e existires!
Um grande beijo azul!
Miguel!!! Vais-te rir!!! Ainda estava aqui às voltas com a publicação do texto porque não estava a conseguir publicar o vídeo e até apanhei um susto quando me pareceu que tinha eliminado o texto sem querer...e de repente vi que já tinha um comentário e pensei: "Como é que eu fiz um comentário ao texto?????" LOOOOOOOOOOOOL Fico imensamente feliz por ser um comentário teu, que aprecio sempre tanto!! Eu é que agradeço por te conhecer, Miguel! Beijinho azul!
É tão bom quando nos sentimos assim... Como umas florinhas, acabadas de desabrochar! À espera dos primeiros raios de sol, das primeiras gotas da chuva, do cheiro da terra molhada...
Sinto-me muito bem, quando através das tuas palavras, consegues descrever todas as tuas alegrias, emoções e dias perfeitos como este, golfinho!
Obrigada, pela luz que emanas pelas palavras.
Já me ri, naturalmente :)))))
LOLADA!!!
Um beijo enorme azul <3, muito obrigado!
=,)
...wow...
Eu sei que já te disse lá no curso, mas vou dizer aqui.
O que partilhas funciona mesmo como um autêntico portal de Luz, para a Luz... E ainda por cima fazes-me transportar essa energia de confiança de luz, na luz, para o meu dia-a-dia! Mesmo que ande mais distraído, quando eu leio algo teu fazes-me voltar a levantar os pés da terra. (Como é irónico muitas pessoas quererem estar com os pés bem assentes na terra quando descolá-los é imensamente mais maravilhoso)
Mais uma vez, digo-o incansável de o dizer, Obrigado! Bem Hajas Olinda por escolheres seres quem és verdadeiramente, deixares-te Guiar e partilhares isso com todos.
Nota-se que te faz maravilhas e... magia das magias, alquimia das alquimias, faz-me tão bem a mim! Faz-me mudar certas coisas em mim para melhor. (Isto sem me desresponsabilizar do meu caminho, claro)
Posso seguramente dizer-te - porque sinto e transporta-me em parte para algumas bênçãos que tive quando creio que me deixei guiar - que vou sorrir mais à conta de ler umas simples mensagens cristalinas tuas.
Abraço Maravilhado *-)
És linda <3
És linda <3
Olá Olinda!!!Foi mesmo bom viajar até Carcavelos (principalmente hoje, que está tanto frio aqui em Guimarães), com a sua crónica.Até consegui sentir o calor do Sol, ver o areal e rir,na esplanada que nem sequer conheço. O certo é que é MESMO bom ,e faz-me muito bem ler o que escreve.Dei por mim a fazer-lhe companhia em todo o percurso que descreveu. Quase senti a mesma paz,luz e calor. Foi muito bom.Até me esqueci do frio que faz.MUITO OBRIGADA POR FAZER PARTE DA MINHA(NOSSA)VIDA .BEIJINHOS M. CARMO
Eu é que estou maravilhada com a vossa companhia. Sinto-vos como companheiros de jornada e agradeço cada passo que dão comigo :)))) Miguel, Anónimos (:)), Maria do Carmo, Diogo...as vossas palavras estão no meu coração!!! Mil vezes obrigada e beijo giganteeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!
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